Um velho contou-me
que se alimentava de pedaços de pessoas
Fazia poesia ao
modo de
Fazer colchas de
retalhos
Qualquer pessoa –
mesmo muda – dava retalhos
Ele funcionava de
ouvir e ver
Depois colocava aflição
nas palavras
Assim costurava
sucessivas colchas
Por isso as
pessoas o alimentavam
Disse-me que poesiar
está nesses costuramentos
Que ela desvem de
inspiração
Pois que vem de
ver e sentir
Inspiração é o apelido que dão quando esses sentidos
acontecem
Falou-me que todo homem
é feito de pedaços de pessoas
O
homem é a própria colcha
de retalho
É o que é os seus
derredores costuram
Mas carece dons de
poesiar.
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