O caso do suicídio do filho da cantora Walquíria Santos
Natal está perplexa com o suicídio de Lucas (16 anos) filho da artista Walquíria Santos, cantora daqui da região. A que ponto chega a maldade humana. O adolescente deu fim à sua vida por não suportar as piadas e deboches feitas a ele, num vídeo postado pelo mesmo. As imagens mostram Lucas e um amigo fingindo um beijo na boca, o que poderia ser visto como “brincadeira de menino buchudo”, como dizem aqui no Nordeste. Mas a brincadeira revelou os demônios existentes em muita gente que não poupou comentários terríveis.
Vejam o que é a mente humana. Outro garoto da mesma idade ‘tiraria de letra’ os inquisidores da internet. Talvez daria até risada e faria outros vídeos ainda mais ousados. Mas o adolescente Lucas - praticamente uma criança - demonstrou ainda não ter tal maturidade. As críticas funcionaram nele como o cometimento de um erro imperdoável. Ele viu em sua postagem uma brincadeira que assumiu proporções de desonra, quase crime. A coisa foi tão insuportável para ele que somente a morte resolveria.
Isso é tão grave e tão assustador que ninguém pode deixar passar despercebido. Normalmente são mais meninos que fazem esse tipo de brincadeira, portanto chega a ser ainda mais chocante a atitude extrema que ele tomou, sem conseguir levar na esportiva. Qualquer pessoa adulta percebe a bobagem da brincadeira no vídeo, mas a internet transformou a brincadeira em sua sentença de morte.
Quem tem filhos deve ter muito cuidado. Deve ensiná-los a não usar a internet para dar vazão aos demônios que encarnam quando veem algo que julgam diferente do que eles interpretam como o correto ou ideal. E não aceitam o que é diferente, seja na sexualidade, na política, no time de futebol, no estilo de vida etc. E o mais curioso é que em pleno século XXI vermos uma ‘inquisição’ sobre a imagem gay. Como se quem o fosse, fosse também bandido, assassino, traficante, pervertido, nocivo etc.
Confesso que eu supunha que isso era quase coisa do passado, até porque, como o meu pai dizia “esse tempo não é mais nosso, é dos outros”, querendo dizer que não podemos interferir nos novos comportamentos humanos, pois estamos encerrando as nossas vidas, e eles estão iniciando e jamais serão iguais às gerações passadas. Jamais. Mesmo que o adolescente fosse gay - que não era o caso - não merecia a inquisição dos internautas. O martelo foi tão pesado que custou a vida do menino que quis apenas brincar. Perverso demais! O pior é que isso está na moda. Os mais impensáveis gestos de violência no uso da palavra estão banalizados na internet.
É momento de os pais e avós chamarem os filhos pré-adolescentes e adolescentes para refletir sobre esse fato. É importante orientá-los a não serem inquisidores, e quando porventura postarem alguma brincadeira na internet, deverão 'tirar de letra' a possível inquisição dos demônios da internet. E que isso não seja maior que eles, portanto deverão relevar, interpretar como brincadeira, mesmo que seja uma saraivada de comentários ofensivos. A internet está assim, e quem se arrisca a caminhar nessa selva, sabe que lobos e demônios aparecerão de todos os lados junto junto aos cordeiros. Portanto deve estar preparado, já que quer trilhar essa selva.
Creio que esse Inferno, esse rio de fogo e labaredas, essas legiões de seres humanos demonizados, carregando um tridente, cutucando os outros, ferindo, machucando e rindo da desgraça está em toda a internet. Não está nem tanto no mundo real dos contatos físicos, mas a partir do momento que vamos para o mundo digital o inferno é infinito, cheio de buracos, cavernas, choros e labaredas. Na realidade, como diz a minha mãe “o inferno é aqui mesmo”.
Só tenho a dizer que é uma pena tudo isso. Triste demais. Uma criança tão linda, bem educada, uma família do bem sofrer a dor que nunca cessará. E saber que quem faz isso são seres humanos de carne e osso dá medo do homem… dá medo do mundo…
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