segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Celular na escola não é problema - O desafio que pode se tornar realidade é educar a comunidade escolar a usá-lo convenientemente


A França proibiu o uso de aparelhos celulares no interior das escolas. A lei vigorará a partir de setembro de 2018. A atitude, justo a um país famoso pela promoção da liberdade de expressão, surpreende. Soa como uma volta a educação ultrapassada e autoritária.
        A alegação é a que todos imaginam: o aparelho colabora com a falta de concentração nas aulas e o consequente prejuízo para o aprendizado.
        O Brasil, com exceções, obviamente, adora se inspirar nos outros. De repente achar isso bom sem maiores reflexões. Na minha opinião o que falta nesse caso é educar os alunos a usá-lo de forma correta, seja no Brasil ou onde for. E que a escola seja a continuidade desse processo, o qual deve começar em casa (a velha educação de berço, que pertence única e exclusivamente aos pais ou a quem os cria)
        O aparelho celular, desde que usado a bem da educação, funcionará positivamente, assim com usamos a internet, em nossas casas para boas finalidades e não nos viciamos. A diferença, no caso dos celulares nas escolas, está nas redes sociais, cujos sinais sonoros ficam apitam a cada segundo, despertando a curiosidade dos alunos. Todos querem saber quem é e o que quer. É exatamente aí que mora o 'nó górdio'.
Conscientizar os filhos começa em casa e a escola da continuidade ao processo. No que se refere à Escola, o aluno deve ser levado a entender que se ele está lendo um e-book ou um texto de pesquisa em sala de aula - a pedido do professor - deve ignorar as redes sociais. O segredo – que é o grande desafio – é trabalhar isso nos alunos e até mesmo nos próprios professores e equipe escolar. 
O simples proibir geral é uma atitude extremista, que enterra autoritariamente a oportunidade de usar o aparelho como instrumento didático.
Não é apenas as redes sociais que desconcentram os alunos. É também muitos os professores e até mesmo os pais. É todo o “planeta internet’. Por isso que durante o intervalo ou mesmo antes de os alunos adentrarem no pátio da escola, parecem robôs. São todos mudos e de cabeça baixa.
Se analisarmos bem os agravantes para os exageros pertinentes ao uso desenfreado da internet, são muitos. E com certeza afetam a postura corporal e até mesmo o psíquico. Não pode ser saudável uma pessoa que esquece que o Mundo real existe em detrimento do aparelho de celular. E isso está acontecendo desenfreadamente.
Muitas pessoas são monossilábicas, mal falam, mal interagem com os outros. A coordenação motora das crianças não é a mesma de alguns anos atrás quando o aparelho não existia. Já li que muitas nem conseguem fazer polichinelo. Outras 'colocam os bofes para fora" quando o professor pede para correr de uma trave a outra na quadra esportiva. 'O coração fica saindo pela boca', pois estão desacostumadas com movimentos simples como correr, subir em árvores etc.
Mas algo é certo: para todos esses casos pode e deve existir a conscientização das pessoas. Obviamente o problema começa em casa, onde as crianças nascem, crescem e toma o caminho da escola, onde seguirão viciados ou não. Depende dos pais. Ou seja, depende do grau de consciência dos pais e da educação que eles constroem com os filhos.
Um filho que comanda os pais fará o mesmo na escola e enfrentará problemas com os professores e com outros profissionais da educação. Ele dificilmente conviverá bem com as normas e regras escolares. Mas a escola não deve ceder, pois o seu papel é educar e permitir que o processo ensino/aprendizagem aconteça da melhor forma.
É inegável que o aparelho celular, se não bem utilizado, tem o mesmo poder do crack e da cocaína no aspecto do vício. Se os pais deixam os filhos se viciarem, ficará difícil a escola “desmanchar” isso. É um desafio sem limites.
