O fato aconteceu em 1954, há 67 anos. Quando os restos mortais de Nísia Floresta foram repatriados para o seu berço de nascimento. A reconstituição aqui mostrada aconteceu em 2002, a partir de um amplo trabalho de História Oral em que entrevistei incontáveis pessoas, destacando-se mais de cinquenta nativos que presenciaram o fato em 1954, como por exemplo, o professor Jorge Januário de Carvalho, que era pré-adolescente à ocasião, e me contou detalhes como por exemplo essa peça conduzida pelos militares, semelhante a um cajado/báculo. Ele se lembra nitidamente dessa peça, a qual era toda revestida dessas flores.
Não sei exatamente o significado desse cajado associada a Nísia Floresta, mas suponho ser símbolo de caminhada. De quem abriu caminhos. Moisés usava um cajado e com ele fez brotar água da rocha. O Papa usa um báculo. Em sentido lato, é um tipo de cajado usado pelos pastores para se apoiarem ao andar e para conduzirem o gado. Muitas vezes tem a extremidade curva para segurar a rês pela perna. No sentido restrito, refere-se a um bordão usado pelos dignitários da Igreja Católica, simbolizando o seu papel de pastores do rebanho divino. Há uma diferença entre o báculo episcopal e papal. O do bispo termina em forma curva para indicar que a sua autoridade se limita a uma área territorial. O do papa ostenta um crucifixo para indicar que a sua autoridade é sobre a Igreja universal.
Outra pessoa que narrou a experiência de presenciar o evento de 1954 foi a Srª Leonísia, que me falou sobre a quantidade de carros, os modelos de veículos, as Forças Armadas e sua função ali. Dona Nancy Leite trouxe o cartaz original que foi despejado do avião sobre o cortejo. Ela contou-me com nitidez como foi a emocionante cena. Dona Noilde Ramalho, diretora da Escola Doméstica, que esteve presente em 1954, quando era menina, veio assistir as gravações e disse que era uma privilegiada “vi a cena duas vezes”, brincou. A Escola Doméstica trouxe 50 meninas para participar da reconstituição.
Infelizmente, apesar de ter feito buscas minuciosas em inúmeros arquivos e jornais, nenhuma fotografia encontrei até o momento, registrando o evento em Natal e em Nísia Floresta. Fato inexplicável devido a repercussão, pois conforme contou-me o senhor José Ramirez, ex-prefeito que recebeu os despojos de Nísia Floresta em 1954, “não havia lugar para se colocar um pé de gente em toda a Nísia Floresta… a cidade ficou cheia de gente e carros”, nas palavras dele. Mas, inexplicavelmente, até agora nunca vi uma fotografia.
O que de fato é estranho porque a imprensa do Pernambuco e do Rio Grande do Norte cobriu o evento. A reconstituição foi a forma que encontrei para marcar o fato, despertar no povo potiguar o tamanho do evento, sua grandeza e o impacto causado por uma estrela da mais alta grandeza que retornava ao seu lugar de origem.
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