ANTES DE LER É BOM SABER...

CONTATO COMIGO: (Whatsapp) 84.99903.6081 - e-mail: luiscarlosfreire.freire@yahoo.com. O pelo formulário no próprio blog. Este blog - criado em 2008 - não é jornalístico. Fruto de um hobby, é uma compilação de escritos diversos, um trabalho intelectual de cunho etnográfico, etnológico e filológico, estudos lexicográficos e históricos de propriedade exclusiva do autor Luís Carlos Freire. O título NISIAFLORESTAPORLUISCARLOSFREIRE foi escolhido pelo fato de ao autor estudar a vida e a obra de Nísia Floresta desde 1992 e usar esse equipamento para escrever sobre a referida personagem. Os conteúdos são protegidos. Não autorizo a veiculação desses conteúdos sem o contato prévio. Desautorizo a transcrição literal e parcial, exceto trechos com menção da fonte, pois pretendo transformar tais estudos em publicações físicas. A quebra da segurança e plágio de conteúdos implicarão penalidade referentes às leis de Direitos Autorais. Luís Carlos Freire descende do mesmo tronco genealógico da escritora Nísia Floresta. O parentesco ocorre pelas raízes de sua mãe, Maria José Gomes Peixoto Freire, neta de Maria Clara de Magalhães Fontoura, trineta de Maria Jucunda de Magalhães Fontoura, descendente do Capitão-Mor Bento Freire do Revoredo e Mônica da Rocha Bezerra, dos quais descende a mãe de Nísia Floresta, Antonia Clara Freire. Fonte: "Os Troncos de Goianinha", de Ormuz Barbalho, diretor do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, um dos maiores genealogistas potiguares. O livro pode ser pesquisado no Museu Nísia Floresta, no centro da cidade de nome homônimo. Luís Carlos Freire é estudioso da obra de Nísia Floresta, membro da Comissão Norte-Riograndense de Folclore, sócio da Sociedade Científica de Estudos da Arte e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Possui trabalhos científicos sobre a intelectual Nísia Floresta Brasileira Augusta, publicados nos anais da SBPC, Semana de Humanidade, Congressos etc. 'A linguagem Regionalista no Rio Grande do Norte', publicados neste blog, dentre inúmeros trabalhos na área de história, lendas, costumes, tradições etc. Uma pequena parte das referidas obras ainda não está concluída, inclusive várias são inéditas, mas o autor entendeu ser útil disponibilizá-las, visando contribuir com o conhecimento, pois certos assuntos não são encontrados em livros ou na internet. Algumas pesquisas são fruto de longos estudos, alguns até extensos e aprofundados, arquivos de Natal, Recife, Salvador e na Biblioteca Nacional no RJ, bem como o A Linguagem Regional no Rio Grande do Norte, fruto de 20 anos de estudos em muitas cidades do RN, predominantemente em Nísia Floresta. O autor estuda a história e a cultura popular da Região Metropolitana do Natal. Há muita informação sobre a intelectual Nísia Floresta Brasileira Augusta, o município homônimo, situado na Região Metropolitana de Natal/RN, lendas, crônicas, artigos, fotos, poesias, etc. OBS. Só publico e respondo comentários que contenham nome completo, e-mail e telefone.

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

O medalhão de Nísia Floresta na praça Augusto Severo - 1911


MEMÓRIA DE NATAL - MEDALHÃO DE NÍSIA FLORESTA (1911)

 

No dia 2 de abril de 1911 o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, sob a presidência do Dr. Desembargador Vicente de Lemos, foi convidado, mediante um ofício enviado pelo Grêmio Literário “Augusto Severo”, para prestigiar a solenidade de inauguração do medalhão de Nísia Floresta no jardim da praça “Augusto Severo” no dia 19 de março de 1911. 

 

Henrique Castriciano, apaixonado pela história de Nísia Floresta, mandou fazer essa obra em Paris, pelas mãos dos artistas Corbiniano Vilaça e Edmond Badoche, e sensibilizou o governador Alberto Maranhão para edificar um monumento nos jardins da praça Augusto Severo, onde a bela peça foi afixada. À ocasião o presidente dessa instituição nomeou os senhores Pedro Soares, Luiz Lyra e Nestor Lima para representá-lo no evento. 

 

Na reunião do dia 16 de abril de 1911, inclusive o sr. Luiz Lyra declarou que a comissão nomeada para a referida inauguração cumpriu o dever recebido. Esse evento foi muito divulgado. Muitos foram os convidados. Nesse tempo o município de "Vila de Papari" tinha o Coronel José Joaquim Carvalho de Araújo como Presidente da Intendência. Ele era muito ligado à família Maranhão, e sempre esteve a serviço dessa Oligarquia. 

Não posso afirmar, mas é muito provável que ele tenha prestigiado o evento, já que a intelectual Nísia Floresta Brasileira Augusta nasceu em Papari. Esse monumento não demorou muito, pois vândalos roubaram o medalhão, e como não o encontraram mais, mandaram derrubar a base de alvenaria que o sustentava. Atualmente esse hábito de vandalizar monumentos para retirar o bronze é prática de alguns drogados, que o fazem para vender e sustentar o vício. Mas a realidade de 1911 era muito diferente. Esse acontecimento - na minha opinião - pode ter sido uma forma de externar preconceito contra Nísia Floresta. Como dizem: " foi coisa mandada". Coincidentemente, nesse tempo, uma inimiga gratuita, que Nísia nunca conheceu pessoalmente - pois nasceu 29 anos depois dela -, se encarregava de frequentar todos os ambientes natalenses que promovessem homenagens a Nísia Floresta, e entregava uma imensa carta denegrindo-a. Ela passou grande parte de sua vida nessa curiosa "missão". 

 

Particularmente não entendo o objetivo dessa personagem que atendia pelo nome de Isabel Gondim. Defendo a tese de que o vandalismo se deu por preconceito porque trinta anos depois o medalhão foi encontrado intacto, alguém reconheceu a peça e a enviou ao Instituto Histórico e Geográfico do RN, onde se encontra. Ou seja, nunca houve interesse em "desmanchar" a peça para aproveitar o bronze, como os marginais fazem, hoje, aos fios de eletricidade que contém cobre. O interesse foi apenas tentar apagar o nome de uma mulher que incomodava a sociedade preconceituosa, conservadora e cheia de tabus, desenhada nos moldes patriarcais. 

 

Lenda do Haja-Pau...

AVES COMUNS AO RIO GRANDE DO NORTE - JOÃO-CORTA-PAU (Caprimulgus rufus).
 
Com aparência que lembra um sapo, o dito pássaro também é conhecido como "Haja-pau". Lembro-me com nitidez da lenda amedrontadora, contada por minha mãe, sobre esse pássaro. Dizem que há muitos anos, num sítio, o pai saiu ao amanhecer para a peleja na roça. Às onze horas da manhã a mãe preparou a marmita. Colocou arroz, feijão, fruta-pão, farinha de mandioca, um pedaço de rapadura, e forrou com pedaços fornidos de galinha caipira com bastante graxa. Tampou com um prato de ágatha, revestiu com um paninho branco bem limpo, deu o nó e pediu que o filho levasse para o pai. 
 
O menino ganhou a estrada, mas no caminho abriu a marmita, comeu todos os pedaços de frango e devolveu todos os ossos à marmita, forrando o restante da comida. Como o serviço de roça é exaustivo, a fome chega do tamanho do mundo. Então o pai recebeu aquele embrulho como um bálsamo. Ao desatar os nós teve um susto e perguntou: "a sua mãe mandou isso desse jeito?" O menino, respondeu incisivamente: "claro, pai! ela mandou assim, pois estava muito ocupada com um homem estranho que chegou lá em casa!" E de maneira bastante cínica, perguntou ao pai: "por que o senhor está perguntando isso?" O pai não respondeu e saiu por cima do rastro do filho. 
 
Ao chegar até a casinha de taipa onde vivia com a esposa e o filho malvado, não disse uma palavra, simplesmente começou a espancá-la com o pau de uma enxada. A pobrezinha da mãe, tão caprichosa, e inocente de tudo, explicava ao marido que nenhum homem havia estado ali. Mas ele não acreditava. 
 
Enquanto isso o menino, assistiu tudo sobre um pé de cajueiro, como se tivesse feito algo muito bom. E como se a sua frieza não bastasse, gritava "haja pau, haja pau, haja pau... ", como se achasse boa a cena aterrorizante em que a mãe recebia pauladas. Antes de dar o último suspiro, a mãe disse: "um ser humano tão mal como você há de repetir isso para toda a eternidade". O menino saiu como um louco pela mata, e quando anoiteceu, se transformou num pássaro esquisito que até hoje, de fato, grita "haja pau, haja pau, haja pau...". 
 
Antigamente os pais contavam histórias horripilantes para os filhos. Não havia preocupação em traumatizá-los ou despertar-lhes medo ao irem dormir. Eu e meus irmãos, pelo menos, morríamos de medo, mas dois dias depois lá estávamos nós pedindo para a nossa mãe contar contar mais uma estória. Cada uma mais apavorante que a outra. 
 
Na realidade, os contos de fadas antigos, outra vertente, eram amedrontadores. Verdadeiras histórias de terror. Essa, por exemplo, retrata a violência contra a mulher. Ninguém a contaria para os filhos atualmente (creio). Ou contaria com as devidas objeções. Mas no passado eram contadas com normalidade. 
 
A mim mal não fez. Pelo contrário, despertou-me a escrever histórias e ter curiosidade para ler e descobrir outras. Mas, agora, vamos finalizar as informações sobre a história do pássaro-sapo, aliás, do "João-Corta-Pau": ua espécie é comum a todo o Brasil. No RN é vista no agreste, na caatinga e em dunas costeiras.
 
Ao chegar até a casinha de taipa onde vivia com a esposa e o filho malvado, não disse uma palavra, simplesmente começou a espancá-la com o pau de uma enxada. A pobrezinha da mãe, tão caprichosa, e inocente de tudo, explicava ao marido que nenhum homem havia estado ali. Mas ele não acreditava. Enquanto isso o menino, assistiu tudo sobre um pé de cajueiro, como se tivesse feito algo muito bom. E como se a sua frieza não bastasse, gritava "haja pau, haja pau, haja pau... ", como se achasse boa a cena aterrorizante em que a mãe recebia pauladas. Antes de dar o último suspiro, a mãe disse: "um ser humano tão mal como você há de repetir isso para toda a eternidade". O menino saiu como um louco pela mata, e quando anoiteceu, se transformou num pássaro esquisito que até hoje grita "haja pau, haja pau, haja pau...". Antigamente os pais contavam histórias horripilantes para os filhos. Não havia preocupação em traumatizá-los ou despertar-lhes medo ao se deitar. Eu e meus irmãos, pelo menos, morríamos de medo, mas dois dias depois lá estávamos nós pedindo para a nossa mãe contar contar mais uma estória. Cada uma mais apavorante que a outra. Na realidade, os contos de fadas antigos, outra vertente, eram amedrontadores. Verdadeiras histórias de terror. Essa, por exemplo, retrata a violência contra a mulher. Ninguém a contaria para os filhos atualmente. Mas no passado eram contadas com normalidade. Pelo menos a mim mal não fez. Pelo contrário, despertou-me para escrever histórias e ter curiosidade para ler e descobrir outras. Mas, agora, vamos finalizar as informações sobre a história do pássaro-sapo, aliás, do "João-Corta-Pau". Sua espécie é comum a todo o Brasil. No RN é vista no agreste, na caatinga e em dunas costeiras.

 

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Já imaginou um município onde quase todos os moradores são eleitores?

Ontem tive acesso a um dado que é, no mínimo, intrigante. Em linhas gerais, a proporção entre o número de eleitores e o de habitantes nos municípios brasileiros gira, em média, na casa dos 60%. Isso significa, por exemplo, que a cada 100 (cem) habitantes existentes no Brasil, 60 (sessenta) estão aptos a votar. 

 
A cidade de Parnamirim, próxima daqui de Natal, por exemplo, tem 202.456 habitantes (Fonte: IBGE) e 115.403 eleitores (Fonte: TRE/RN), o que equivale a uma proporção de 57% de eleitores em comparação ao número de habitantes. Já Natal, que tem população de 803.739 habitantes, possui, hoje, 506.201 eleitores, equivalendo à proporção de 62,9% de eleitores. 
 
Espantosamente, no município de Nísia Floresta, com população atual de 23.784 habitantes (2014), existem nada mais nada menos que, PASMEM, 17.969 eleitores. Uma proporção de 75,54%, talvez a maior registrada no Estado. Julgando pela quantidade, pensa-se que ali votam até as crianças e mortos, até porque é impossível essa proporção de eleitores diante do número de habitantes.
 
É como se praticamente toda a população da cidade fosse apta a votar. E mais, como se na localidade pouco existissem crianças/adolescentes menores de 16 anos (desobrigados dos alistamento eleitoral) e idosos acima 70 anos (cujo voto é facultativo). Realidade totalmente improvável, se comparada com o cenário geral. Mas é fato, e isso se explica pelo fato pessoas de outras cidades transferirem os seus votos para Nísia Floresta com o objetivo de alguma benefício.
 
Esses dados nos levam a única justificativa: em Nísia Floresta, devem existir muitos (muitos mesmo) eleitores que votam no município sem NUNCA terem morado um dia sequer no município - e não tem relação alguma com a cidade - o que contraria a legislação eleitoral (pra não dizer que é crime eleitoral). A intenção desses "eleitores" é apenas eleger alguém para ter benefícios onde moram. Na realidade os políticos de má fé arquitetam coisas impensáveis com lideranças políticas, amigos e colegas de outros municípios etc. A finalidade é uma só: CORRUPÇÃO.
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OBS. Hoje recebi essa lembrança que escrevi em 2014. Como é um fato real e bastante esdrúxulo, ei-lo aqui novamente. Só não sei se atualmente o quadro é o mesmo. Serve pera pensarmos...

 

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

ACTA NOTURNA - Parnamirim, Eduardo Gomes, Parnamirim...


 
ACTA NOTURNA - Parnamirim, Eduardo Gomes, Parnamirim...
 
Era uma vez uma aldeia de índios potiguares nominou um rio miúdo como "Paraña-mirim", que significa 'rio estreito' ou 'pequeno rio'. Isso antes de Cristo... muito antes. Com o descobrimento do Brasil, os portugueses não compreendiam o idioma indígena e passaram a chamá-lo da forma como interpretavam. Assim surgiu Parnamirim, uma curruptela muito troncha, mas ficou "melhor" do que viria depois. 
 
Pois bem... certo dia uns desses homens da espécie "puxasakusdepolítikus" teve um desses rompantes esdrúxulos. Correu até a Assembléia Legislativa e encontrou homens da espécie "loukuspiorys". Enfim, depois de muitas estratégias politiqueiras, desbatizaram o batismo indígeno-português, sentenciando que a cidade passaria a se chamar doravante EDUARDO GOMES, um brigadeiro carioca que foi comandante da Base Aérea na década de 40. 
 
O povo parnamirinense deu a mulesta dos cachorro doido quando soube que roubaram o nome da cidade e faziam oshabitantes engolir um nome postiço. Um pioneiro dos arcos da velha disse "o diabo é quem vai chamar a minha cidade de Eduardo Gomes... aqui é Parnamirim, e Parnamirim vai ficar". Uma velhinha muito idosa, vinda das bandas de Areia (PB), arranchada por aqui nos tempos dos campos de alecrim, gritou: "que levem esse nome estranho para os mil e seiscentos diabos... aqui é Parnamirim e eu morrerei dizendo Parnamirim ". 
 
A cidade entrou em polvorosa. Correram para a Câmara de Vereadores. Os vereadores viram-se obrigados a correr atrás do prejuízo, pois o fervilhando foi grande. Uns, de fato, eram favoráveis ao povo; outros, nem tanto. Temiam as represálias politiqueiras que navegam as águas da politicagem. Mas o povo não quis saber, partiu para a Assembleia Legislativa e ameaçou fazer greve de voto às oligarquias e a quem se opusesse. 
 
Um vereador muito invocado, vociferou: "ou vocês disbatizam a cidade ou a gente faz caravana até Brasília... vocês não terão paz enquanto não devolver o nome real da cidade. Vamos armar barraca na frente da Assembleia, e o diabo é quem vai tirar a gente, pode chamar a polícia!" 
 
Só sei que fizeram um boi de fogo. Político algum teve paz naqueles tempos. Houve um deputado que disse: "esse povo de Parnamirim tá com a bixiga taboca atrás de voltar o nome. antigo.. não há quem sossegue o facho deles"... 
 
Enfim os deputados, acuados, resolveram ouvir o povo. Como vivemos num mundo permeado de burocracias, o nome se estendeu um pouco até oficialmente ser rebatizado. Enfim, Eduardo Gomes voou para bem longe, deixando quieta a velha Parnamirim. 
 
Contam que um vereador deu a notícia dessa forma: "se é para o bem de todos e felicidade geral de Parnamirim, digam ao povo de Parnamirim que Parnamirim fica Parnamirim". E foi ovacionado como nunca! Hoje esse município faz parte da Região Metropolitana de Natal, e fica aqui pertinho... Essa história nos ensina que, se o povo quiser, é capaz de tudo.

 

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Engenho São Roque - Nísia Floresta/RN...

 


No coração da história, repousa o Engenho São Roque, que até hoje pertence à lendária família Maranhão, os mesmos que ergueram o primeiro engenho do Rio Grande do Norte, o Cunhaú. Aquele solo sagrado foi palco do massacre outrora envolto em disputas de poder e terras, mas envolto no manto da religião pela Igreja Católica. Foi ali, em Cunhaú, que brotou o primeiro partido de cana-de-açúcar, lançando raízes profundas na capitania do Rio Grande do Norte. 
Jerônimo de Albuquerque Maranhão

Jerônimo de Albuquerque Maranhão, fundador do município de Natal, capitão-mor e conquistador das terras do Maranhão, foi quem entregou aos filhos, Matias e Antônio, uma sesmaria de cinco mil braças quadradas, uma vastidão de terras férteis no Cunhaú. E foi ele, Jerônimo, quem erigiu o engenho, dedicando-o à Nossa Senhora das Candeias de Cunhaú, onde seu corpo, enfim, descansa na capela que leva seu nome.
Roque Maranhão

Avançando nos canaviais do tempo, surge Roque Maranhão, herdeiro dessa linhagem, intendente de Papary, conhecido hoje como Nísia Floresta. Ao seu lado, Luzia Peixoto, ou "Lula Maranhão", sua fiel companheira, que viveu até os 103 anos e repousa no primeiro túmulo de Papary, à direita de quem entra. Luzia, originária do Engenho Morgado, trazia em suas veias o sangue da família Peixoto, prima legítima da minha mãe. 

Engenho Morgado,  onde nasceu Luzia Peixoto (Lula Maranhão), esposa de Roque Maranhã. Fica a uns 500 metros do Engenho São Roque.

O último morador do Morgado foi o comunista Renato Peixoto, figura marcante, filho de Ezequiel Peixoto. Tamires Peixoto, meu primo, foi o último a residir ali, conforme informações num recenceamento de 1934, onde também pude ver o nome do meu avô, Abel Gomes Peixoto, cuja data de terra ficava entre a Cruz e o Braço Salgado, hoje “Fazenda Católé de Fátima”, ainda nas mãos da família (abaixo).


No seio dessa terra ancestral, o Engenho Morgado mantém-se como a casa mais antiga de São José de Mipibu, um refúgio que acolheu o ilustre Dr. Miguel Carlos Caldeira de Pina Castelo-Branco, juiz de fora e provedor, quando veio instituir a Vila de São José do Rio Grande em fevereiro de 1762.

Os Maranhão, como tantos senhores de engenho, mantinham, além de suas vastas propriedades, uma imponente residência no coração de São José de Mipibu, de frente à praça Desembargador Celso Sales. Era lá que se abrigavam nos dias festivos e onde seus filhos, enquanto cresciam, davam os primeiros passos na educação, antes de seguirem para Natal. Mas sua morada permanente, o verdadeiro lar, era o engenho.
Engenho São Roque (fiz essa fotografia em 2009) Encontra-se atualmente (2013) nas mesmas condições.

Roque e Luzia deixaram como herdeiro Geraldo Maranhão, o último a viver no São Roque. Geraldo uniu-se a Marlene Maranhão, uma jovem elegante e educada nos rigores de um colégio católico. O enlace a levou de uma vida social vibrante em Natal à quietude bucólica do engenho, onde, sob a luz suave do candeeiro, ela se adaptou à simplicidade da vida rural. Dormiam com as galinhas, acordavam ao canto dos galos, e até as pequenas serpentes encontravam caminhos pelas frestas das portas, como ela própria me contou em 2004, em Camurupim, na casa de uma prima. 
Engenho São Roque (fiz essa fotografia em 2009). Essa fotografia é quase no mesmo ângulo da foto colorizada, acima, de 1960. O engenho encontra-se atualmente (2013) nas mesmas condições.

O choque, para ela, foi semelhante ao banzo dos escravos, mas o amor e o compromisso a fizeram abraçar aquela nova vida.
Dessa união nasceram Cristina, Sérgio e Roque. Com o engenho em fogo morto, Geraldo e Marlene buscaram outros caminhos, investindo no ramo de restaurantes enquanto os filhos estudavam em Natal e em outros estados. 

O brilho do São Roque migrou para as proximidades do Ginásio Poliesportivo, para as praias de Camurupim, e finalmente, às margens da BR-101. Marlene, firme no legado da família, estabeleceu-se em Natal, na movimentada Avenida Deodoro da Fonseca, com um restaurante  para atender um público exclusivo, mantendo a tradição viva.
Resquícios da casa de máquinas, vendo-se a caldeira a vapor, o engenho de moer cana e o pilar do barracão.

O São Roque, em tempos áureos, fervia sob a batida ritmada dos tachos, transformando o caldo da cana em rapadura, açúcar mascavo e cachaça. A chaminé que por tanto tempo dominou a paisagem e movimentou o apito da hora do almoço e encerramento do expediente, como verdadeiro relógio para toda a vizinhança, caiu em 2008, restando apenas os ecos dos dias de glória. Mas a casa grande ainda resiste, preservada em sua forma original, e os coqueiros centenários permanecem de pé, silenciosos guardiões de uma era em que a vida pulsava em cada estrada, nos gemidos dos carros de boi.

Hoje, o engenho é apenas uma sombra do que foi, uma memória viva, cuidada por mãos discretas, que zelam pelas suas ruínas. A chaminé calou-se, mas a casa grande, altiva, guarda o silêncio de uma história que o tempo não apaga. 7.11.2013
 

Resquícios do barracão onde ficavam os maquinários.
Estação Papary, construída em 1881, próxima do "Mercado de escravos". É possível ver o Oitizeiro no centro da imagem, acima.

Engenho Descanso. Fiz essas imagens em 2004. Hoje está quase totalmente em ruínas. Fica a uns 500 metros do Engenho São Roque, já quase dentro da cidade de Nísia Floresta.

Fundos do Engenho Descanso. Fiz essas imagens em 2004. Hoje está quase totalmente em ruínas. Fica a uns 500 metros do Engenho São Roque, já quase dentro da cidade de Nísia Floresta.

Engenho Mipibu, se divisa com o rio Mipibu, e Estação Papary. Fica a 200 mestros do Engenho Morgado e 300 metros do Engenho São Roque.

Local exato do "Mercado de Escravos", vendo ainda o Oitizeiro
(Fotografia de João Maria da Silva)
Local exato do "Mercado de Escravos", vendo ainda o Oitizeiro
(Fotografia de João Maria da Silva)

Grupo Escolar Barão de Mipibu - Grupo Escolar Nísia Floresta - Curiosidades

Imagem de internet

O "Grupo Escholar Barão de Mipibu, conforme vocabulário de época, foi Criado oficialmente em 1909, a partir de uma lei promulgada pelo governador Alberto Maranhão, que sucedeu o escritor nisiaflorestense Antonio de Souza, autor da lei de 1908, que mandava criar escolas no estado. 

 

O decreto informa que o citado prédio se localiza na "Praça Tavares de Lyra". Não sei se o nome original resiste, mas a  edificação resiste praticamente intacta. Antonio de Souza foi "o governador  da Educação". Sua gestão foi marcada  por criações de escolas e diversas leis pertinentes.  O belo e famoso edifício consiste numa das mais belas obras da arquitetura local. O prédio foi mandado construir pelo famoso "Barão de Mipibu" (Miguel Ribeiro Dantas, seu nome de batismo), o homem nais rico da localidade, residente no Engenho "Lagoa do Fumo". 

Imagem de internet

O Barão inspirou-se num decreto de 1872, que orientava que os Presidentes de Intendências construíssem Casas de Instrução Públicas, portanto adiantou-se bastante. Foi homem de visão. Até hoje o prédio  exerce o papel de educandário. Já o prédio de Papary não conta com o mesmo desvelo, e não tem mais a função de escola. O "Grupo Escholar Nysia Floresta" também foi criado em decorrência da lei assinada por Antonio de Souza, mas em 1910, conforme decreto do governador Alberto Maranhão. A letra Y foi uma viagem mental, pois Nísia sempre escreveu o seu nome com "i". Tanto o Grupo Escolar de Mipibu quanto o de Nísia Floresta tiveram os seus Regimentos Escolares tais quais o do famoso "Grupo Escholar Augusto Severo", de Natal, este criado em 1908 pelo governador Antonio de Souza. 


Percebe-se na fotografia um letreiro em alvenaria, em alto relevo, informando "Grupo Escholar Nysia Floresta". Acaso o letreiro tivesse sobrevivido, não seria visível haja vista a parede da antiga Câmara (ao lado). Por que teriam escrito de um lado impossível de ver? Porque originalmente o prédio foi erguido numa esquina, mas um prefeito descaracterizou o amplo largo da Matriz, pincelando boa parte desse espaço com comodozinhos de péssimo gosto, destruindo o estilo colonial da cidade. Como sempre digo "ignorância é um câncer". Mas pelo menos conservaram o 'esqueleto' do prédio. A edificação pertenceu ao Coronel José de Araújo,  primeiro presidente da Intendência da então "Vila Imperial de Papary". Originalmente era sua residência. Em 1992, dona Estelita Oliveira, uma antiga moradora de 90 anos de idade, bisneta do "Cavaleiro da Rosa", contou-me que o conheceu pessoalmente, e que ele assistia missa da janela de seu casarão. Era senhor de engenho e integrante da Guarda Nacional. Irmão de Accúrcio Marinho, que também era da Guarda Nacional. Um dos critérios para integrar essa respeitável corporação era justamente ser gente de muitas posses. Ter sido da Guarda Nacional não significa necessariamente ter sido militar, tampouco integrado pelotões militares, embora - logicamente - existiam membros da Guarda Nacional que, de fato, eram das milícias, ou seja, eram militares na ativa.

 

Retomando as informações sobre o "Grupo Escholar Barão de Mipibu", julgo conveniente registrar três ex-diretores dessa instituição como meus primos legítimos. MARIA DE LOURDES PEIXOTO, gestora na década de 1940 e também na década seguinte. Contam que era uma educadora na mais pura acepção da palavra. Fazia "milagres" para tornar o ambiente acolhedor e com características mais pedagógicas. Muito rígida. Praticamente morava dentro da escola, pois sua casa ficava atrás do Grupo Escolar. Essa residência ainda existe. Fixa atrás da antiga Apami. 

 

Uma tia me contou que ela mandava fazer comida em sua casa e oferecia gratuitamente às crianças humildes, sem fazer disso qualquer alarde. Era devoradora de livros, e tinha coleções de Monteiro Lobato, Teodoro Sampaio, Câmara Cascudo e outros notáveis escritores. Lutou muito para que Mipibu tivesse o curso ginasial, conseguindo sensibilizar  o governador, tornando-se inclusive sua primeira diretora. Contam que seu sepultamento foi marcado por profunda consternação, pois era muito querida e respeitada. 

TAMIRES ÍTALO TRIGUEIRO PEIXOTO, gestor na década de 1990. Nada sei sobre sua gestão. Era historiador. Sei mais sobre a pessoa dele, que sobre seu trabalho junto ao Barão de Mipibu. TAMIRES, foi um homem de uma honradez e decência incríveis. Era espírita. Pensava  mais  nos outros do  que  nele. Também foi  gestor da Escola Estadual Francisco Barbosa. Foi um educador muito respeitado. 

JOÃO MARIA FREIRE, gestor no final da década de 1990. Também não sei muito sobre sua gestão, mas recordo-me que um dia ele me contou ter conseguido tombar o prédio, em conformidade com as leis de Patrimônio Histórico/IPHAN e teve o cuidado de conseguir contemplar o prédio do Barão de Mipibu num projeto da Telemar, cuja fotografia do mesmo passou a figurar nos antigos cartões telefônicos em todo o Brasil. Ele também foi secretário de educação de Mipibu.

Escola Estadual Nísia Floresta em registro de 1970 (prédio atual)

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Efeito Temer

Bolsonaro insuflou os seus apoiadores para ir às ruas, dar o golpe e concretizar aquilo que ele sempre diz "QUEM MANDA AQUI SOU EU", pois é megalomaníaco e desequilibrado. Uma porção de lideranças favoráveis a ele, capazes de violência verbal e física contra opositores, estava preparada para um golpe. Aguardavam-no. Mas com certeza alguém - ao estilo Temer (outro golpista traiçoeiro - mas diplomático, diga-se de passagem), buzinou nos seus ouvidos algo do tipo "não faça isso que você será ‘impitimado’ em menos tempo do que já está provável". Só sei que Bolsonaro, certamente tendo o seu ego megalomaníaco massageado pelos apoiadores, muitos deles pagos para estarem ali (isso pode ser comprovado em muitos vídeos na internet), se segurou para não dar o golpe. E frustrou os seus.

Um presidente da república deve ser diplomático, equilibrado, proativo, visionário e jamais buscar caminhos inconstitucionais, jamais usar linguajar chulo como lhe é de praxe. A Democracia permite a ele e seus apoiadores atos públicos em defesa daquilo que entendem como democrático, mas um ato que pede fechamento do congresso nacional, intervenção militar e outras barbaridades inconstitucionais consistem em crime. Quando um presidente da república instiga esse tipo de evento promove o seu possível ‘impitimam’. Somente uma mente limitada é capaz de considerar o ato de sete de setembro passado como uma manifestação normal. Poderia ter sido se não tivessem desrespeitado a Constituição Federal.
 
Bolsonaro é um homem tão despreparado que ouve qualquer pessoa violenta e ignorante como um guru. Ele não aceita o olhar da cientificidade, da intelectualidade. Hoje, quando ele ouve o ex-presidente Temer - outro golpista - mas diplomático e culto -, fica ainda mais visível tudo o que foi arquitetado quando ele era o vice-presidente de Dilma. Golpistas se identificam com golpistas. Essa amizade é antiga, e como Temer estará sempre ao lado dos que massacram, preferiu pedir que Bolsonaro moderasse o tom. Ele quer Bolsonaro no poder, pois isso facilita a vida dos ricos do Brasil. 
 
Com certeza até os textos conciliadores que foram publicados, se desdizendo, pedindo desculpas, foram escritos por Temer. A retórica de Bolsonaro, se assim devo dizer, não é essa. É chula. Na realidade ele teve medo. Viu o estrago que fazia, percebeu que está caído e que aquele circo seria o seu fim. Só não esperava que seria frito por seus apoiadores trogloditas, que se decepcionaram com o fato de ele ter pedido arrego, pois eles queriam o golpe que Bolsonaro divagava em todas as suas falas. Queriam violência, estavam nas ruas preparados para tudo. Agora eles não se conformam de o revólver de Bolsonaro ter murchado, ter virado contra ele próprio.
 
Bolsonaro não sabe trabalhar com a diplomacia, não consegue dialogar com opositores. Está no lugar errado. Seus apoiadores polarizaram como água e óleo. Dividiram-se ao invés de unir. Bolsonaro sente-se mito, mas é um malassombro. A grande maioria de seus apoiadores alimentaram um discurso ridículo e com limitações intelectuais, gritando aos sete cantos que quem é contra Bolsonaro é contra o Brasil, não é patriota, é contra a família, é ateu, é comunista, quer fechar igrejas, e mais incisivamente “é petista”. Discursos dignos de gente ignorante, despreparada, desqualificada, lunática. Gente que não conhece a própria História do Brasil. 
 
Para eles só existem dois lados: PT x Bolsonaro. O Brasil virou isso. E quem não era do PT? E de onde vieram tantos comunistas que alegam existir no Brasil?, pois a maioria dos brasileiros ficaram em suas casas? Eles esperavam que o povo brasileiro participaria em massa, mas não! Só os bolsonaristas foram ao circo de horrores. Os números falam por si. É só ler nos saites sérios. Os bolsonaristas precisam saber que há milhares de ex-bolsonaristas que ficaram em casa torcendo pela queda dele, que inclusive ainda não conseguiu mostrar para quê veio. 
 
Somente uma pessoa ingênua - ou ignorante - defende que esse cidadão é honesto e qualificado para ser um chefe de estado. Sua carreira militar foi pífia, há quase 40 anos ele está na política trabalhando com rachadinhas, esquemas politiqueiros, arquitetando práticas que são contra o próprio povo, principalmente as minorias. Você procura um projeto significativo dele e de seus filhos, nessa trajetória política, e não encontra nada. Ele caiu nas graças de alguns pelo fenômeno das fake news, pois são mestres em mentiras e mancomunações. São ligados a milicianos. São cercados por uma infinidade de gente sem escrúpulos, que participam desses esquemas de desvios de verbas públicas (ex-esposas, filhos, parentes, amigos pessoais, policiais, milicianos e outros políticos). 
 
Esse indivíduo nefasto nunca foi o novo. Ele é a velha política dos coronéis, dos latifundiários e dos ricos (não digo elite porque elite tem classe, sabe pelo menos falar, escrever, se comportar como gente, não é essa mundiça deplorável, como dizem os nordestinos). Diz representar a família, mas ele e um dos filhos já passaram por vários casamentos fracassados e com adultério de ambos os lados. Usam a religião para parecer bons, mas na prática pregam a Lei de Talião. Religião para eles funciona como escudo e roupa. Estão longe de praticarem Jesus. 
 
Chamam-se uns aos outros de patriotas, mas nada têm disso. Usam a bandeira como símbolo, mas a Bandeira Brasileira não representa a ignorância, violência e o atentado ao Estado de Direito. A Bandeira Brasileira e o Hino Nacional não podem ser usados como símbolo de quem prega intervenção militar e fere a Constituição Brasileira. Ela está ao lado de quem fomenta a desigualdade social. Eles não sabem o que fazem. O que sabem é truculência e ignorância. O que assistimos é uma mistura de gente má, que não admite o pobre melhorar de vida e entrar no mesmo avião que eles, na mesma universidade que os filhos deles. Eles endossam as desigualdades sociais, pois um povo na miséria se submete à escravidão moderna. Um povo sem pão aceita a burrice. Desculpem usar essa expressão, mas torna-se necessário. Prova é que no meio de muitos bolsonaristas se somam uma parcela de gente inocente, desinformada, que aceita as mentiras que os ricos lhes contam para depois lhes massacrar. 
 
No dia sete de setembro vi que muitos evangélicos foram às ruas dizendo que precisavam falar de política nas igrejas, pois somente assim estariam evitando que seus filhos e netos, no futuro, pudessem ter direito às suas religiões, pudessem pregar o evangelho… Ora! Que ignorância! Que estupidez! Como um pastor ou um/a líder religioso/a se dá a tal desplante? Liberdade de culto está na Constituição Brasileira e saibam, inclusive, que uma das brasileiras - embora tão difamada - que lutou por esse direito foi Nísia Floresta Brasileira Augusta, dentre outros intelectuais. 
 
Que história mais descabida é essa? Inventam asneiras e bizarrices para enganar ovelhas e emburrecê-las, acreditando em teorias de conspiração absurdas. Como se a maioria do povo brasileiro - contra Bolsonaro - fosse o Diabo em pele de gente. Que absurdo! Conheço ateus que são referências em justiça, em respeito ao próximo, em caridade, em luta em prol da justiça social, e estão anos-luz em dignidade e decência, incomparáveis a muitos pastores mercenários e desqualificados para o cargo que ocupam, e ovelhas evangélicas mentirosas, reprodutoras de mentiras absurdas. A internet traz vídeos que assustam. São bizarrices. Shows de horrores. 
 
Quem é esse povo para dizer que quem é contra Bolsonaro defende a proibição às religiões e aos cultos públicos? Sejam honestos nos seus argumentos! Há um mundo contra esse desgoverno, desde ateus a católicos, evangélicos, budistas, agnósticos, espíritas, umbandistas e uma infinidade de doutrinas diferentes. Não mintam aos fiéis. Sejam pastores de verdade! Preguem o evangelho ao invés de instigar o ódio num local onde menos deveriam. Sejam patriotas de verdade, respeitem a Bandeira, respeitem o Hino, respeitem a Democracia! O Evangelho não pode estar no mesmo lugar do ódio, da mentira, da mancomunação politiqueira disfarçada de pastoral. Estudem História. Ainda bem que essa bizarrice ignorante não representa a fala dos evangélicos verdadeiros. 
 
Que idiotice é essa de certos bolsonaristas dizerem “minha bandeira jamais será vermelha”. Apresentem algum documento de alguém que tenha proposto mudar a cor da Bandeira para vermelho. Isso não existe. É só mais uma coisa de lunáticos, fanáticos fundamentalistas ignorantes. É inconstitucional mexer na Bandeira e ninguém quer isso. 
 
As bandeiras vermelhas que vão às ruas representam as bandeiras de partidos políticos de quem está ali, das instituições que lutam por cidadania e igualdade social. A Bandeira do Brasil - segundo a Constituição Brasileira - deve estar no seu devido lugar, e jamais ser arrastada sobre fezes de cachorro nos gramados de Brasília ou enroladas em pessoas. E nós respeitamos isso. Se há uma minoria que age ao contrário, não a use como parâmetro para o discurso de ódio. Ir às ruas em gesto reivindicatório é um ato político, portanto deve-se levar as bandeiras de seus partidos e seus segmentos institucionais. É isso que fazemos! 
 
