ANTES DE LER É BOM SABER...

CONTATO: (Whatsapp) 84.99903.6081 - e-mail: luiscarlosfreire.freire@yahoo.com. Este blog - criado em 2008 - não é jornalístico. Fruto de um hobby, é uma compilação de escritos diversos, um trabalho intelectual de cunho etnográfico, etnológico e filológico, estudos lexicográficos e históricos de propriedade exclusiva do autor Luís Carlos Freire. Os conteúdos são protegidos. Não autorizo a veiculação desses conteúdos sem o contato prévio, sem a devida concordância. Desautorizo a transcrição literal e parcial, exceto breves trechos isolados, desde que mencionada a fonte, pois pretendo transformar tais estudos em publicações físicas. A quebra da segurança e plágio de conteúdos implicarão penalidade referentes às leis de Direitos Autorais. Luís Carlos Freire descende do mesmo tronco genealógico da escritora Nísia Floresta. O parentesco ocorre pelas raízes de sua mãe, Maria José Gomes Peixoto Freire, neta de Maria Clara de Magalhães Fontoura, trineta de Maria Jucunda de Magalhães Fontoura, descendente do Capitão-Mor Bento Freire do Revoredo e Mônica da Rocha Bezerra, dos quais descende a mãe de Nísia Floresta, Antonia Clara Freire. Fonte: "Os Troncos de Goianinha", de Ormuz Barbalho, diretor do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, um dos maiores genealogistas potiguares. O livro pode ser pesquisado no Museu Nísia Floresta, no centro da cidade de nome homônimo. Luís Carlos Freire é estudioso da obra de Nísia Floresta, membro da Comissão Norte-Riograndense de Folclore, sócio da Sociedade Científica de Estudos da Arte e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Possui trabalhos científicos sobre a intelectual Nísia Floresta Brasileira Augusta, publicados nos anais da SBPC, Semana de Humanidade, Congressos etc. 'A linguagem Regionalista no Rio Grande do Norte', publicados neste blog, dentre inúmeros trabalhos na área de história, lendas, costumes, tradições etc. Uma pequena parte das referidas obras ainda não está concluída, inclusive várias são inéditas, mas o autor entendeu ser útil disponibilizá-las, visando contribuir com o conhecimento, pois certos assuntos não são encontrados em livros ou na internet. Algumas pesquisas são fruto de longos estudos, alguns até extensos e aprofundados, arquivos de Natal, Recife, Salvador e na Biblioteca Nacional no RJ, bem como o A Linguagem Regional no Rio Grande do Norte, fruto de 20 anos de estudos em muitas cidades do RN, predominantemente em Nísia Floresta. O autor estuda a história e a cultura popular da Região Metropolitana do Natal. Há muita informação sobre a intelectual Nísia Floresta Brasileira Augusta, o município homônimo, situado na Região Metropolitana de Natal/RN, lendas, crônicas, artigos, fotos, poesias, etc. OBS. Só publico e respondo comentários que contenham nome completo, e-mail e telefone.

