BUGRE PESCANTE
O bugre Kadiweu amarrou a noite numa pedra.
Esticou, esticou até o ponto de tarde.
Assim podia abarrotar o cesto de peixes.
Linha, tirava do horizonte,
Anzol, tirava das cascas de camarão,
Taquara, tirava das touceiras,
A pesca acontecia como água.
A natureza no Pantanal santifica tudo,
São pedaços de Éden a cada pisada.
Mais tarde o bugre amarrará a noite num lírio,
Ao ponto de ocaso.
"Assim poder pescar mais".
É o que ele sussurra, mastigando o beiço,
A voz dos bugres tem idioma no céu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário