FATOS DA VIDA REAL...
Hoje precisei ir ao Nordestão. Num dos corredores, vi, de longe, um senhor de uns cinquenta anos de idade, alto como um poste, e corpulento, mas nem foi isso que me chamou a atenção, foi a sua aura estranha. Senti algo fortemente negativo naquele desconhecido, mas... deixa para lá! Não sabia quem era aquela pessoa e nem pretendia saber. Até aí quase tudo normal, mas quando ele passou ao meu lado, percebi um cordão com um revólver em miniatura em seu pescoço. Pensei que fosse engano. Achei se tratar de um crucifixo estilizado. Quando eu estava na fila do caixa, o dito senhor se aproximou n'outra fila. Era exatamente um revólver niquelado em miniatura. Fiquei sem acreditar. Então entendi porque senti aquela energia ruim. Logo em seguida ouvi uma discussão. Era o dito senhor, tratando uma mulher com hostilidade terrível, alegando que havia ido buscar um produto que esquecera, e ela passara na sua frente, furando fila. Com uma voz de alto falante, ele roubava a cena, ajudado por um inchaço de sapo cururu, arfando com os braços para intimidar quem estava ao lado e defendia a mulher. Era uma senhora aparentemente da idade dele. O bravão falava em tom ameaçador, abrindo os braços como um galo de briga. Nunca vi algo tão desnecessário. Quando adolescente, li em algum lugar uma frase muito realista sobre pessoas que andam com crucifixos no pescoço. Há exceções, obviamente, mas assim dizia: "É muito fácil andar com Jesus no peito, difícil é ter peito para andar com Jesus". Então, nesses pensares instantâneos e inexplicados, veio a frase da minha adolescência. Mas por que será? Eu não poderia parodiar a frase, trocando Jesus por arma: "É muito fácil andar com arma no peito, difícil é ter peito para andar com arma" Impensável. Mas o meu pensamento desaguava numa profusão incontrolável... então reconheci que, de fato é fácil andar com arma no peito. Elas simbolizam tudo o que não é bom. Muitas pessoas andam armadas com sete pedras nas mãos, prontas para agredir alguém sem necessidade alguma. Ultimamente isso está em alta. E aquela arma no pescoço, por si era uma agressão, ao estilo de aviso. Como uma luz de alerta, piscando, dizendo "cuidado comigo". Como se quem a usasse, quisesse que os outros tivessem medo, associando aquela arma ao caráter da violência de quem a usava. E dito e feito! Mas o meu pensamento também deu conta de que aquele homem, armado com arma de miniatura, trazia um gigantismo que está na moda nos últimos tempos. As pessoas estão sendo hostis e até mesmo violentas umas com as outras por coisas banais. Uma opinião diferente pode gerar uma ofensa à moral de outrem gratuitamente, e imediata. É uma violência de ímpeto, em que palavrões e ataques ofensivos surgem por uma postagem na internet, uma pisada no pé no meio da multidão, uma encostada despercebida no retrovisor. Não há mais paciência, serenidade... De repente alguém pode até matar por uma ira súbita, por se sentir ultrajado, enganado, ridicularizado, desrespeitado... é terrível tudo isso. A internet também está cheia de gente armada. E o mais triste é que os donos e donas dessas iras gratuitas são pessoas que se proclamam cristãs, educadoras, formadoras de opinião etc. Há muito deboche, muito sarcasmo, muita indireta, enfim coisas contrárias aos ensinamentos de Jesus. Quase ninguém ignora ofensas, quase ninguém finge que não viu, quase ninguém dá o outro lado da face. Prefere a Lei de Talião do que Lei de Jesus. E aqui vem a calhar a falta de peito para andar com Jesus. Deixe a Bíblia de lado. Pelo menos fica mais verdadeiro. Que adianta Crucifixo no peito e Bíblia no sovaco? Carregue uma arma, pelo menos sinaliza para os outros. Esse senhor, por exemplo, ele é o que estava avisado em seu pescoço. Se a mulher errou ou não, não precisava de tanta violência. Mas se aquilo fosse com outro homem, poderia ter havido uma desgraça ali. Só sei que saí dali e não vi o final da história... vi apenas os funcionários do supermercado se aproximando e tentando acalmá-lo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário