ANTES DE LER É BOM SABER...

CONTATO: (Whatsapp) 84.99903.6081 - e-mail: luiscarlosfreire.freire@yahoo.com. Este blog - criado em 2008 - não é jornalístico. Fruto de um hobby, é uma compilação de escritos diversos, um trabalho intelectual de cunho etnográfico, etnológico e filológico, estudos lexicográficos e históricos de propriedade exclusiva do autor Luís Carlos Freire. Os conteúdos são protegidos. Não autorizo a veiculação desses conteúdos sem o contato prévio, sem a devida concordância. Desautorizo a transcrição literal e parcial, exceto breves trechos isolados, desde que mencionada a fonte, pois pretendo transformar tais estudos em publicações físicas. A quebra da segurança e plágio de conteúdos implicarão penalidade referentes às leis de Direitos Autorais. Luís Carlos Freire descende do mesmo tronco genealógico da escritora Nísia Floresta. O parentesco ocorre pelas raízes de sua mãe, Maria José Gomes Peixoto Freire, neta de Maria Clara de Magalhães Fontoura, trineta de Maria Jucunda de Magalhães Fontoura, descendente do Capitão-Mor Bento Freire do Revoredo e Mônica da Rocha Bezerra, dos quais descende a mãe de Nísia Floresta, Antonia Clara Freire. Fonte: "Os Troncos de Goianinha", de Ormuz Barbalho, diretor do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, um dos maiores genealogistas potiguares. O livro pode ser pesquisado no Museu Nísia Floresta, no centro da cidade de nome homônimo. Luís Carlos Freire é estudioso da obra de Nísia Floresta, membro da Comissão Norte-Riograndense de Folclore, sócio da Sociedade Científica de Estudos da Arte e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Possui trabalhos científicos sobre a intelectual Nísia Floresta Brasileira Augusta, publicados nos anais da SBPC, Semana de Humanidade, Congressos etc. 'A linguagem Regionalista no Rio Grande do Norte', publicados neste blog, dentre inúmeros trabalhos na área de história, lendas, costumes, tradições etc. Uma pequena parte das referidas obras ainda não está concluída, inclusive várias são inéditas, mas o autor entendeu ser útil disponibilizá-las, visando contribuir com o conhecimento, pois certos assuntos não são encontrados em livros ou na internet. Algumas pesquisas são fruto de longos estudos, alguns até extensos e aprofundados, arquivos de Natal, Recife, Salvador e na Biblioteca Nacional no RJ, bem como o A Linguagem Regional no Rio Grande do Norte, fruto de 20 anos de estudos em muitas cidades do RN, predominantemente em Nísia Floresta. O autor estuda a história e a cultura popular da Região Metropolitana do Natal. Há muita informação sobre a intelectual Nísia Floresta Brasileira Augusta, o município homônimo, situado na Região Metropolitana de Natal/RN, lendas, crônicas, artigos, fotos, poesias, etc. OBS. Só publico e respondo comentários que contenham nome completo, e-mail e telefone.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

O POVO DE NÍSIA FLORESTA PRECISA RECONHECER O SEU ESPAÇO


Prefeitos e vereadores foram eleitos. A partir do dia 2 de janeiro  de 2017 eles começam a trabalhar. Uns, virgens na função política, outros, tarimbados nas mais diversas artes. Mas, independentes de o que quer que seja, o papel é o mesmo e não há segredos sobre tal.
Todos prometeram ser "a voz do povo na Câmara", ou seja, representar os eleitores, buscando melhorias para o município. Mas... e o povo? O que compete ao povo diante dessa mudança?
Boa parte do povo só reclama, faz críticas etc etc etc... Mas quem vai às reuniões na Câmara Municipal de Nísia Floresta?
Tudo passa por ali. É nela que a vida do município é discutida. É ali que você fica sabendo qual vereador apresentou qual projeto. É ali que você fica sabendo qual vereador não apresentou nada etc etc etc...
É na Câmara Municipal de Vereadores que - dentro de um contexto e de forma respeitosa - você pode pedir a palavra e falar. É ali que você pode sugerir, criticar etc etc etc...
É à Câmara Municipal de Vereadores que você pode escrever uma carta reivindicando as prioridades de seu distrito etc etc etc... (e ir lá saber se sua carta foi tratada com o devido respeito, se leram discutiram e chegaram a um consenso).
É acompanhando o que acontece na Câmara de Vereadores que você sabe se o que o Prefeito diz nos jornais ou na televisão é verdade, pois até mesmo ele tem que apresentar os seus projetos para que os vereadores analisem e aprovem ou não.
É na Câmara de Vereadores que você toma conhecimento daqueles aumentos de salários suspeitos, feitos na calada da noite.
É na Câmara de Vereadores que você toma conhecimento se o projeto apresentado em sessão extraordinária é bom ou ruim para a população.
Enfim, caro leitor, é na Câmara de Vereadores, espaço muitas vezes tão desconhecido e desvalorizado que passa tudo o que faz o seu município se tornar bom ou ruim de se viver.
E você, vai continuar ignorando as reuniões dos vereadores?
Lembram daquele município do Paraná, onde uma mulher encabeçou um movimento, parou a Câmara e fez com que os vereadores 'voltassem atrás' no aumento dado a eles mesmos? Isso denota gente séria, de visão, que participa, mostra a cara, cobra...
Escreva para os vereadores, vá às reuniões, sugira. Faça a sua parte.
Como escrevi no início, "eles começarão a trabalhar em 2017", e você? O seu trabalho é observá-los. Lugares com maior número de pessoas inteligentes evoluem mais. Em "inteligência" está explícito a capacidade de se envolver nas coisas da sociedade, ser agente de mudança; não me refiro a inteligência no seu aspecto da ilustração. Até um simples agricultor, lá na sua casinha de taipa ao lado do rio é inteligente para saber o que é melhor para ele.
O povo é o termômetro dos vereadores. Se você os ignora, eles te imitarão, como é comum constatarmos.
Pense!

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

"GESTORES INTELIGENTES FAZEM DA OPOSIÇÃO O SEU FAROL".


Meu pai, aos 92 anos ainda diz a frase "gestores inteligentes fazem da oposição o seu farol". É a mais pura verdade, principalmente nas cidades interioranas do Brasil, nas quais os aliados querem apenas que o seu candidato ganhe, dê-lhes um emprego e pronto. E me refiro aos cargos de secretarias e outros de comando, tais pessoas são conformadas apenas com o cargo, não fazem nada nem buscam superar a gestão anterior, salvas raras exceções. 
Para piorar, muitos gestores já consideram muito dar uma pasta de secretaria, e vão logo pedindo que o secretário não lhe incomode com inovações. "Não me traga despesa", diriam. São aqueles famosos secretários de birôs. Servem para enfeite.
Mas, diante disso, como fica o farol?
Como eu escrevi no título, um gestor inteligente se serve da oposição para gerir um município. Ela é o seu farol. Ela sabe o que o povo realmente precisa e está sempre lançando fachos de luz sobre tais necessidades. Diferente dos aliados que após as eleições, dormem aquele sono dito por Guimarães Rosa: "o animal satisfeito dorme", a oposição nunca dorme; ela é luz, é farol. E o gestor inteligente busca essa luz, mesmo que deteste a sua combustão.
Creio que vocês conhecem a lenda do pulo do gato. No final, o gato escapou de ser abocanhado pela onça, que fingia-se amiga. E essa peripécia só foi possível porque ele não ensinou à onça o 'algo mais' do pulo
Eu estou dizendo isso porque às vezes alguns nisiaflorestenses me escrevem e dizem que eu não deveria ficar dando dicas, dando ideias, ensinando o caminho das pedras, como já fiz muito em textos anteriores.
Dia desses um jovem me disse que um funcionário de determinada instituição copiou totalmente um texto que escrevi sobre turismo e disse que ia transformar alguma coisa dali em projeto. Segundo ele, o copista mostrou grande admiração com os nortes ali oferecidos.
Eu achei isso maravilhoso, pois é exatamente o que diz a frase do meu pai. O bom é ser farol e ver os barcos guiados. Mesmo que o barco chegue na costa guiado por você e não admita, você sabe que ele está ali por causa de você. Isso não tem preço.
Mas estou apenas aguardando a coisa concreta, pois de papéis e discursos o povo está cheio. Espero que realmente as coisas sejam copiadas e colocadas em prática. Diferentes dos plágios de textos e produções literárias, o copismo de ideias como as aqui referendadas é perdoável.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

