ANTES DE LER É BOM SABER...

CONTATO: (Whatsapp) 84.99903.6081 - e-mail: luiscarlosfreire.freire@yahoo.com. Este blog - criado em 2008 - não é jornalístico. Fruto de um hobby, é uma compilação de escritos diversos, um trabalho intelectual de cunho etnográfico, etnológico e filológico, estudos lexicográficos e históricos de propriedade exclusiva do autor Luís Carlos Freire. Os conteúdos são protegidos. Não autorizo a veiculação desses conteúdos sem o contato prévio, sem a devida concordância. Desautorizo a transcrição literal e parcial, exceto breves trechos isolados, desde que mencionada a fonte, pois pretendo transformar tais estudos em publicações físicas. A quebra da segurança e plágio de conteúdos implicarão penalidade referentes às leis de Direitos Autorais. Luís Carlos Freire descende do mesmo tronco genealógico da escritora Nísia Floresta. O parentesco ocorre pelas raízes de sua mãe, Maria José Gomes Peixoto Freire, neta de Maria Clara de Magalhães Fontoura, trineta de Maria Jucunda de Magalhães Fontoura, descendente do Capitão-Mor Bento Freire do Revoredo e Mônica da Rocha Bezerra, dos quais descende a mãe de Nísia Floresta, Antonia Clara Freire. Fonte: "Os Troncos de Goianinha", de Ormuz Barbalho, diretor do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, um dos maiores genealogistas potiguares. O livro pode ser pesquisado no Museu Nísia Floresta, no centro da cidade de nome homônimo. Luís Carlos Freire é estudioso da obra de Nísia Floresta, membro da Comissão Norte-Riograndense de Folclore, sócio da Sociedade Científica de Estudos da Arte e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Possui trabalhos científicos sobre a intelectual Nísia Floresta Brasileira Augusta, publicados nos anais da SBPC, Semana de Humanidade, Congressos etc. 'A linguagem Regionalista no Rio Grande do Norte', publicados neste blog, dentre inúmeros trabalhos na área de história, lendas, costumes, tradições etc. Uma pequena parte das referidas obras ainda não está concluída, inclusive várias são inéditas, mas o autor entendeu ser útil disponibilizá-las, visando contribuir com o conhecimento, pois certos assuntos não são encontrados em livros ou na internet. Algumas pesquisas são fruto de longos estudos, alguns até extensos e aprofundados, arquivos de Natal, Recife, Salvador e na Biblioteca Nacional no RJ, bem como o A Linguagem Regional no Rio Grande do Norte, fruto de 20 anos de estudos em muitas cidades do RN, predominantemente em Nísia Floresta. O autor estuda a história e a cultura popular da Região Metropolitana do Natal. Há muita informação sobre a intelectual Nísia Floresta Brasileira Augusta, o município homônimo, situado na Região Metropolitana de Natal/RN, lendas, crônicas, artigos, fotos, poesias, etc. OBS. Só publico e respondo comentários que contenham nome completo, e-mail e telefone.

sexta-feira, 27 de maio de 2022

História do túmulo da escritora Nísia Floresta no município de Nísia Floresta

 

HISTÓRIA DO TÚMULO DE NÍSIA FLORESTA NO BRASIL
 


O documento abaixo, intitulado “O TÚMULO DE NÍSIA FLORESTA” foi transcrito, portanto seu teor foi preservado conforme o original. Por esse motivo o leitor poderá observar algumas palavras escritas/ou acentuadas diferente da atualidade. O mesmo raciocínio de aplica ao fato de o autor ter usado duas formas para se referir ao município onde Nísia Floresta foi sepultada: “Ruão” ou Rouen. O correto é a segunda.

O TÚMULO DE NÍSIA FLORESTA

Comunicação ao INSTITUTO HISTÓRICO e GEOGRÁFICO do Rio Grande do Norte, pelo sócio ADAUTO MIRANDA RAPOSOS da CAMARA, em 31 de maio de 1950.
O jornalista Orlando Ribeiro Dantas, diretor do <>, do Rio, excursionando pela Europa, viajou até Ruão, especialmente para localizar a sepultura de Nísia Floresta Brasileira Augusta, a insigne norte-riograndense, que, nascida em Papari, se impôs ao respeito e à consideração de um escol intelectual europeu, na centúria passada.
Quando partiu pra o Velho Mundo, em Fevereiro último, o ilustre conterrâneo, que estremece a nossa Província e a conduz no coração para toda a parte, me confiou que ia visitar Nísia em seu eterno abrigo, que vagamente se sabia existir naquela cidade francesa. Henrique Castriciano, certa vez, me declarou possuir uma fotografia do túmulo, mas nunca tive a oportunidade de ver, alegando ele que se extraviara.
Por intermédio da Federação das Academias de Letras do Brasil, procurei, em 1938, obter uma certidão ou atestado do enterramento de Nisia Floresta, interessando-se, nesse sentido, o Itamarati, a que se forneceram minuciosos elementos para diligências junto às autoridades francesas. A resposta, solícita e gentil, foi, no entanto, desalentadora: o Consulado Geral do Brasil no Havre, apesar de sua boa vontade, nada logrou de satisfatório, pois que a Prefeitura de Ruão informara haver mandado proceder as buscas nos registros do Estado Civil, <>.
Foi preciso que um rio-grandense do Norte, do Ceará-Mirim, se trasladasse até lá, em 20 de abril de 1950, sessenta e cinco anos após a morte de Nisia, disposto a reencontrar o túmulo esquecido. Em circunstanciada carta que me dirigiu, da qual, em seguida, transcrevo em longo trecho, teve a gentileza de comunicar o feliz êxito de seus beneméritos esforços a este seu coestaduano e velho amigo, autor de uma biografia de Nisia Floresta.

"Regressei ontem de EU, depois da visita que fiz a Rouen, ao Havre e a Dieppe. Cheguei a Rouen a 20 de e me hospedei no “Hotel de La Poste”. Logo depois, rumei ao cemitério. Tomei o bonde nr. 19, para apreciar melhor o panorama da cidade. Lá do alto, onde fica Bonsecours, pude ver, em conjunto, quase toda Rouen. Ao chegar ao portão do cemitério, dirigi-me a uma senhora velha, que ali vende postais e todas essas pequenas coisas que agradam aos turistas. Disse-lhe que ia visitar o túmulo de Nisia Floresta Brasileira Augusta, ao que ela me declarou que não havia ali esse túmulo. Estranhei a segurança com que dava sua informação, ao que explicou: - Moro aqui há 40 anos, conheço todo o cemitério e nunca vi essa sepultura”. Como eu insistisse, mandou a velha que uma rapariga que a ajudava, me acompanhasse à casa do sr. Menard, que tinha, ao que disse, todos os assentamentos relativos ao cemitério, pelos quais iria verificar que ela estava certa. O velho Menard, muito atencioso, procurou, eu a seu lado, os apontamentos, notas, e registros que possuía. Não encontrou o nome de Nisia Floresta. Falou, a seguir, da Mairie de Bonsecours, para a qual, depois das 14 horas, poderia eu apelar. Advertiu-me, entretanto, que os seus apontamentos eram sempre mais completos que os da Mairie.

Ma Mère
Nisia Floresta Brasileira
Augusta
Née le 12 octobre 1810
Décédée
Le 24 Avril 1885
--
Livia Augusta

Gade
Le 26 Avril 1912
À l’âge de 82 Ans.
CONCESSION PERPETUALLE
           
O túmulo, embora nunca visitado por ninguém, está em ordem e relativamente limpo. Dei à velha e à menina 400 francos e fiz as minhas recomendações a elas e ao secretário. Enviei, nestes poucos dias, cópias das fotografias tiradas. Como disse, em cartão-postal enviado de Rouen, deixei, à beira da sepultura de Nisia, duas lagrimas, uma sua e outra minha, ambas, sem dúvida, por nós e por todos os nossos conterrâneos. Madame Gade, depois Veuve Gade, née De Faria, morou em Rouen, na Route Paris, 121.
 

            Do Gesto de Orlando Ribeiro Dantas resultou sabermos agora:
a)    que Nisia Floresta está realmente sepultada em Ruão;
b)    que sua tumba não está abandonada;
c)    que a inhumaram cristãmente. Nisia sucumbiu a uma pneumonia aos 24 de abril de 1885, recebeu o conforto da Religião Católica. (V. minha História de Nisia Floresta, Rio 1941, Pongetti Edits, 211 pgs.
d)    Que ela nasceu a 12 de outubro de 1810, e não em 1809, conforme supunham quase todos os que estudaram a sua vida. Devo dizer que, naquele citado livro, aceitei a versão generalizada, por falta de documentos em contrário, mas sempre fiz minhas ressalvas, sempre manifestei minhas desconfianças, conforme se encontra em uma conferência que fiz em março de 1938, no Rio, e publicada no 2º Vol. De Conferências da Federação das Academias. Disse eu, então (pg. 105 – “Vários autores se equivocaram quanto à data do falecimento, dando-o como tendo ocorrido a 20 de Maio de 1885 (Vieira Fazenda, Blake, etc). Lendo-se O PAIZ, de 27  de Maio e o convite para missa feito por José da Silva Arouca, dissipar-se-ão todas as dúvidas. A controvérsia pode girar em torno do ano exato em que nasceu, que há motivos para afirmar ter sido em 1810.
A lápide funerária, cuja inscrição conhecemos, graças a Orlando Ribeiro Dantas, é uma fonte de história. A filha devotíssima é que ditou os dados referentes a Nísia, gravados no granito, e certamente ninguém saberia melhor, naquela época, o genetlíaco da excelsa potiguar.
Daqui se conclui que as comemorações de 1909, no Rio Grande do Norte, promovidas pelo Congresso Literário, foram antecipadas de um ano... mas por culpa da mesma filha, que, aos 79 anos, com a memória enfraquecida, prestou “esclarecimentos” à comissão do centenário de Nísia.
Na laje foi insólitamente estampada a idade de Lívia, 82 anos, ao falecer em Cannes, aos 26 de abril de 1912. Ela nasceu em Recife, em 12 de Janeiro de 1830, pelas nove e meia da noite, a mesma hora em que Nísia nasceu, conforme se lê nos Conselhos à Minha Filha (Rio, 1842). Aproveito a oportunidade para retificar um lapso tipográfico constante de minha História de Nísia Floresta, pelo qual a data natalícia de Nísia teria sido 12/1/1832. Aliás, Augusto Comte, a quem Nísia há de ter transmitido a indicação, a deu como nascida em 1835 (o pai se finara em Porto Alegre, em 1833...), pois que lhe atribuiu a idade de 22 anos, em 1857, como se lê na carta de 29 de março de do mesmo ano a G. Audiffrent.
Orlando Ribeiro Dantas prestou mais um meritório serviço aos que investigam sobre a grande vida da maior mulher de letras do Brasil, de quem o Rio Grande do Norte se orgulha de ter sido o berço.
Êle é talvez o primeiro norte-riograndense que foi homenagear sua memória, nas terras da França, - representante legítimo dos sentimentos de seus comprovincianos, - depois de uma paciente peregrinação pelas repartições públicas de Ruão e pelas avenidas silenciosas do Campo Santo de Bonsecours.

Rio de Janeiro, 31 de Maio de 1950.

Adauto Miranda Raposo da Câmara

Colégio Metropolitano – R. Dias da Cruz, 241. Meyer.

P.S. Remeto cópia das fotografias com que Orlando Ribeiro Dantas me obsequiou. Mandei fazer ampliação da que representa a laje sepulcral. Com o auxílio de uma lente, a inscrição poderá ser claramente lida".
                                    Adauto da Câmara


RELATÓRIO DO PRESIDENTE DA ACADEMIA NORTE-RIOGRANDENSE DE LETRAS SOBRE A CONSTRUÇÃO DO MAUSOLÉU DE NÍSIA FLORESTA.

           
“Não havia transcorrido dois meses da nossa posse quando surge na imprensa desta capital uma campanha contra as autoridades do município de Nísia Floresta, com tentativa de envolver, mais tarde, a Academia de Letras, pelo fato daquelas autoridades não terem providenciado a construção do mausoléu da escritora Nísia Floresta Brasileira Augusta, cujos despojos há quase dois meses haviam sido depositados na igreja daquela cidade, onde permaneciam, ainda, insepultos, por falta de uma providência naquele sentido.
            Em face da campanha da imprensa e da impassibilidade da Prefeitura Municipal de Nísia Floresta, resolveu a Academia, por unanimidade dos seus membros, assumir a responsabilidade da construção do Mausoléu, promovendo os meios de torna-lo realidade. Tomada essa deliberação seguimos na mesma semana para aquela cidade onde, em companhia do contador Jovino dos Anjos, do professor Gonzaga Galvão, do construtor Alvaro José de Melo e do pedreiro José Cirino dos Santos, entramos em contato com o Prefeito local, Sr. José Ramires, e o Presidente da Câmara Municipal, Coronel João Marinho de Carvalho pondo-os ao corrente da situação e comunicando-lhes a resolução da Academia. Aquelas autoridades se solidarizaram de pronto com a iniciativa, e, embora não fizessem de prático para remover a situação criada, em parte por elas, não se opuseram, porém, à ação da nossa entidade. Nada mais exigia também a Academia para Nísia Floresta, senão que lhe dessem liberdade de ação e meios para realizar aquele objetivo. E foi o bastante. Voltamos no mesmo dia a Natal e no dia seguinte publicamos a primeira notícia no Diário de Natal, anunciando o começo do trabalho. Desta data em diante nunca mais deixamos de trabalhar pelo Mausoléu da escritora. Havia ali no sítio onde nasceu a escritora um monumento construído em cimento armado e alvenaria, cercado por um muro em péssimas condições. O Monumento era baixo, medindo, se muito, dois metros e meio de altura. Demos ordem para o construtor para elevar o monumento à altura compatível com a sua estética, revestindo-o ainda de marmorito harmonizando-o com a vestimenta do Mausoléu que é idêntica à do monumento. O muro velho foi igualmente derrubado, construindo-se um outro mais amplo e espaçoso, de acordo com as necessidades do conjunto. A natureza do trabalho, em grande parte do marmorito, exigia operários especializados, contratados em Natal, encarecendo, portanto, a mão de obra. Ao lado dessa circunstância devemos lembrar a inconveniência de um serviço feito na ausência do seu principal responsável. Além da falta de transporte, lutávamos ainda com a exiguidade de verbas para esse fim, só podendo visitar o serviço de oito em oito dias, ora em automóvel de aluguel, ora em carros de amigos particulares. Logo após os primeiros preparativos para a construção do Mausoléu, verificamos a necessidade de mandar confeccionar uma planta, tendo o construtor Alvaro José de Mélo, autorizado por nós, convidado o engenheiro Sousa Lelis para apresentar o projeto, sendo esse feito pelo referido profissional, nada custando à Academia. O mesmo, diga-se de passagem, aconteceu com o construtor Alvaro José de Mélo que, tomando a direção técnica do serviço a nosso pedido nada exigiu da nossa entidade prestando-lhe os mais relevantes serviços durante a construção do Mausoléu e a reforma do Monumento. Conforme prometemos, pessoalmente, e em notícias veiculadas em jornais da cidade, aqui deixamos a demonstração dos auxílios recebidos para a construção do Mausoléu e a sua respectiva aplicação, firmadas nos documentos da despesa. Os auxílios recebidos durante toda a campanha foram os seguintes: 

Governo do estado...................................................5.000,00
Prefeitura de Natal...................................................1.000,00
Luís Velga................................................................1.000,00
Dr. Aldo Fernandes..................................................1.000,00
Aguinaldo Vasconcelos............................................1.000,00
Santos & Cia Ltda............................................1.000,00
Imp. Severino Alves Bila S/A....................................1.000,00
Imp. Dinarte Mariz S/A.............................................1.000,00
Miguel Carrilho........................................................1.000,00
Dr. Roberto Bezerra Freire.......................................1.000,00
Luís de Barros.........................................................1.000,00
Sebastião Correia de Melo..........................................500,00
Pedro Augusto Silva...................................................500,00
Wandick Lopes...........................................................300,00
Sebastião Ferreira de Lima.........................................300,00
Oton Osório de Barros................................................200,00
Walter Pereira.............................................................200,00
Araújo Freire & Cia. ............................................200,00
Cunha &Maia......................................................200,00
Álvaro d’Araújo Lima...................................................100,00
Enico Monteiro............................................................100,00
Gurgel Amaral & Cia. .........................................100,00
Henrique Santana.......................................................100,00
João Rod....................................................................100,00
Sergio Severo.............................................................100,00
Euclides Vidal de Lira... .............................................100,00
Severino Souza Ribeiro.................................................50,00
Bruno Batista................................................................50,00
Lindolfo Gomes Vidal....................................................50,00
TOTAL:..............................................................C$18.250,00

      Esses auxílios foram angariados por uma comissão composta do Presidente da Academia, do Acadêmico Hélio Galvão, do industrial Luis Veiga e do contador Jovino dos Anjos: o terceiro, amigo devotado das letras, cujo interesse pelas coisas do espírito e da inteligência não será preciso ressaltar porque é de todos conhecido; o quarto, natural da cidade de Nísia Floresta, colocou desde os primeiros momentos a serviço da causa comum, cooperando por todos os meios para a sua realização.
        As despesas que se elevaram ao total de Cr26.710,00, conforme documentos arquivados, tiveram por objetivo os seguintes serviços: - destruição do muro velho e construção de um muro em alvenaria rebocado, caiado e pintado; elevação do antigo monumento, de dois metros e meio (2’2) para cinco (5) metros de altura todo revestido de marmorito; iluminação elétrica de todo o conjunto, com material novo e de primeira qualidade; construção do piso interno e da calçada ambos a mosaico.
           Confrontando-se a Despesa e a Receita do Mausoléu e do Monumento, ver-se-á que houve um déficit de Cr$8.460,00, coberto pelas rendas ordinárias da Academia.
            Os documentos assinados pelas casas fornecedoras do material e pelo mestre da obra, José Cirino dos Santos, dirão melhor, na mudez dos seus algarismos, do que a linguagem dos relatórios com todas as suas minúcias.
         Devemos lembrar que nessas despesas não foram incluídos os trabalhos técnicos e de administração do engenheiro Souza Lelis e do construtor Álvaro José de Melo, cujos serviços foram gratuitos e porisso mesmo merecedores da nossa gratidão e do nosso reconhecimento. Não foram igualmente computados aqui os tijolos e a areia fornecidos gratuitamente pelo Capitão João Marinho de Carvalho, Presidente da Câmara Municipal de Nísia Floresta.
            Não foram incluídos mais os seguintes materiais e obséquios, doados e prestados por várias pessoas, cuja menção manda a justiça que se faça: -
1.Pedro Paulino de Carvalho, terreno para ampliação da área do muro;
2.Carlos Gondim, um portão e uma grade de ferro;
3.João Suassuna, seis alqueires de cal;
4.Galvão Mesquita, Ferragens S/A, quarenta quilos de ferro e dois quilos de arame fino;
5.Casa Lux Ltda. Quatro tubos de ferro de ¾ para eletricidade, fora o que foi comprado posteriormente; 
6.Antonio Justino & Cia. Dezessete latas de mármore, fora o que foi comprado posteriormente.
7.José Silva, dois sacos de cimento “Zebú”, fora o que foi comprado posteriormente;
8.José Martins, seis alqueires de cal para traço e uma lata da cal virgem;
9.Um anônimo, viagem de carro para Nísia Floresta;
10.Wandick Lopes, viagem de Jeep a Nísia Floresta;
11.Um anônimo, viagem de Jeep a Nísia Floresta;
12.Dr. Raimundo França, viagem de Jeep a Nísia Floresta;
13.Prefeitura de Natal, viagem de um caminhão a Nísia Floresta;
14.Carlos Gondim, trouxe e levou várias vezes, material de construção para o Mausoléu de Nísia Floresta;
15.Base Aérea de Natal, viatura posta à disposição da Academia para condução dos convidados no dia da inauguração do Mausoléu e do Monumento;
16.Pedro Augusto Silva, Carlos Gondim e Tenente Barros e Senhora, lanche preparado e servido em Nísia Floresta no dia da inauguração do Monumento;
17.Osório Dantas, viagem de Jeep a Nísia Floresta, com a colaboração do jovem estudante Walter Lopes que serviu de motorista;
18.Instalação da luz do Monumento e do Mausoléu, a cargo do eletricista Manuel Silva e do seu respectivo auxiliar;
19.Prefeitura Municipal de Nísia Floresta, placa em alto relevo, confeccionada por importante firma de Belo Horizonte, Minas Gerais, cuja doação muito recomenda o bom gosto e a compreensão do Prefeito José Ramires, e do Presidente da Câmara Municipal, Coronel João Marinho de Carvalho. É de justiça salientar o interesse do contador Otacílio Ximenes Jales, representante da referida firma, nesta capital, que tudo fez para que a confecção da placa de Nísia Floresta se realizasse na presente gestão da Academia de Letras.
Não foram incluídas, enfim, muitas despesas miúdas que pela sua natureza escapam ao registro de quem dirige. Concluído o trabalho do Mausoléu e do Monumento reuniu-se a Academia, marcando a sua inauguração para o dia 3 de abril de 1955. Efetivamente, naquela data, daqui partiu a Academia em viatura gentilmente cedida pelo Comando da Base Naval de Natal, ali chegando às 9 horas e fazendo logo depois o trasladamento dos restos mortais da escritora da Igreja local para o Mausoléu a ser inaugurado. O acontecimento está registrado no livro de Atas da Academia que por sua vez recolhe as assinaturas das pessoas presentes.”


PLACA DE NÍSIA FLORESTA

“Neste final de relatório cabe-nos uma referência especial à Prefeitura Municipal de Nísia Floresta que, por intermédio do seu prefeito, Sr. José Ramires, e do seu Sub-Prefeito, Capitão João Marinho de Carvalho, deu uma demonstração que poucas vezes se tem visto neste pedaço do território brasileiro que é o Rio Grande do Norte. Queremos nos referir ao gesto nobre e elegante que teve aquela edilidade fazendo doação à Academia Norte-Riograndense de Letras de uma belíssima placa em alto relevo para ser afixada no Mausoléu da insigne escritora e educadora e patrícia. A placa será colocada brevemente e não é sem emoção e sem um profundo reconhecimento de gratidão que agradecemos àquelas autoridades, em confiança e solidariedade que deram à nossa instituição, como que premiando-a pelos grandes esforços que dispendera na realização de tão árdua e difícil missão. Não deve ser esquecido aqui o nome do Sr. Otacílio Ximenes Jales, representante da firma de Belo Horizonte, que tanto se interessou pela confecção e pelo aprimoramento da placa em questão”.
 
Natal, 26 de janeiro de 1956




quarta-feira, 25 de maio de 2022



O BAOBÁ QUE PLANTAMOS EM 1996 JÁ ULTRAPASSA O DOBRO DO TAMANHO MOSTRADO NA PRIMEIRA FOTOGRAFIA - QUAL SERIA O SEGREDO?

Creio que os baobás têm algum fenômeno que ainda não entendemos. Em Papary há um baobá plantado no sítio Traque há mais de dez anos, e hoje está quase do mesmo tamanho. O baobá plantado pelo Sr. Kenedy, Juiz de Direito, avançou bem, mas nem tanto. O baobá de Morrinhos também prosperou, mas sem nada de extraordinário. Tudo isso se explica pelo que nos ensinam os cientistas que estudaram essa espécie, em especial Adanson. Para eles os baobás se desenvolvem muito lentamente, e para se chegar a determinado diâmetro, necessita-se muito anos, às vezes duas ou três centenas de anos para ter o diâmetro de uma roda de carro-de-boi. Mas esse baobá visto nas fotografias é um verdadeiro fenômeno. Cresce a olhos vistos. Surpreende. Suponho que, se continuar com esse desenvolvimento tão incomum, em 20 anos será um dos maiores do Rio Grande do Norte. Creio que algo explique isso, talvez a terra, a altura acima do nível do mar, algum acidente genético produzido pela própria cápsula... não sei. Só sei que esse que plantamos, foi plantado com tanto amor que engorda aos olhos do dono... Antigamente, contavam-se os baobás do Rio Grande do Norte. Hoje são inúmeros... Esse, tive o prazer de ajudar a plantar...
 