terça-feira, 27 de agosto de 2019

ACTA NOTURNA – SOCORRO TRINDADE, A ESCRITORA QUE "NÃO TEVE NADA A DIZER" – 25.8.2019


ACTA NOTURNA – SOCORRO TRINDADE, A ESCRITORA QUE "NÃO TEVE NADA A DIZER" – 25.8.2019

Um velho adágio anuncia desde os primórdios dos folclores que “santo de casa não faz milagres”. É verdade. A escritora ficcionista, poetisa e jornalista Maria do Socorro Trindade de Oliveira personifica-o bem. Filha do empresário Olavo Oliveira, o “Olavo do Camarão”, como era popularmente conhecido, e da professora Conceição Bezerra da Trindade, ambos falecidos, nasceu aos 18 de outubro de 1950, dois anos após o município de Papari ter o seu nome mudado para Nísia Floresta.
Socorro Trindade, como é mais conhecida, nunca foi reverenciada em sua terra natal, Nísia Floresta/RN, mesmo reconhecida nacionalmente. Depois da intelectual Nísia Floresta, nenhum nativo desse pequeno torrão potiguar se projetou mais que ela em nível nacional e pelo impacto da obra. Mas em Nísia Floresta, conta-se nos dedos quem leu suas obras ou conhece a sua história. É como se ela não existisse na cidade que a ignora. Suponho que depois deste texto, como ocorre sempre, choverão homenagens e darão conta da inobservância. Mas, antes, que aluno bateu à sua porta para pesquisar suas obras? Que universitário ali esteve para citá-la numa tese acadêmica de Literatura? Qual Feira de Ciências a reverenciou? Qual evento literário potiguar a colocou no centro das falas? Quem a convidou para um evento cultural? Quase todos ignoram o grande mito. E ela age com a mesma indiferença. Ou melhor, nem pensa nisso.
Há uma aparente indiferença – ou alheamento – em torno de sua obra. Confesso ter observado até mesmo certa hostilidade por parte de alguns. Lembro-me, em 1992, quando cheguei à Nísia Floresta, soube da existência dessa intelectual nisiaflorestense e me encantei com a notícia. Perguntei sobre ela a um professor nativo. Nessa época ela morava no Rio de Janeiro. Espantei-me quando o indagado criticou ferrenhamente o trecho de um de seus livros no qual ela retratava poeticamente a significação de sua mãe.
Naquela época eu não conhecia nem Socorro, nem sua obra. O nativo interpretou literalmente um trecho, sem refletir a graça literária nele contida. Ele considerou a composição despudorada. Desse dia em diante, instigado pelo detalhe, passei a analisar o trecho, mas o interpretei de maneira diferente. Vi uma carga poética incrível quando ela trabalha determinada metáfora.
Sabemos que um poema ou uma prosa, assim como pintura artística, não clamam necessariamente por interpretações. Tudo têm a sua graça verbal ou criticidade respectivamente. Muitos buscam entender o que o autor quis dizer com a tela pintada, a frase estranha, enfim, mas não é praxe. O sentido real está na sensação, nas deduções, suposições etc. Particularmente vi poesia pura em sua prosa, cujos detalhes prefiro omitir para que o leitor tire suas conclusões.
Em 1995 tive o prazer de conhecê-la e conversar sobre sua obra e Literatura Brasileira. Daí passei a lê-la e entre suas idas e vindas para o Rio de janeiro, eventualmente conversávamos. Tenho essa lembrança dos meus primórdios em Nísia Floresta e achei interessante aventá-lo, já que escrevo sobre ela.
Sua família sempre foi católica praticante. A menina Socorro foi educada dentro da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó. “Eu ia com vovó, vovô e minhas tias. Eles não perdiam missas, procissões e tudo que a igreja realizava. Uma vez eu fui anjo e participei da coroação de Nossa Senhora. Nunca me esqueci daquele momento tão emocionante”.
CONVIDADA A ASSISTIR AO DESFILE CÍVICO DE 1999, SOCORRO SE FEZ PRESENTE
Socorro Trindade fez o ensino primário na Escola estadual Nísia Floresta no próprio município. Equivalia do primeiro ao quarto ano inicial. Em seguida cursou o “ginásio” no Colégio Nossa Senhora das Neves. Equivalia do quinto ao oitavo ano. Depois cursou o “Científico” no Colégio “Atheneu Norte-Rio-Grandense”. Equivalia ao segundo grau, depois denominado ensino médio. Esses dois últimos cursos deram-se em Natal, capital do Rio Grande do Norte.
Socorro Trindade sempre se afeiçoou aos livros, e desse modo foi despertada a escrever desde pequena. “Eu passava a noite e entrava a madrugada escrevendo. O motor que gerava energia elétrica parava e eu acendia os candeeiros. Era um lápis-grafite e um caderno sempre perto de mim, atendendo a minha inspiração. Tudo em Nísia Floresta me inspirava: a natureza, a arquitetura antiga, a própria igreja, o baobá, as praias, enfim tudo... mas depois eu fui me afastando dos poemas ligados a natureza, preocupada com outras temáticas. A cidade de Nísia foi o meu exercício de escritora. Nunca quis guardar os escritos de infância e mocidade... não tenho nada”.
