Toda infância é um livro na biblioteca da memória e jamais reaberto por alguém que não seja nós mesmos... Há tantos desses livros esquecidos, perdidos, carcomidos, empoeirados... Só nós temos o poder de viajar nessas obras da memória e voar, e fazer piruetas, e rodopiar, e virar as páginas, e voltar as páginas, e reviver tudinho tal e qual... sem mexer no enredo, pois o que foi escrito, foi escrito. O meu livro está sempre aberto porque reler a minha meninice é como comer um pedaço de doce. O livro da minha infância traz um tempo cujas nossas vidinhas miúdas, inocentes e arteiras, moravam dentro de uma caixa de brinquedo (passei para o plural porque não existe infância verdadeira sem estar misturadas às outras infâncias). Essa caixa de brinquedo era feita de terra vermelha, lama, chuva, enxurrada, rios, mato, frutas silvestres e uma infinidade de bichos saltando entre árvores... Uma caixa que guardava as histórias de Trancoso contadas à noitinha pelo "Seu Expedito". Existíamos numa fartura extraordinária de infância. Creio que sinônimo de infância é felicidade, e antônimo de infância é mau. Nossos brinquedos não se quebravam. Nossas brincadeiras não conheciam limites. Por isso louvo a minha infância com sabor apetitoso de quintal mágico. Só crianças do nosso tempo viveram os encantos dos espaços sem réguas, sem muros, nem cercas. Onde existiu encanto, existiu a nossa infância. Um buraco cavado com latas enferrujadas ou o pular da ponte era matéria prima para felicidade. Fui menino que revirava os ninhos de cobras, colecionava cacos de vidros coloridos e à noite empreendia viagens com Andersen e Grimm. Fui menino descompromissado com brinquedos de lojas. Meu brinquedo, ou melhor, minha vida foi desse quintal sem fim. O quintal está guardado dentro de uma caixinha de brinquedo que resiste, intacta, nas minhas memórias... eis que hoje visitei essa biblioteca e dei-me com esse livro de infância...
ANTES DE LER É BOM SABER...
Contato (Whatsapp) 84.99903.6081 - e-mail: luiscarlosfreire.freire@yahoo.com. Ou pelo formulário no próprio blog. Este blog, criado em 2009, é um espaço intelectual, dedicado à reflexão e à divulgação de estudos sobre Nísia Floresta Brasileira Augusta, sem caráter jornalístico. Luís Carlos Freire é bisneto de Maria Clara de Magalhães Peixoto Fontoura (*1861 +1950 ), bisneta de Francisca Clara Freire do Revoredo (1760–1840), irmã da mãe de Nísia Floresta (1810-1885, Antônia Clara Freire do Revoredo - 1780-1855). Por meio desta linha de descendência, Luís Carlos Freire mantém um vínculo sanguíneo direto com a família de Nísia Floresta, reforçando seu compromisso pessoal e intelectual com a memória da escritora. (Fonte: "Os Troncos de Goianinha", de Ormuz Barbalho, diretor do IHGRN; disponível no Museu Nísia Floresta, RN.) Luís Carlos Freire é estudioso da obra de Nísia Floresta e membro de importantes instituições culturais e científicas, como a Comissão Norte-Riograndense de Folclore, a Sociedade Científica de Estudos da Arte e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Os textos também têm cunho etnográfico, etnológico e filológico, estudos lexicográficos e históricos, pesquisas sobre cultura popular, linguística regional e literatura, muitos deles publicados em congressos, anais acadêmicos e neste blog. O blog reúne estudos inéditos e pesquisas aprofundadas sobre Nísia Floresta, o município homônimo, lendas, tradições, crônicas, poesias, fotografias e documentos históricos, tornando-se uma referência confiável para o conhecimento cultural e histórico do Rio Grande do Norte. Proteção de direitos autorais: Os conteúdos são de propriedade exclusiva do autor. Não é permitida a reprodução integral ou parcial sem autorização prévia, exceto com citação da fonte. A violação de direitos autorais estará sujeita às penalidades previstas em lei. Observação: comentários só serão publicados se contiverem nome completo, e-mail e telefone.

Nenhum comentário:
Postar um comentário