Em
1954, quando os despojos de Nisia Floresta chegaram ao Brasil, que
aportou no cais de Natal, uma multidão o aguardava, ali mesmo foi
executado o Hino Nacional enquanto os despojos deixavam a embarcação.
Houve missa no Ginásio Municipal de Esportes em Natal. à ocasião a
jornalista e professora D. Chicuta Nolasco Fernandes, então diretora da
Escola Normal de Natal, organizou um grupo de alunas para fazer as vezes
de "Guarda de Honra" junto ao caixão com os restos mortais de Nísia
Floresta. A
educadora recebeu muitas críticas devidas ao histórico de
conservadorismo da instituição, além de outras autoridades. Alguns
natalenses não compreendiam como uma escola com padrão de referência
parava para homenagear uma mulher cuja história era regada à difamação
decorrente da famosa carta-detratora escrita por Isabel Gondim.
Adauto da Câmara já havia publicado um belo livro sobre Nísia Floresta, mas a carta de sua conterrânea ainda era muito forte. E muitas pessoas pareciam mais estimuladas à fofoca que à verdade. D. Chicuta foi metralhada por críticas, mas não abriu mão. Ela sabia da importância de sua conterrânea e ignorou os opositores gratuitos, inclusive algumas autoridades. Um dos gestos mais belos ocorridos no RN quando do referido episódio.
Para quem não sabe, D. Chicuta diplomou-se em 1929 e sempre se envolveu em polêmica. Em 1930 foi contratada pelo governo pernambucano para integrar a Comissão de professores para colaborar na reforma "José Escobar". O episódio provocou grande celeuma nos centros educacionais do país. Foi a primeira mulher a exercer o cargo de diretora da Escola Normal de Natal.
Essa escola recebeu posteriormente o nome de "Instituto Presidente Kennedy". Também colaborou no jornal A República, escreveu peças teatrais e pertenceu a várias instituições filantrópicas e de outras naturezas em Natal.
Ainda tive o prazer de conviver um pouco com Chicuta Nolasco entre 1992 a 1993, quando ela contava com 84/85 anos de idade. Conversamos algumas vezes. Pouco tempo depois desse contato, ela se encantou. Também conversei muitas tardes com a professora Noilde Ramalho, que também conviveu com Chicuta, a qual me presenteou com "Menina Amarelinha", obra de Chicuta Nolasco. Um primor. E assim vamos montando o quebra-cabeça de histórias encobertas pela poeira da desmemória...
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