quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Bugres peixantes...



BUGRE PESCANTE O bugre Kadiweu amarrou a noite numa pedra. Esticou, esticou até o ponto de tarde. Assim podia abarrotar o cesto de peixes. Linha, tirava do horizonte, Anzol, tirava das cascas de camarão, Taquara, tirava das touceiras, A pesca acontecia como água. A natureza no Pantanal santifica tudo, São pedaços de Éden a cada pisada. Mais tarde o bugre amarrará a noite num lírio, Ao ponto de ocaso. "Assim poder pescar mais". É o que ele sussurra, mastigando o beiço, A voz dos bugres tem idioma no céu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário