ANTES DE LER É BOM SABER...
domingo, 21 de abril de 2024
ACTA NOTURNA – DÉCADA DE 40 - NATAL/RN: EMBARQUE DOS NORTE-AMERICANOS MORTOS DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL...
Reconhecimento e Reparação a Nísia Floresta Brasileira Augusta...
"O Rio Grande do Norte não tem indígenas"...
A primeira indianista do Brasil e que também era indigenista...
ESCULTURA DE UMA CRIANÇA INDÍGENA FEITA POR DIONÍSIO, PAI DE NÍSIA FLORESTA
Hoje, no dia dos povos indígenas, nada melhor que apreciarmos essa lembrança que mais nos aproxima da família de Nísia Floresta, tendo em vista ter sido feita por Dionísio, pai de Nísia Floresta. Trata-se de uma criança indígena esculpida por ele em pedra-sabão e adaptada às paredes de pedra da sacristia da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó (1735-1755), em Nísia Floresta/RN. É uma escultura bem criativa. A criança está com as mãos para cima, como quem leva algo sobre a cabeça. E esse algo é um lavabo (pia) onde os sacerdotes lavam as mãos antes e depois das celebrações. Esse conjunto é todo em pedra-sabão. A escultura desperta alguns pensamentos... tipo: onde o sr. Dionísio a esculpiu? (Certamente foi no sítio Floresta). Quem teria presenciado? O que motivou e como se deu a instalação dessa peça dentro da Matriz?
O Palácio Catetinho, em Brasília, uma visita que fiz em 1996...
Eu ao lado do sr. Antonio, compadre do ex-presidente Juscelino. |
sábado, 13 de abril de 2024
O Hino Nacional em Guarani...
A Roupa da Palavra: Labirinto...
O Mito do Amor Materno, Elisabeth Badinter...
terça-feira, 2 de abril de 2024
sexta-feira, 15 de março de 2024
terça-feira, 5 de março de 2024
Acta Noturna - A Visita de Dom José à Vila Imperial de Papary - 1882...
Natal foi ao êxtase, como se chegasse um semideus... Houve comissão de recepção, clérigos, autoridades, banda de música... o diabo a quatro se desmanchando em mesuras típicas das que até hoje se fazem à rainha Elizabeth II.
Um cortejo gordo acompanhou o bispo a pé até a igreja do Bom Jesus. Na sacristia ele se paramentou e seguiu a pé até a catedral de Nossa Senhora da Apresentação, onde era vigário um que seria santo: João Maria Cavalcanti de Brito (coincidentemente o padre João Maria havia deixado a Vila Imperial de Papary há 1 ano, onde exercera 4 anos de vigariato naquela matriz).
Diferentemente do padre João, cuja casa era a sacristia, e muitas vezes dormia no chão por presentear a própria rede aos pedintes, o bispo ficou hospedado durante uns três dias no Palácio da Assembleia, depois Palácio do Governo (hoje EDTAN, na rua Chile, Ribeira).
Ali lhe chegava de tudo da melhor qualidade. De comida a souveniers oferecidos pelas madamas natalenses. Após a realização dos mais diversos trabalhos eclesiásticos, seguidos de visitas a todos os órgãos públicos e às casas das pessoas mais ricas de Natal, ele empreende uma verdadeira odisseia por diversas cidades e vilas locais. Uma delas é a então "Vila Imperial de Papary".
Ele estava em Canguaretama, quando embarcou na "Maria-Fumaça" da Great Western. Ao chegar na Estação "Papary", que ainda iria completar um ano de construída, mais ou menos às 17h00, como dizem os nordestinos "estava um moído"... não tinha lugar para se colocar o pé. Música, autoridades, paroquianos, tudo o que se tem direito e mais um pouco promovia a maior festividade.
Por incrível que pareça, as autoridades mandaram uma "cadeira de arruar" para que o ilustre visitante viajasse confortavelmente até o centro da vila (igual a essa da foto com escravisados). O bispo nega. Escolhe ir a pé.
Ao se aproximar do centro da freguesia, se surpreende. A partir da entrada do Engenho Descanso, perfilava uma sequência de fogueiras que ia até o átrio da Matriz. A vila estava um verdadeiro dia, tudo muito enfeitado pelos fieis. Então ele celebra na Matriz de Nossa Senhora do Ó e segue para um jantar nababesco no dito Engenho Descanso.
Até então a vila nunca tinha visto um bispo. Ele passa dois dias ali, onde celebra casamentos, batizados, crismas, discursos, celebrações, visitas às famílias mais ricas da localidade, incluindo a do "Cavaleiro da Rosa" – que à essa época já era um homem idoso – e outras.