Pode ser dramático construir o novo hábito com a criança, mas a escola não poderá se esquivar dessa responsabilidade, senão estará endossando o vício que os pais permitiram para poderem – eles – ficarem vendo os seu zap. Ou seja, os pais dão o celular para entreter a criança enquanto eles – os pais – acessam seus zaps ou façam outra coisa sem. Se a escola brasileira se 'afrancesar' no aspecto da decisão autoritária tomada por eles, estará regredindo e impedindo um precioso instrumento de educação. 
"Mas na minha época não existia aparelho celular" - alguém poderá dizer. Que pena! Se existisse você teria usufruído de atitudes educativas de maneira incomum.
Respondam-me: qual escola – principalmente pública – possui em sua biblioteca, em quantidade, livros suficientes para uma classe inteira ler, por exemplo, "Dom Casmurro"? Suponhamos que a turma tenha 40 alunos. Como o professor poderá discutir "Dom Casmurro" se a escola não os possui em quantidade, se os alunos não têm dinheiro para comprá-lo e não podem baixar na internet ou ver no e-book durante a aula? 
Suponhamos que esteja havendo um aulão preparatório de determinada escola para uma turma de mil alunos. Imagine um professor repassando um link de um artigo atual e importantíssimo, recém escrito e pedindo para os alunos o leiam naquele momento. Como ficaria a aprendizagem se é proibido aparelho celular?
"Ah! Mas alguns alunos ficam antenados no celular durante a aula, depois de usá-lo com finalidade de aula" - poderão dizer. Mas nesse momento entra a verve de educador. "Fulano, eu vou recolher o seu celular até o final da aula. Vai ficar desligado na minha bolsa ou aqui no armário, e no término da aula eu o devolvo". Assim deve agir o professor. Se o aluno não entender isso, deve ser chamada a autoridade competente da escola, o fato deve ser registrado, os pais devem ser chamados e, simultaneamente entram outros profissionais para conscientizar esse aluno. 
A ideia é vencer o desafio/problema, e não colocá-lo debaixo do tapete, prorrogá-lo ou proibi-lo. O papel de uma escola é educar todos e enfrentar as realidade do mundo sem peneirar as coisas segundo velhos conceitos. O celular é uma realidade e só será problema se a escola for despreparada.
É um processo. Vai chegar o momento que a escola terá a marca registrada da cidadania. "Aqui todos usam o aparelho celular para construir o conhecimento, telefonar e acessar as redes sociais, mas tudo com consciência, sem que uma ação prejudique a outra". Sem prejuízos para ninguém. Assim dirá toda a comunidade escolar.
Não entendamos que o problema estará extirpado da escola. Vez ou outra se flagrará um aluno novato, ou aquele desacostumado a respeitar regras, que precisará de um diálogo. Mas escola é isso. Fazemos isso em casa, com os nossos filhos. Por que não fazer na escola?
Seja como for, a coisa é crítica e precisa ser analisada, estudada e refletida com os pais. A escola, sozinha, terá grandes dificuldades para construir o hábito correto, pois não se importou muito com a avalanche ao longo do tempo. Mas jamais deve ceder. Nós, seres humanos, temos a capacidade de influenciar e persuadir um assassino a deixar o mundo do crime. Por que não teríamos, nós, EDUCADORES, a capacidade de construir com crianças e jovens o entendimento sobre o bom uso de um aparelho celular e o que quer que seja?!!
Celular não é apenas rede social. O aluno precisa falar com os pais quando sai da escola. Precisa se comunicar por necessidade com outras pessoas. Precisa pedir socorro. E como ficaria isso se o celular ficou em casa?
Sou contra a proibição. Defendo que se deve educar as crianças e os jovens a partir de casa, e que a boa utilização deve continuar quando o aluno adentra os portões da escola. Quando a escola proíbe está assinando a sua incompetência. espero que nossos educadores não se inspirem na França.
Proibir o seu uso na escola e pedir que os alunos o deixem em casa é o mesmo que caminhar contra o progresso. É abolir uma grande ferramenta de educação.
Não é fácil, mas o segredo está na educação. Tudo vem da educação.

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