Maio de 2022

Maio de 2022

Folha nova do baobá, tem formato de dedos, por isso Adansonia Digitata S.

Fevereiro de 2014

Fevereiro de 2014

Fevereiro de 2014

Maio de 2022

Maio de 2022

Fevereiro de 2014

Maio de 2022

Maio de 2022

 

 

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Literatura - escrever no escuro


LITERATURA: ESCREVER E LER NO ESCURO

    O fenômeno das redes sociais tem despertado uma espécie de patologia em boa parte dos internautas/leitores. A síndrome prioriza textos rápidos e com escrita fácil. Como os textos na internet escorrem verticalmente, percebo que as pessoas não vão adiante quando passam de dez centímetros. As pessoas não querem ler muito, assim como não assistem a vídeos que passam de dez minutos. O encantamento de se ter o mundo à nossa frente desperta uma pressa injustificável. As pessoas querem ler/ver assistir o maior número de coisas e com rapidez. Esse fenômeno faz com que muitos não leiam/assistam produções/obras de qualidade, presos ao banal e fútil. Uma parte condiderável da juventude está propensa ao vazio na música, na literatura, na arte etc.


    Observo que o preocupante sintoma tem saltado da internet e caído no corpo da Literatura com força. Tenho a impressão de que escrever uma narrativa tradicional nos tempos atuais tem ficado cada vez mais difícil e por incrível que pareça, artificial, obrigando o escritor a ir além da superficialidade do discurso literário. É algo parecido com “se reinventar” para agradar um público/leitor em decadência, principalmente o público jovem. Aí reside o desafio/problema/perigo.


Na realidade, além do fator “leitor apressado”, há outros fatores, como o problema da comunicação entre a obra e o público. O desafio de quem escreve é o de comunicar a incapacidade de expressar-se nos seus textos, pois a estética pós-moderna não aceita mais um escritor que explica tudo. Muitos autores trocaram a escrita que deixa subentendido, que diz sem dizer, que sugere, que divaga, pela escrita do lugar-comum. Prenderam-se ao óbvio, entregando tudo mastigado ao leitor. A metáfora, a poesia, a descrição, a discrição e uma série de considerações que deveriam ser prioridade ao escritor foram abortadas para atender leitores apressados, contaminados pelas mídias. 


Outro imbróglio que trava até mesmo a capacidade criadora do autor - que se torna um impasse da narrativa contemporânea - é a dependência do escritor diante do mercado da editoração. A Editora Sextante, por exemplo, priorizava clássicos da literatura. Hoje só publica autoajuda. Há editores que não arriscam se o autor não estiver contaminado pelo fútil. Ele entende que o autor deve escrever algo que lembre/pareça com algo. “Escreva algo que lembre Harry Potter”, “Pegue um gancho em alguma coisa de Nárnia”. As próprias capas das obras não parecem com o Brasil.

Fazer algo que pareça ter vindo do way of life dos Estados Unidos parece sucesso garantido. Não importa o banal, o fútil. Ninguém diz "deixa eu ler a sua obra, poxa! ela faz a diferença”.


 Muitos editores pecam por escantear autores em que os alicerces se assentam no tradicional, não necessariamente reproduzindo a estrutura do cânone literário, mas se aproximando do imaginário dos clássicos europeus e latino americanos. Autores com substância, alicerçados numa vasta bagagem literária. Tenho observado muito isso e não acredito estar enganado. É uma prática cada vez mais comum, mas não é generalizada, diga-se de passagem.


Todo autor é feito de autores, de mundos, de planetas imaginários e reais. Creio que nos faltam - ou que seguem desconhecidos/desvalorizados - grandes autores em quase todos os estados do Brasil, e a culpa está nessas visões deturpadas, contaminadas pelo padrão mercadológico e industrial dos simulacros dos simulacros das cópias das cópias. E os autores regionais? Piorou! Ser regional não é defeito, é uma constante mediação entre o particular e o todo, pois no regionalismo está implícito questões universais, afinal o homem objeto de toda escrita. Não existe escrita sem homens. No regionalismo reside a Filosofia. No estado onde nasci, Mato Grosso do Sul, por exemplo, temos Hélio Serejo, um monstro literário digno de ser universal, mas desconhecido.


