O engenho São Roque pertenceu a Roque Maranhão (in memorian), que foi intendente em Papary (Nísia Floresta). Fica às margens da estrada que liga NísiaFlorestaa São José do Mipibu. Roque era casado com Luzia Peixoto ("Lula Maranhão", depois do casamento, falecida aos 103 anos de idade e sepultada no cemitério de Papary). Ela nasceu no Engenho Morgado, a dois km dali, sentido São José de Mipibu. Era tia de Tamires Peixoto, ambos primos da minha mãe.
Tamires Ítalo Trigueiro Peixoto e Renato Peixoto, meus primos, contaram-me que Luzia e Roque Maranhão se conheceram quando ele, um belo rapaz, montado em cavalo, passava frequentemente na estrada que liga Mipibu à Nísia e observava a pré-adolescente Luzia na janela do casarão do Engenho Morgado. Ela era muito bonita, não tinha idade para casamento, mas ele dizia para todos “eu vou me casar com aquela menina”. E com essa cisma, inventava negócios com o pai dela, Ezequiel Peixoto, só para ir ao engenho. O tempo passou, ela se tornou moça e as coisas foram se caminhando até chegar em casamento. Eles foram morar no Engenho São Roque, depois compraram uma casa na avenida Deodoro, em Natal, cuja propriedade até hoje pertence à família. Além do meu primo Tamires Peixoto, essa mesma história me foi contada por Mirtes Peixoto, em 2004, numa das visitas que lhe fiz, quando ela a de Natal e ficava no Engenho São Roque.
Como era comum a todos os senhores de engenho e grandes "proprietários", como eram chamados, a família também tinha uma bela casa no centro de São José de Mipibu, defronte à praça Des. Celso Sales. A casa servia para passarem períodos em que o município realizava festas, dando suporte aos filhos que estudavam e situações afins. Mas a residência fixa era no engenho São Roque.
Roque e Luzia eram pais de Geraldo Maranhão, o último dos filhos a residir ali, falecido na década de 90. Geraldo era casado com Marlene Maranhão, hoje com quase 90 anos, pais de Cristina, Sergio e Roque. Com o engenho a fogo morto, eles investiram em restaurantes. Um funcionava nas proximidades do Ginásio Poliesportivo, outro em Camurupim, ambos em Nísia Floresta. Roque, neto, teve o seu último restaurante às margens da BR-101, em São José de Mipibu, fechando-o em virtude da ampliação da BR que comprometeu o acesso da freguesia. Sua mãe, Marlene, ainda seguiu o ramo, em Natal, na avenida Deodoro da Fonseca, mas atendia um público exclusivo. Fechou há cinco anos.
A imagem aqui postada é um flagrante da década de 50, cujo engenho ainda estava em funcionamento. A fotografia me foi repassada por Lula Maranhão, quando a visitei em 2000 juntamente com minha prima Angelamaria de Lourdes Peixoto Freire, em sua casa, em Natal. Atualmente quase toda essa estrutura não existe mais. A chaminé resistiu até 2008, quando ruiu. Atualmente vê-se apenas restos dos maquinários a vapor. Mas a casa grande permanece intacta, conservando a originalidade e muito bem conservada, além de muitos desses longevos coqueiros e pés de manga, testemunhas dos tempos em que o fogo ardia os tachos de caldo de cana para o fabrico de rapadura, melado e cachaça.
Quem hoje passa e vê os engenhos São Roque e Morgado, sempre fechados, sem movimento algum, cujos descendentes usam o local eventualmente, não imagina quantas e quantas histórias se passaram em todas aquelas imediações… e o quanto esses locais foram fervilhantes...
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