Quando moça, Socorro Trindade trazia beleza singular, despertando olhares. Tendo ido estudar em Natal, chamava a atenção. Todos queriam saber quem era a jovem Socorro de Nísia Floresta. Os rapazes faziam todo tipo de corte, mas ela não se simpatizava.
Em 1967, aos 17 anos, incentivada por admiradores concorreu ao concurso “Rainha da Cana-de-Açucar”, evento tradicional, ocorrido anualmente em Ceará-Mirim, e trouxe a faixa de campeã para Nísia Floresta.
Mal saiu da adolescência, ainda estudante, conheceu Luís da Câmara Cascudo, seu professor de História no Colégio Atheneu. Em 1972, aos 22 anos, publicou em Fortaleza/CE, a obra “Os olhos do lixo”, Editora Jurídica Ltda. Trata-se de uma novela de ficção, cujo prefácio foi assinado pelo notável folclorista.
Concluído o ensino médio iniciou o curso superior de Comunicação na Universidade Federal do Ceará e o terminou na Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo se transferido para aquele estado em 1976. Lá apresentou a tese intitulada “Laboratório de Criatividade”. Na terra da “garota de Ipanema” exerceu funções no Museu de Arte Moderna e jornais locais. Editou nessa cidade o suplemento literário da Tribuna da Imprensa e coordenou o setor de literatura do Museu de Arte Moderna, onde criou o Laboratório de Criatividade.
Eu tinha o sonho de conhecer o Rio de Janeiro, lugar que reunia o melhor que se tinha de cultura, educação, enfim não se podia comparar com Papari ou o próprio estado do Rio Grande do Norte, muito provincianos naquele momento. No Rio de Janeiro freqüentei os melhores ambientes culturais e educacionais, li de tudo, conheci muitos escritores a artistas famosos. O Rio foi o meu auge, mas nunca esqueci minhas raízes, visitava muito Nísia Floresta e todos pediam que eu retornasse”.
Seu segundo livro, de contos, “Cada cabeça uma sentença”, Ática Editora, saiu em 1978, publicado no Rio de Janeiro, pois suas relações com aquele estado nunca se encerraram devido às amizades ali construídas. “Era um livro de contos, tendo a Justiça como personagem principal”, explicou Socorro.
No fim de 1979 o Rio Grande do Norte promoveu concurso para seu quadro docente e Socorro Trindade foi aprovada como professora do curso de Comunicação. Foi uma das mulheres pioneiras a exercer o magistério nessa instituição. Naquela época precisou atender as necessidades da universidade com dedicação exclusiva. “Eu praticamente morava na UFRN, pois lecionava nos três turnos”. 
No início de 1980, regressou a Natal, tendo sido professora do Departamento de Comunicação Social da UFRN, onde exerceu também cargos administrativos. Na UFRN, implementou diversas iniciativas visando estimular a criação literária, entre elas, o Laboratório de Criatividade, que reuniu diversos intelectuais natalenses e jovens aprendizes da arte poética. A produção do Laboratório era divulgada no jornal-poster Dito e feito e na revista Grande Ponto.
Em 1981 publicou Grande Ponto: Laboratório de Criatividade, pela Editora Universitária. Ainda em 1981 lançou Feminino feminino – Ensaio, também pela Editora Universitária.
Em 1982 publicou uma obra de poesia no Rio de Janeiro “Uma Arma Para Maria, Editora Codecri.
Em 1985 publicou “Eu Não Tenho Palavras - o diário da democratização pessoal”, Editora Codecri, Rio de Janeiro, sua segunda obra. Certamente a mais lembrada até hoje, aclamada como o melhor livro do ano pela Academia Brasileira de Letras, Academia Jornalística e UFRJ. Tinha como subtítulo “O diário da democratização”. Com esse livro ela foi precursora da ideia de iniciar a democratização a partir de nós. O livro era totalmente em branco. Com exceção ao título e normas da ABNT, não trazia uma palavra sequer.
Loucura da escritora?
Não. Espírito crítico e criatividade associados.
“Escrevi esse livro para que as pessoas escrevessem nele. Era um tempo de medo. Na realidade o livro falava sem precisar palavras. Quem escreveria nele? O que escreveriam?”. Muitas pessoas não me compreenderam por isso. Também fui criticada por alguns. Perguntavam como alguém tem tanto trabalho para publicar um livro e se dava ao desplante de não ter escrito nada? Mas se tem algo que nunca me incomodei foi com opiniões alheias. Se escrevesse pensando em opiniões, não promoveria a arte, não seria literatura”.