No Rio Grande do Norte, por exemplo, quando releio “Chão dos Simples”, extraordinária obra prima do Rio Grande do Norte, embora escrita há mais de meio século, mas publicada há 31 anos, encontro sertanejos simples, mas que não diferem de ninguém em qualquer parte do mundo, pois são universais. Para desvelar esse mundo extraordinário criado pelo autor Manoel Onofre Jr. é preciso adentrarmos o mistério cósmico ao qual ele se refere. Esse mistério nos cerca, e o sentimos, e Manoel Onofre traz à tona através da geografia do sertão e da alma tosca do sertanejo doutrora, tipos humanos que  despreocupados com o raciocínio lógico, são propensos a toda espécie de impulsos vagos,  premonições, crendices, hipocrisias religiosas, espertezas, caritós, alimárias, maldades, inocência, agruras da seca, cangaço, folclore, o mundo onírico… até mesmo o romanceiro ibérico ou uma versão sertaneja de Joãozinho e Maria passeiam na obra. É o sertanejo, habitante distante da nossa civilização urbana e niveladora. São homens e mulheres com o espírito aberto por vezes ao fantástico, ao extraordinário, ao milagre, e são elas que decifram o “Chão dos Simples”, obra que conduz o leitor ao lado misterioso da existência, revelando  que a natureza e a própria existência transmite inúmeros recados aos homens. Pressentimentos, revelações, sonhos, pesadelos, sinas, mensageiros que transmitem aquilo que precisamos ouvir, ou a resposta para coisas que pensamos não terem resposta, mensagens que, se ouvidas, podem mudar os destinos de cada um. Tristezas e situações hilárias pautam Chão dos simples. Como não dizer que isso não é literatura universal se trazem um gigantismo filosófico? O próprio e genial Guimarães Rosa escreveu que “o sertão é o mundo”. Pois bem, isso é um exemplo dentre tantos escritores potiguares excepcionais, como os atuais Pablo Capistrano, Nivaldete Ferreira, Ana Cláudia Trigueiro, enfim o Rio Grande do Norte tem referências literárias de qualidade em vários estilos.


Creio que escrever uma narrativa na atualidade, aproximando-se de noções canônicas, apesar de caminhar para o estilo não-cânone, na lógica de que toda criação é uma destruição, é trair a tendência do texto imediatista e comercial da pós-modernidade industrial em que o autor reproduz, quase como cópias, características de personagens, cenários, narrativas, tipos humanos com pouco ou nenhum desenvolvimento. 


Quantos filmes, livros, séries de livros, séries cinematográficas reproduzem o que Adorno chamou de “ausência do clássico”. Narrativas que seguem a mesma estrutura de um personagem principal que passa por uma tribulação e que segue toda a história dramática para superar o problema que o aflige, e o fim se dá basicamente na superação desse problema e na conquista da felicidade. O que significa isso senão a demonstração prática de uma subjetividade narcísica que destruiu toda a complexidade das tragédias?


 O escritor acredita - ou é induzido pelo meio digital ou pelo mercado editorial, a investir num aspecto “novo/diferente” de narrar, mas que não tem nada de novo. Como nasce o novo? Por escolher abdicar do estilo próprio da escrita para abraçar o suposto "novo'', muitos autores abandonam a própria originalidade para parecer palatável.


Alguns autores optam pelo caminho mais difícil, sem se importar em agradar o leitor com mamão com açúcar. São mais exigentes e sólidos. Não erguem castelos de areia que logo somem com o vento. Salvas as exceções, assistimos e consumimos com frequência a banalização da literatura e sua redução à mera mercadoria.


Atualmente as grandes livrarias estão abarrotadas de livros de autoajuda, relatos de viagem, biografias de homens ricos e socialites, alimentadas pela indústria do entretenimento. Os autores de obras literárias aparecem em segundo plano adiante, aceitos e contemplados apenas pelos críticos, por quem não deixou se enganar, e por uma elite intelectual que pouco se deixa levar pelas novidades da indústria cultural. No caudal disso tudo a literatura como arte tornou-se autônoma e aparentemente inacessível ao grande público. 


O assunto é complexo, principalmente na filosofia da estética, pois está a abranger política, educação, pedagogia e a cultura de um povo, propriamente. Parece até piegas a conhecida e inacessível frase “um país se faz com homens e livros”, e dependendo da qualidade do livro se explica a qualidade do homem. Uma geração que preteriu Paulo Freire em detrimento de ler as biografias de homens ricos de Wall Street não parece estar construindo um futuro interessante. 


Se o aprendizado em comunhão e a solidariedade são concebidas como perda de tempo, e o egoísmo patológico e a subjetividade humana domada pela lógica concorrencial são tidas como virtudes, o que nos reserva?  


