Hoje surpreendi-me quando vi
essa fotografia (à esquerda) no grupo “Natal não há tal”, de João Gothardo Emerenciano. É o
prédio da Fundação José Augusto, na sua versão original, quando funcionou ali o
Grupo Escolar Antonio de Souza, na década de 60, na rua Jundiaí. Eu conhecia
essa versão original do prédio em outras imagens antigas, mas essa fotografia
colorizada saltou a beleza arquitetônica desse prédio de maneira muito especial,
por sinal, belíssimo.
Chamo a atenção sobre o que se tornou esse prédio, a
começar pelo atual frontão horroroso e de extremo mau gosto. Sobre sua
arquitetura atual, poderíamos dizer assim “Por fora, bela viola, por dentro,
pão bolorento”, mas não cabe aqui. Como palestrava a minha mãe, “O pão
bolorento é por fora e por dentro”. O aspecto interno da Fundação José Augusto
desde sempre é excelente para ambientar um filme de terror de Stephen King.
Pense num prédio que deprime e entristece quem ali entra.
Confesso que quando
vou ali sinto uma coisa estranha. O que surpreende é que entra e sai
governadores e ninguém arranca a morbidez de sua arquitetura interna. NÃO DIRIA
DESCARACTERIZAR AINDA MAIS, MAS DAR A APARÊNCIA MERECIDA E PERTINENTE A UM
PRÉDIO QUE É O PILAR DA CULTURA DO RIO GRANDE DO NORTE. Imagine se não fosse!
Há pessoas equivocadas que entendem que restaurar, preservar elementos arquitetônicos antigos é engessar/congelar o passado. Nada disso! É História. É Memória. É Cultura! E é possível tornar um prédio aparentemente aterrorizante num joia atual. É só querer!
Até
o presente, nunca entrou um governo que restaurasse esse prédio no aspecto de torná-lo
um ambiente agradável aos olhos e ao espírito. E olhe que se trata de uma
instituição em que 99 por cento de quem entra ali é artista ou mexe com cultura,
uma classe que nos liga à alegria, cores, dança, luzes, reflexos, festa,
alvura... Mas não! É um lugar que, pelo menos a mim, parece carregado. Parece
aquele conto de Poe. Como se evolasse miasmas de suas paredes, como fosse
ruir...
Se eu fosse governador do Rio Grande do Norte devolveria as
características arquitetônicas originais de todo o prédio, até porque é uma
poesia da construção. Ou melhor, devolveria as características originais dos
mais significativos prédios da Natal do século XIX e XX que sobraram espalhados
pela Ribeira e Cidade Alta. Quando não fosse possível a alguns, devolveria as fachadas
originais, tal qual foi no passado. Seria prioridade. Devolveria todos os
coretos originais das praças. Devolveria as características originais do Atheneu,
dos célebres cinemas do centro e de tantos poemas arquitetônicos que ainda
resistem na Ribeira e na Cidade Alta, deteriorados, descaracterizados, mexidos
por gente sem noção. É tão fácil. É só querer.
Esses prédios precisam ser
ocupados por pequenas secretarias. Basta de alugar prédios de pessoas
particulares. Logicamente que não há como restaurar sem inserir alguns
elementos modernos como sistema de ar-condicionado, iluminação de led etc, mas há
como fazer algo belo e moderno dentro do antigo. Um engenheiro e um arquiteto
sério faria isso como quem compra goma em feira. E trago esse mesmo raciocínio no que se
refere ao centro da Cidade Alta (outro filme de terror).
Quem tem coragem de
andar neste exato momento (20h06) na Praça João Maria? E na Ribeira? Tem que
ser feito algo nesse aspecto. Nem que, de início, perfilassem centenas de
postes altíssimos de luz de led nessas áreas, tornando tudo um dia, como se o
sol fosse. Luz, depois da educação, é o melhor remédio contra bandidagem,
portanto trago essa luz, a qual gostaria que jorrasse onde os miasmas
existem...
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