“Eu Não Tenho Palavras” é um dos livros mais famosos e interessantes de Socorro Trindade, exatamente pela audácia. Em plena ditadura militar, idealizar uma performance que não deixava de ser provocativa, contrariando os generais que não aceitavam opiniões, era atitude muito corajosa. Depois de Nísia Floresta, Socorro Trindade foi a mulher mais corajosa no sentido de dizer “alto lá!”.
Ao escrever um livro sem palavras, passando por louca, ela criticava – sem palavras – aqueles que queimavam livros e arquivos, demonstrando que o seu livro não podia ser censurado porque não continha nada. O livro continha silêncio. Mas um silêncio que incomodava mais que milhões de gritos das ruas. E o livro aceitava palavras. Mas quem escreveria? E escreveria o quê?  O livro era realmente sem palavras? Creio que tenha sido o livro sem palavras mais gritante que se tenha publicado.
Sua quarta obra foi “Feminino Feminino”, uma biografia de Nísia Floresta, publicado em 1981 pela Editora Universitária de Natal. A ideia é contemplar o nome de Nísia Floresta no panteão das mulheres pioneiras na história do feminismo brasileiro.
Em 1985, ano do centenário de morte de Nísia Floresta, a Fundação José Augusto organizou um círculo de palestras em Natal. A imprensa publicou artigos assinados por diversos intelectuais. Nesse tempo Socorro Trindade se envolveu numa polêmica, publicando o texto intitulado “Nísia Floresta é mito ou persona non grata?” Escreveu “Nísia Floresta tornou-se mito por ser maldita” e “para desvendar o mito é necessário desvendar a maldição”. Quando ela diz ter sido sua conterrânea uma “puta erudita” comprou briga com uma porção de escritores e admiradores de Nísia Floresta. Muitos a rebateram nos jornais.
Até hoje soa incompreensível o real objetivo de Socorro Trindade nesse feito, principalmente porque os seus escritos anteriores enaltecem Nísia Floresta. Interessante essa passagem, pois Socorro endossa o que Isabel Gondim escreveu em 1884. A propósito, essa conterrânea é mais conhecida por ter denegrido Nísia Floresta que por sua própria obra. Todos os que falam sobre ela, ressaltam essa página criada pela conterrânea que nunca a conheceu.
Enquanto professora universitária, em Natal, Socorro Trindade assinou vários textos nos jornais Diário de Natal e Tribuna do Norte, inclusive em 1979 escreveu uma página inteira sobre a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó e nessa ocasião ressaltou a urgência de um reforma, pois o templo já oferecia riscos de desabamento. A dita reforma viria quase vinte anos depois, na administração do padre João Batista Chaves da Rocha.
Em 1990 publicou O Dia Público e os Outros Dias, Editora Ponto Oito. Desse tempo em diante, eventualmente ela é convidada para participar de antologias poéticas. Tem textos publicados em jornais e revistas do Rio de Janeiro, Ceará, São Paulo, Minas Gerais, Paraíba e do Rio Grande do Norte. Em 1994 publicou a novela Natal, pela Edições Ponto Oito.
       Socorro Trindade, hoje, parece ter imitado o gesto solitário de Nísia Floresta, a qual se recolheu na pacata e medieval Rouen, na França, protegendo-se da vida tumultuada de Paris. Cansada do Rio de Janeiro ela aquietou-se na antiga casinha fincada logo na entrada do município, bem acompanhada pela tia sobrevivente numa família de dez irmãos, senhora Terezinha Bezerra da Trindade. Parece bastante adequado para quem entendeu ter chegado a hora de parar. Socorro Trindade aquietou-se enquanto escritora e pessoa pública. Escolheu a sua paz pessoal. Hoje é avessa a entrevistas.
Um detalhe alça o incompreensível nessa história: Socorro Trindade não possui sequer um exemplar original ou cópia de seus próprios livros. É inacreditável. Perguntei sobre isso e curiosamente não senti que ela lastimasse o fato. Creio que alguns escritores têm essa irreverência acerca do seu legado. O genial Franz Kafka, ao perceber que estava morrendo, implorou a seu amigo Max Brodi que queimasse todas as suas obras, inclusive os manuscritos que iriam a prelo. Ainda bem que o amigo não cumpriu o pedido do morto. Não sei! Seja como for, essa é Socorro Trindade, admirável intelectual que se sente bem dentro de seu silêncio. Hoje, sua profecia se cumpriu ao contrário. Ela parece nos dizer literalmente “Eu Não Tenho Palavras”.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

