Ontem fiquei sabendo do falecimento da minha professora Nivaldete Ferreira (na fotografia, ela está abraçada comigo). Eu a conheci em 1993, quando vim transferido de São Paulo. Nivaldete Niva Ferreira foi uma professora marcante e singular. Digo isso porque, muito jovem, ela era muito ligada a nós, jovens. Fazíamos das imediações do DEART o nosso parque de diversão nos momentos convenientes. Até em árvores subíamos.
Ela escrevia, e como sou um escrevinhador, ela logo descobriu, o que nos aproximou ainda mais. Na UFRN tivemos uma aproximação intensa. Tive professores incríveis: Sanderson Negreiros, Clotilde Tavares, Vicente Vitoriano, Toinho, Regina Guedes... Tenho alguns de livros dela e adoro "Bárbara Cabarrus". Em 2008 eu estava na livraria da Cooperativa Universitária quando ela apareceu e, no mesmo instante, foi tirando de sua bolsa um objeto e dizendo "tenho aqui um novo filho para lhe presentear". Era exatamente Bárbara Cabarrus (Dentro do livro veio um cartão das Edições Paulinas que conservei intacto).
Não sei o que houve, mas talvez entretidos, não houve tempo para a dedicatória. Algum tempo depois a encontrei e, como sempre era uma festa. Perguntei a ela "Bárbara Cabarrus é você? Creio que Bárbara Cabarrus é sua auto biografia e fomos parecidos em nossas infâncias e adolescências". Então contei a ela que não desejaria a nenhuma mãe ter o filho que fui, pois fui muito arteiro e intenso. Ela rio muito dizendo o mesmo. Sempre saí do quadrado, desde criança.
Foi muito interessante esse dia... Mas é isso, como sempre digo, aqui tudo começa e aqui tudo se acaba. Fiquei triste. Não sei o que a levou, mas sei o que ela deixou: uma obra linda, apurada, fina. Nivaldete fazia a diferença com a pena. Não escrevia o lugar comum, não era da mesmice. Havia substancialidade em sua escrita. Cada página era uma porta. Agora que ela não pode mais me ouvir, posso dizer: ela não foi reconhecida na proporção de como deveria ter sido. Na verdade ela ganhou alguns prêmios interessantes, mas com certeza absoluta, merecia muito mais... Mas agora não tem mais jeito.
Eu penso assim: se a flor não foi dada quando eu podia sentir o perfume, não me venham depois me oferecer coisas, não façam cenas, caras e bocas, declarações etc. Refiro-me a prêmios literários póstumos. Tenho certeza que ela diria isso. Mas, com certeza, Nivaldete merece que seu nome esteja abençoando algum espaço significativo na UFRN, como a Concha Acústica, por exemplo, tão próxima do DEART, onde ela tanto esteve.
Em 1996 fui eleito presidente do Centro Acadêmico do DEART na UFRN, e lá estava Nivaldete, presente, viva, intensa, amorosa... Hoje peguei do seu Bárbara Cabarrus, peguei do seu cartão das Paulinas, intactos, e um filme rolou... Adeus, professora querida. Só me resta lhe dizer adeus... Obrigado por ter feito parte de momentos marcantes da minha vida...
Nenhum comentário:
Postar um comentário