SAMARITANA DA RIBEIRA
Semelhante às velhas prostitutas
Mexidas, remexidas na juventude,
Chafurdadas à beira do cais,
Depois reboladas fora,
Por vezes quase atiradas no remanso capcioso do Potengi,
Jaz um poema arquitetônico ribeirinho ao antigo porto.
Do corpo esculpido de sensualidade,
Restou a pele carcomida, chabocada...
Pele envelhecida, despencante,
Enfeadas de desprezo,
Mas resistindo o sobreviver,
Resiliente, impõe-se, sem parentes nem aderentes...
Reivindicando a majestade perdida.
O monumento ainda traz restos de voluptuosidade.
O corpo tem um ‘quê’ erotizante...
Não se sabe até quando sensualizará,
Mas está disponível à beira do cais,
Ainda esperança novo amante…
Sonha o glamour d’outrora.
Quisera um corpo governamental possuí-la,
Revestindo-o de roupas finas e jóias raras,
Espargindo-lhes os melhores perfumes…
Devolvendo-lhe a decência vulgívaga,
Restaurando suas carnes e seus psicológicos
Acordando-lhe a lascívia…
Dando-lhe a utilidade pública de antanho...
Então corpo restaurado retomaria a formosura
Quisera aparecer esse cavalheiro
Para dar-lhe patrimônio governamental
Até porque nos detrás desses ontens
Amante de governadores foste. (L.C.F. 2014).
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