ANTES DE LER É BOM SABER...

CONTATO: (Whatsapp) 84.99903.6081 - e-mail: luiscarlosfreire.freire@yahoo.com. Este blog - criado em 2008 - não é jornalístico. Fruto de um hobby, é uma compilação de escritos diversos, um trabalho intelectual de cunho etnográfico, etnológico e filológico, estudos lexicográficos e históricos de propriedade exclusiva do autor Luís Carlos Freire. Os conteúdos são protegidos. Não autorizo a veiculação desses conteúdos sem o contato prévio, sem a devida concordância. Desautorizo a transcrição literal e parcial, exceto breves trechos isolados, desde que mencionada a fonte, pois pretendo transformar tais estudos em publicações físicas. A quebra da segurança e plágio de conteúdos implicarão penalidade referentes às leis de Direitos Autorais. Luís Carlos Freire descende do mesmo tronco genealógico da escritora Nísia Floresta. O parentesco ocorre pelas raízes de sua mãe, Maria José Gomes Peixoto Freire, neta de Maria Clara de Magalhães Fontoura, trineta de Maria Jucunda de Magalhães Fontoura, descendente do Capitão-Mor Bento Freire do Revoredo e Mônica da Rocha Bezerra, dos quais descende a mãe de Nísia Floresta, Antonia Clara Freire. Fonte: "Os Troncos de Goianinha", de Ormuz Barbalho, diretor do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, um dos maiores genealogistas potiguares. O livro pode ser pesquisado no Museu Nísia Floresta, no centro da cidade de nome homônimo. Luís Carlos Freire é estudioso da obra de Nísia Floresta, membro da Comissão Norte-Riograndense de Folclore, sócio da Sociedade Científica de Estudos da Arte e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Possui trabalhos científicos sobre a intelectual Nísia Floresta Brasileira Augusta, publicados nos anais da SBPC, Semana de Humanidade, Congressos etc. 'A linguagem Regionalista no Rio Grande do Norte', publicados neste blog, dentre inúmeros trabalhos na área de história, lendas, costumes, tradições etc. Uma pequena parte das referidas obras ainda não está concluída, inclusive várias são inéditas, mas o autor entendeu ser útil disponibilizá-las, visando contribuir com o conhecimento, pois certos assuntos não são encontrados em livros ou na internet. Algumas pesquisas são fruto de longos estudos, alguns até extensos e aprofundados, arquivos de Natal, Recife, Salvador e na Biblioteca Nacional no RJ, bem como o A Linguagem Regional no Rio Grande do Norte, fruto de 20 anos de estudos em muitas cidades do RN, predominantemente em Nísia Floresta. O autor estuda a história e a cultura popular da Região Metropolitana do Natal. Há muita informação sobre a intelectual Nísia Floresta Brasileira Augusta, o município homônimo, situado na Região Metropolitana de Natal/RN, lendas, crônicas, artigos, fotos, poesias, etc. OBS. Só publico e respondo comentários que contenham nome completo, e-mail e telefone.

terça-feira, 14 de maio de 2024

MORTE DA ESCRITORA POTIGUAR SOCORRO TRINDADE


REGISTRO DE FALECIMENTO

Socorro Trindade faleceu no último sábado, 11 de maio de 2024, às 22h330, na residência do seu irmão, Paulo Trindade, em Boágua, distrito de Nísia Floresta. Socorro faleceu dormindo. 

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Couro de raposa...

José Calixtro Pereira Filho, 76 anos de idade
 

Essa história me foi contada pelo senhor José Calixtro Pereira Filho, 76 anos de idade. Ele nasceu no dia 20 de novembro de 1947, em Taborda, São José de Mipibu, mas até hoje sua vida tem se ambientado em terras parnamirinses devido à proximidade, de maneira que ele se considera um parnamirinense. Foi na localidade de Taborda que se passou o fato a seguir, que serve para o acervo de sabedoria de todo homem.


Certa manhã, ele andava numa estrada de barro quando viu uma bela raposa morta recentemente, talvez por atropelamento. Infelizmente essa cena preocupante é comum nas estradas. Ele apiedou-se do infeliz animal e nada mais. Eis que, próximo dali, chegando até as terras de um conhecido e falando-lhe sobre a raposa morta, surpreendeu-se com o gesto eufórico do homem que perguntou-lhe o local exato, deixando-lhe muito curioso.


A fama das raposas nunca foi boa. Não é à toa que chamamos os políticos safados de “raposas velhas”, com todo respeito aos raros políticos decentes, Brasil afora. Eis que o homem explica que costuma pegar raposas de mortes recentes para retirar o couro, pois é, digamos, um eficiente repelente contra morcegos.