IMAGINAÇÕES FÉRTEIS E SEUS IMBRÓGLIOS


    Antes de ontem recebi um telefonema da cantora nisiaflorestense radicada no Rio de Janeiro, Soledade, e fiquei surpreso com uma iniciativa tomada por ela, conforme me contarei abaixo. Antes de falar sobre isso, convém explicar que há uma semana ela havia me ligado, convidando-me a estar com ela num evento que acontecerá em dezembro, referente a reinauguração da Igreja Matriz.
      Como eu viabilizei a sua vinda a Nísia Floresta por duas vezes durante as festas juninas, nas quais fez shows, ela nutre grande respeito e confiança na minha pessoa (e é recíproco). Certamente foi por isso que solicita a minha companhia na igreja.
     Nesse primeiro telefonema, ela comentou sobre o sonho de voltar a fazer show em Nísia Floresta, haja vista que no Rio de Janeiro é reconhecida e em sua própria terra isso não ocorre na devida proporção. Eu concordei com ela, mas disse que, da minha parte, só se Marize tivesse sido eleita, pois um dos nossos objetivos era incluí-la no evento que se chamaria "São João em Nísia Floresta". 
       Expliquei que eu sempre acreditei em somar, e não em diminuir, mas que precisamos somar com quem acreditamos e confiamos. Expliquei a ela que eu não tinha nem como sugerir a vinda dela nem 2017 para animar os festejos juninos que com certeza ocorrerão, pois sequer tinha intimidade com o prefeito eleito, que, inclusive, tinha feito oposição a ele, que, particularmente não colocava expectativa alguma em sua administração, pois trata-se de uma pessoa que mal conhece o município. Ela agradeceu e o assunto se encerrou por aí.
      Eis que ontem à noite ela liga e diz que iria "mover céus e terras" para que eu me tornasse o Secretário de Cultura e Turismo de Nísia Floresta. Confesso que cheguei a ter um susto, pois isso é a última coisa que eu imaginaria para mim, sem contar que não tem nada a ver uma coisa com a outra. Como expus acima, fui oposição ferrenha ao candidato eleito.
      Também houve um detalhe bastante curioso em nossa conversa. Ela diz que em Nísia Floresta era "numa boca só" que quando uma pessoa dizia que não votava de forma alguma em Rosângela Ferreira, tanto Marize quanto Daniel Marinho pediam votos um para o outro. Pode até ter sido, mas tendo andado muito com Marize, eu não vi isso em momento algum. E, com relação a minha pessoa, eu jamais diria isso, pois não acredito no prefeito eleito. Nísia Floresta cometeu um grave erro, e isso será constatado nos próximos meses.
       Mas, voltando ao assunto da pasta de Cultura e Turismo, nem à Marize Leite – que eu apoiei – teria a audácia de pedir uma secretaria - imagine com que cara eu aceitaria que alguém pedisse essa possibilidade para mim tendo sido oposição? 
    Somente uma pessoa sem maldade e até ingênua como Soledade para cogitar isso. Por viver no Rio de Janeiro por 50 anos ela se acostumou com a realidade de lá. Em Nísia Floresta as coisas são diferentes.
      Vale salientar que quando eu vim para Nísia Floresta abraçar a campanha de Marize, o fiz por livre e espontânea vontade, por acreditar nela, por confiar nela, e jamais pedi secretaria (quem não acreditar, é só perguntar a ela). 
          Fiz o que pude pela campanha de Marize, e se ela tivesse sido eleita eu seria um colaborador, conselheiro, dando ideias, buscando parcerias com outros lugares, empresas, instituições etc, pois quero ver Nísia Floresta avançar positivamente. Mas assumir pastas ou tê-las pedido, nunca! Muito menos endossar que terceiros tenham tal audácia. Eu estaria desrespeitando e desmoralizando a mim mesmo. 
     Pessoas que ajuda alguém a troco de algo, não passa de equivocada. E quem acredita nessa conversa tão sem nexo é tão equivocada (o) quanto. Eu sempre trabalhei, sustentei a minha família e nunca fui atrás dessas fantasias.
      Mas é isso. Está esclarecida essa barbaridade, acaso tenha sido estendida a quem quer que seja, inclusive pedi a Soledade que ela não fizesse isso em respeito a mim. TRAZER SOLEDADE À NÍSIA FLORESTA NÃO É FAVOR - É RESPEITO - O QUE POSSO FAZER A FAVOR DELA É LEMBRAR DISSO.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

