OS
GUATÓS DO PANTANAL
Nos
dedentros das matas, onde o verde se confunde em segredo e silêncio, os rios
sussurram histórias antigas, guardadas nas dobras do tempo. As árvores, com
suas raízes profundas, bebem dos segredos da terra, e as folhas, ao barlavento,
sussurram segredos aos bichos que por ali passam.
Os
Guatós, habitantes ancestrais dessas terras, conhecem cada curva dos rios, cada
sombra das árvores. São parte da paisagem, assim como as águas que fluem dos
subterrâneos ancestrais. Seus olhos refletem o brilho do sol sobre o rio, seus
corpos movem-se com a fluidez da correnteza.
Nas
margens, capivaras, tuiuiús e antas partilham o espaço com jacarés preguiçosos,
todos imersos na harmonia da vida que ali pulsa. As araras, conversadeiras, com
suas cores vivas, cortam o céu em voos rasantes, anunciando a plenitude do dia
que nasce.
Os
Guatós, em suas canoas silenciosas, riscam as águas como se fossem parte dela,
sem perturbar a paz do rio. Seus cantos, ecoando entre as árvores, criam uma
sinfonia única, onde os indígenas e o natural são um só.
Nas
noites, quando a lua faz gigantesco espelhos que se franjam nas águas, as
histórias dos ancestrais são contadas ao redor das fogueiras. Histórias de
espíritos das matas, de animais sagrados, de rios que choram e de estrelas que
guiam, contadas pelos sábios guatós. E assim, a vida segue seu curso,
confundida com terra, água, céu e esses povos vestidos de Pantanal, numa dança
ancestral, eterna em existência e memória.
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