O sr. Calixtro já conhecia essa história, mas como falácia. Não imaginava que o couro fosse eficiente. O dito homem explicou-lhe que quando espalha os couros na propriedade ou mesmo dentro de galpões de armazenamento de grãos e ferramentas, não entra sequer um morcego e, por consequência, o local fica livre da fedentina que a urina e fezes desse animal promovem no ambiente.


Com relação à roça, os morcegos comem muitas frutas, ou melhor, estragam muitas frutas, roendo-as, deixando-as impróprias para o consumo humano. Essa técnica, limpa, promovida pelo uso do couro da raposa, tem a vantagem de blindar as frutas sem causar morticínio aos animais, pois não se usa produto químico para combatê-los. Pode parecer uma injustiça negar comida aos bichos, mas a mata é rica em outros frutos apreciados pelos morcegos e o planeta é muito grande. Isso explica o porquê de tantas nuvens de morcego por onde passarmos. E uma nuvem de morcegos faz um estrago grande. Morcegos são fabricantes de florestas, pois comem frutos e espalham suas sementes pelo mundo. Por consequência, são fabricantes de água, pois onde há árvore, há água (de uma maneira ou de outra).


Não é à toa que algumas igrejas matrizes são repletas de morcegos, cujos sótãos e forros, cheios de fezes urinadas, afastam qualquer pessoa devido ao fedor. Se os padres colocassem couro de raposa em locais estratégicos, o problema estaria resolvido. Mas lembrando que não é necessário sair caçando raposa para esse fim, afinal, infelizmente, elas são encontradas mortas, com frequência, nos acostamentos, pois se atrapalham ao atravessar as pistas e se darem com os faróis dos veículos.


Sobre esse detalhe triste de raposas atropeladas, recorro a Oswaldo Lamartine de Faria, filho de Juvenal Lamartine (1874-1956), ex-deputado federal e ex-governador do Rio Grande do Norte por dois anos e nove meses. Ele conta em seu livro “Juvenal Lamartine O Meu Pai, que o Rio Grande do Norte já foi um verdadeiro Pantanal (no aspecto de fauna). Aqui se viam com frequência, onças, tamanduás-bandeira, jabuti, seriemas, perdizes, gato maracajá, capivaras, lontras, ariranhas, enfim uma fauna exuberante. Ressalvando que uns em maior ou menor grau se a ocorrência fosse no sertão ou litoral. Esse cenário era comum até as últimas décadas do século XIX.


Esse fenômeno não é novidade e ocorre no mundo inteiro, por mais que seja estúpido. Quantos lugares no mundo viraram savanas e se desertificaram, tendo sido plenos de fauna e flora. É uma pena. Os animais perderam espaço para a fome ocasionada pela seca e a caça, além dos desmatamentos para se formar as cidades e os pastos, num tempo em que não existiam leis de preservação. E quase tudo se acabou. Existem, hoje, numa raridade, gatos do mato e pequenos mamíferos, os quais vivem nas áreas muito remotas, como nas grotas do sertão e Seridó. Em áreas com água ainda se vê alguns animais maiores, mas até mesmo quem é potiguar estranha pela singularidade.

Mas, ainda sobre o dito couro de raposa, o que teria de especial o mero couro? Afinal ele está sozinho, inanimado, sem o espírito sagaz da raposa. É ele e ele. Não é ele na raposa. O que ele promove na circunscrição onde estão as plantas frutíferas? Que mistério é esse? Que moral teria esse couro? Há muita coisa segredosa no campo da superstição. Só quem anda pelas estradas do Folclore entende a essência do que escrevo. Mas nesse aspecto, penso que a coisa é além da superstição. Seria o cheiro? Seria uma visão especial, diferente, que os morcegos têm desse couro? Seria a impressão de que é, de fato, a raposa vivinha da silva? Não sei. Ninguém sabe! Ou sabe? Desejo saber!


Pois bem, sempre me comunico com o sr. Calixtro que, inclusive é evangélico daqueles cuja forma em que foi feito, alguém jogou nas profundezas do oceano. E eis que numa simples conversa que tive, hoje, com esse homem que é um baú de sabedoria, inclusive, mesmo que ele não admita e não queira ser assim chamado – devido à sua humildade como pessoa – ele é um inventor. Em sua morada vemos algumas engenhocas feitas de material de sucata, mas de significativa funcionalidade. Ele também é um luthier, pois fabrica um tipo de instrumento musical cujo nome me foge da memória no momento. Em sua casa há uns cinco desse instrumento, dom esse que se harmoniza com a sua verve musical, inclusive ele estuda música e faz parte de um coral de canto popular. Sua residência, hoje, é na rua Sergipe, nº 150, bairro Rosa dos Ventos. Ali, ao lado da esposa, ele esquece do mundo, abraçado por um quintal perfumado de plantas ornamentais e frutíferas, galinhas e cachorros. É o seu paraíso. O sr. Calixtro é um livro repleto de conhecimentos e sabedoria, inclusive ele tem uma verve poética e faz cordéis. É um homem que, antes de morrermos, precisamos conhecê-lo... Natal, 9.5.24 – 02h00.

sábado, 4 de maio de 2024

MUDAR O TÚMULO DE NÍSIA FLORESTA DE LUGAR?

 
No dia 4 de novembro de 2019, num segunda-feira, às 19h00, no Foyer do Teatro Riachuelo, em Natal, houve o lançamento do livro #NísiaFlorestaPresente: uma brasileira ilustre, escrito pela professora Constância Lima Duarte. Estavam presentes diversos intelectuais de Natal, algumas autoridades, empresários e escritores. Ali encontrei Diógenes da Cunha Lima, ex-reitor da UFRN, escritor, advogado e membro da Academia Norte Rio-Grandense de Letras, pessoa para o qual tenho grande respeito, tendo-o convidado para alguns eventos em Nísia Floresta, na década de 90. Começamos a conversar sobre Nísia Floresta e, para a minha surpresa, ele falou de uma proposta em vigor – associada ao Grupo Vila – de transferirem o monumento em homenagem a Nísia Floresta e o túmulo onde repousam os seus restos mortais, no Sítio Floresta, para outro local. Isso me foi dito claramente, sem quaisquer possibilidades de eu ter me equivocado.

Sabedor do meu envolvimento com a história de Nísia Floresta há décadas, ele sugeriu que eu tentasse sensibilizar a população daquele município em prol desse projeto. Ouvi apenas. Com todo respeito ao insigne advogado e aos empresários do Grupo Vila, mas é questionável que residentes em Natal, sem a necessária relação com o município de Nísia Floresta, pensem uma proposta dessa no âmbito de Natal sem priorizar as autoridades nisiaflorestenses no aspecto do pensar. Elas devem ser as primeiras a serem ouvidas, mesmo que seja uma ideia. O assunto não deve chegar a tais autoridades por ter vazado, mas por ter sido levado às mesmas enquanto semente.
 

Residi 21 anos em Nísia Floresta. Nesse período, assisti alguns poucos eventos organizados por pessoas de Natal, que levavam trabalhos prontos para aquele município. Nunca vi chegarem ali para pensarem o evento com os nisiaflorestenses. Reconheço a decência de todas essas pessoas, mas tais eventos eram alusivos a Nísia Floresta, não era algo que descaracterizava a história e a memória da cidade ou da figura de Nísia Floresta. Portanto, a maneira como divagam a ideia de transferência dos despojos da intelectual Nísia Floresta, aparenta subestimar a inteligência dos nisiaflorestenses.
 
Nísia Floresta não é mais a cidade dos anos 90. Há muita gente formada e muito esclarecida. A História e a Memória de Nísia Floresta não tem mais aquele vácuo do passado. Houve amplos trabalhos ali realizados nesse sentido – e seguem ocorrendo –, portanto, propor uma interferência no Sítio Floresta prediz um plebiscito, tendo, antes, transmitido a ideia para os vereadores nisiaflorestenses, para que os mesmos a divulguem amplamente nas redes sociais, nos mecanismos de imprensa e às demais autoridades, pois ao Executivo cabe executá-la ou não. 
 

Lembram quando um grupo de empresários, políticos e amigos tentaram criar o município de Praias Belas de Pirangi? Esse município ficaria com todas as praias de Nísia Floresta. A proposta foi planejada em Natal e Parnamirim. Lembram quem moveu céus e terras para derrubar o projeto que corria dinheiro de puxar de rodo nos bastidores? Padre João Batista Chaves da Rocha. À época o chamaram de lobo de batina, pois ele convocou o município inteiro, divulgou os riscos que a população corria, tendo em vista que havia muito dinheiro por trás, e tem autoridades que se vendem por dois mil réis. E, juntos com o padre, o povo derrubou o projeto. 
Reconstituição da chegada dos despojos de Nísia Floresta (Projeto que fiz em 2002)
 
Retornando ao assunto. Obviamente que um plebiscito que interfere na História e na Memória da cidade, descaracterizando um sítio arqueológico, local onde Nísia Floresta emitiu o seu primeiro choro, conviveu com os pais, irmãos e sua serviçal, é inconcebível. Tanto o monumento (1909) quanto o túmulo (1955) foram erguidos sobre os alicerces da casa onde Nísia Floresta nasceu e morou. É um espaço intocável e cheio de simbologias. Ali peregrinaram Henrique Castriciano, Orlando Dantas, Alberto Maranhão, Monsenhor Paiva e outras figuras notáveis da história do Rio Grande do Norte.
Mesmo que retirem apenas os despojos e o levem para outro local. Preservando as alvenarias, é uma descaracterização da história e da memória da intelectual Nísia Floresta. Mais ainda: é uma afronta ao município e ao Brasil. Ninguém está impedindo a construção de monumentos e espaços que enalteçam Nísia Floresta. São muito bem vindos. Inclusive tenho sugestões até já publicadas. Mas que os construam em outros lugares e sem prejuízo para o túmulo e o monumento no Sítio Floresta.
 
