Quando eu era ainda mais criança,
Praticava os meus pensos tortos que só!
Pensava que poesia só existia agarrada aos livros.
Que poesia legislava estar escrita.
Gastei infância inocentando que poetas eram quais artistas de televisão,
Seres inatingíveis, importantes que estavam com lápis e papel.
Matutava-os ocupados em lugares longínquos e insabidos.
Entortadamente, lesava que eles se resguardavam hibernando inspiração.
Mas o tempo escorreu e resplandeceu-me que poesia mora no mundo,
Que urge sentidos para compô-las.
Se a Philos diz que vemos o que somos, logo sentimos a poesia onde estamos.
Então desapareci na mata que emoldurava a cidade,
Ali pratiquei os meus sentimentos,
Vi um tapete bordado de folhas secas.
Cheirei das flores da ceiba que me levitava,
Degustei o filete de mel que escorria do tronco,
Toquei o azul de uma arara...
Confesso que chorei...
Fiquei todo emocionado de poesia.
Um índigena, agachado que estava junto a ceiba, me perguntou:
Ei, menino, chorando ai no corixo por quê? Você não é chuva para chorar!
Enlouqueci!
Entrei para fora daquilo num raio instante,
Tudo ali brotava poesia.
Voltei pra casa com um cesto cheio,
Descobri que poesia realmente mora no mundo...
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