ACTA NOTURNA – BARRETA: A PRAIA DE “ZÉ DE TATÁ” –



ACTA NOTURNA – BARRETA: A PRAIA DE “ZÉ DE TATÁ” – 21.8.2019
Distante 55 km de Natal, acessível pela RN 063, via Rota do Sol, descortina-se a bela praia de Barreta. Um muro de dunas altas, areias finas e alvas jaz imponente, servindo de morada para pescadores antigos que dividem espaço com veranistas. Nos seus detrás um tapete vivo de verdejantes arbustos esconde rios, olhos d’água e uma fauna e flora riquíssima: tijuaçu, camaleão, preás, raposas, cobras, infinidade de pássaros e outros animais. Sem contar as espécies quase invisíveis, moradoras submergidas em folhas e troncos secos.
No passado ninguém dava valor à praia. Era diversão de poucos. Não é à toa que nos primórdios da “civilidade brasileira”, os escravos buscavam as praias para despejar tinas carregadas de dejetos humanos, levados dos casarões dos seus ricos senhores. Os penicos eram despejados logo de manhã. Tudo ia para o mar. Praia era local de jogar lixo, restos, coisas imprestáveis. Por muitos anos as praias nisiaflorestenses, e de toda a região, eram inabitáveis.
O nome Barreta é oriundo de uma minúscula barra formada pelas águas de rios e lagoas integrantes de um grande complexo de águas que se avizinha acima e abaixo de todo o município de Nísia Floresta. A expressão ‘Barreta’ significa ‘barra pequena’. ‘Barra’ é a foz de um rio ou riacho. Já expliquei com riquezas de detalhes o assunto numa Acta Noturna, neste mesmo blog: http://nisiaflorestaporluiscarlosfreire.blogspot.com/2019/07/actanoturna-4.html
       Barreta é uma praia linear, cujas ondas são quebradas nos arrecifes que formam amuradas em toda a sua extensão. Uma característica interessante são as piscinas naturais formadas durante a maré-baixa. Em outros pontos formam-se deliciosas cachoeiras quando a maré está enchendo. Muitos preferem o banho nesse local que, coincidentemente, fica defronte ao restaurante do primeiro morador da Barreta, o respeitável e querido senhor “Zé de Tatá”. Isso será explicado abaixo.
O fluxo de gente nessas piscinas vai de janeiro a janeiro, mas durante os períodos de veraneio há uma explosão demográfica. Turistas do mundo inteiro se misturam aos quase-turistas que vêm de todas as cidades vizinhas. Só se vê crianças e adolescentes dando piruetas e se jogando nas águas como a disputar o melhor pulo. Talvez esse tenha sido o som mais ouvido na vida pelo velho pioneiro. Som de criança. Som de meninos zombeteiros.
       Nessa praia reinou, imponente, um coqueiro exótico que entortou a tal ponto que adquiriu forma de um gogó de ema. Os nativos o denominavam “corcunda da Barreta”. Ainda alcancei o espécime, o qual arriou em 2003, empurrado pelo vento soprado do Atlântico. Infelizmente o lindo exemplar não existe mais.
      A praia de Barreta foi habitat natural dos povos indígenas tupis no século XVI. Eles viviam da pesca artesanal seja nas lagoas próximas e no mar. Das matas tiravam mel e caça. Os tupis dessa região, assim como boa parte dos índios brasileiros, também foram vítimas da exploração dos exploradores europeus. Aqui, nesse caso, foram portugueses, holandeses e franceses. Eles os colocavam em constantes confusões devido à ganância por tudo o que viam por ali: búzios, penas de animais, madeira, âmbar, mel enfim. Quem mais tirou proveito deles foram os portugueses, os quais se irmanavam mesmo em voltas com confusões. Breves inimizades.
       Como se sabe, há um povoado próximo denominado Cururu. Lugar antiquíssimo. Primórdios da organização branca nesses ermos. O lugarejo foi inundado várias vezes por ser muito baixo. Verdadeira bacia entre dunas alvas como algodão pincelado pelo verde dos arbustos. Tem caju como floresta. Tais enchentes motivaram os cururuenses a migrar para a Barreta. Lugar seguro e com garantia de alimento na porta da casa. Originalmente os “condomínios” eram todos de troncos de coqueiro cobertos com varas e palhas da própria palmeira. Os mais “ricos” erguiam casinholas de taipa. O barro vinha nos caçuás carregados pelo animalzinho que carregou Jesus. Hoje os pobrezinhos vivem abandonados, atropelados, comendo lixo, morrendo à míngua. As motos tomaram o seu lugar. Era para cada nordestino adotar um jumentinho. Muitos são ricos pelo suor desses bichinhos. Era o automóvel da época. Vinham devagarzinho, vencendo dunas sucessivas, carregando caçuás cheios de comida e meninos buchudos, gritando, assustando calangos e passarinhos.
       Em 1930, instalou-se na praia de Barreta o senhor José Anísio da Silva (“Zé de Tatá”) e sua esposa Marinete Monteiro da Silva. São os primeiros moradores. Deixaram um sítio denominado “Patos”, bem próximo dali. Em seguida instalou-se Cícero José dos Santos e Letícia Felix dos Santos, vindos de Cururu. Em 2010 ele contou-me uma grande decepção que teve com o poço de água potável de sua propriedade. Suas águas se tornaram salgadas pela ação de uma empresa vizinha que despeja águas salgadas sucessivamente nas proximidades, gerando o fenômeno que acomete toda a vizinhança.
       Até 1992 existia a antiga capelinha de Nossa Senhora da Conceição exatamente onde hoje é o Barreta Praia Clube. Os moradores, como são muito dados a festas, entenderam por bem fazer uma barganha, trocando o terreno da capela por um terreno no cume da duna, com a vantagem de ser maior. A capela foi demolida. O terreno da igreja foi doação do senhor Rinaldo Itamar da Silva e pelo Conselho da Barreta Praia Clube, na pessoa do seu presidente, Ivanildo Ramos de Oliveira. A informação está no Contrato Particular de Cessão de Posse e Venda e Benfeitorias, datado de 3 de fevereiro de 1994. Em fevereiro de 1994 houve a inauguração. Os fogos espocaram, ecoando nas águas do Atlântico aos cuidados do padre João Batista Chaves da Rocha. A visão de mirante era privilegiada antes de erguerem sucessivas casas de veranistas.
A agremiação “Barreta Praia Clube” já foi referência em grandes eventos, atraindo a mocidade de todas as cidades vizinhas, principalmente durante o Carnaval. Ali tocaram grandes bandas.  O local se transforma em formigueiro humano. Há gente que prefere o furdunço do lado de fora. Não entram no clube. Foi exatamente no início da década de 1990 que o jovem Josimar Trindade, popularmente conhecido como “Bóca”, juntamente com alguns jovens da localidade, fundou a maior atração carnavalesca da região, o “Barreta Gay”.
O cortejo sai da Barreta e se encerra em Camurupim. A característica original da festa é de homens heterossexuais vestidos de mulher. Os brincantes levam água, farinhas, gomas e arremessam em carros e pessoas. Verdadeiro “entrudo” do início do século passado. Atualmente há grandes carros de som e minis-trios-elétricos. Tudo se iniciou de maneira acanhada e simples. Hoje é a grande atração do carnaval de Nísia Floresta. E como Folclore é coisa viva e mutante, todos se vestem de mulher, até mesmo mulheres. Uma curiosidade desse evento é a ausência de violência. Talvez a tônica pitoresca e circence do evento, protagonizado por famílias que se juntam em meio a jovens, crianças e velhos, impõe-se com naturalidade o que podemos chamar de “carnaval respeitável”. Uma das grandes curiosidades dessa festa, segundo um depoente, foi a presença do ex-prefeito George Ney Ferreira vestido de mulher, o qual lembrava uma mocinha gorda e barriguda. Contam que foi uma das maiores atrações locais em tempo passado.
O cansaço dos brincantes é despejado sem dó nem piedade na belíssima lagoa de Arituba, em Camurupim, praia divisória, lugar de águas deliciosas e revigorantes. Ali tudo termina, menos a Barreta. A Barreta é para sempre.

