segunda-feira, 1 de julho de 2024

Os Guatós do Pantanal...

 


OS GUATÓS DO PANTANAL

Nos dedentros das matas, onde o verde se confunde em segredo e silêncio, os rios sussurram histórias antigas, guardadas nas dobras do tempo. As árvores, com suas raízes profundas, bebem dos segredos da terra, e as folhas, ao barlavento, sussurram segredos aos bichos que por ali passam.

Os Guatós, habitantes ancestrais dessas terras, conhecem cada curva dos rios, cada sombra das árvores. São parte da paisagem, assim como as águas que fluem dos subterrâneos ancestrais. Seus olhos refletem o brilho do sol sobre o rio, seus corpos movem-se com a fluidez da correnteza.

Nas margens, capivaras, tuiuiús e antas partilham o espaço com jacarés preguiçosos, todos imersos na harmonia da vida que ali pulsa. As araras, conversadeiras, com suas cores vivas, cortam o céu em voos rasantes, anunciando a plenitude do dia que nasce.

Os Guatós, em suas canoas silenciosas, riscam as águas como se fossem parte dela, sem perturbar a paz do rio. Seus cantos, ecoando entre as árvores, criam uma sinfonia única, onde os indígenas e o natural são um só.

Nas noites, quando a lua faz gigantesco espelhos que se franjam nas águas, as histórias dos ancestrais são contadas ao redor das fogueiras. Histórias de espíritos das matas, de animais sagrados, de rios que choram e de estrelas que guiam, contadas pelos sábios guatós. E assim, a vida segue seu curso, confundida com terra, água, céu e esses povos vestidos de Pantanal, numa dança ancestral, eterna em existência e memória.


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