Severino Gonçalves da Silva nasceu no dia 23 de março
de 1923, no Cururu, povoado de Nísia Floresta, o qual, após a enchente passou a
se chamar Campo de Santana.
Teve uma vida típica de menino de interior, regada a
muitas brincadeiras e trabalhos domésticos orientados pelos pais.
Como ele vislumbrava um futuro diferente do deu seus
pais, aos doze anos buscou a casa de um padrinho em Natal, Sebastião Marcolino,
o qual o acolheu muito bem, mas com a morte da sua madrinha o garoto retornou
para o Cururu.
O padrinho logo se casou novamente, teve pena do
afilhado tão cheio de sonhos e o convidou para morar novamente com ele, o qual
atendeu de pronto e ficou muito feliz. Mas decepcionou-se com a nova esposa do
padrinho, pois era uma mulher extremamente autoritária, totalmente diferente da
madrinha, a qual o tratava com a mesma doçura de uma mãe.
Certo dia, cansado de não se sentir à vontade como antes,
fugiu decidido que a sua precocidade não seria empecilho para se dar bem na
vida. Ele tinha uma opinião que era mais ou menos assim: “vou cuidar de mim e
do meu destino, vou trabalhar no que aparecer pela frente, desde que seja coisa
honesta. Não vou me incomodar se aparecer só serviço pesado, pois um dia eu vou
vencer e vou ser feliz”.
Ainda menor conseguiu emprego numa salina, em Igapó,
pois naquela época as leis não eram tão cidadãs como as atuais. O serviço era
pesado. Ele começava às seis da manhã e terminava às dezoito horas, de segunda
ao sábado. No domingo trabalhava na feira, fazendo frete com um carrinho de
mão. Desse modo Severino não sabia o que era o descanso, exceto quando colocava
a cabeça num travesseiro e dormia como uma pedra.
Eventualmente fazia uma visita à casa dos familiares
em Cururu, pois os pais eram muito pobres e ele também queria ajudá-los como
podia.
Em toda visita voltava triste e molhado com as
lágrimas da mãe, a qual ficava preocupada, pensando onde morava, quem eram os amigos,
se estava seguro, como organizava as roupas, a comida e essas coisas todas que
só as mães pensam.
Em 1941, quando os norte-americanos ensaiavam os
primeiros acordes de uma longa cantilena militar que se instalaria em
Parnamirim, Severino deixou o emprego, convidado pelo primo Raimundo Alves a
morar nessa que ainda não tinha foros de cidade e sequer de município. Só
existiam tabuleiros de alecrim, dunas a se perder de vista e algumas choupanas
de palha e taipa ao redor do que seria o Aeroporto Internacional Augusto
Severo.
Na casa desse primo ele comeu o pão que o diabo
amassou, mas nada era obstáculos para os seus sonhos, mesmo percebendo que
naquela época só se davam bem – ou pelo menos era o que lhe parecia – aqueles
que tinham origens lordes ou padrinho abastado.
Com seus próprios esforços conseguiu empregar-se na
Base Aérea, fazendo serviços gerais. Sua dedicação e suas gentilezas eram tão
grandes para com seus patrões, que em pouco tempo lhe melhoraram o salário e a
função.
Em 1943 foi incluído no quadro de taifeiros da
Aeronáutica. Logo fez cursos internos e foi designado para Fernando de Noronha,
onde passou certo tempo. Dali saiu para o Rio de Janeiro, tendo permanecido um
longo período. A capital federal lhe oportunizou muita coisa boa, muita experiência,
cursos, mas seu coração era interiorano e ele nutria a vontade de retornar para
Parnamirim, local que o deixaria mais próximo dos familiares do Cururu e dos
amigos, além de poder ajudar os pais.
Apaixonado por esporte, fundou o Potiguar Esporte
Clube em Parnamirim, tendo sido o tipo de cidadão exemplar, querido por todos.
O tempo passou e ele encerrou sua vida militar como
terceiro sargento. E se sentia extremante feliz, pois, como dizia: “se eu
tivesse ficado no Cururu não teria passado de um menino sentado numa canoa.
Senti-me útil, servi a muitas pessoas. Sou um homem feliz”.
O contador dessa história já ia se esquecer de dizer
que Severino era casado com Neusa Ferreira Gonçalves e teve duas filhas:
Girlene e Girleide.
O Sr. Severino foi dessas pessoas excepcionais, que tem a capacidade se sentir feliz com o que para alguns não foi tanto.
Para mim ele foi um homem como ele próprio se definiu "Feliz".
Isso basta!
O Sr. Severino foi dessas pessoas excepcionais, que tem a capacidade se sentir feliz com o que para alguns não foi tanto.
Para mim ele foi um homem como ele próprio se definiu "Feliz".
Isso basta!
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