CRIANÇAS E JOVENS NO CENÁRIO DE UMA ELEIÇÃO



















O leitor já percebeu que eu sempre arrasto qualquer assunto para a alçada da EDUCAÇÃO.
E não pode ser diferente. 
Quero, agora, abordar um detalhe que pautou os comícios de Nísia Floresta, nas pessoas dos candidatos ao cargo de prefeito, com as devidas exceções obviamente. Refiro-me às colocações ofensivas, desrespeitosas e até mesmo calúnias lançadas de um candidato contra o outro. Como se não bastasse a campanha ter sido tão violenta.
É nesse ponto que entra o aspecto da educação.
Muitos menosprezam a inteligência das crianças. Acham que elas não percebem ou não pensam sobre o que veem. É certo que elas não processam os fatos como nós, adultos, mas entendem ao modo delas.
Para uma criança e um pré-adolescente (e até mesmo para um adulto mal educado) xingar, difamar, humilhar, menosprezar pessoas que são oposição a outra é normal.
Sou adepto da filosofia de que um candidato a cargo político deve mostrar o seu PLANO DE GOVERNO em primeiro lugar. Depois deve convencer o eleitor a entender porquê ele é melhor que o seu oponente. Aí, sim, nesse caso, ele deve elencar porquê o seu opositor não é melhor que ele.
E quando esse oponente for, de fato, persona non grata, vale, sim, informar a sociedade sobre isso, citando os fatos e mostrando as fontes. Por exemplo, você votaria em quem:
1) já desviou verbas públicas;
2) já mandou matar gente;
3) não é da sua região e não conhece os problemas locais com propriedade;
4) é violento, é incompetente;
5) é apoiado por pessoas duvidosas;
6) não tem moral;
7) não respeita filha e esposa de ninguém etc etc etc?
Se sua resposta for sim. você também é tão imprestável quanto. E culpado por todo o descaso de seu município. 
Mas quando o seu oponente não tem defeitos que coloquem em cheque a administração, você deve fazer a diferença com o seu PLANO DE GOVERNO, discurso e sua equipe. A partir daí é dizer que você é o melhor (e que isso seja real - não me refiro à mera estratégia politiqueira).
Falando sobre isso eu trago a baila o episódio da última eleição, quando o candidato George Ferreira (que carrega uma pilha de processos contra si, e um currículo que todos conhecem bem) fez ataques verbais de extrema baixeza aos adversários. Do mesmo modo sua esposa - Rosângela Ferreira - então candidata, que fazia comentários no mesmo molde do marido.
Você já imaginou se os seus opositores políticos fossem desenrolar o novelo de práticas arbitrárias dessa família nos comícios? Não sobraria tempo para os demais candidatos falarem. 
Não precisamos de Filosofia para observar que várias práticas ocorridas durante as eleições entram na alçada do caráter.
Mas, o que eu quero dizer com isso?
Quero dizer que as crianças e os jovens que assistiram aos comícios de Rosângela Ferreira passarão a pensar que seus opositores políticos são aquilo que ela e o seu marido disseram nos palanques e nas casas.
É aí que entra o aspecto da formação educacional da sociedade (em especial das crianças). Ela passa a entender que comício é local de caluniar, mentir, difamar, humilhar opositores. Quando alguém falar a palavra POLÍTICA ela achará que é toda essa patuscada.
Para um adolescente ingênuo, basta o fato de uma mulher loira, branca ter dito ofensas contra seus opositores que elas se tornam leis.
E quando essa mulher loira e branca é esposa de um ex-prefeito que transmite para o adolescente ingênuo a imagem de que ele "é o máximo", piora tudo, ou seja, os cidadãos da oposição se tornam personas non gratas. Há uma inversão de atores. "Ser o máximo" é carregar um magote de processos nas costas e desrespeitar oponentes com calúnias e ofensas.
Entendeu porque é fundamental aos EDUCADORES trazer tais assuntos para a sala de aula? OBS. Detalhes sobre isso estão na postagem ESCOLA SEM PARTIDO, SIM, SEM DISCUSSÕES POLÍTICAS, JAMAIS. http://nisiaflorestaporluiscarlosfreire.blogspot.com.br/2016/10/eleicao-tao-violenta-em-quase-todo-o.html
É isso, caro leitor; na condição de educador, sou um inconformado. Mas inconformado naquela concepção de Guimarães Rosa, quando escreveu "O animal satisfeito dorme".