DEIXEM DE MENTIR, DEIXEM DE ACREDITAR NOS LOUCOS E IGNORANTES! E quanto ao homem que desgoverna o Brasil, não se enganem com ele. No momento ele vive o seu "efeito-Temer". Ele está sobre tais eflúvios, mas o efeito passará, e ele voltará a ser o sociopata que sempre foi. Ele, sim, não tem bandeira, nem hino e nunca foi patriota. É um cego guiando cego.

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Freud explica o falicismo bolsonarista

 


O problema, "no fundo no fundo", é sexual. O falicismo dessa imagem fala por si. Um misto de seres humanos traídos por seus/suas "amantes" (folcloricamente chamados de "chifrados/chifreiros"), outros, por ter uma bananinha no lugar do fuzil, outros, pela frigidez, e tudo isso regado a religião, falso patriotismo dito em nome da família, mesmo que seja uma família chifrada ou de chifradores...

 

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Hoje é o "Dia da Independência do Brasil", e quero falar sobre o patriotismo que aprendi com meus pais e com os livros...


HOJE É O “DIA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL”, E QUERO FALAR SOBRE O PATRIOTISMO QUE APRENDI COM MEUS PAIS E COM OS LIVROS...
 
Hoje é o aniversário da Independência do Brasil. Desde pequenos aprendemos a cultuar os valores cívicos como bandeiras, hinos e suas derivações, além de regras que devem ser respeitadas quando se lida com esse patrimônio. Nos últimos tempos, reproduções da Bandeira Brasileira têm servido de roupa, lenços, toalhas de banho, calcinhas, cuecas, e até pano de chão. O Hino Nacional parece ter adquirido proprietários. Proprietários hostis, que usam armas de fogo. Eles acusam que o civismo morreu, que as escolas não ensinam mais os valores decorrentes. Culpam os professores e as escolas. Alguns até os demonizam. Mas engana-se quem diz ou pensa dessa forma. É óbvio que a prática do Civismo não é igual à do passado. Algo se diluiu. Houve mudanças, mas é estúpido alegar que escolas e professores são responsáveis por tal diluição.
 
A lei federal pertinente à Bandeira do Brasil e ao Hino Nacional é muito ampla e rigorosa. Ela é cheia de “pode” e “não pode”. É regra sobre regra. Alguém se lembra, dia desses, de uns soldados dançando "funk" dentro de um pelotão do Exército, ao som do Hino Nacional nesse estilo? Se fosse antes de 1985, eles teriam sido presos e punidos com seriedade, portanto me assusto quando vejo muitos bolsonaristas fazendo armas com os dedos, usando a bandeira como um manto e cantando o Hino Nacional de calcinha e sutiã no capô de um carro. E o próprio Presidente da República, que - contraditoriamente - defende o “resgate” do que no passado os professores ensinavam na disciplina denominada “Educação Moral e Cívica”, destrói tudo isso.
 
O Presidente da República, apesar de ser um Capitão do Exército (aposentado), esqueceu de que reza a lei que a própria Bandeira do Brasil nunca se abate em continência. E muito menos a bandeira de um país alheio, como ele fez diante da bandeira dos Estados Unidos da América. Em outras palavras, ele ensina o Civismo ao contrário. Temos na presidência da república os piores exemplos. Um homem sem qualificação alguma e que instiga a violência que parece comandar o Brasil.
 
As leis federais referentes ao Hino Nacional e a Bandeira do Brasil exigem os locais corretos para se entoar o Hino Nacional. Eu aprendi assim e sempre respeitei isso. Mas hoje ele é tocado nos botecos, nas praias, ruas, cabarés, e serve até para revidar com hostilidade pessoas que não concordam com o governo, como se, colocando o Hino Nacional para tocar traz dignidade à violência e à ignorância que eles vomitam a todo instante. Pior: julgam que quem discorda do governo não é patriota e não respeita o Hino Nacional. Vejam a barbaridade e a contradição. Os que se proclamam “patriotas” descumprem as regras de “patriotismo” em nome do “patriotismo”. É como essa atual moda de falar o nome de Deus a torto e a direito, e fazer gestos de armas dentro de igrejas. “Patriotismo” louco. “Civismo” demente e equivocado.
 
Você já viu o símbolo das Armas Nacionais exposto em lugar central da prefeitura e da Câmara Municipal de sua cidade? Não? Então não culpe os professores. Culpe os responsáveis por tais instituições, pois a lei obriga isso. Se alguma escola de sua cidade não exibe a Arma Nacional, ela não cumpre a lei, que, por sinal, é muito antiga.
 
Quanto ao respeito ao Hino Nacional e a Bandeira Nacional, a lei federal diz que as cerimônias de hasteamento ou arreamento, nas ocasiões em que a Bandeira se apresentar em marcha ou cortejo, assim como durante a execução do Hino Nacional, todos devem tomar atitude de respeito, de pé e em silêncio, os civis do sexo masculino com a cabeça descoberta e os militares em continência, segundo os regulamentos das respectivas corporações. Ou seja, não se deve usar o Hino Nacional em meio a galhofa, bebendo cachaça, arrastando a bandeira no corpo, sujando-a de terra e coco de cachorro no chão, nem seminu etc, como assistimos quase que diariamente nessas movimentações bolsonaristas. O simples fato de ouvi-lo em execução exige-se a retirada do chapéu ou boné, e a posição de sentido. Inclusive há um “parágrafo único”, curto e grosso, dizendo que é vedada qualquer outra forma de saudação ao Hino Nacional e a Bandeira Nacional. Ou seja, a lei recrimina essa patuscada feita à Bandeira Nacional durante movimentações públicas, mesmo que sejam cópias, pois é proibido cópias dela.
 
Quando você ouvir alguém dizendo que pessoas de esquerda querem tingir a bandeira do Brasil com a cor vermelha, pois não as levam durante protestos públicos, diga assim: “eles levam as bandeiras de seus partidos políticos, de instituições ou de seus segmentos de natureza ideológica, pois a bandeira do Brasil não deve ser execrada nas ruas, como vemos. Diga que a bandeira deles está onde deve ficar, principalmente dentro de seus corações, peça a essas pessoas que procurem ler, se informar, estudar e depois voltar para conversar”. Jamais o questionador voltará para te hostilizar, pois não terá argumentos. Você se pautou na Constituição Brasileira. Quem vai aos protestos públicos arrastando a Bandeira Brasileira como se fosse um molambo, roupa ou copo de cerveja, deveria levar as bandeiras de seus partidos, ou dos segmentos que pertencem, ou nenhuma bandeira, acaso não pertença a um partido político, pois a Bandeira Brasileira é sagrada.
 
