A festividade, batizada como ”Zila Mamed, entre terra e mar oceano”, e que posso anunciá-la como um sarau, foi aberta pela educadora Angélica Vitalino. Ela agradeceu aos professores, escritores, intelectuais e autoridades presentes, passando a palavra para Delmira Santiago, secretária adjunta de educação, e em seguida para Ana Catarina, que declamou lindamente um poema da nossa Zila.O evento foi um prêmio. Ali estavam várias pessoas que tenho profundo respeito e admiração, motivos que me conduziram até ali.
Ana Catarina é uma metamorfose. Conheço-a há um bom tempo como educadora, depois descobri nela a escritora e, agora, a artista plástica. Em junho estive num sarau belamente organizado por ela e fui um dos que se encantou com a maestria como ela conduziu - performaticamente - o agradável encontro de amigos. Ela discorreu sobre três escritores com uma elegância e delicadeza incomuns, e nesse conjunto de habilidades fez o tempo voar.
Pareceu-me que Ana Catarina pretendeu traduzir as obras de Zila em imagens. Zila, que, talvez, em outra vida, foi sereia, ou que se imaginava sereia em vida, privilegiou o mar em muitos de seus poemas. Amou tanto o mar que o mar a amou derradeiramente. O painel maior - não sei se tinha título - não perguntei - comportou-se como o arado de Zila, que arou a sua narrativa poética com muitas memórias… e Ana Catarina - no painel maior - arou o mar, pincelando-o de peixes que só ela soube fazer, pois brotou de sua imaginação, fluída do sal do mar.
Ana Catarina explicou que não gosta da expressão “eu fiz”, “fui eu”... e isso se dá porque todos os que produzem algo, bebem nas mais diversas fontes e, ao criar, não há como não trazer um pouco do “nós”. Pois bem, o “nós” de Ana Catarina vem carregado de ineditismo. Por mais que ela esteja em sua fase inicial, há uma grande revelação em sua obra. Os elementos mais simples, como papel cartão, transformados em algas, se imiscuem no conjunto da obra, onde também passeiam linha de costura, crochet, giz de cera, colagens, moldes vazados, palavras bordadas com linhas e colagens, arando um cenário que enche os olhos de poesia.
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