DIGAM SE ISSO É NORMAL: Quando políticos aposentados aos 50 sugerem, para a população, idade mínima de 65, dá para confiar?


O presidente Michel Temer aposentou-se aos 55 anos como procurador do Estado de São Paulo, em 1996, passando a receber R$ 9.300,00 mensais, informou recentemente o jornalista Elio Gaspari. Esta semana o jornal O Estado de São Paulo acrescentou mais dois nomes do alto escalão do atual Governo ao rol dos que se aposentaram na faixa dos 50. O ministro-chefe da Casa Civil, o gaúcho Eliseu Padilha (na foto, com Temer), aposentou-se aos 53 anos em 1999, recebendo R$ 19.389,00 mensais como ex-deputado federal, informou o jornal. Já o ministro da Secretaria de Governo, o baiano Geddel Vieira Lima, conseguiu, em 2011, uma aposentadoria de R$ 20.354,25, aos 51 anos, após cinco mandatos na Câmara, conforme a imprensa.
Todos se beneficiaram de regras válidas no momento em que requereram suas aposentadorias, OK. Mas com qual cara pedirão, agora, que brasileiros entendam que é necessário elevar para 65 anos a idade mínima de aposentadoria para homens e mulheres, conforme se desenha na reforma da Previdência em gestação? Pode até ser que rever as idades mínimas de aposentadoria seja de fato uma necessidade. Mas como pedir sacrifícios quando o vento que vem de cima assopra na outra direção?
Segundo o documento Ponte para o Futuro, uma espécie de programa governamental lançado pelo PMDB quando Temer ainda era vice de Dilma, as mudanças na Previdência incluirão, ainda, a desvinculação dos benefícios do salário mínimo. Se isto acontecer (o que não está claro ainda), afetará no longo prazo a renda de milhões de brasileiros, por exemplo, e com especial sensibilidade, aqueles que recebem a aposentadoria rural, tida como o maior programa social do país. Sacrifícios serão pedidos em troca de uma governança que, promete-se, em algum ponto do futuro retornará ao cidadão como dividendos de um esforço coletivo. Há lastro de confiança para tal?
Pela dimensão da mudança que está sendo gestada, convém dialogar com a sociedade. Mas com qual moral se fará isto desde em cima? Acresça-se a este ‘detalhe’, digamos assim, a desconfiança generalizada da população em relação aos políticos e ao próprio governo, e se tem um pepino pela frente. Segundo o último IBOPE/CNI divulgado esta semana, 68% dos brasileiros dizem não confiar no presidente Temer. O dado, frise-se, não é novo em termos de avaliação governamental, já que a desconfiança em relação a Dilma quase sempre esteve em patamar elevado, ao menos desde março de 2015 quando a desconfiança em relação a ela saltou para 74% e nunca mais baixou. Entretanto Dilma é passado.
A diferença agora é que o novo governo tem uma agenda impopular pela frente – e precisa realizá-la para cacifar-se ou ao menos para entregar o prometido, em especial para o chamado “mercado”. Irá fazê-lo? Irá cozinhar em banho-maria? Ao menos no caso da Previdência, o déficit de confiança popular e de exemplos abonadores vindos “de cima” jogam certamente contra. Para não falar, é claro, da centena de parlamentares que daqui a dois anos irá reciclar o sacrossanto ritual de pedir a suas bases eleitorais votos para si.
O mundo gira rápido e a caravana Brasil aperta o passo.
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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

