ACTA NOTURNA - Para alguns tudo foi muito doce - Paraña-Mirim - 1942-1946...
A imagem, apreciada aos olhos de hoje, não causa impressão extraordinária, mas há 80 anos impactava. Causava profunda estranheza aos potiguares. São militares norte-americanos se deliciando com doce enlatado, ocasião da Segunda Guerra Mundial, na Base Aérea. Observe que eles estão viajando no sabor do doce comido diretamente na lata. Não parecem interessados em mais nada ao redor, e muito menos com a guerra.
Para os natalenses, produtos enlatados ainda eram novidades, embora já se comprava nos armazéns da "Viúva Machado", na Ribeira. Mas era mercadoria para gente rica. Os brasileiros comuns, de fato, não conheciam, assim como ignoravam uma porção de coisas que eram corriqueiras aos norte-americanos - lá nas terras do tio Sam - mas aqui eram totalmente desconhecidas.
Os americanos trouxeram a primeira fábrica da Coca Cola a ser instalada na América Latina. Nas bagagens veio chiclete, calça jeans, camisetas de malha, liquidificador e uma infinidade de coisas… digamos "extra-terrestres" que assustavam os nativos.
Muita gente fez fortuna nessa época, assim como o Coronel Teodorico Bezerra, que já era rico antes, e visionário, locou o moderno Grande Hotel no centro de Natal, exclusivamente para eles. Que o diga também a própria Amélia Machado (Viúva Machado, como é mais conhecida), que ganhou dinheiro de puxar de rodo. A família, que já era rica, fez mais dinheiro ainda. Tem também o fundador das Empresas Guararapes, cuja pedra fundamental dessa rede de negócios, partiu de uma loja de relógios de bolso, surgida no vavavu da Ribeira, catapultada pela força do dólar trazido pelos norte-americanos. Vejam como um pequeno negócio pode consistir no pulo do gato.
Ali na Ribeira o pioneiro da Guararapes fez fortuna e deu origem a uma das empresas mais prósperas do Rio Grande do Norte. Seu dono atual é um dos homens mais ricos do Brasil.
A presença norte-americana em Natal gerou um sem-fim de histórias das mais pitorescas e curiosas. Muitos enriqueceram, inclusive um sapateiro que deixou de consertar sapatos para fabricar um tipo de botas de cano curto, inventado por ele, tipo essas “Caterpillar” atuais, que caíram na graça dos americanos que compravam centenas e enviavam para os Estados Unidos. Virou febre lá, pois igual ao doce enlatado - aqui - era extraterrestre lá. 20.9.2016.
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OBS. Essa edificação onde os norte-americanos degustam o enlatado existe até hoje, inclusive os pés de manga estão lá vivinhos da Silva - e dando mangas. É no lado oeste da Base Aérea, defronte à linha férrea.
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