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

A mulher que enganou o diabo



A MULHER QUE ENGANOU O DIABO
Certa vez uma mulher encontrou uma garrafa de vidro. Era recipiente diferenciado. Chamava atenção. Ela a tomou às mãos. Percebeu algo esquisito se mexendo dentro. ERA O DIABO!!!
Ele disse:
- A belíssima dama poderia me tirar daqui? É só destampar a garrafa.
A mulher percebeu a argúcia da estranha figura, pois ela mesma se achava feia demais. Mas como era velha e calejada pela vida, não se importava com piadas. Quis se divertir com a situação, e disse:
- Pois bem, nobre cavaleiro, claro que posso. Eu tenho poderes para lhe soltar e lhe prender.
No mesmo instante retirou a tampa e o diabo saiu num jato, acomodando-se sobre uma pedra. Muito aliviado, disse:
- Ufa! Graças a Deus!
A mulher redarguiu:
- Estranho! Justo o senhor dar graças a Deus! Nunca imaginei ouvir o diabo dar graças a Deus?!!!
O diabo atalhou:
- Eu disse isso?!!!
- Claro! Tu disseste um claro e notório “Ufa! Graças a Deus!”
- Ave Maria! Cruz Credo três vezes, eu falei isso sem querer (disse isso batendo num galho seco de árvore). Foi força de expressão!
- Olha agora o que acabaste de falar!
- Como assim?
- Tu acabaste de dizer claro e em bom som “Ave Maria! Cruz Cedo três vezes!” Ainda bateste numa madeira três vezes!
- Eu disse isso? Sostô!!! Que presepada bater em madeiras... coisas desses folclores velhos!!!
- Seja como for, tu disseste “Ave Maria! Cruz Cedo três vezes!”
- Meu Deus! Logo eu dizer isso!
- Pois, sim. E agora acaba de dizer “Meu Deus! Logo eu dizer isso!”
- A senhora está querendo me enlouquecer, pelo visto. Bem que me disseram que com mulher não se brinca. São ladinas como as serpentes!
- Se se brinca ou não se brinca, o senhor é que deve estar brincando! Mas chamaste por Deus. Ouvi muito bem com essas oiças que Deus mo deu.  
- Certo. Eu até acredito, mas quis mesmo chamar pelas potestades do mal.
- Cruz Credo!!! Vire essa boca para lá! Leve o teu mal para os mil e seiscentos diabos!
- Ora! Mas a senhora disse que tinha poder para me soltar e me prender novamente. Senti vontade de rir ao ouvir essa bestagem, mas como queria ajuda, me calei. Que invenção é essa?  Respeite, a senhora está falando com o diabo. Não sou qualquer coisa. Não é tão esperta? Toma-me nas mãos e me coloque de volta na garrafa!
Percebendo o erro que acabara de cometer, a mulher pensou logo em reverter a situação, mas preferiu lhe dar corda inicialmente.
- Senhor diabo, eu só estava brincando. O senhor é que tem poder. Quem sou diante de tamanha criatura.  Mesmo se tivesse poder para colocá-lo de volta não o faria, pois estou adorando a vossa companhia. Se estivesses na garrafa não estaríamos em prosa tão agradável. Eu sempre quis conhecer o diabo!
- Ah! é? Mas eu não posso ficar aqui perdendo tempo com vossa pessoa. Preciso sair aí pelo mundo em busca de malfazejos. Tenho muito serviço... pois é, já me vou indo!
       - Não vá – insistiu a mulher - fique e prove de fato que tens poder. Queria ver na prática o que dizem sobre vossa nobre pessoa. Nunca vi nada demais que vossa persona tenha feito.  Dão-te toda essa protuberância meléfica... mas, com perdão da palavra, estás parecendo um bobinho, aliás, bonzinho!
       O diabo, inchado de raiva e vermelho igual ao diabo, bravejou:
       - Sois abusada mesmo! Diga o que queres?
   - Se sois esse cara todo que falam, cheio de malevolências, infernizador-mor do mundo, entre e saia novamente da garrafa. Duvido! Tu lá tens poder para isso? Sois um mentiroso!
       - Oras bolas, que ingênua. Esqueces que sou o pai da mentira. Mas se achas que sou um ingênuo qualquer, estás benevolamente enganada. Mostro que entro e saio disso sem problema algum. Não viste que saí como um raio?!!!
       - De fato! Mas deixes de blábláblá e te enfia nessa garrafa que ganha muito mais. Tu tens lá maldade. Sois bonzinho igual a um anjo da guarda!
       O diabo, ainda mais inchado deu uma guinchada e num rompante apareceu dentro da garrafa.
       - Veja, disse ele – estou cá dentro – percebe?
       - E não é verdade, mesmo!!! Pois dê umas piruetas...
       Enquanto o diabo estava entretido com a falácia, ela pegou imediatamente a tampa e meteu-a na boca da garrafa, prendendo o bute.
       - Pronto! Continue dançando! Danças bem, aliás, mal...
       - Maldita! Infeliz! Demônia dos mil e setecentos diabos me enganaste! Sois ladina!
       - Claro, meu jovem fedido. Estava só no banho-maria. Quando percebi que eras o diabo em pessoa, aliás, em espírito mal... espírito de porco... vi a gravidade do que fiz. Coloquei o mundo em risco. Desde que o libertei, me vi no dever de criar um contexto para levá-lo no bico e engarrafá-lo novamente. E veja que caíste como um diabinho desajuizado! Pois bem. Fique aí bem quietinho! Vá dormir com os anjos...
       O diabo desmaiou de ódio ao ouvir tamanho insulto.
       Ela aproveitou e enterrou a garrafa bem no fundo de um buraco. Pôs até uma pedra sobre ela. Esse episódio se deu na Barreira do Inferno.
       **************************************************
       Sempre ouvi alguém dizer que ‘a mulher enganou o diabo’. Nunca ouvi alguém contando a história. Certo dia, sem que eu estivesse sequer imaginando algo parecido, ouvi o esqueleto dessa história dentro de um VLT, em 2017, contada por um bêbado. Ele adentrou no veículo dizendo pilhérias e abusos. Todos se afastaram. Fedia a urina. Uma mulher disse-lhe algum desaforo. Ele mastigava algumas palavras tronchas contra ela. Percebi quando ele disse: “mas também a mulher enganou o diabo!”. Aproximei e engatei conversa. Fiquei curioso com o que ouvi. Perguntei-lhe: que história é essa de a mulher ter enganado o diabo? Ele disse: o senhor nunca ouviu? Não, respondi. Renunciei ao meu olfato para não perder a oportunidade de tamanho tesouro. Peguei do lápis e agenda. Anotei os tópicos. Somente ontem organizei este texto, lembrando que hoje seria o dia do Folclore. Foi assim em meio ao aroma de mijo que tenho a graça de oferecer-lhes a história...

Praias e Faróis do Rio Grande do Norte - Topônimos e localização


PRAIAS E FARÓIS DO RIO GRANDE DO NORTE: TOPÔNIMOS E LOCALIZAÇÃO

O Rio Grande do Norte possui mais de 400 kms de praias. Sendo 65 praias no litoral Norte, 9 em Natal e 26 no Litoral Sul, compreendendo 100 praias. Algumas são extensas, outras, minúsculas. Creio que o surgimento de nomes seja um fator cultural, como por exemplo, a Praia de Pirambúzios, a qual é uma denominação recente comparada, por exemplo à praia de Búzios, mencionada desde o século XVI. Escrevi este texto entre 2007 e 2010, portanto, se surgiu oficialmente mais alguma praia, ou se determinada comunidade usa informalmente nome novo em determinado trecho, fiquem à vontade no sentido de me informar. Leiam, abaixo, os nomes das praias potiguares, o município onde se localizam e quantos kms distam de Natal.

Litoral Norte:

