ANTES DE LER É BOM SABER...

CONTATO COMIGO: (Whatsapp) 84.99903.6081 - e-mail: luiscarlosfreire.freire@yahoo.com. O pelo formulário no próprio blog. Este blog - criado em 2008 - não é jornalístico. Fruto de um hobby, é uma compilação de escritos diversos, um trabalho intelectual de cunho etnográfico, etnológico e filológico, estudos lexicográficos e históricos de propriedade exclusiva do autor Luís Carlos Freire. O título NISIAFLORESTAPORLUISCARLOSFREIRE foi escolhido pelo fato de ao autor estudar a vida e a obra de Nísia Floresta desde 1992 e usar esse equipamento para escrever sobre a referida personagem. Os conteúdos são protegidos. Não autorizo a veiculação desses conteúdos sem o contato prévio. Desautorizo a transcrição literal e parcial, exceto trechos com menção da fonte, pois pretendo transformar tais estudos em publicações físicas. A quebra da segurança e plágio de conteúdos implicarão penalidade referentes às leis de Direitos Autorais. Luís Carlos Freire descende do mesmo tronco genealógico da escritora Nísia Floresta. O parentesco ocorre pelas raízes de sua mãe, Maria José Gomes Peixoto Freire, neta de Maria Clara de Magalhães Fontoura, trineta de Maria Jucunda de Magalhães Fontoura, descendente do Capitão-Mor Bento Freire do Revoredo e Mônica da Rocha Bezerra, dos quais descende a mãe de Nísia Floresta, Antonia Clara Freire. Fonte: "Os Troncos de Goianinha", de Ormuz Barbalho, diretor do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, um dos maiores genealogistas potiguares. O livro pode ser pesquisado no Museu Nísia Floresta, no centro da cidade de nome homônimo. Luís Carlos Freire é estudioso da obra de Nísia Floresta, membro da Comissão Norte-Riograndense de Folclore, sócio da Sociedade Científica de Estudos da Arte e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Possui trabalhos científicos sobre a intelectual Nísia Floresta Brasileira Augusta, publicados nos anais da SBPC, Semana de Humanidade, Congressos etc. 'A linguagem Regionalista no Rio Grande do Norte', publicados neste blog, dentre inúmeros trabalhos na área de história, lendas, costumes, tradições etc. Uma pequena parte das referidas obras ainda não está concluída, inclusive várias são inéditas, mas o autor entendeu ser útil disponibilizá-las, visando contribuir com o conhecimento, pois certos assuntos não são encontrados em livros ou na internet. Algumas pesquisas são fruto de longos estudos, alguns até extensos e aprofundados, arquivos de Natal, Recife, Salvador e na Biblioteca Nacional no RJ, bem como o A Linguagem Regional no Rio Grande do Norte, fruto de 20 anos de estudos em muitas cidades do RN, predominantemente em Nísia Floresta. O autor estuda a história e a cultura popular da Região Metropolitana do Natal. Há muita informação sobre a intelectual Nísia Floresta Brasileira Augusta, o município homônimo, situado na Região Metropolitana de Natal/RN, lendas, crônicas, artigos, fotos, poesias, etc. OBS. Só publico e respondo comentários que contenham nome completo, e-mail e telefone.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO Ó - NÃO TÃO ORIGINAL E PROTEGIDA COMO SE PENSA

IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO Ó - NÃO TÃO ORIGINAL E PROTEGIDA COMO SE PENSA


PATRIMÔNIO MATERAL DE VALOR INCALCULÁVEL CHAMADO NÍSIA FLORESTA


Detalhe do lustre e forro onde existia belíssimas pinturas sacras em estilo barroco.

