segunda-feira, 24 de abril de 2017

HOJE É O 132º ANIVERSÁRIO DE MORTE DE NÍSIA FLORESTA *1810 + 1885


Hoje, 24 de abril de 2017, faze 132 anos que Nísia Floresta faleceu, em Rouen, França.
Não há o que se comemorar, obviamente, até porque não se comemora a morte. Mas há muito a se dizer dessa figura notável, nascida nos arredores da velha Vila Imperial de Papari.
Para lembrarmos de Nísia Floresta, costumo usar a parábola da estrada. Quando olhamos belas e modernas rodovias, que mais se parecem tapetes a céu aberto, precisamos reconhecer que elas foram construídas sobre antigas estradas de barro, e que as estradas de barro foram construídas sobre estreitos caminhos emoldurados de matas, e que os estreitos caminhos vieram das acanhadas veredas cortadas a facão, igual ao que faziam os bandeirantes. Houve evolução gradual. A rodovia não nasceu rodovia. Isso só é possível hoje.
A facilidade como os veículos cortam os quatro cantos do Brasil, cujo tempo de percurso foi diminuído muitas vezes para menos da metade, torna-se impensável que uma viagem de poucos quilômetros demorava-se dias.
Precisamos olhar o passado para compreender o presente, reconhecendo que quem veio primeiro sofreu mais... penou!
O conforto que encontramos hoje, as melhorias, os avanços teve o sangue e o suor de alguém, e isso ocorre nas mais diversas áreas. É por isso que não podemos comemorar o aniversário de Nísia Floresta, mas lembrar dos seus feitos e enaltecê-los nas escolas e nos ambientes de cultura.
Construir sobre um traçado pronto é fácil, pois já se sabe os acidentes geográficos, já se sabe a menor distância etc. Mas abrir veredas onde só existia mata cerrada é heroísmo.
Numa época em que não existiam sequer veredas, Nísia Floresta veio na frente abrindo caminhos e até mesmo estradas, pois era visionária.
Princesa Isabel nem era nascida, e Nísia Floresta já lançava o seu grito contra a escravidão.
O país vivia um reinado, e Nísia Floresta já postulava que uma mulher fosse presidente da utópica república.
Numa época em que os portugueses organizavam batalhões para dizimarem índios, Nísia Floresta pedia respeito aos donos da Pindorama. Pedia que se respeitassem sua religião, sua cultura...
Numa época em que mal existiam escolas para homens, Nísia Floresta pedia escolas para meninas;
Numa época em que a mulher era considerada um ser inferior, uma simples doméstica, Nísia Floresta pedia a emancipação feminina...
Enfim, ela abria veredas, caminhos e rodovias numa época em que só existia selva. Seu pecado foi ser moderna demais.
Creio que o município de Nísia Floresta, tão injustamente maculado pela imagem das rebeliões de Alcaçuz, com certeza deve estar numa semana de grandes eventos educacionais e culturais pertinentes a nossa notável conterrânea.

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