Redinha, a 15 Km do centro de Natal; Santa Rita, Extremoz, a 20 km de Natal; Genipabu, Extremoz, a 30 km de Natal; Praia da Barra do Rio, Extremoz, a 31 km de Natal, Graçandu, Extremoz, a 32 km de Natal; Pitangui, Extremoz, a 35 km de Natal; Jacumã, Ceará Mirim, a 49 km de Natal, Porto-Mirim, Ceará-Mirim, a 46 km de Natal; Muriú, Ceará-Mirim, a 44 km de Natal; Prainha, Ceará-Mirim, a 47 km de Natal; Praia de Barra de Maxaranguape, Maxaranguape, 51 km de Natal; Praia das Gameleiras/Cabo de São Roque, Maxaranguape, a 55 km de Natal; Praia de Caraúbas, Maxaranguape, 57 km de Natal; Praia de Piracabu, Maxaranguape, 58 km de Natal; Praia dos Anéis Maxaranguape, 60 km de Natal; Maracajaú, Maxaranguape, 63 km de Natal; Praia de Ponta de Santa Cruz, 60 km de Natal; Praia de Pititinga, Rio do Fogo, 58 km de Natal; Praia da Barra de Punaú, Rio do Fogo, 63 km Natal; Praia de Zumbi, Rio do Fogo, a 72 km de Natal; Praia do Rio do Fogo, Rio do Fogo, a 86 km de Natal; Praia de Perobas, Touros, a 108 km de Natal; Praia das Garças, Touros, a 102 km de Natal; Praia do Farol Gameleira, Touros, a 100 km de Natal; Praia de Carnaubinha, Touros, a 99 km de Natal; Praia de Touros, Touros, a 96 km de Natal; Praia da Ponta do Calcanhar, Touros, a 98 km de Natal; Praia da Espalhadinha, Touros, a 98 km de Natal; Praia do Cajueiro, Touros, a 99 km de Natal, Praia São José dos Touros, Touros, a 104 km de Natal; Praia de Monte Alegre, Touros, a 110 km de Natal; Praia da Ponta de Santo Cristo, Touros, a 111 km de Natal; Praia de São Miguel do Gostoso, São Miguel do Gostoso, a 112 km de Natal; Praia Cardeiro, São Miguel do Gostoso, a 112 km de Natal; Praia da Xepa, São Miguel do Gostoso, a 112 km de Natal; Praia do Maceió, São Miguel do Gostoso, a 112 km de Natal; Praia do Reduto dos Tourinhos, São Miguel do Gostoso, a 117 km de Natal; Praia dos Morros dos Martins, São Miguel do Gostoso, a 125 km de Natal; Praia do Marco, São Miguel do Gostoso, a 120 km de Natal; Praia do Enxu Queimado, Pedra Grande, a 139 km de Natal; Praia dos Três Irmãos, São Bento do Norte, a 156 km de Natal; Praia do Serafim, São Bento do Norte, a 155 km de Natal, Praia da Caiçara, Caiçara do Norte, a 153 km de Natal; Praia dos Galos, Galinhos, 176 km de Natal; Praia de Galinhos, Galinhos, a 175 km de Natal; Praia de Minhoto, Guamaré,175,5 km de Natal; Praia de Diogo Lopes, Macau, a 180 km de Natal, Praia de Diogo Lopes, Macau, a 180 km de Natal; Praia das Barreias, Macau, a 180 km de Natal; Praia de Pontal do Anjo, Macau, a 185 km de Natal, Praia de Camapum, Macau, a 185 km de Natal; Praia de Porto do Mangue, Porto do Mangue, a 276 km de Natal; Praia do Rosado, Porto do Mangue, a 358 km de Natal; Praia da Pedra Grande, Porto do Mangue, a 356 km, Praia de Ponta do Mel, Areia Branca, a 350 km de Natal; Praia de São Cristovão, Areia Branca, a 350 km de Natal; Praia da Redonda, Areia Branca, a 345 km de Natal; Praia do Monte Pintado, Areia Branca, a 372 km de Natal; Praia da Baixa Grande, Areia Branca, a 324 km de Natal; Praia de Upanema/Areia Branca, Areia Branca, a 326 km de Natal; Praia de Grossos (Prainha), Grossos, a 340 km de Natal; Praia de Pernambuquinho, Grossos, a 350 km de Natal; Praia das Areias Alvas, Grossos, a 345 km de Natal; Praia do Gado Bravo, Tibau, a 345 km de Natal; Praia das Emanoelas, Tibau, a 345 km de Natal; Praia de Tibau, Tibau, a 343 km de Natal.

Praias Urbanas:

Praia do Forte (Via Costeira e Ladeira do Sol), Natal; Praia do Meio (Ladeira do Sol), Natal; Praia dos Artistas (Via Costeira e Ladeira do Sol), Natal; Praia da Ponta dos Morcegos (Via Costeira e Ladeira do Sol), Natal; Praia da Areia Preta (Via Costeira e Ladeira do Sol), Natal, Praia de “Miami” (Via Costeira e Ladeira do Sol), Natal; Praia de Mãe Luíza (Via Costeira e Ladeira do Sol), Natal; Praias da Via Costeira (Via Costeira e Ladeira do Sol), Natal; Praia de  Ponta Negra (Via Costeira e Ladeira do Sol), Natal.

Litoral Sul:

Barreira do Inferno, Parnamirim, a 19 km de Natal; Praia de Cotovelo, Parnamirim, a 21 km de Natal; Praia do Flamengo, Parnamirim, a 22 km de Natal; Praia de Pirangi do Norte, Parnamirim, a 24 km de Natal; Pirangi do Sul, Nísia Floresta, a 25 km de Natal; Praia de Pirambúzios, Búzios, Nísia Floresta, a 27 km de Natal; Praia de Búzios, a 35 km de Natal; Praia de Barra de Tabatinga, Nísia Floresta, a 45 km de Natal; Praia de Camurupim, Nísia Floresta, a 46 km de Natal; Praia de Barreta, Nísia Floresta, a 55 km de Natal; Praia de Malembá (também conhecida como Praia das Tartarugas), Georgino Avelino, a 58 km de Natal; Praia de  Guajirú de Malembá, Tibau do Sul, a 58 km de Natal; Praia de Guaíra ou Malembá, Tibau do Sul, 77 km de Natal; Praia de Tibau do Sul, Tibau do Sul, 80 km de Natal; Praia de Cacimbinha, Tibau do Sul, a 81 km de Natal; Praia da Ponta do Madeiro, Tibau do Sul, a 83 km de Natal; Praia do Canto, Tibau do Sul, a 84 km de Natal; Praia de Pipa, Tibau do Sul, a 85 km de Natal; Praia do Amor, Tibau do Sul, a 86 km de Natal; Praia das Cancelas, Tibau do Sul, a 87 km de Natal; Praia das Minas, Tibau do Sul, a 89 km de Natal; Praia de Sibaúma, Tibau do Sul, a 90 km de Natal; Praia da Barra de Cunhaú, Canguaretama, a 86 km de Natal; Praia da Santa Cruz das Areias, Baía Formosa, a 99 km de Natal; Praia de Baía Formosa, Baía Formosa, a 97 km de Natal; Praia de Sagi, Baía Formosa, a 103 km de Natal.