Imagine esse público diante de Memória do Cárcere, de Graciliano Ramos, Os Sertões, de Euclides da Cunha, Grande Sertão Veredas, enfim as obras de José Lins do Rego, Gilberto Freyre, Clarice Lispector, Érico Veríssimo, Machado de Assis, padre Antonio Vieira, Lima Barreto e outros. Que susto tomariam diante de Os Miseráveis, Os Irmãos Karamazov, O Idiota, Madame Bovary, O conde de Monte Cristo e tantos outros. 


Somente um povo bem educado a partir dos anos iniciais com acesso à literatura de excelência, a museus, teatros, exposições de arte etc, frequentemente estimulada a desenvolver a criatividade, mudará essa realidade.

FATOS DA VIDA REAL - CRUCIFIXO DE REVÓLVER

FATOS DA VIDA REAL...

Hoje precisei ir ao Nordestão. Num dos corredores, vi, de longe, um senhor de uns cinquenta anos de idade, alto como um poste, e corpulento, mas nem foi isso que me chamou a atenção, foi a sua aura estranha. Senti algo fortemente negativo naquele desconhecido, mas... deixa para lá! Não sabia quem era aquela pessoa e nem pretendia saber. Até aí quase tudo normal, mas quando ele passou ao meu lado, percebi um cordão com um revólver em miniatura em seu pescoço. Pensei que fosse engano. Achei se tratar de um crucifixo estilizado. Quando eu estava na fila do caixa, o dito senhor se aproximou n'outra fila. Era exatamente um revólver niquelado em miniatura. Fiquei sem acreditar. Então entendi  porque senti aquela energia ruim. Logo em seguida ouvi uma discussão. Era o dito senhor, tratando uma mulher com hostilidade terrível, alegando que havia ido buscar um produto que esquecera, e ela passara na sua frente, furando fila. Com uma voz de alto falante, ele roubava a cena, ajudado por um inchaço de sapo cururu, arfando com os braços para intimidar quem estava ao lado e defendia a mulher. Era uma senhora aparentemente da idade dele. O bravão falava em tom ameaçador, abrindo os braços como um galo de briga. Nunca vi algo tão desnecessário. Quando adolescente, li em algum lugar uma frase muito realista sobre pessoas que andam com crucifixos no pescoço. Há exceções, obviamente, mas assim dizia: "É muito fácil andar com Jesus no peito, difícil é ter peito para andar com Jesus". Então, nesses pensares instantâneos e inexplicados, veio a frase da minha adolescência. Mas por que será? Eu não poderia parodiar a frase, trocando Jesus por arma: "É muito fácil andar com arma no peito, difícil é ter peito para andar com arma" Impensável. Mas o meu pensamento desaguava numa profusão incontrolável... então reconheci que, de fato é fácil andar com arma no peito. Elas simbolizam tudo o que não é bom. Muitas pessoas andam armadas com sete pedras nas mãos, prontas para agredir alguém sem necessidade alguma. Ultimamente isso está em alta. E aquela arma no pescoço, por si era uma agressão, ao estilo de aviso. Como uma luz de alerta, piscando, dizendo "cuidado comigo". Como se quem a usasse, quisesse que os outros tivessem medo, associando aquela arma ao caráter da violência de quem a usava. E dito e feito! Mas o meu pensamento também deu conta de que aquele homem, armado com arma de miniatura, trazia um gigantismo que está na moda nos últimos tempos. As pessoas estão sendo hostis e até mesmo violentas umas com as outras por coisas banais. Uma opinião diferente pode gerar uma ofensa à moral de outrem gratuitamente, e imediata. É uma violência de ímpeto, em que palavrões e ataques ofensivos surgem por uma postagem na internet, uma pisada no pé no meio da multidão, uma encostada despercebida no retrovisor. Não há mais paciência, serenidade... De repente alguém pode até matar por uma ira súbita, por se sentir ultrajado, enganado, ridicularizado, desrespeitado... é terrível tudo isso. A internet também está cheia de gente armada. E o mais triste é que os donos e donas dessas iras gratuitas são pessoas que se proclamam cristãs, educadoras, formadoras de opinião etc. Há muito deboche, muito sarcasmo, muita indireta, enfim coisas contrárias aos ensinamentos de Jesus. Quase ninguém ignora ofensas, quase ninguém finge que não viu, quase ninguém dá o outro lado da face. Prefere a Lei de Talião do que  Lei de Jesus.  E aqui vem a calhar a falta de peito para andar com Jesus. Deixe a Bíblia de lado. Pelo menos fica mais verdadeiro. Que adianta Crucifixo no peito e Bíblia no sovaco? Carregue uma arma, pelo menos sinaliza para os outros. Esse senhor, por exemplo, ele é o que estava avisado em seu pescoço. Se a mulher errou ou não, não precisava de tanta violência. Mas se aquilo fosse com outro homem, poderia ter havido uma desgraça ali. Só sei que saí dali e não vi o final da história... vi apenas os funcionários do supermercado se aproximando e tentando acalmá-lo...