ANDAR EM NÍSIA FLORESTA É SE ANGUSTIAR


"Andar em Nísia Floresta é se angustiar". Não me refiro a você, que durante anos a fio faz apenas o trajeto de sua casa para o seu trabalho ou mal vai a São José de Mipibu ou às praias locais.
Uma senhora idosa – falecida há cinco anos – me dizia nunca ter visto o mar. Ela nasceu e morreu em Nísia Floresta e nunca viu uma das mais belas obras da natureza. Isso parece inacreditável, mas é fato; e quando eu digo isso, me refiro a você que não conhece Nísia Floresta na palma da mão, como é o meu caso, que já andei por diversas vezes em cada pedacinho de sua geografia. E é bom que você faça o mesmo e amplie o seu olhar.
Já ouvi alguns nisiaflorestenses dizerem que em Nísia Floresta tudo vai bem. Elas estão conformadas apenas com o aspecto visual do centro da cidade, que até engana por sua plástica "bonita". Para elas, ter um centro "bonito" está ótimo. Elas, de tão alienadas, parecem não se incomodar que um município não é apenas o seu núcleo, mas um todo.
E quando se sabe que nesse centro "bonito" não existe uma maternidade funcionando, não existe pronto-socorro acaso um menino pise num caco de vidro, não existe uma agência bancária, não existe sequer uma fábrica etc etc etc, você constata que o centro de Nísia Floresta, na realidade, é feio... e que você não sabe discernir diferença entre feio e bonito.
Como pode ser bonito um lugar sem emprego?
Eu me angustio quando vejo incontáveis pais de família sentados nos batentes de suas casas ao lado de uma garrafa de Pitu, observados pelos filhos (muitos deles engatinhando), os quais crescem vendo a miséria e finalizam propagando-a para as novas gerações.
Nísia Floresta tem, sim, fábricas, mas fábricas de miseráveis produzindo miseráveis. Miséria gera miséria na mesma proporção que dinheiro gera dinheiro. E como o povo tem dinheiro?
Trabalhando.
E trabalhando aonde?
Em lugar algum.
Resultado: miséria gera miséria. É esse o cenário de Nísia Floresta.
Você conhece "OS INOCENTES"? É um aglomerado de barracos feitos de lixo no distrito de Pium. É de se chorar de piedade.
Desse mesmo jeito existe um aglomerado de casinholas mal feitas localizadas em Pirangi, às margens de uma estrada de barro, cuja droga e o tráfico correm soltos. É uma espécie de favela. Miséria pura.
Em Jenipapeiro, Currais e Golandi muitos passam fome e vivem ilhados, sem saber o que se passa no próprio município e tampouco no Brasil. Televisão e celular são objetos de luxo. Também são lugares pautados por droga. As moças e rapazes fazem filhos mal saindo das fraldas. É miséria pura.
Talvez você pense que eu quero consertar o mundo ou acha que quero consertar tudo isso como num passe de mágica.
Mais ou menos.
Eu quero uma administração que faça a diferença. Que priorize os pobres, que são maioria. Eu quero uma administração que tenha sensibilidade com as diversas misérias de Nísia Floresta. Uma administração que se desdobre para encher o município de fábricas, de cooperativas; que ajude o agricultor a reconquistar aquele passado de fartura, que valorize os pecuaristas de baixa renda, que gere emprego e renda através do turismo, enfim que faça coisas simples e que nunca foram feitas. É esse o passe de mágica!

Entendeu agora porque eu digo que "andar em Nísia Floresta é se angustiar"?

terça-feira, 4 de outubro de 2016

ESCOLA SEM PARTIDO, SIM, MAS SEM DISCUSSÕES POLÍTICAS, JAMAIS!