O local onde se formou a cidade de Nísia Floresta fazia parte da doação de terra feita pelo 2º capitão-mor do Rio Grande do Norte, Jerônimo de Albuquerque, no dia 8 de março de 1610, e cujos beneficiários foram João Pereira e Miguel Pereira. A doação, no rio Capió, tomou nº 144 (FILHO, 1989).
O brabantino Adriano Verdonck, espião a serviço dos holandeses, em 1630, fazia menção à aldeia do Mopobu, muito refereida pelos cronistas que descreveram o período do domínio holandês (1630-1654) e a Guerra dos Bárbaros, ou o levante do gentio tapuia (1683-1720).
Desde o ano de 1689 já existia uma capela em Papary, local da primeira aldeia de Mipibu. Em 1703, o desembargador Cristóvão Soares Reymão providenciou a demarcação das terras dos índios da aldeia de Mipibu, onde já se encontrava a Capela de Nossa Senhora do Ó da Missão de Mipibu (do Papary, ou da Ribeira de Mipibu). Padres pertencentes ao clero secular cuidavam dos indígenas ali aldeados.
Em 1740, a Aldeia de Mipibu foi transferida para local distanciado de Papary, onde hoje encontra-se a cidade de São José de Mipibu. Papary, onde funcionava a velha Aldeia Mipibu, passou a receber a denominação de Povoação de Papary.
A primeira Capela de Nossa Senhora do Ó de Papary, evoluiu para a atual Matriz de Nísia Floresta, que ainda mantém o mesmo orago principal. Segundo o historiador Câmara Cascudo, o templo de Nísia Floresta foi concluído em 1755 com a ajuda dos Capuchinhos residentes em São José de Mipibu. A freguesia de Nossa Senhora do Ó data de 1833.
A igreja é um prédio de grandes proporções, desenvolvido em dois pavimentos e constituído de capela-mor, naves central e laterais, galerias superiores, coro, nave torres, sacristia, pia batismal, além de uma gruta onde encontra-se a imagem de Nossa Senhora de Lourdes. A gruta foi elaborada defronte ao batistério, onde primitivamente existia uma máquina movida a carbureto, que fornecia energia ao templo. Desde a conclusão das obras, a Igreja de Nossa Senhora do Ó não sofreu modificações significativas, sendo beneficiada apenas com obras de conservação. O sino principal da igreja veio de Pernambuco, no ano de 1831 e foi instalado na torre direita, exatamente na envazadura frontal do prédio, batizado como “Sino de São Joaquim”. A torre possui mais duas envazaduras: na primeira, do lado direito, encontra-se instalado o “sino......” e na segunda, na parte detrás está instalado o “sino....” (MENOR/MAIOR).
Em 1858, a Assembléia Provincial autorizou a doação, por parte do governo, de 500$000 (quinhentos mil réis) para melhoramentos do templo. Ao longo dos anos, a igreja sofreu duas grandes restaurações. Na primeira foi recuperada a torre esquerda que ameaçava ruir. A outra, na administração do Cônego Rui Miranda (1953-1956), quando foi restaurada a capela-mor e abertas quatro arcadas onde existiam apenas duas portas. Na época dessa reforma foram encontradas muitas ossadas humanas nas paredes demolidas.
Em 1960, com renda arrecadada na festa da padroeira (14 a 17 de janeiro), o templo recebeu um vitral que encontra-se no Altar do Senhor Morto. Em 1977 o poder público municipal bancou uma pequena reforma substituindo o forro das naves por tabuados de ipê.
O templo não conserva mais o piso e o forro original. O forro da capela-mor, que originalmente era ornamentado por belíssimas pinturas sacras em estilo barroco, recebeu uma espessa camada de tinta a óleo, cobrindo todo o trabalho original. A fachada da igreja exibe um frontispício triangular com um pequeno óculo, ladeada por duas torres e arrematado por cornija. Possui três portas de acesso, em corpo central, superpostas por igual número de janelas rasgadas por duas portas e duas janelas. Verifica-se a presença de envazaduras nas torres, que possuem cobertura arrematada por cornija e coroada por pináculos. Apesar das modificações sofridas no templo, mantém-se fiel em seu aspecto original, exibindo exuberantes altares, caprichosamente trabalhados em estilo barroco.
O templo possui um valioso acervo de arte sacra entre altares e arcadas trabalhadas em madeira e ouro. A pia batismal em pedra sabão maciça veio de Portugal. Na sacristia está instalado um lavabo feito de argamassa e sangue de baleia, cujo pé de sustentação tem o formato de um indiozinho, esculpido em pedra-sabão por Dionìsio Gonçalves Pinto Lisboa, o pai da intelectual Nísia Floresta. A peça é adornada por duas colunas em alto e baixo relevo.
Em 1991 técnicos da Fundação José Augusto diagnosticaram apodrecimento do teto da igreja que poderia desabar a qualquer momento, comprometendo toda a estrutura interna da monumental construção do século XVIII.
A estrutura não suportava o pesa das telhas imensas e feitas à mão. O que pode ser mantido ficou como estava, referindo-se às telhas que recobrem a nave principal e o forro da capela-mor, feito em taipa e tela de arame. Os três sinos passaram por uma reforma em Recife. O maior estava rachado e foi recuperado pela Marinha do Brasil.
O que se percebeu na reforma ocorrida em 1991 é que esse rico patrimônio foi restaurado graças ao povo, o qual, motivado pelo administrador da Matriz à época, o diácono João Batista Chaves da Rocha, empreenderam o chamado “Mutirão Reconstruir”, no qual a comunidade angariou fundos para a obraque durou cerca de um ano e meio. Em 1992 foi reaberta aos fiéis.
Dentre o rico acervo destacam-se vasos de limonges, lâmpadas do Santíssimo em prata portuguesa, lustres em cristal puro, turíbulos em prata, castiçais e nichos em cedro puro e uma das mais curiosas peças da igreja, a imagem original da padroeira Nossa Senhora do Ó, esculpida em uma única peça de madeira maciça.
Outro elemento que chama a atenção trata-se de duas colunas em madeira maciça, as quais sustentam o andar superior do hall. Essas peças medem mais de três metros de altura e foram talhadas por escravos. Ambas passavam-se despercebidas durante séculos, onde pensava-se serem de alvenaria. Somente com a reforma descobriu-se tratar-se de madeira.
Em 2005, sob a administração do padre Inácio Henrique de Araújo Teixeira, foi instalado um nicho na nave direita para abrigar a imagem pequena de Nossa Senhora do Ó, ao lado do altar-mor, elemento este que não fazia parte do projeto original.
(VEJA, ABAIXO, O CONJUNTO COMPLETO ONDE FOI INSTALADO O NICHO. PARA QUEM NÃO CONHECE, APARENTEMENTE DÁ IMPRESSÃO DE INTEGRAR O CONTEXTO BARROCO DA IGREJA, MAS OLHANDO DE PERTO...)Para essa adaptação foram retiradas dezenas de pedras, as quais foram ali depositadas há séculos e não houve a preocupação de guardá-las, tendo em vista a sua simbologia histórica. Elas vieram de Morrinhos, transportadas por escravos sobre carros-de-bois.
Para a adaptação desse elemento decorativo não houve a convocação de arquitetos nem engenheiros da Fundação José Augusto, pois se tivesse havido a obra teria sido impedida, pois representou um dos maiores danos sofridos pela Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó nos últimos tempos, a julgar pelas leis que dizem respeito à intocabilidade desse patrimônio histórico.