Túmulo de Nísia Floresta em 2002, quando ainda não era tão sufocado por construções
 
 
 Alguns poderão alegar que afronta é a situação de quase abandono do Sítio Floresta, que afronta é a situação sufocante em que ele se encontra. Alegação justíssima. Mas não justifica arrancarem Nísia Floresta dali. Uma afronta desse nível consegue ser maior do que a situação de quase abandono do Sítio Floresta. Mexer ali é caso de polícia! É caso de Justiça!
 
É inegável que as autoridades municipais, ao longo das décadas, se omitiram. A ampla ignorância do passado – tanto no desconhecimento sobre a história e a obra de Nísia Floresta quanto no desconhecimento da importância de salvaguardar local – permitiu que os nativos sufocassem a área do túmulo e monumento. Mas fazer o quê? É ali o Sítio Floresta. É ali o sítio arqueológico. É ali o marco cheio de simbologias. 
Túmulo de Nísia Floresta em 2002, quando ainda não era tão sufocado por outras construções.

O município de Nísia Floresta já sofreu tantos danos ao seu patrimônio histórico – inclusive até recente – pertinente à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó, e todos sabem a saga de quem enfrentou o sistema e a ignorância para impedir. Saibam, pois, que quando o povo diz “não”, não precisa da saga de única pessoa. A força do povo é como uma vara de condão, faz mágicas sem odisseias. Não creio que o povo, sabendo dessa proposta, não se precava dessa ideia esdrúxula de mexerem no Sítio Floresta.
Folder de uma conferência sobre Nísia Floresta que organizei em 2000, ocasião em que Diógenes da Cunha Lima foi um dos palestrantes.
 
Ao invés de divagarem a ideia de arrancar Nísia Floresta dali, mobilizem o poder municipal, estadual e federal e, mediante projeto, comprem mil metros quadrados de toda a vizinhança do túmulo e monumento, restaurem tais peças. Façam dali um espaço civilizado e digno de se evocar Nísia Floresta em termos educacionais, culturais, históricos, memorais e turísticos. É fácil. É só querer. Até onde sei, a ideia esdrúxula de arrancarem Nísia Floresta do seu berço prediz um memorial de alto custo. Algo muito bem feito. E por que não gastar esse dinheiro comprando a área privada que sufoca o local? Depois cria-se outro projeto e faz-se algo civilizado, MAS NO LOCAL ONDE ESTÁ. Tenho muito receio quando pessoas altamente esclarecidas têm essas ideias fora da caixa. Prefiro supor que se trate de um ‘insight’, uma tormenta passageira.
 
Folder de uma conferência sobre Nísia Floresta que organizei em 2000, ocasião em que Diógenes da Cunha Lima foi um dos palestrantes.
 
Enfim, deixo esse registro, e para comprovar que não me equivoquei, há mais ou menos 12 meses, um membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte me disse a mesma história. Não sei o andamento atual desse assunto. Até compreendo a revolta dos intelectuais natalenses ao verem a situação caótica do túmulo e do monumento a Nísia Floresta no Sítio Floresta. Mas ela não é bem vinda, pelo menos para mim que luto há trinta anos em prol do zelo para com a história e a memória de Nísia Floresta. Cabe às autoridades e ao povo nisiaflorestense aguardar e, quando necessário, intervir com o seu NÃO de maneira respeitosa e diplomática, propondo o que é justo. Aguardando a opinião do povo, encerro, agradecido. L.C.Freire, 20h16, 3.5.2024.
 
Folder de uma conferência sobre Nísia Floresta que organizei em 2000, ocasião em que Diógenes da Cunha Lima foi um dos palestrantes.

 

terça-feira, 30 de abril de 2024

Governadora Fátima Bezerra anunciou que nos próximos dias será oficializado o tombamento da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó

Governadora Fátima Bezerra anunciou que nos próximos dias será oficializado o tombamento da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó

A governadora Fátima Bezerra acompanhou as comemorações dos 60 anos de lançamento da Campanha da Fraternidade, na tarde do sábado (27). (Escrito pelo jornalista José Alves - Jornal O Alerta - 29 de abril de 2024)

A governadora Fátima Bezerra acompanhou as comemorações dos 60 anos de lançamento da Campanha da Fraternidade, na tarde do sábado (27). Ela embarcou no “Trem da Fraternidade e da Esperança”, que lotou de fiéis os vagões do VLT desde a estação da CBTU, na Ribeira, até o desembarque na última estação no município de Nísia Floresta, de onde a governadora acompanhou a procissão a pé, ao lado do arcebispo metropolitano de Natal,  Dom João Santos Cardoso e do pároco local Cláudio Luís.

