segunda-feira, 26 de março de 2018

“Cururu” (poema)



Louvo Cururu. Louvo Santa Ana. Louvo a terra dos Santanas.
Louvo seus pescadores, os amassadores de barro, os trabalhadores da taipa, a mulher labirinteira, a lavadeira de roupa com sua pedra fiel. Louvo os vendedores de lenha, os canoeiros, a cachaça e seus cozidos às margens do rio.
Louvo a casa de farinha. Louvo a farinhada. Louvo o cemitério de Cururu. Louvo o homem da roça e a roça de tantos homens e mulheres dessa terra-mãe.
Louvo os leirões de macaxeira, inhame e batata-doce. Louvo as plantações de milho. Louvo a Barra do Rio. Louvo o Rio das Pedras. Louvo sua lagoa de águas santificadas.
Louvo a capela em ruínas e seu majestoso cruzeiro. Seu povo ordeiro de fé inquebrantável.
Louvo as águas de Cururu. Suas dunas de cândidas areias. Louvo suas matas rasteiras. Seus bichos, seus pássaros.
Louvo seu povo, suas lendas e tradições. Louvo sua simplicidade. Seus fogões a lenha. Suas casas de taipa, de chão batido, suas redes de pesca e de dormir.
Louvo seus pilões. Suas fogueiras ardentes crepitando histórias de Trancoso. Louvo o preto velho sentado no tronco de coqueiro debulhando lendas, rodeado de crianças de olhos aboticados, viajando para lugares nenhuns. Louvo seus idosos. Seus causos. Louvo a infância brincando com lanternas de vagalumes.
Louvo as noites aconchegantes de chuva. Seus respingos trespassando as frinchas do telhado. Louvo as noites escuras de mistério. Louvo o sapo cururu, patrono pela própria natureza. Louvo o barro branco, as cercas de faxina. Louvo a fuligem da lenha, o cheiro de fumaça. O café no caco, o grude, a tapioca. As mesinhas das rezadeiras. Louvo o Pastoril, o Bambelô e as quadrilhas matutas. Louvo suas matas onde se escondia o medo. Louvo seus lobisomens, o fogo-batatão e a luz do candeeiro.
Tenho para mim que os homens e as mulheres de Cururu são a extensão de suas dunas, de seus rios, de suas lagoas, de suas águas, de seus barros. Onde quer que estejam, levam retalhos desse lugar bucólico e tomado de encanto. O tempo passa. Cururu não passará. Cururu resiste, intacto, na alma de seus nativos.
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