Realizado o compromisso, ele segue para a estação "Papary", sob forte comoção popular. Contam que ele não deu um passo em Papary sem que uma multidão o acompanhasse, como se para levá-lo... um misto de curiosidade, o impacto da novidade, a imagem de semideus etc.
Naquela época, a província do Rio Grande era subordinada à Diocese de Olinda. Dom José Pereira da Silva Barros foi o primeiro e único conde de Santo Agostinho. Era de São Paulo. Foi bispo de Olinda e do Rio de Janeiro. Foi o último bispo de S. Sebastião do Rio de Janeiro.
Acta Noturno - Antonio de Sousa (Polycarpo Feitosa) - "Quase Romance Quase Memória"...
Polycarpo Feitosa |
O livro intitulado “Quase Romance, Quase Memória”, assinado por Polycarpo Feitosa, alcunha de Antonio José de Melo e Souza (Papary: 24.12.1967 - Recife: 5.7.1955), foi publicado em 1969, pela Imprensa Oficial, com apoio do IHGRN e ANRL muito tempo após a morte do autor, graças à compreensão da irmã do escritor, dona Isabel Emiliana de Melo e Sousa, que disponibilizou os manuscritos. É uma obra não concluída, mas bastante vasta e com informações preciosas. Antonio de Sousa era um grande observador de tudo. Altamente crítico. Foi governador algumas vezes e ocupou pastas respeitáveis no estado. Embora esquecido pelas grandes massas, é figura conhecidíssima nos meios intelectuais norte-rio-grandenses. É considerado por especialistas como uma revelação na Literatura do período modernista, embora não seja reconhecido nacionalmente como tal. No capítulo “No tempo da República”, o autor estuda os primeiros dias do novo regime, entre nós, figuras principais, posição de liberais e conservadores, destacando o jornal “A Alvorada”, ou seja, A República, como centro das atividades republicanas. Quem conhece a história social e política do estado, idetifica logo, em Paulo Júnior, A. Benévolo, Andrade Brasil, as figuras de Pedro Velho, o Líder, e Augusto Severo e Brás de Melo, os redatores do jornal.O dr. Deodato Juazeiro, bacharel em direito, filho de fazendeiro, poeta por desenfado, iniciannte em política, candidato a deputado, está a exigir um exame mais detido, a fim de ser devidamente identificado.
No segundo capítulo “Diário de um recolhido”, memórias igualmente inacabadas, o autor analisa tipos e figuras da vida político-partidária potiguar, sem descer ao mau gosto do remoque e da pilhéria picante e dessaborida. As figuras de seu diário, tocadas pela magia do seu estilo, retornam, assim, ao cotidiano da vida norte-rio-grandense, mais engrandecidas e atualizadas, na palavra comedida e austera do memorialista contemporâneo. José Augusto, Castriciano, Sebastião Fernandes e tantos outros são ali discutidos, observados e analisados à luz dos fatos de sua época, por um autêntico observador da vida nordestina. Antonio de Sousa possuía uma biblioteca impecável. Era poliglota e assinava algumas revistas internacionais. Escreveu em diversos jornais potiguares e na revista do IHGRN.
Maria Alice de Melo e Sousa |
Maria Isabel Emiliana de Melo e Sousa |
Do livro “Quase Romance, Quase Memória” retirei alguns ditos populares curiosos, já que não devo contar o conteúdo. Vejamos:
“Pobre como urubu de sertão em ano de inverno e sem epizootias”
(p.33)
“Quem tem uma pena e não tem vaidade ainda vai nascer” (p.33)
“Os cabelos de uma serra estão sempre sujeitos aos ventos de todos os quadrantes” (p.46)
“Não há nada melhor que que um dia atrás do outro e uma noite no meio” (p.46)
“É como macaco em loja de louças” (p.51)
“Pobre arbusto seco que, incapaz de dar frutos, apenas cria bichos para estragar os dos outros” (p.52)
“Cachorro com gafeira não pode deixar de se coçar” (p.52)
“É como paletó de estudante pobre, quando está muito sujo, como estava o Império, leva-se ao adelo, este desmancha tudo, vira o pano pelo avesso, põe novos forros, e aí está uma farpela nova… mas o pano é o mesmo, com o sujo escondido” (p.55)
“Todo sujeito avarento é mau” (p.54)
“Olhos de carneiro mal morto” (p.78)
OBS. As fotografias trazem Antonio de Sousa e suas irmãs, Maria Alice de Melo e Sousa e Maria Isabel Emiliana de Melo e Sousa. 6.6.2016.