Sou apaixonado por ladrilho hidráulico. Esses são todos de antigos estabelecimentos e residências do bairro da Ribeira, em Natal, Rio Grande do Norte. Registrei-os em 2014. Quando criança, costumava imaginar dentro dos ladrilhos, descendo os seus degraus (só criança mesmo!).
Não sei se esses, fotografados por mim, ainda resistem, mas acredito que sim, pois estive ali recentemente e não vi demolições. Só maus tratos. Alguns estragados pelo peso das máquinas e ferragens, outros impecáveis. Eu não trocaria um piso desse material pelo melhor porcelanato que existe. Vejo-os como um material de grande importância artística, cultural, religiosa, documental e estética, e preservá-los é um dever.
A arte de ladrilhar e a trajetória histórica deste material largamente empregado na construção civil desde o século 18 vigorou muito até a década de 60, quando apareceram outros materiais mais restáveis, embora mais frágeis. Foi o fenômeno dos azulejos e, depois, das cerâmicas, levando o ladrilho hidráulico ao desuso. Hoje, o porcelanato é sonho de consumo de muitos. Foi mais ou menos isso. Gosto é gosto, mas, com certeza, quem resistiu e ainda tem uma casa ou comércio com esse piso, preserve, pois é uma obra de arte. É história pura.
Normalmente somos habituados a ver ladrilhos hidráulicos com desenhos florais e geométricos - como esses aqui postados -, mas no passado era comum ver desenhos com brasões familiares, armas, selos, casas de nobreza, castas clericais, preces ou trechos bíblicos. Uns são mais simples, outros bastante delicados.
Diferente das cerâmicas, que se desgastam rapidamente, o ladrilho hidráulico nunca perde a sua estampa, nem as cores, pois é uma placa de concreto de alta resistência, tanto para pisos internos e externos, indicado para passeios públicos, praças, etc. Mas hoje quase não é visto, exceto nas residências, prédios públicos e igrejas que os preservaram.
No Brasil, pelo que sei, o ladrilho hidráulico teve seu apogeu entre o fim do século XIX e meados do século XX. Foi apresentado como alternativa ao mármore ou como uma "cerâmica" que não necessitava de cozimento inicialmente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário