Antes de tratar o assunto, informo que a fotografia acima (borrada de amarelo), publicada no blog "Meu lado Poético", não é de Nísia Floresta, mas de Isabel Gondim, denotando claramente que quem escreveu isso, além de dar informação errada - mal leu sobre sobre Nísia Floresta - e ainda postou a foto errada.. Infelizmente o erro prolifera e toma essa proporção, portanto, sinto-me no dever de entrar em contato com os autores dos equívocos, quando os encontro, sugerindo a correção.
Sempre que posso, perquiro os sites, lendo matérias e tudo mais que trata sobre Nísia Floresta fora do estado do Rio Grande do Norte. Faço isso para, justamente, corrigir esse erro que se repete eventualmente, e que o leitor - se potiguar - já percebeu.
Normalmente, quando encontro esses equívocos de fotografias e de informações, mando um link do meu blog com uma compilação de imagens de Nísia Floresta para a pessoa que postou, organizadas justamente para tais situações, ali mesmo a pessoa escolhe uma imagem e a coloca em sua publicação. Na maioria dos casos recebo o retorno e constato que o equívoco foi corrigido. Não posso fazer disso uma doutrinação, até porque nem tenho esse tempo todo, mas o ajo na medida do possível. Para piorar, nem todas as matérias trazem contato.
Hoje, além disso, alguém diz que Nísia Floresta defendeu o aborto. A matéria não tem data nem referências bibliográficas, portanto é impossível saber de onde ela tirou o assunto, dando a entender que ela inventou a informação, num gesto tendencioso.
Nísia Floresta - apesar de visionária - tinha um lado extremamente conservador - digo conservador no aspecto dos valores cristãos que ela defendeu escancaradamente, e não abria mão - além do moralismo claramente visível. Impossível que ela também fosse defensora do aborto, que o diga a sua obra “Conselhos à minha filha”, por exemplo. É antagônico. Impossível.
Particularmente, como pessoa que estudo e escrevo sobre Nísia Floresta desde 1992, sempre levo uma réplica da fotografia de Nísia Floresta para mostrar, seja quando falo sobre Nísia Floresta a uma plateia, seja quando escrevo sobre ela. De uns tempos para cá, depois que publicaram um vídeo-documentário com a imagem errada, em 2011, o erro vem se intensificando, portanto passei a tratar o assunto com mais intensidade para justamente corrigi-lo. Trabalhar para corrigir isso deve ser tarefa de todas as pessoas que estudam e divulgam essa intelectual. Não custa nada. Com certeza ajudaria muito.
Nísia Floresta, embora pareça contraditório, era conservadora em muitas questões. Basta ler os seus livros. Ela foi uma mulher à frente de seu tempo na defesa de muitos temas, como se sabe, mas jamais na defesa do aborto. Ela sempre defendeu a vida, a família, a religião.
Lendo Nísia Floresta você encontra uma mulher católica, que conhece com profundidade a Bíblia sagrada, os santos, os fatos religiosos universais, enfim detinha um vasto conhecimento da religião. Como disse Comte “se não fosse tão metafísica”. A diferença é que mesmo sendo católica, ela não poupava críticas aos padres, bispos, cardeais e até ao papa no aspecto de suas vidas opulentas, pautadas no alto luxo, na gula etc. Nísia teve um lado que não é muito visto nos católicos, que se calam diante dessas opulências que seguem até hoje.
Nísia Floresta não favorecia nas freiras a clausura, pois entendia que elas deveriam ser uma espécie de Irmã Dulce, ou seja, precisavam estar nas ruas, levando o evangelho, curando feridas físicas e psicológicas, levando o alimento para os que tinham fome física. Diferente de ficar presa entre quatro paredes, orando. Ela própria se tornou enfermeira durante a epidemia de gripe espanhola que assolou o Rio de Janeiro. Arriscou a sua própria vida, pois milhares morreram. Suponho que Nísia Floresta, se viva hoje, seria “persona non grata” entre os católicos, até porque ela pensava.
Sei que o direito ao que se faz ao corpo feminino é enxergado de diversas formas, inclusive pelas próprias feministas, em que muitas favorecem o aborto (mas não todas), afinal, atualmente o feminismo tem correntes de pensamento diferentes, assim como religiões, partidos políticos etc. Mas afirmar que Nísia Floresta defendia o aborto é um grande equívoco e totalmente incoerente com tudo o que ela escreveu. O que se percebe nessa matéria equivocada é algo tendencioso de alguma feminista equivocada. Nísia Floresta mesmo, era feminista, e nem por isso endossava o aborto.
Uma sugestão que deixo aos professores e pessoas que escrevem sobre Nísia Floresta, ou dão entrevistas, palestras etc, é que abordem o assunto desse equívoco com as pessoas que lhe procuraram para tal finalidade. Se possível, mostre a fotografia real de Nísia Floresta. Isso ajudaria muito. Assim que algum jornalista entrar em contato com você, com a intenção de uma entrevista, fale logo sobre a fotografia, envie uma pelo whatssap. Particularmente faço isso. Com certeza vocês também estarão ajudando a corrigir o equívoco.
Faço essa observação porque já vi textos, entrevistas etc com pessoas que estudam sobre Nísia Floresta mostrando a imagem de Isabel Gondim. Isso ocorre porque a pessoa apenas forneceu os seus conhecimentos, o restante foi feito pela pessoa interessada, que pegou a primeira imagem que buscou na internet. E isso é uma falta de profissionalismo desmedida. Fica a dica! OBS. Sobre o blog acima citado, já enviei o pedido de correção. Vamos aguardar...
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