Estou lendo o livro “O assassinato de Rasputin”. Creio que todos conhecem a história do enigmático personagem Rasputin, que impressionou o czar russo Nicolau II e sua esposa, czarina Aleksandra Feodorovna, tornando-se politicamente um conselheiro influente da família imperial. Era um camponês, místico, que apareceu do nada no palácio dos czares e ali quase não saiu mais.
Considerado uma espécie de santo pelos Romanov, conquistou esse status depois de “curar” o filho deles, o tzarevich Alexis Romanov, que sofria de hemofilia. Era Deus no céu e Rasputin na Terra. Ele só não governava a Rússia, mas se deixassem... graças ao seu poder de persuasão, pintando e bordando. Suas orientações eram tidas pelos czares como divinas, portanto seguidas fielmente. A história é longa e não posso demorar mais, pois o assunto é outro… justamente a guerra.
Eis que num determinado capítulo leio uma carta que ele escreveu ao czar Nicolau II. Rasputin sempre odiou a guerra, então ele deu o seguinte conselho:
“Caro amigo, repetirei mais uma vez o que já te disse: Uma nuvem ameaçadora paira sobre a Rússia! Desventuras! Inumeráveis sofrimentos! Está escuro, e não se vislumbra a luz! Um mar de lágrimas, um mar sem fim… e quanto sangue? Não existem palavras para dizê-lo. O horror é indescritível. Sei que tudo depende de ti. Querem a guerra, mas não compreendem que a guerra é perdição. Pesado é o castigo de Deus quando nos tira a razão. Então é o princípio do fim. És o tzar, pai do povo: não deixe que os insensatos triunfem e ponham a perder a si mesmos e ao povo. Muito bem, venceremos a Alemanha. Mas e depois? Que será da Rússia? Na verdade, nunca existiu, desde o princípio dos séculos, uma marca maior. Ela está submersa em sangue. Sua perdição é completa. A tristeza não tem fim”.
Como disse acima, Rasputin tinha pavor só de ouvir falar em guerra. Onde quer que estivesse na corte, nos salões, nos restaurantes, entre os camponeses, proclamava sua aversão a esse mal. Mas ele mal encerrou a sua carta e já ouvia os primeiros disparos da guerra. Foi uma das raras vezes que o czar não lhe deu ouvidos.
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