Por Franklin Jorge
Há poucos dias, num jornal local, um professor de Parnamirim – preocupado com o futuro da educação no estado -, denunciou a incultura que campeia de canga solta na Fundação Capitania das Artes. Melhor dizendo, no Conselho Municipal de Cultura, que avalia e aprova os projetos inscritos na lei de incentivo à cultura. Uma verdadeira aberração a exigir a intervenção urgente do Ministério Público: desperdício cheira a corrupção, nesse caso nascida da incúria de uma instituição com valores que lhe compete defender e aplicar para o bem de todos.
Fica claro, segundo as palavras do professor atento e zeloso de sua missão, que a Funcarte devia ajudar-se, ajudando-se a melhorar o nível de cultura de seus próprios membros. Seu conselho de cultura é deplorável. Uma vergonha, mesmo para a prefeita Micarla de Souza, que quis fazer tudo com a prata da casa, isto é, com os funcionários da TV Ponta Negra que ela lotou na Funcarte, para aliviar a folha privada… E deu no que deu.
A pobreza – melhor dizendo, a indigência sumária – que se encastela em seus redutos devia ser reciclada em algo digno de respeito. Natal não comporta tanta mediocridade e despreparo, sobretudo numa área delicada, como a da cultura, que tem agonizado nas mãos de uns arrivistas.
Na Funcarte ninguém sabe nada de cultura. Imaginem um conselho de cultura que aprova sem conhecer e confunde Nísia Floresta com Isabel Gondim! Foi o que aconteceu, acredite, meu caro leitor. O professor de Parnamirim flagrou o erro crasso, o conselho mudando a identidade das duas escritoras rio-grandenses do norte. Com a chancela do Conselho Municipal de Cultura, que acolhe em suas fileiras gente sem critério e despreparada. A Fundação Capitania das Artes misturou alho e bugalho e nos deu uma Nísia Floresta com a cara da sua rival, Isabel Gondim, nome de escola nas Rocas. Uma grande barrigada de Micarla, que escolheu canhestramente, e mal, seus assessores…
O projeto em questão, aprovado sem as devidas ressalvas ou, a meu ver – com passe no exposto e na realidade dos fatos -, devendo ter sido “terminantemente desaprovado” com uma recomendação à propositora, uma psicóloga pernambucana que se declara admiradora de Nísia Floresta – imaginem se fosse sua inimiga…-, que saiu de cara limpa e sem ônus desse episódio constrangedor, pois repassou – e todos engoliram sem um copo d’água – o erro de sua intransferível competência para o coitado do webmaster, que por ser parte fraca não teve o cuidado de habilitar-se com as fotografias autênticas etc e fez a malfadada substituição que a psicóloga, fugindo do próprio erro, quis pespegar-lhe de supetão, livrando o seu da seringa!
Num lugar onde praticada fosse a seriedade e o zelo com o recurso público, essa psicóloga desinformada devia, no mínimo, restituir o valor do projeto com correção financeira. Está provado que ela não tem cacife como documentarista para receber dinheiro público com a promessa de fazer serviço decente. Obra sem nenhuma fé, seja porque quem a idealizou, seja por quem a aprovou sem conhecer da matéria tratada, seja por quem financiou.
Entende-se que, ao examinar a proposta, o conselheiro devia ser mais que um mero documentarista – como há inúmeros e infinitos vivendo e mamando entre nós –, devia ser alguém que conhecesse um pouquinho da cultura rio-grandense do norte. Pelo menos a um nível que o livrasse do vexame de confundir Isabel Gondim com Nísia Floresta, ao aprovar projeto em que se procurava exaltar a escritora.
A mancada da psicóloga não pode ficar assim, sem mais nem menos. É algo gravíssimo, um crime de lesa-cultura que impõe a reformulação da política cultural da prefeitura, que a bem da verdade dá sinais de que está mais perdida do que cego em meio a tiroteio – e tiroteio da cultura, o pior que há, aquele que mais negativamente repercute até entre os que não leem livros, mas tem um pouco de boa fé na alma.
O leitor há de ter notado que tenho escrito sem citar nomes. Nem o do professor que deu-nos o ar de sua graça, ao corrigir um erro que tem se difundido, segundo se percebe da leitura da reportagem, pois o documentário da malfadada documentarista, importada do Recife, anda sendo exibido em escolas da rede oficial. Os nomes só são relevantes porque expõem uma prática. Tenhamos dó das nossas crianças: esse lixo cultural deve ser varrido definitivamente, com um pedido de desculpas pelo descaso para com a cultura de Natal. Não podemos compactuar com esse desmazelo que tomou conta de tudo desde que o Partido Verde assumiu o governo.
Nossos conselhos de cultura (e aqui incluo o Estadual também) precisam ser resgatados e entregues nas mãos de conselheiros notáveis por seu saber. O atual, com exceção do grande dramaturgo e poeta Josean Rodrigues, tem em sua formação uma gente completamente anônima e certamente sem cultura, cujos nomes transcrevo abaixo na esperança de que algum leitor os conheça e possa declinar seus méritos, que se fazem necessários, para nos resgatar desse vexame que é a cultura da prefeitura Micarla de Souza. Ei-los, pois: Tatiane Fernandes (produtora cultural), Francisco Alves (professor e pesquisador, membro da comissão normativa da Lei Djalma Maranhão), Josean Rodrigues, Miguel Wilson (aluno do curso de Produção do IFRN) e Odinélia Targino, já conselheira da atual gestão, nomeada pela prefeita Micarla de Souza e agora eleita representante da classe artística. Alguém sabe quem são e representam para a cultura da cidade? Além disso, onde já se viu produtor cultural fazendo parte de tais conselhos? Uma verdadeira aberração que denuncia o avanço da corrupção na cultura do Rio Grande do Norte. Um caso de polícia, portanto.
Já é tempo de levarmos a cultura a serio e de, os governantes, tratá-la com seriedade e respeito. Cultura é coisa séria e não pode depender dos caprichos de uma única pessoa ou de grupo. O Conselho Municipal de Cultura espelha bem o descalabro desse governo de Micarla que não fez nada bem. Voltarei ao assunto.
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3 Comentários
Demir Santos - Parnamirim. on 28 de dezembro de 2011 at 17:41.
É o retrato da Funcarte: corrupção, despreparo, incompetência. Esta é a imagem pública da cultura “oficial” que tem por finalidade dar boa vida a “apadrinhados” e cabos eleitorais dos governantes.
Franklin não disse o nome das pessoas envolvidas nessa patifaria: a psicóloga, autora disto que Franklin chamou de “crime de lesa cultura”, é a pernambucana Marieta Izabel Martins Maia, denunciada em entrevista do professor e historiador Luís Carlos Freire, diretor da Escola Municipal Augusto Severo, de Parnamirim. O conselheiro do Conselho Municipal de Cultura, Paulo Laguardia. É preciso dar nomes aos bois…
Agora só fica faltando a ação do Ministério Público, que devia botar tudo em pratos limpos, para que tais abusos não mais ocorram.
Respeito à cultura!
Franklin não disse o nome das pessoas envolvidas nessa patifaria: a psicóloga, autora disto que Franklin chamou de “crime de lesa cultura”, é a pernambucana Marieta Izabel Martins Maia, denunciada em entrevista do professor e historiador Luís Carlos Freire, diretor da Escola Municipal Augusto Severo, de Parnamirim. O conselheiro do Conselho Municipal de Cultura, Paulo Laguardia. É preciso dar nomes aos bois…
Agora só fica faltando a ação do Ministério Público, que devia botar tudo em pratos limpos, para que tais abusos não mais ocorram.
Respeito à cultura!
Silva on 28 de dezembro de 2011 at 18:33.
O Conselho Municipal de Cultura é de péssimo nível. Só gente desconhecida, sem obras, deviam até se envergonhar de aceitar função para a qual não demonstram competência. O Francisco Alves citado deve ser o Chico Alves! Meu Deus, uma cultura que tem Chico Alves e Isaura Rosado, peca por se apresentar como tal.
Elves Alves on 29 de dezembro de 2011 at 21:21.
É duro reconhecer, mas apagão na cultura já não constitui mais nenhuma novidade na vida do povo potiguar. Muito pelo contrário, virou praxe.
Desde que foi criada por Wilma de Faria e entregue por ininterruptos 12 anos a Rejane Cardoso, mulher do jornalista Vicente Serejo, a Fundação Capitania das Artes nunca foi outra coisa senão ancoradouro da incultura e da necrose administrativa.
A exemplo de Rejane, sucessores seus como Gileno Guanabara e Isaura Amélia Rosado jamais prestaram conta de qualquer recurso financeiro destinado à Funcarte, prática nebulosa vencida somente quando da ascensão do professor Eduardo Pinto à presidência da entidade.
De todos os seus ex-presidentes, apenas Rodrigues Neto teve a coragem e a ousadia de proclamar, mas desde seus primórdios que a Capitania das Artes está “cagando e andando” para a cultura dos natalenses.
Não é de causar surpresa, portanto, que num ambiente de tamanho desleixo como este se abrigue um conselho de cultura tão pernicioso como o que aí está.
Desde que foi criada por Wilma de Faria e entregue por ininterruptos 12 anos a Rejane Cardoso, mulher do jornalista Vicente Serejo, a Fundação Capitania das Artes nunca foi outra coisa senão ancoradouro da incultura e da necrose administrativa.
A exemplo de Rejane, sucessores seus como Gileno Guanabara e Isaura Amélia Rosado jamais prestaram conta de qualquer recurso financeiro destinado à Funcarte, prática nebulosa vencida somente quando da ascensão do professor Eduardo Pinto à presidência da entidade.
De todos os seus ex-presidentes, apenas Rodrigues Neto teve a coragem e a ousadia de proclamar, mas desde seus primórdios que a Capitania das Artes está “cagando e andando” para a cultura dos natalenses.
Não é de causar surpresa, portanto, que num ambiente de tamanho desleixo como este se abrigue um conselho de cultura tão pernicioso como o que aí está.
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