ANTES DE LER É BOM SABER...
segunda-feira, 31 de dezembro de 2018
Engenho Descanso em 1992
sexta-feira, 28 de dezembro de 2018
ESTRADA DE FERRO HISTÓRICO LITERÁRIA... EIS UMA IDEIA...
Acostumado a embarcar no VLT da Ribeira desde 2014, me familiarizei a um cenário que me causa grande desconforto. Refiro-me a uma espécie de 'cemitério de vagões' no pátio da hoje CBTU, que já foi “The Great Western Of Brazil Railway Company Limited”, depois, Estrada de Ferro Sampaio Correia, no século 20. Confesso que todas as manhãs e tardes em que desembarco na Estação Ribeira, sinto-me num cortejo, fazendo velório àqueles vagões extraordinários e preciosos, que não merecem esse fim.
Hoje, temos o moderno e confortável “Veículo Leve Sobre Trilhos”, que deveria ser VLST, mas resumiram para VLT. Entendo que o descarte dos velhos vagões não pode acontecer dessa forma. Mas que tivessem um destino tão nobre quanto foi a sua missão original de levar e trazer pessoas. São peças velhas, de fato, porém intactas, carecendo apenas de um tratamento e pintura.
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Teatro Municipal Paulo Barbosa da Silva |
Assistindo diariamente a esse abandono, tive um insight e cheguei a conversar com Henrille, amigo da minha família, da equipe de gestão da CBTU. Perguntei-lhe se seria possível a doação de algumas daquelas composições, pois pensei em conversar com autoridades e amigos de Parnamirim com o objetivo de propor um projeto que transformasse esses vagões num ambiente que abrigasse literatura, história e memória. Nele seriam acomodados uma biblioteca infanto-juvenil e um mini-museu sobre a memória ferroviária de Parnamirim, tendo em vista que o município ignora – ou ainda não se apercebeu – dessa página tão importante de sua história.
A proposta que apresento é que esses vagões sejam reformados e adaptados em trilhos instalados na lateral do Parque Municipal Aluísio Alves, onde se encontram o Teatro Municipal de Parnamirim e o Planetário. A anexação do novo equipamento ampliaria a relevância desse complexo cultural.
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Antiga estação ferroviária de Parnamirim. Embora não seja a primeira, remonta a década de 80, época em que foi demolida. |
A
Fundação Parnamirim de Cultura conta com mais de quinhentos alunos matriculados
nas oficinas de Dança. Noventa por cento são crianças. A Escola de Música
Epitácio Leopoldino conta com quase mil alunos, e um percentual considerável é
de crianças, somando um público infanto-juvenil grandioso para se servir dessa
biblioteca, cujo acervo, além de Literatura Infanto-juvenil, abrangeria obras voltadas
para Dança e Música. Vale ressaltar que o vagão de História e Memória seria um espaço voltado para o povo em geral, independente de idade, afinal viajar no tempo é para todos.
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Imagem ilustrativa do interior de uma biblioteca infanto-juvenil em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. |
Sabemos que no século XIX, muito antes de essa área geográfica se configurar como município de Parnamirim, quando era um povoado pincelado por meia dúzia de barracos de palha e taipa, onde se espraiavam areias alvas e um tabuleiro de alecrins, matas e arbustos quando foi inaugurada a estrada de ferro unindo Natal a Nova Cruz –, essa região foi cortada pelos trilhos da “The Great Western Of Brazil Railway Company Limited”, inaugurada em 1881, e contava com duas estações.
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Antiga estação ferroviária de Parnamirim. Embora não seja a primeira, remonta a década de 80, época em que foi demolida. |
Esse
equipamento singular é de grande relevância para o município de Parnamirim,
consistindo num bem turístico de grande projeção. Além da nobreza de sua
significação, soma-se a sua beleza visual, pois o projeto paisagístico contemplaria postes e luminárias de época dentre outros elementos que nos transportasse no tempo.
A locomoção dos vagões se daria mediante uma parceria da Prefeitura de Parnamirim com o Batalhão de Infantaria Motorizada do Exército de Natal, ou a Marinha, considerando que esses órgãos possuem veículos grandes e guindastes. Inicialmente os vagões seriam removidos para um espaço onde se daria a sua restauração, e depois seria afixado sob trilhos no seu local definitivo.
E nada mais justo que, como gratidão à CBTU, e como marco do registro dessa preciosa doação, no ato de sua inauguração instalaria-se no local uma placa de bronze com as informações pertinentes relacionadas a CBTU.
Creio que tal iniciativa impactaria muito no cenário parnamirinense, servindo de referência para outros municípios com memória ferroviária, como Nísia Floresta (antiga Papary), São José de Mipibu, Canguaretama e outros.
Fica a ideia. O nome do equipamento, acima, é só uma sugestão, como também "Ferrovia Histórico-Literária", "Trem da Memória e Literatura", enfim... mas o mais valioso hoje é torcer para que homens e mulheres do poder também enxerguem essa ideia com olhos visionários. (Luís Carlos Freire, 28 de dezembro de 2018)