Na ocasião, Fátima anunciou que nos próximos dias será oficializado o tombamento da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó, que começou a ser construída em 1703, quando a então Freguesia era chamada de Papary, e concluída 52 anos depois, em 1755.

A solicitado de tombamento foi feita pelo professor pesquisador Luís Carlos Freire, que desde a década de 90 luta em prol da preservação das características originais da Matriz de Nossa Senhora do Ó. O professor fez a solicitação do tombamento da matriz em 2023, junto ao Conselho Estadual de Cultura, conforme documentação ali protocolada.

Profº Luís Carlos Freire, autor da solicitação do tombamento da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó

“Reitero aqui a importância do tombamento dessa igreja.  Na hora que a gente consignar isso, nós estamos garantindo a preservação desse patrimônio arquitetônico, cultural, religioso”, destacou Fátima Bezerra.

“É um dos altares mais bonitos do Rio Grande do Norte”, concluiu à governadora.

“Que a gente nunca deixe ela morrer. Muito pelo contrário, a Campanha da Fraternidade precisa seguir exatamente o seu curso, o seu caminho, mobilizando a juventude, as crianças, homens e mulheres por um mundo de paz, um mundo de justiça social para todos e para todas”, ressaltou Fátima Bezerra.

sábado, 27 de abril de 2024

Igreja Matriz de Nísia Floresta, enfim será tombada pelo IPHAN...

Era assim o forro do altar-mor da Matriz, mas foi arrancado, e no lugar colocaram madeira preta.
 
No último dia 27.4.2024 a população de Nísia Floresta foi comunicada que nos próximos dias será oficializado o tombamento da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó. O anúncio foi feito há menos de uma hora pela governadora, professora Fátima Bezerra numa comemoração, hoje, no referido templo. Senti uma paz grande, pois sou o autor da solicitação do tombamento junto ao Conselho Estadual de Cultura - CEC e ao IPHAN do Rio Grande do Norte. Foi uma verdadeira novela a minha luta em prol desse tombamento, e todos os nisiaflorestenses e alguns intelectuais daqui de Natal sabem dos capítulos. Essa paz decorre do fato de que um prédio tombado, diferente de um prédio não tombado, tem a garantia da preservação de suas características originais. 
 

Um prédio tombado, a nível de uma igreja de 289 anos, prediz planejamento, parcerias municipais, estaduais e federais, além de patrocínios privados (exatamente como o padre João Batista Chaves da Rocha, fez, no início da década de 90. Ele empreendeu uma odisséia, cuja igreja ameaçava cair, quando, em 1986, a escritora Socorro Trindade escreveu uma página inteira no jornal Diário de Natal, denunciando o fato e falando um pouco sobre a sua infância e sobre a história da referida matriz. Quando o padre João Batista chegou, a situação era ainda mais precária. E ele teve um olhar cirúrgico e respeitoso, envolvendo especialistas em museologia e restauração do RN e do Pernambuco. A história todos sabem. 
 
Madeira preta colocada onde havia a plenitude do branco, inclusive belíssimos adornos em alto e baixo relevos, dentro da proposta barroca, mas que agora trazem essa visão bizarra.

Pois bem, estou muito feliz, pois sei o que isso significa. O que me resta, doravante, é aguardar que para o futuro, quando for encetada nova restauração, esteja administrando a citada Matriz, um religioso ao estilo do padre João Batista e que seja refeito o forro do altar-mor e outras abominações, pois o padre anterior ao atual descaracterizou esse forro, destruindo a proposta barroca e aprontou uma série de atos totalmente inadmissíveis, pintando uma peça de prata maciça, do século XVIII, com tinta a óleo dourada, expondo imagens de madeira, de mais de duzentos anos, em locais insalubres, tendo algumas delas rachado. Outra imagem - que já não deveria mais sair da Matriz -, levou uma balroada de uma árvore em cima de um caminhão e quase virou pó. Um relicário, de ouro maciço, ficou exposto a sol, chuva e relento, na torre da matriz, para “espantar” o Covid-19, uma imagem de quase 300 anos teve os dedos quebrados por manuseio sem o devido cuidado e outras anomalias. 
 

Nunca fui contra a reforma, afinal se não reformarem, ela cai. Fui contra o dito padre ter ignorado totalmente o aspecto de restauração. Igreja de quase 300 anos pede reforma e restauração (é diferente). Como sempre faço, gosto de lembrar das crianças e dos jovens quando vejo um fato dessa natureza. A sociedade tem que participar, e nós, enquanto cidadãos comuns, devemos dar exemplos como esse. Hoje fui eu o autor do pedido do tombamento da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó, amanhã será a criança ou o adolescente que ora lê este texto e na condição de um homem adulto, se inspirou nisso e fez algo parecido. 
Imagem de Nossa Senhora do Ó, com o nariz e dedos quebrados, e vê-se o anjo do lado esquerdo partido ao meio por descuido do referido.

