Cerimônia de embarque para os Estados Unidos da América, dos caixões com os restos mortais dos soldados norte-americanos, mortos em diversas partes do mundo, durante a Segunda Guerra Mundial, mas que foram sepultados em Natal como uma espécie de acomodação temporária para serem trasladados juntos ao final da guerra. Outros, chegavam aqui muito feridos e aqui morriam. À ocasião do translado, todos foram cobertos com a bandeira daquele país. A Guerra trouxe alguns avanços para Natal e imediações, por mais irônico que pareça. Foi momento elétrico. Muita vida. Muita transformação. Muita novidade.
Os natalenses, ainda sob efeito do maior choque até então – proveniente da “Intentona” Comunista – tremeram com toda sorte de novidades. Os norte-americanos também. Conheceram as presepadas dos potiguares. Quase até comeram urubu. Compraram saguis selvagens, meigos e doces sob efeito de cachaça, mas, despertados da água que passarinho não bebe, ‘tascaram’-lhes mordidas nos dedos, arremessados longe. Por sorte havia antirrábica em estoque. Aprenderam que brasileiro é criativo. Aprenderam que o povo potiguar levanta uma casa em um dia. Daqui levaram centenas de botas de um desconhecido sapateiro que enriqueceu depois que sua invenção agradou aos filhos do Tio Sam.
Casamentos? Houve muitos. Mas muitos pais e mães norte-americanos choraram a perda de seus filhos, os quais saíram alegres e esperançosos de diversas regiões dos Estados Unidos, dizendo “vou para a guerra, mas volto!” E voltaram, mas mortos. Assim também foi o caso de muitos brasileiros, no céu, na terra e no mar. Dentre poucos americanos mortos exatamente em solo natalense, um permaneceu enterrado no Alecrim, vítima de meningite. Foi Tom Browning, de 22 anos (fotografia). A noiva brasileira pediu. Os pais do noivo aceitaram aquela espécie mórbida de casamento. Com certeza isso amenizava dores de ambos os lados...
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