A graça da linguagem está em permitir a interpretação. Já disseram lá atrás que “palavras tem que dizer”... É exatamente dizendo que a palavra rola, se desgasta e se transforma. Acontece assim com dizeres antigos, por exemplo, ao falar “Fulano é o pai cagado e cuspido” se deveria dizer “Fulano é o pai escarrado e esculpido”, ou “Quem tem boca vaia Roma” que virou “Quem tem boca vai a Roma”... e milhares de outros ditos, frases célebres, palavras etc.
É com esse raciocínio que trago o drama Parãpãpã, interpretado pela dupla Raimunda e Salete, de Nísia Floresta, município da região metropolitana de Natal. Infelizmente d. Raimunda se encantou há alguns anos, Salete se aquietou e as famílias não quiseram dar continuidade por questões de religião.
Pois bem, explicar o Parãpãpã da dupla nisiaflorestense Raimunda e Salete é dispensável. Já escrevi muito sobre essas duas adoráveis senhoras, que animaram Nísia Floresta por vários anos, interpretando belos dramas. O assunto, hoje, é sobre os bastidores do Parãpãpã, e justamente aconteceu com esse drama o que aconteceu com os ditos populares. Rolaram tanto no boca-a-boca do tempo que se transformaram... se lapidaram... chegaram a Nísia Floresta.
Antes de tudo, vamos visitar esse vídeo muito divertido do ”Pãrãpãpã”, interpretado por Didi, dos Trapalhões:
Quer entender o imbróglio? Então comecemos do começo. Primeiramente, vamos ler a versão interpretada por Raimunda e Salete, depois assistir aos vídeos abaixo, que nos levam a raiz da história, permitindo saber qual a relação do pãrãpãpã da dupla Raimunda e Salete com o Pan ran pan pan que veio de Cuba:
PÃ, RÃ, PÃ, PÃ, PÃ, PÃ...
As moças que vêm de Cuba
Que vão prá praia prá namorar
Sou eu alma resguardada
Tenho vergonha de me mostrar
As moças que vêm de Cuba
Que vão prá praia toda manhã
No fim de tudo elas querem
É pã, rã, pã, pã, pã, pã... (bis)
Um dia um moço bonito
Estava querendo me namorar
E falou no meu ouvido
Segredos que eu não vou revelar
Eu não vou prás conversas
Daqueles falsos galãos (galãs)
No fim de tudo eles querem
É pã, rã, pã, pã, ninguém é besta não. (bis)
Agora, vamos apreciar a versão original, de autoria do artista cubano Sergio Karlo. Na realidade, o nome dessa música é "NEGRO DE HAVANA", mas, precisamos abrir uma exceção para Nísia Floresta, onde ela assumiu o apelido de "Pãrãpãpã". Se bem que há um vídeo com Ney Matogrosso com o título Pan ran pan pan. Se quiser acompanhar a letra, segue abaixo a original:
PAN RAN PAN PAN (Sergio de Karlo)
De todo negro de Havana
Yo soy el negro mas guapeto
Yo soy el mas cumbanchero
Que se pasea por malecon
Las negras se vuelvem locas
Por mi cintura montada en flan
Por que dicen que yo tengo
Paranpanpan
Negra mueve la cyntura
Negra echate pa ca
Dejame sentir my negrita santa
Toa tu sabrosura
Mira, que no puedo mas
Ayer una mulatica
Como queriendo me namorar
Me dijo negrito santo
Quiero que tu seas mi papá
Fuimos a su apartamiento,
Y como donde las toman, las dan
Ao verme solo con ella
Paranpanpan
Negra mueve la cyntura
De todo negro de Havana
Yo soy el unico que habla ingle
Yo se decir guachinanga
Y en un apuro contesto yes
Toda las americanas
Dicen que vievem a turistear
Pero vieven a l'Havana
Paranpanpan
Aprecie, agora, a bela interpretação de Ney Matogrosso para o “Pãrãpãpã”, sem a participação de Didi, dos Trapalhões:
Veja, agora, a letra de “Pãrãpãpã” em língua portuguesa. Observe que o enredo está anos-luz da interpretação da dupla Raimunda e Salete, embora há dois pontos de semelhança:
PÃ RÃ PÃ PÃ
De todos os negros de Havana
Eu sou o homem negro bonito
Eu sou o ma 'cubano
Que caminha ao longo do calçadão
Mulheres negras enlouquecem
Pela minha cintura montado em um flán
Por que eles dizem que eu tenho
Pa corria pão pão pão pão
Pa ran pan pan pan pan
Ai, Negra, mexa sua cintura
Ai, preto, deite-se
Deixe-me sentir, minha santa ousada
Todo o seu sabor
Sim, olha que eu não posso mais
Ontem uma mulata gostava de querer que eu me apaixonasse
Ele me disse: "Caramba, menino negro, quero que você seja meu papai"
Fomos ao apartamento dele e para onde os levam?
Me vendo sozinho com ela
Pa ran pan pan pan pan
Ai, Negra, mexa sua cintura
Sim, preto, deita-te
Deixe-me sentir, minha santa ousada
Todo o seu sabor
Sim, olha que eu não posso ma '
De todos os negros de Havana
Eu sou o unico que fala ingles
Eu sei dizer "guasimara" e com pressa respondo "sim"
Todos os americanos dizem que vêm em turnê
Mas eles vêm para Havana
Pa corria pão pão pão pão
Ai, Negra, mexa sua cintura
Sim, preto, deita-te
Deixe-me sentir, minha santa ousada
Todo o seu sabor
Sim, olha que eu não posso mais
Ontem uma mulata gostava de querer que eu me apaixonasse
Ele me disse: "Caramba, menino negro, quero que você seja meu papai"
Fomos ao apartamento dele e para onde os levam?
Me vendo sozinho com ela
Pa corria pão pão pão pão
Pa ran pan pan pan pan
Sim, preto, deita-te
Deixe-me sentir, minha santa ousada
Todo o seu sabor
Sim, olha que eu não posso ma '
De todos os negros de Havana
Eu sou o unico que fala ingles
Eu sei dizer "guasimara" e com pressa respondo "sim"
Todos os americanos dizem que vêm visitar
Mas eles vêm para Havana
Pa corria pão pão pão pão
Pa ran pan pan pan pan
Sim, Negra, mova o cinto
Sim, preto, deita-te
Deixe-me sentir, minha santa ousada
Todo o seu sabor
Sim, olha que eu não posso mais.
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Como disse lá em cima, a beleza da linguagem está em permitir a interpretação, embora, nesse caso, a beleza do “Pãrãpãpã”, da dupla Raimunda e Salete, está na graciosidade e na reinvenção, ou releitura. Confesso que não sei como ocorreu essa lapidação, mas, para mim é fantástica. Quando elas cantavam, o povo ia ao delírio... olha aí como a palavra, de fato, tem que dizer!
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