Outro detalhe importante: há trinta anos os próprios nisiaflorestenses pouco sabiam sobre a Matriz, sobre os padres que ali passavam, sobre detalhes curiosos dessa igreja e tudo mais. Sabiam apenas o básico. Desde 1992 pesquiso e escrevo textos sobre essa Matriz. Produzi o mais completo estudo sobre essa igreja ao longo de mais de 20 anos de estudos. Isso é fato. Antes de mim, não houve quem tivesse levantado mais informações. Inclusive essas informações pesquisadas por mim foram base para legitimar o tombamento que a governadora informou hoje. 
 

Em tempo: um detalhe importante e que diz respeito ao município de Nísia Floresta, sou testemunha de que a professora Sheila Moura, de Nísia Floresta, igual a mim, solicitou o tombamento do túmulo e monumento em homenagem à Nísia Floresta, no Sítio Floresta e até hoje nada, pois há dois grupos contrários a isso. O primeiro quer levar o túmulo e o monumento para Natal, o outro quer levar o túmulo e o monumento para outro lugar do município de Nísia Floresta VEJAM QUE INSANIDADE! E SÃO PESSOAS DE FORA. A CIDADE PRECISA SE MOBILIZAR E ESTAR PREPARADA PARA UM “NÃO” BEM GRANDE. ARRANCAR ESSES DOIS BENS DO SÍTIO FLORESTA É O MESMO QUE MATAR A CIDADE. 
 
Parte de trás de uma imagem, permitindo ver as rachaduras por ter sido mal guardada durante a reforma.

Enfim, mas, com relação ao tombamento da Matriz, fiquei muito feliz. Agradeço a todas as pessoas de Nísia Floresta que, iguais a mim, se revoltaram com as barbaridades citadas e me pediram ajuda. Pois está aí o apoio. A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó foi tombada! OBS. As fotografias aqui postadas sintetizam rapidamente o que escrevi. Se alguém quiser conhecer os documentos pertinentes às solicitação do tombamento da Matriz, posso enviar. Luís Carlos Freire, 20h39, 27.04.2024.
Parte de um dos nichos do altar-mor estatelou-se no chão, justamente pelo descuido. Por não terem feito a trabalho com o cuidado necessário. É uma peça de quase 300 anos.









 

domingo, 21 de abril de 2024

ACTA NOTURNA – DÉCADA DE 40 - NATAL/RN: EMBARQUE DOS NORTE-AMERICANOS MORTOS DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL...



Durante a Segunda Guerra Mundial, Natal recebeu os caixões com os restos mortais dos soldados norte-americanos, mortos em diversas partes do mundo. Os ataúdes foram trazidos para a Base Aérea Norte-Americana instalada em Natal/RN, sepultados provisoriamente em solo potiguar como uma espécie de acomodação temporária, cujos ossos seriam trasladados ao final da guerra, como de fato aconteceu. Também aconteceu de soldados chegarem aqui muito feridos e vinham a óbito em seguida.
 
À ocasião do translado, todos foram cobertos com a bandeira daquele país. A Guerra trouxe alguns avanços para Natal e imediações, por mais irônico que pareça. Como dizem, foi o único lugar no mundo que lucrou com esse mal. Os norte-americanos chegaram por aqui em 1942 e partiram em 1945. Foi um período eufórico. Muita transformação. Muita novidade. Os natalenses, ainda sob efeito do maior choque até então – proveniente da “Intentona” Comunista – tremeram com toda sorte de novidades. E os norte-americanos também. Eles conheceram as presepadas dos potiguares. Quase urubu por galinha. Compraram saguis selvagens - meigos e doces, sob efeito de cachaça - mas, despertados da água que passarinho não bebe, ‘tascaram’-lhes mordidas. Por sorte havia antirrábica em estoque. Aprenderam que brasileiro é criativo. Aprenderam que o povo potiguar levanta uma casa em um dia. 
 
Tom Browning, de 22 anos

Daqui eles levaram centenas das famosas “Natal Boots”, feitas pelo sapateiro Edísio. Ele enriqueceu depois que sua invenção agradou aos filhos do Tio Sam, os quais desconheciam aquele modelo. Casamentos? Houve muitos. Mas muitos pais e mães norte-americanos choraram a perda de seus filhos, os quais saíram alegres e esperançosos de diversas regiões dos Estados Unidos, dizendo “vou para a guerra, mas volto!” E voltaram, mas mortos. Assim também foi o caso de muitos brasileiros, no céu, na terra e no mar. 
 