E não acaba aqui. A Lei Federal proíbe hasteá-la em mau estado de conservação, modificar as tonalidades das cores, o tamanho e o dístico, vesti-la em tribunas, cobrir placas, painéis e monumentos para inaugurar alguma obra, reproduzi-la em rótulos ou invólucros expostos à venda, enfim as proibições são claras. Você já viu algum vereador, prefeito, deputado, senador, presidente, policial militar, soldado do Exército entregar bandeiras velhas de suas instituições em Unidade Militar, para que sejam incineradas? Não? Então eles não são patriotas e nem praticam o civismo. E a lei ainda diz que essas bandeiras velhas, recebidas pelas unidades militares, devem ser incineradas (queimadas) de acordo com um ritual militar no Dia da Bandeira Nacional. Vejam o nível do aparato ritualístico.
 
Quando você ouvir algum soldado do Exército Brasileiro - ou qualquer pessoa – dançando “funk” e fazendo gachimonhas com o Hino Nacional, oriente-o que a lei proíbe tal bizarrice, e proíbe executar qualquer arranjo vocal do Hino Nacional, pois só sãos permitidos os arranjos de Alberto Nepomuceno (ou seja, é inimaginável um Hino Nacional em ritmo de “Funk” ou qualquer outro). E diga aos soldados militares que é proibido, conforme Lei Federal, a execução de arranjos artísticos instrumentais do Hino Nacional, e que se porventura, mediante necessidade especial, se postule qualquer prática destoante, deve ser autorizada pelo Presidente da República, depois de o mesmo consultar o Ministério da Educação e Cultura e toda uma equipe especializada em Heráldica. Ou seja, é imutável, pois jamais alguém abriria precedentes para isso. Mas o atual presidente da república, por ser um homem ignorante em sem qualificação, faz ao contrário, pois nem ele tem conhecimento, tendo passado pelas Forças Armadas de forma medíocre, inclusive tendo feito até atentado terrorista. Que patriota!
 
Lembremos que a “culpa” (se assim devemos dizer) pela prática tosca e deturpada do civismo e patriotismo brasileiros têm muitos responsáveis. Não culpe os professores. Vejamos mais essa: os comerciantes que vendem a Bandeira Brasileira e a Bandeira das Armas Nacionais em seus comércios, só devem fazê-lo se trouxerem na tralha do primeiro e no reverso do segundo a data de fabricação, a marca e o endereço do fabricante ou editor. O que dizer das milhares de bandeiras brasileiras que vêm da China? E os lençóis de Bandeira Brasileira, e as Bandeiras em formato de bandeirolas usadas durante a Copa do Mundo? São os professores que ensinam isso?
 
Ainda não terminei! A Lei Federal tem penalidades para infratores de tudo aquilo que ela reza como proibido. Talvez alguns nem acreditem, mas a palavra oficial é CONTRAVENÇÃO. Portanto, o CONTRAVENTOR pagará multa de uma a quatro vezes o maior valor de referência vigente no País, elevada ao dobro nos casos de reincidência. Se se considerar como patriotas esses papangus que vimos por aí atualmente, metidos em movimentações e protestos eufóricos, enrolados na bandeira nacional - e muitas vezes cheios de hostilidades, agressões verbais e físicas - tenha certeza que eles modificaram o sentido de patriotismo, associando-o à violência e ignorância. E quando se tem um Presidente da República que ignora a essência do Patriotismo e Civismo, mas os defende ferrenhamente, por entender que as Forças Armadas são donas do Patriotismo e Civismo, está-se diante de um dos piores exemplos para falar do assunto. 
 
Embora não sou professor, mas estive professor há muito tempo, e por isso sempre tomo as dores dos educadores, reconheço que a Lei Federal reza que é obrigatório o ensino do desenho e do significado da Bandeira Nacional, bem como a obrigatoriedade do canto e da interpretação da letra do Hino Nacional em todos os estabelecimentos de ensino, públicos ou particulares, do primeiro e segundo graus. Talvez isso seja um dos poucos pecados de professores e escolas, salvas raras exceções, pois não ensinam a desenhar a Bandeira Nacional, mas todas as escolas que conheço, inclusive no presente, executam o Hino Nacional na presença dos alunos e professores, o qual é cantado por todos. E como a lei não diz que esse “ensinar” é na forma oficial, com toda aquela matemática e no aspecto diametral, o “pecado” cai por terra, pois em todas as escolas que você vai é possível ver as paredes floridas com a bela Bandeira do Brasil, saídas das mãos de crianças e jovens. E com o seguinte detalhe: isso ocorre não apenas na Semana da Pátria, pois com a multidisciplinaridade, diversos professores trabalham a confecção da referida bandeira, e em contextos diversos, levando o aluno ao pensar.
 
Na realidade, a legislação sobre a Bandeira do Brasil e Hino Nacional, (elementos integrantes das comemorações da Independência do Brasil) é muito rigorosa e abrangente, e trata diversos procedimentos que não ocorrem na prática. Patriotismo e Civismo são importantes na prática, e não em discursos eufóricos e aquecidos, pautados pela ignorância. Parte do povo brasileiro precisa saber o que é o patriotismo e o civismo para não incorrer na imbecilidade de pensar que está vivendo um novo tempo de mudanças positivas (sendo o contrário). Na realidade, está-se dentro de uma tragédia maquiada pela ignorância. Patriotismo e Civismo como discurso não salvam a pátria. Não inibem corrupção, desigualdades sociais, milícias, truculências, falta de diplomacia, justiça bandoleira, descriminação às minorias, e outras chagas que nos assustam. Patriotismo é Justiça e dignidade para todo o povo brasileiro!
 
Se fosse para escolher, eu preferia que ninguém fosse desses patriotas "rola bostas" que pululam incontinenti em todas as instâncias, principalmente política. Queria que fossem pessoas que fizessem a diferença, que transformassem do nada o tudo... Preferia que todos fossem apenas pessoas civilizadas, que quisessem para os outros o que querem para si. Aí, sim, seríamos a PÁTRIA AMADA, BRASIL! AÍ, SIM, EXISTIRIAM PATRIOTAS VERDADEIROS. L.C.F. 2019