FAROL DO CALCANHAR
Faróis:

Farol do Calcanhar (Praia da Ponta do Calcanhar)
Farol Santo Alberto (Praia de Caiçara)
Farol de Natal (Praia de Mãe Luíza)
Farol Ponta do Mel (Praia de Ponta do Mel)
Farol São Roque (Praia das Gameleiras)
Farol de Areia Branca (Praia de Upanema)
Farol de Galinhos (Praia de Galinhos)
Farol da Ponta Bacuri (Praia de Baía Formosa)

Assim como falamos “do Oiapoque ao Chuí” para se referir aos extremos do Brasil, podemos dizer "de Sagi a Tibau” para se referir aos extremos do RN, sendo essas praias suas divisas com Paraíba e Ceará, respectivamente.


Farol Santo Alberto (Praia de Caiçara)
FAROL DE "MÃE LUÍSA"




FAROL DA PONTA DO MEL (PRAIA DE PONTA DO MEL)
FAROL DE SÃO ROQUE (PRAIA DAS GAMELEIRAS)

Farol de Areia Branca (Praia de Upanema)

Farol de Galinhos (Praia de Galinhos)



quinta-feira, 15 de agosto de 2019

ACTA NOTURNA - CÂMARA CASCUDO, COMANDANTE AYRES E DOM JOÃO – 15.9.1019

ACTA NOTURNA - CÂMARA CASCUDO, COMANDANTE AYRES E DOM JOÃO – 15.9.2019



ACTA NOTURNA - CÂMARA CASCUDO, COMANDANTE AYRES E DOM JOÃO – 15.9.1019
Algumas histórias viajaram daqui e nunca mais voltaram. Essa foi colhida em Jacareí/SP. Passada em Paraná-Mirim nos idos de 1957. Certa vez, um tempo que qualquer jantar parecia um "jantar de gala". Todos se vestiam com elegância e os homens andavam de terno como fosse uma camisa do dia-a-dia, jantavam na Adega Du Bocage, no Parque Aristófanes Fernandes, Dom João Isaías de Macedo (principal fornecedor de carne para a Base Aérea durante a 2ª Guerra Mundial), Firmino Ayres de Araújo (Comandante da Base Aérea) e Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) (esta dispensa apresentação). A propósito é o motivo dessas linhas.
       Pois bem, o jantar já havia se encerrado. Restavam os típicos blás blás blás regados a bom wiski e diversos acepipes. Várias pessoas passavam pela mesa, curiosas com a presença do grande mestre. Certamente cansado, ele tirava cochilos instantâneos. Mas eram tão contínuos que consistiam quase em madorna.
A todo instante alguns admiradores perguntavam: “é o mestre Cascudo”? “Ah! como eu queria falar com ele”! “Será que ele se incomodaria”!
       Os admiradores se avolumavam de tal forma que alguém da mesa resolveu atender um fã. Então se aproximou dos ouvidos moucos do mestre e berrou: “estão querendo falar ao senhor”.
       Num rompante ele respondeu:
       - O quê?!!! É mulher?!!! É mulher?!!!
Risadas de todos os sabores tomaram conta da mesa.
...
       O citado comandante da Base Aérea era apaixonado por vaquejadas. Durante incontáveis vezes os aviões militares decolavam das pistas parnamirinenses, levando os cavalos de Dom João para eventos de gado em Picos, no Piauí, na Paraíba, no Maranhão e Fortaleza. Iam juntos curtir o hobby, num tempo que não existia investigações sobre uso de aeronaves para fins pessoais.
Dom João era um dos homens mais ricos da localidade. Sua bela casa ficava onde atualmente está construído o Shopping Parnamirim.
       O que diriam hoje sobre tais voos?

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

ORIANO DE ALMEIDA, PIONEIRO EM SE APRESENTAR COM PIANO EM CARROCERIA DE CAMINHÃO




O Brasil inteiro conhece Artur Moreira Lima, insigne músico e pianista que idealizou o lindo projeto de sair pelo Brasil tocando o seu piano.
Mas muito antes dele o Rio Grande do Norte teve a mesma experiência com outro gênio notável do piano: ORIANO DE ALMEIDA.  Ele percorreu o Rio Grande do Norte levando sobre um caminhão a sua mais amada ferramenta: O PIANO. Percorreu os ermos potiguares, levando um piano a tiracolo, permitindo que a música chegasse a pessoas que não sabiam nem o que era um piano. Outras, mal tinham ouvido qualquer música.
A história está envolta de poeira, mas se você quiser tirar a “prova dos nove”, visite o Memorial Oriano de Almeida, defronte ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e conheça melhor o nosso notável músico. Segue uma palhinha:
Ganhou o Prêmio Chopin, seguindo depois para Varsóvia, onde representou o Brasil em festivais, sendo premiado. Apresentou-se na Europa e nos Estados Unidos. Na música popular, obteve sucesso com peças folclóricas e urbanas. Em 1958, gravou seu primeiro disco, interpretando de sua autoria "Valsa de Paris" e "Canção de Lilian", com solos de piano. Gravou com a soprano Maria Helena Coelho Cardoso o LP "Maria Helena Coelho Cardoso interpreta canções de Oriano de Almeida", que inclui, entre outras, as composições "Natal", com Waldemar Henrique, "Para esquecer e lembrar", com Homero Homem, "A vida é um sonho", com Veríssimo Melo, "Cajueiro" e "Belém do Pará"...