SARSA...
No Rio Grande do Norte usam a expressão "tá um sarsero danado na casa de fulano" para designar barulho de festa, farra, muita gente. Ou muita confusão também! Depende!. A ideia é denotar algo exagerado. Isso teria relação com a "Sarsa" que se espraia sem limites pelos terrenos descuidados? É possível. Trata-se de uma ramagem muito parecida com a de batata doce. Supostamente é parente, mas não produz o delicioso tubérculo. É estéril como pedra. Para alguns é uma praga devido a abundância. Nasce sem que se saiba como. Verdadeiro mistério. Basta terra, calçada frinchada ou beira de rodovia ela se instala para se acontecer. Sepulta muros, cercas, pilhas de tijolos, enfim. Nas beiradas de praia rouba a cena. Deixa os sargaços invisíveis. E como a natureza é perfeita, na praia ela funciona como um imenso lençol bordado e colorido, segurando as areias das dunas. O homem, muito intrometido, sempre chega onde não é chamado, construiu casas na frente do mar e rebolou longe as benfazejas sarsas. O resultado foi terrível. As dunas invadiram as casas e não há quem vença os grãos de areia o dia inteiro dentro de casa. Quase sempre sepulta a estrada. Seu chá mata micoses. Onde a sarsa sobrevive, promove espetáculo tal qual ao das xananas. Meus olhos só conhecem as roxas. Existe outras matizes? Os velhos e exóticos gramofones pediram nelas o seu design. Sarsas podem estar disfarçadas a mato. É invisível para muitos. Mas esbanjam beleza, fazem um sarsero danado com sua cor. São extraordinárias. Burle Marx, que retirou tanto mato da invisibilidade, bordou os jardins de Brasília e de tantos palácios, se esqueceu ou talvez nunca viu a sarsa. Por aqui ainda não a vi em vasos com efeito de ornamentação. Talvez as pessoas ainda não atingiram o meu grau de loucura.
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