Dentre poucos americanos mortos exatamente em solo natalense, um permaneceu enterrado no Alecrim, vítima de meningite. Foi Tom Browning, de 22 anos (esse da fotografia 3x4). A noiva brasileira pediu que não levassem o seu corpo. Os pais do noivo aceitaram aquela espécie mórbida de casamento. Com certeza amenizava as dores de ambos os lados. Contam que, enquanto teve vida, ela chorou sob o seu túmulo... coisas que talvez não existem mais... coisas do passado... coisas da guerra... São os bastidores da história de Natal, dentre incontáveis outros…

 

 

Reconhecimento e Reparação a Nísia Floresta Brasileira Augusta...


Alguns estados brasileiros e de alguns países estão em festa, orgulhosos, por assistir a USP, maior universidade da América Latina, jogar holofotes sobre seus conterrâneos notáveis da literatura. Alguns de repercussão nacional, outros, internacional. Do Rio Grande do Norte teremos o nosso nome maior – Nísia Floresta Brasileira Augusta – conhecida mundialmente e a mais velha da lista. Houve uma nova seleção de leituras obrigatórias para o exame da Fuvest, vestibular para o ingresso na Universidade de São Paulo (USP) para o período de 2026 a 2028 e, a meu ver, pagou-se um dívida grande que tinham com Nísia Floresta. 
 
Há muito rigor nessas escolhas. O objetivo da USP é claramente valorizar o papel das mulheres na literatura, não apenas como personagens, mas como autoras. No que se refere a escolha do nome de Nísia Floresta, acredito que, mais do que reconhecê-la como uma intelectual ímpar, visualizo uma reparação à sua história e à sua obra. Parece-me que se tornou insustentável a USP, enquanto o grande centro intelectual da América Latina, seguir alimentando empecilhos que travavam essa reparação. Não havia mais como resistir diante do “Dai a César o que é de César”. O caso de Nísia Floresta é de vanguarda. Ela veio primeiro, abrindo o caminho com facão. A USP não podia continuar postergando ainda mais a necessária visibilidade a Nísia Floresta em detrimento do que quer que fosse.
 
Na verdade quase todas as mulheres dessa lista, precisamente as pioneiras sofreram marginalização. Ao longo das décadas, os louros foram jogados à elite, como se só da elite fluísse uma mente genial. Não era comum ver homens pretos, indígenas e pobres – mesmo geniais – levados ao panteão da glória, e quando se tratava de mulheres, o percentual era zero. Nísia Floresta, por sua história de vida chocar a sociedade da época, simplesmente pelo fato de ser separada do marido e, depois, viúva, já era motivo de ser “uma pessoa non grata” à época.
 
Nísia reunia em si tudo o que causava desconforto à mentalidade da época. Essa sociedade não enxergava nem reconhecia pensadoras como ela. Pesava ainda o fato de ela ser nordestina, considerando que o eixo Rio/São Paulo sempre foi visto como berço de grandes vultos históricos, pelo menos é o que sempre mostravam as mídias da época. A propósito, é possível constatar em diversos jornais e revistas do eixo Rio/São Paulo do início do século XIX, algumas mulheres divulgadas como pioneiras em áreas cujo mérito verdadeiro pertencia a Nísia Floresta. Mas como a história e a obra de Nísia estavam em locais esquecidos – inclusive fora do Brasil –, outros ganhavam os louros até que a história de Nísia Floresta fosse redescoberta e os erros reparados.
 