 Passada essa eleição tão violenta em quase todo o Brasil – pautada por mortes, tiroteios e emboscadas - não se deve deixar passar a necessidade de se reeducar a sociedade sobre política. E a escola tem papel fundamental nesse mister.
Essa história de extinguir as discussões sobre política nas salas de aula, é coisa de gente conservadora, antiquada, que não aceita as transformações humanas e sociais. Quem é velho deve reconhecer que o seu tempo passou e esse tempo é o tempo dos outros, como sempre disse o meu pai. O mal dos velhos é querer que a roda maior nunca passe dentro da roda menor.
Nada contra o respeito, a ética e a justiça – até porque sou educador – e antes de sê-lo, recebi excelente educação de berço, mas tudo contra os cerceadores da liberdade de expressão e idealizadores de leis mal intencionadas. Tudo contra os que querem moldar a mentalidade juvenil segundo os seus tabus e hipocrisias e interesses escusos. Escola é espaço de levar o aluno ao pensar, e não o pensar.
O Brasil viveu antes de ontem uma eleição que nos transportou à época dos velhos coronéis, os quais matavam, mandavam matar opositores, bater em quem era contra as ideias do sistema, assustavam, intimidavam, obrigavam forçavam etc. O caso de Itabira, em Minas Gerais, foi um dos mais graves dessa eleição que fez mortos e feridos. Isso é inadmissível!
Aqui pertinho, em Nísia Floresta, a casa da candidata a prefeita Marize Leite, do PC do B, foi alvejada por um tirinete de tiros por duas madrugadas seguidas. Ela precisou fazer comícios escoltada. O Estado colocou um PM à sua disposição ao seu lado, 24 horas. Seus comícios eram coalhados de PM's e viaturas. Como não bastasse, um dos motoristas de seus carros de propaganda foi baleado por um motoqueiro que passou dando tiros para todos os lados enquanto a vítima lanchava num bar. Queriam fazer a candidata desistir à força.
Diante desse cenário deseducador, nunca foi tão oportuno às escolas trazer esse contexto para a sala de aula, numa abordagem pedagógica. A coordenação pedagógica pode compilar algumas notícias sobre os fatos absurdos ocorridos em todo o Brasil e transformá-las em aulas-debates.
Os educadores podem colecionar notícias de localidades onde não existem hospitais, maternidade, pronto socorro, emprego, enfim localidade jogadas ao léu, comparando-as com lugares onde as eleições ocorreram em paz, lugares bem administrados, onde existe diferencial na gestão pública, comparando-os com gestões de países como Suécia, Suiça etc. As diferenças são gritantes, mas o mote da coisa é levar o aluno a refletir sobre o modelo ideal de política. Política deve ser pautada pela civilidade, ética, justiça e igualdade.
Há vários caminhos. Ou educamos os nossos alunos para serem cidadãos civilizados ou meros "paus mandados", indivíduos maliciosos e corruptores. A escola é a base para o que ele vai ser no futuro, inclusive na política.
Os alunos devem dizer que tipo de gestão ele quer para o lugar onde vive. Ele precisa ter bem claro que o que vem ocorrendo em muitos lugares do Brasil não é política, mas truculência e bandidagem. Ele precisa ser despertado a ser um cidadão de bem, que tem consciência de seus direitos e deveres, que pode contribuir respeitosamente com a sociedade seja em que profissão for. São os jovens que administrarão o nosso país no futuro, portanto eles devem pensar a política seriamente, hoje. Que história é essa de "escola sem partido"? Até o projeto tem título mal intencionado, afinal que diretor idiota permitiria isso? Esses equivocados reivindicam "escola sem partido", mas, na realidade, querem escolas que não discutem política e atualidades, pois isso coloca em risco comportamentos autoritários, arbitrários e muitas vezes, corruptos.
Se deixarmos de lado a oportunidade singular de discutirmos política em sala de aula, justo nesse momento onde fazem da política instrumento de morte – numa dimensão assustadora – estaremos levando os nossos estudantes ao pensar torto. Eles entenderão que isso é normal. Que poder se conquista pela força. Se ignorarmos o quadro bárbaro atual, nossos alunos entenderão que bandidagem é normal.