quinta-feira, 23 de junho de 2016

AVIÃO SOBREVOANDO O CENTRO DE NÍSIA FLORESTA, DESPEJANDO DEZ MIL RETRATOS COM A BIOGRAFIA DA ESCRITORA - 1954

Conforme registra a história, em agosto de 1954 um avião da Força Aérea Brasileira sobrevoou o município de Nísia Floresta na ocasião da chegada dos seus restos mortais ao município de nome homônimo. A conterrânea ilustre havia nascido nessa torrão natal aos 12 de outubro de 1810, e falecida em Rouen, França, em 1885. A aeronave ficou em vaivém sobre o átrio da Matriz de Nossa Senhora do Ó, onde se concentrava o cortejo e houve uma espécie de solenidade antes da celebração de corpo presente. O avião despejou dez mil panfletos com um retrato de Nísia Floresta e sua biografia no verso, escrita por Cascudo.

 
José Ramires da Silva era o prefeito do município.
Estavam presentes as mais respeitáveis instituições de ensino, como a Escola Doméstica, o Atheneu, a imprensa e intelectuais de diversos estados.

 
Soldados da Marinha e Aeronáutica montaram guarda e conduziram o ataúde, numa cerimônia que causou admiração aos nativos, pois muitos sequer sabiam quem era a personagem homenageada.
  A paróquia de Nossa Senhora do Ó era administrada pelo Monsenhor Rui Miranda, o qual recebeu os despojos sem qualquer vênia, haja vista as maledicências ditas sobre a homenageada,  por alguns dos próprios conterrâneos.
 Isabel Gondim é autora de uma extensa carta difamatória, escrita em 1884, a qual a transcrevo ipsis literis e a comento neste mesmo blog. Confira em|: 

http://nisiaflorestaporluiscarlosfreire.blogspot.com.br/search?q=A+CARTA+DE+ISABEL

As autoridades municipais e estaduais aguardavam uma pequena caixa com os ossos de Nísia Floresta. Desse modo ficaram surpresos ao receber o seu corpo intacto num ataúde. Eles haviam feito uma pequena lápide de um metro quadrado e tiveram que removê-la e construir um túmulo.
 O ataúde ficou guardado na Sacristia da Igreja Matriz durante três meses, aguardando a construção do túmulo definitivo.
 Nesse período seus restos mortais ficaram expostos a visitação pública.
 Ninguém imaginava que se demoraria tanto, pois houve um jogo de empurra-empurra entre o poder municipal de Nísia Floresta, o Governo do Estado e a Academia de Letras do RN.
Mas o problema foi resolvido, depois da sensibilização de diversas pessoas, as quais fizeram toda sorte de doações.
 Conforme registros de história oral, feitos por mim, em 1992, a chegada dos despojos de Nísia Floresta parou a cidade e não "cabia um dedo do pé", conforme narração de Natália Gomes (90 anos à época - falecida aos 97 anos). "Nunca vi tanta gente; era carro para todos os lados e nunca me esqueci quando vi aqueles retratos dela caindo do céu", complementou.
 A reconstituição desse episódio, organizada por mim, em agosto de 2002, acabou reconstituindo com a mesma autenticidade o episódio real, pois a cidade parou, admirada, para contemplar o set de filmagem. Houve muita emoção, principalmente no momento em que o avião despejava os panfletos, sob gritos e aplausos da multidão.
Na ocasião da gravação desse documentário, esteve presente em Nísia Floresta, a meu convite, a inesquecível professora Noilde Ramalho (in memorian) diretora da Escola Doméstica e Drª Françoise Doninique Valéry, Cônsul Honorária da França. Lembro-me que depois do evento, dona Noilde me disse que havia vivido uma experiência singular, pois havia sido uma das alunas que esteve no evento real, em 1954, portanto o vivenciou por duas vezes.

LETRA DO HINO QUE HOMENAGEIA NÍSIA FLORESTA

Infelizmente desconhece-se a autoria desse belo hino, escrito em homenagem à Nísia Floresta. A postagem acima foi uma sequência de imagens do município de Nísia Floresta que utilizei para homenagear um dos natalícios da nossa conterrânea ilustre. Servi-me de cenários locais para divulgá-los enquanto também levava o lindo poema  a quem não o conhece .