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O "Grupo Escholar Barão de Mipibu, conforme vocabulário de época, foi Criado oficialmente em 1909, a partir de uma lei promulgada pelo governador Alberto Maranhão, que sucedeu o escritor nisiaflorestense Antonio de Souza, autor da lei de 1908, que mandava criar escolas no estado.
O decreto informa que o citado prédio se localiza na "Praça Tavares de Lyra". Não sei se o nome original resiste, mas a edificação resiste praticamente intacta. Antonio de Souza foi "o governador da Educação". Sua gestão foi marcada por criações de escolas e diversas leis pertinentes. O belo e famoso edifício consiste numa das mais belas obras da arquitetura local. O prédio foi mandado construir pelo famoso "Barão de Mipibu" (Miguel Ribeiro Dantas, seu nome de batismo), o homem nais rico da localidade, residente no Engenho "Lagoa do Fumo".
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O Barão inspirou-se num decreto de 1872, que orientava que os Presidentes de Intendências construíssem Casas de Instrução Públicas, portanto adiantou-se bastante. Foi homem de visão. Até hoje o prédio exerce o papel de educandário. Já o prédio de Papary não conta com o mesmo desvelo, e não tem mais a função de escola. O "Grupo Escholar Nysia Floresta" também foi criado em decorrência da lei assinada por Antonio de Souza, mas em 1910, conforme decreto do governador Alberto Maranhão. A letra Y foi uma viagem mental, pois Nísia sempre escreveu o seu nome com "i". Tanto o Grupo Escolar de Mipibu quanto o de Nísia Floresta tiveram os seus Regimentos Escolares tais quais o do famoso "Grupo Escholar Augusto Severo", de Natal, este criado em 1908 pelo governador Antonio de Souza.
Percebe-se na fotografia um letreiro em alvenaria,
em alto relevo, informando "Grupo Escholar Nysia Floresta". Acaso o
letreiro tivesse sobrevivido, não seria visível haja vista a parede da antiga
Câmara (ao lado). Por que teriam escrito de um lado impossível de ver? Porque
originalmente o prédio foi erguido numa esquina, mas um prefeito
descaracterizou o amplo largo da Matriz, pincelando boa parte desse espaço com
comodozinhos de péssimo gosto, destruindo o estilo colonial da cidade. Como
sempre digo "ignorância é um câncer". Mas pelo menos conservaram o
'esqueleto' do prédio. A edificação pertenceu ao Coronel José de Araújo,
primeiro presidente da Intendência da então "Vila Imperial de
Papary". Originalmente era sua residência. Em 1992, dona Estelita Oliveira, uma antiga moradora de
90 anos de idade, bisneta do "Cavaleiro da Rosa", contou-me que o
conheceu pessoalmente, e que ele assistia missa da janela de seu casarão. Era
senhor de engenho e integrante da Guarda Nacional. Irmão de Accúrcio Marinho,
que também era da Guarda Nacional. Um dos critérios para integrar essa
respeitável corporação era justamente ser gente de muitas posses. Ter sido da Guarda Nacional não significa necessariamente ter sido militar, tampouco integrado pelotões militares, embora - logicamente - existiam membros da Guarda Nacional que, de fato, eram das milícias, ou seja, eram militares na ativa.
Retomando as informações sobre o "Grupo Escholar Barão de Mipibu", julgo conveniente registrar três ex-diretores dessa instituição como meus primos legítimos. MARIA DE LOURDES PEIXOTO, gestora na década de 1940 e também na década seguinte. Contam que era uma educadora na mais pura acepção da palavra. Fazia "milagres" para tornar o ambiente acolhedor e com características mais pedagógicas. Muito rígida. Praticamente morava dentro da escola, pois sua casa ficava atrás do Grupo Escolar. Essa residência ainda existe. Fixa atrás da antiga Apami.
Uma tia me contou que ela mandava fazer comida em sua casa e oferecia gratuitamente às crianças humildes, sem fazer disso qualquer alarde. Era devoradora de livros, e tinha coleções de Monteiro Lobato, Teodoro Sampaio, Câmara Cascudo e outros notáveis escritores. Lutou muito para que Mipibu tivesse o curso ginasial, conseguindo sensibilizar o governador, tornando-se inclusive sua primeira diretora. Contam que seu sepultamento foi marcado por profunda consternação, pois era muito querida e respeitada.
TAMIRES ÍTALO TRIGUEIRO PEIXOTO, gestor na década de 1990. Nada sei sobre sua gestão. Era historiador. Sei mais sobre a pessoa dele, que sobre seu trabalho junto ao Barão de Mipibu. TAMIRES, foi um homem de uma honradez e decência incríveis. Era espírita. Pensava mais nos outros do que nele. Também foi gestor da Escola Estadual Francisco Barbosa. Foi um educador muito respeitado.
JOÃO MARIA FREIRE, gestor no final da década de 1990. Também não sei muito sobre sua gestão, mas recordo-me que um dia ele me contou ter conseguido tombar o prédio, em conformidade com as leis de Patrimônio Histórico/IPHAN e teve o cuidado de conseguir contemplar o prédio do Barão de Mipibu num projeto da Telemar, cuja fotografia do mesmo passou a figurar nos antigos cartões telefônicos em todo o Brasil. Ele também foi secretário de educação de Mipibu.
Escola Estadual Nísia Floresta em registro de 1970 (prédio atual) |
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