Tinta verde é privilégio de lagartas verdes.
Debrucei anos botanizando a descoberta.
Vem de seus interstícios.
Não sei se elas desaparecem as folhas
Ou as folhas lhes desaparecem.
Mas há conivência com árvores,
E tudo é apetecido a verde.
Lagarta verde tem cago verde...
Os grãos atapetam o chão.
Há uma máquina em seus dedentros.
O fabrico se dá assim:
Elas escolhem as vergônteas novinhas,
Passeiam o dia comendo...
Ondeando o corpo sinuoso de gula,
Então a refeição lhes passa.
Carece cumplicidade com árvores.
Rastejamento...
Escorjamento...
Enpanzinamento...
Puf...
O cago é árduo.
A caminhada é contorcida.
Um pedaço do corpo sobe, o outro desce...
A boca come e o rabito descome...
Esperançando de verde o chão.
São grãozinhos secos e fornidos
(Ingual que dos cabritos).
Esse é o cago de lagartas.
Na mão do artista,
Diluídos n’água,
Pincelado na tela,
Dão bela aquarela.
Depois só pincelar verniz de vidro mole
E o verde se plenaliza.
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