Com relação a lista, são 10 nomes. Escolheram exclusivamente autoras de língua portuguesa, brasileira e estrangeiras como a ucraniana (praticamente brasileira) 1) Clarice Lispector (1920-1977), criada no Pernambuco desde os 2 anos de idade, também jornalista e tradutora brasileira. Autora de romances, contos e ensaios. É considerada uma das mais importantes do século XX. 2) A paulista Lygia Fagundes Telles (1918-2022, também conhecida como "a dama da literatura brasileira" e "a maior escritora brasileira" enquanto viva, foi considerada por acadêmicos, críticos e leitores uma das mais importantes e notáveis escritoras brasileiras do século XX e da história da literatura brasileira. Advogada, romancista e contista, Lygia teve grande representação no pós-modernismo, e suas obras retratam temas clássicos e universais como a morte, o amor, o medo e a loucura, além da fantasia). 3) A norte-rio-grandense Nísia Floresta (1810-1885), escritora, educadora e poeta – a mais antiga da lista – foi a primeira feminista da América Latina, tendo escrito em livro, em 1832, que a mulher precisava ter acesso a todas as ciências, pois só assim teria condições de até mesmo governar o país e colaborar na construção de uma nação civilizada; primeira mulher a tecer ideias abolicionistas no Brasil (muitos anos da Princesa Isabel nascer), foi indianista, republicana e suas reflexões inegavelmente a elevam à condição de filósofa. 4) A cearense Rachel de Queiroz (1910-2003), escritora, jornalista, tradutora, cronista prolífica e importante dramaturga brasileira. É considerada uma das maiores escritoras brasileiras do século XX, tendo sido uma figura pioneira no cenário literário nacional, sobretudo, na produção intelectual e criativa feminina. 5) A carioca Julia Lopes de Almeida (1862-1934) cronista, teatróloga e abolicionista, uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras. Tem uma produção grande e importante para a literatura brasileira, de romances, crônicas, peças de teatro e matérias jornalísticas. Foi colaboradora sistemática da publicação A Semana Ilustrada e na revista Brasil-Portugal. Seu primeiro romance, Memórias de Marta foi publicado em 1899. Seus temas tratam a República, a abolição e direitos civis. Colaborou com periódicos da imprensa de mulheres, como a revista A Mensageira, de São Paulo. Pioneira da literatura infantil no Brasil, seu primeiro livro, Contos Infantis (1886), foi escrito em parceria com sua irmã, Adelina Lopes Vieira. Em 1887, em Portugal, publicou Traços e iluminuras, outro livro de contos. Escreveu também para teatro. Sua coletânea de contos Ânsia Eterna, 1903, sofreu influência de Guy de Maupassant e uma das suas crônicas inspirou Artur Azevedo ao escrever a peça O dote. Em colaboração com o marido, escreveu, em folhetim do Jornal do Commercio, seu último romance, A Casa Verde, em 1932. 6) A mineira Conceição Evaristo (1946), linguista e escritora afro-brasileira. É uma das mais influentes literatas do movimento pós-modernista no Brasil, escrevendo nos gêneros da poesia, do romance, conto e ensaio. Como pesquisadora-docente, seus trabalhos focavam na literatura comparada. Após seu doutoramento, serviu como professora em diversas universidades. Suas obras, em especial o romance Ponciá Vicêncio, de 2003, abordam temas como a discriminação racial, de gênero e de classe. A obra foi traduzida para o inglês e publicada nos Estados Unidos em 2007. Foi laureada, em setembro de 2023, com o Troféu do Prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano de 2023, mérito recebido por conta de sua contribuição à literatura brasileira, bem como também em decorrência do lançamento de ‘Canção para Ninar Menino Grande’, na qual a autora aborda de forma habilidosa as contradições e intricadas nuances que envolvem a expressão da masculinidade por parte de homens negros, explorando também suas repercussões nas relações com mulheres negras. Conceição foi condecorada com o título de doutora Honoris Causa pelo Instituto Federal do Sul de Minas Gerais, Universidade Federal do Oeste da Bahia e pela Universidade Federal do Paraná. Em 15 de fevereiro de 2024 foi eleita para a cadeira de número 40 da Academia Mineira de Letras, sucedendo a escritora e professora Maria José de Queiroz. 7) A angolana Djaimilia Pereira de Almeida (1982), professora da New York University. Cresceu em Portugal, nos arredores de Lisboa. Considerada representante de uma literatura acerca de raça, gênero e identidade, ganhou notoriedade em 2015, com o seu primeiro romance Esse Cabelo, que combina elementos biográficos com romance e ensaio e parte da experiência de uma garota de pele negra e cabelo crespo, oriunda de Angola, na sociedade portuguesa de meados dos anos 1980. Escreveu no New York Times, Granta, la Repubblica, Folha de S.Paulo, Serrote, etc, Escreve na Revista Quatro Cinco Um. Na Primavera de 2022, foi a escritora residente da Literaturhaus Zürich. Entre 2021 a 2023 foi nomeada consultora para os Direitos Humanos, Igualdade de Oportunidades e Não-Discriminação da Casa Civil do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Desde Setembro de 2023, é professora da New York University. Entre Maio a setembro de 2023, foi nomeada pelo Ministério da Cultura para integrar, como vogal, o conselho diretivo da Fundação Centro Cultural de Belém para o mandato 2023-2026. 😎 A carioca Narcisa Amália (1852-1924), tradutora, poeta, escritora, crítica literária, jornalista brasileira e professora. Foi pioneira como jornalista profissional no Brasil, além de abolicionista, republicana e feminista. 9) A moçambicana Paulina Chiziane (1955). Na juventude, atuou na Frente de Libertação de Moçambique, durante a Guerra de Independência. Publicou seu primeiro romance — “Balada de amor ao vento” — em 1990. É possível perceber que a escritora usa seus romances para fazer crítica de costumes e destacar a diversidade cultural de seu povo. 10) A portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), uma das mais importantes poetas portuguesas do século XX. A primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões, em 1999. O seu corpo está no Panteão Nacional desde 2014 e tem uma biblioteca com o seu nome em Loulé.