Quem desce a avenida Câmara Cascudo (antiga Junqueira Ayres), na Cidade Alta, dá na avenida Duque de Caxias (antiga Avenida Nísia Floresta), após o Teatro Alberto Maranhão (antigo Teatro Carlos Gomes). Nem todos sabem que a avenida Duque de Caxias se chamava Avenida Nísia Floresta. A poucas décadas expurgaram dessa avenida o nome da filha mais ilustre do Rio Grande do Norte e a rebatizaram com o nome do patrono do exército. E para não dizer que renegaram o nome da insigne intelectual de Papary, resumiram-na a um beco que desconheço o seu topônimo original. Oficialmente chama de "Rua Nísia Floresta", mas é uma travessa (nem nisso prestaram atenção).
Foi inaugurado em 1911 e durou menos de 20 anos. Puseram abaixo o monumento e esconderam a peça que findou levada para um ferro velho (muito tempo depois foi encontrada e levada para o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte - IHGRN), onde se encontra exposta.
Particularmente entendo que a depredação feita ao monumento foi encomendada por alguém. Já escrevi sobre isso no meu blogue e não vou entrar em detalhes por aqui. Lá no município de Nísia Floresta, seu túmulo está abandonado e sufocado por prédios. É muito visível a naturalidade como o Rio Grande do Norte despreza os seus monumentos históricos, sua arquitetura histórica e seus vultos históricos, com raras exceções obviamente. E, dentre as vítimas, Nísia Floresta coleciona vários episódios. Esse, da "Rua Nísia Floresta" é um exemplo.
Impressiona-me o quanto sufocam Nísia Floresta com dejetos. Nessa rua ela está sufocada por dejetos humanos. Em Nísia Floresta (município), ela está sufocada por uma conterrânea que durante toda a vida a denegriu com as mais baixas e chulas acusações, mas acharam de juntá-las para 'desomenageá-la'.
Dia desses, conversando com uma intelectual paulista, expus isso e ela concordou. Imagine que, depois de morto, apareça uma pessoa que nasceu 29 anos após a sua morte, que nunca te conheceu e passe toda a vida dela te denegrindo com as mais levianas acusações. Você desejaria estar lado a lado com esse ser maléfico? E, pasmem, numa casa que pertenceu a esse ser maléfico? Lógico que não Ela concordou plenamente e fez várias observações sobre tal barbaridade.
Pois bem, embora não sou nada espiritual, percebo Nísia sufocada até hoje, como se nunca tivesse descansado em paz. Sufocada por pessoas sem cultura e sem educação, sufocada por políticos que não têm respeito pela história e pela memória de nada, seja em Natal e em Nísia Floresta. Sufocada por xixi e coco. Sufocada por projetos malucos, saídos de cérebros de analfabetos funcionais, enfim, homenagear Duque de Caxias não é desonra. Desonra é 'desomenagear' Nísia Floresta. Deixasse outra avenida ou rua para batizá-la com o nome do heroi da Guerra do Paraguai. Os personagens mudam, mas a novela segue igual. Trocaram os livros e a sabedoria por armas. O que isso lembra?
Nenhum comentário:
Postar um comentário