(AS IMAGENS Nº 1, 2 e 3, ABAIXO, SÃO DO REFERIDO NICHO. A FOTO N 1 MOSTRA UM DETALHE FEITO COM CIMENTO. É UMA "FLOR", CUJA PESSOA QUE A CONFECCIONOU TENTOU TRANSPORTAR A BELEZA E A DESENVOLTURA DOS DESENHOS ESCULPIDOS EM CEDRO E FOLHEADOS A OURO QUE SE ENCONTRAM NO ALTAR-MOR. O RESULTADO FOI ESSA IMAGEM INDECIFRÁVEL). VEJA, LOGO DEPOIS, AS IMAGENS ORIGINAIS DA IGREJA, Nº 4, 5 E 6, AS QUAIS EXIBEM DETALHES EM ALTO RELEVO DO ALTAR-MOR, ESCULPIDAS EM CEDRO E FOLHEADAS A OURO. NOTA-SE A ELEGÂNCIA, E PRECISÃO NOS TRAÇADOS, APESAR DO DESGASTE DE TRÊS SÉCULOS DE EXISTÊNCIA.
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6Descaracterizar opatrimônio histórico não significa apenas desmanchar algum elemento do seu todo, mas anexar algo que não tem relação alguma com ele, como foi o caso da instalação desse nicho.
O referido elemento, observado de longe, aparenta fazer parte da arquitetura original da Matriz, principalmente pelo feitio que o nicho original de madeira empresta ao conjunto completo (uma peça de madeira com mais de duzentos anos), mas ao aproximar-se constata-se imediatamente a aparência vestuta, elaborada sem nenhum acabamento com desenhos de ramificações e rosas, em alto relevo, inspiradas nesses mesmos motivos do altar-mor. O conjunto completo causa estranheza aos visitantes, exatamente por perceber-se o amadorismo como foi elaborado.
A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó, apesar de interferências como essa, e do descuido de alguns padres que por aqui passaram, conserva boa parte da sua essência original, mas não deixou de sofrer saques, promovidos tanto por religiosos que levaram-lhe alguns bens, como moradores que apossaram-se de mobiliários e elementos decorativos. A mesma experiência foi vivenciada pela “Casa das Freiras”, como é conhecida uma imensa e centenária residência onde viveram as Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado, entre 1959 a 1989. A casa é um marco para o Brasil devido a experiência das “Irmãs Vigárias” e do início da “Campanha da Fraternidade”. Ambas encabeçadas pelo então arcebispo de Natal, Dom Eugenio de Araújo Sales.
Ao sairem do município, as freiras fizeram um levantamento de tudo o que deixavam na referida casa, incluindo-se louças antigas onde incluíam-se porcelanas inglesas, ornamentos religiosos antigos, enfeites e móveis centenários. Todo esse material ficou na referida casa, mas muito antes de o referido prédio ir à ruína, quase todos os bens deixados pelas freiras foram saqueados. Atualmente só existe um móvel antigo, o qual foi guardado na Casa Paroquial. LUÍS CARLOS FREIRE – AGOSTO DE 1996 – SETEMBRO DE 2010.

ANTIFONAS DE NOSSA SENHORA DO Ó

1ª ANTÍFONA – Oficio de Vésperas – 17/12
Ant: Ò sabedoria que saístes da boca do Altíssimo e atingis os confins de todo o universo e com força e suavidade governais o mundo inteiro, oh vinde ensinar-nos o caminho da prudência. Com o titulo “Sede da Sabedoria” a espiritualidade cristã aprendeu a honrar e invocar a Mãe do Senhor. Além disso a espiritualidade e a liturgia Católica sempre se serviram de textos sapienciais para aplicá-los a Virgem Maria na celebração de suas festas. Esses textos têm a finalidade de honrar a virgem como “Sede da Sabedoria”.
Mas que a Bíblia entende por Sabedoria? Se buscarmos uma resposta no Antigo testamento diríamos que a expressão privilegiada da sabedoria é a Lei de Deus dada a Moisés. Se buscarmos nossa resposta no Novo Testamento a expressão da sabedoria é Cristo – Deus feito homem.
No Novo testamento encontramos vários testemunhos de textos que relatam ser Cristo a sabedoria de Deus.
Notável e mais conhecido de todos é a passagem de I Cor 1,24.30, onde o Apóstolo afirma categoricamente: “Cristo é sabedoria de Deus”.
Também o evangelista São Lucas, no episódio de Jesus no templo (Lc 2, 40-52) apresenta Jesus pré-adolescente como expressão da sabedoria que vem de Deus. Para isso basta recordar algumas palavras da terminologia usada pelo evangelista, tais como: os substantivos “inteligência” (v. 47); “mestres” (v. 46); “graça” (v. 40. 52); “respostas” (v. 47); “coração” (v. 51). Assim se pode concluir que Cristo é a sabedoria saída da boca do Pai através de quem tudo é criado e passa a existir. Assim São Lucas nos apresenta Jesus no templo entre os doutores.
Se Jesus é a sabedoria criadora do Pai que dá existência a todas as coisas por que Maria é também saudada com o título “O’ Sabedoria”! ?
Quando chegou a plenitude dos tempos e Deus, em Cristo, quis recapitular e resgatar toda a sua criação manchada pelo pecado, tudo aquilo que havia revelado ao povo de Israel, herdeiro da promessa, torna-se herança de Maria.
Maria através do seu “sim” no momento da anunciação, aceita servir ao desígnio de Deus Salvador. A partir deste momento no qual, Maria dá adesão total ao plano de Deus, a historia de Jesus é também a história de Maria. Os acontecimentos da vida de Jesus, bem como as Palavras de Jesus tornam-se imediatamente motivo de meditação e contemplação para a Virgem Maria, sua Mãe. De fato, em todos os acontecimentos do nascimento de Jesus, cercados de tanta gente, Anjos, sinais dos céus, Maria não pronunciou nenhuma Palavra. Apenas contemplou em silencio para beber daquela sabedoria de Deus que é Seu Filho, Jesus, o qual deitado na manjedoura a extasiava e a mergulhava no ministério de Deus.
Maria, na contemplação do Filho, fruto do seu ventre e do Espírito Santo, refaz todo o caminho de fé realizado, na história pregressa, pelo seu povo, na busca de compreender a sabedoria de Deus, é na contemplação das escrituras que Maria descobrira, na penumbra da fé, sua missão ao lado do Filho, Sabedoria eterna do Pai.

O Evangelho nos diz que, diante da Palavra de Cristo, Maria assume duas atitudes:
1- Guardava a Palavra no seu coração.
2- Meditava a Palavra em seu coração

Para a Sagrada Escritura, para quem a sabedoria consiste em descobrir a vontade de Deus e andar por seus caminhos, a atitude Maria, de reter e meditar as palavras de Jesus, é atitude característica do sábio. Por isso com razão a Ela se pode atribuir com justiça nosso louvor que a proclama, junto com Jesus – “Ò’ Sabedoria...!” Eis pois aqui o dinamismo da fé de Maria: recordava a Palavra em seu coração para aprofundá-la e para atualizá-la. Enquanto o Filho crescia a Mãe, com olhos vigilantes Vivia, guardava, meditava suas palavras e crescia na fé e na sabedoria.
Portanto para concluir podemos dizer que é justo que invoquemos a Virgem Maria como a “Sede da Sabedoria”. Ela o é de fato e, em dois sentidos: no sentido biológico, pois trouxe em seu ventre o Filho de Deus. Fazendo da Palavra um objeto de amorosa estima guardava-a no íntimo do coração buscando captar o seu sentido mais profundo. Segundo o ensinamento do próprio Jesus a bem-aventurança de Maria não consiste tanto em haver dado à luz o Filho de Deus, mas sim em dar adesão incondicionada, pela fé, à Palavra de Deus. É a fé na Palavra de Deus que a torna Mãe de Jesus.
Se a sabedoria consiste em descobrir a vontade de Deus respondendo positiva e incondicionalmente à sua Palavra, o “SIM” de Maria, o seu “Faça-se em mim segundo a vossa Palavra”, é prova inconteste de que Ela ocupa o primeiro lugar entre os sábios, Ela é a sede da sabedoria. Ela pode, com justiça, ser louvada juntamente com o Filho e ser por nós aclamada: Nossa Senhora do Ò, Mãe da Sabedoria Eterna do Pai, rogai por nós.
2ª ANTÍFONA – Oficio de Vésperas – 18/12

“O’ Adonai, guia da casa de Israel que aparecestes a Moisés na sarça ardente e lhe deste a vossa lei sobre o Sinai vinde salvar-nos com o braço poderoso”.
Foi o próprio Deus quem revelou seu nome ao seu povo de Israel, um dia no Monte Horeb. Aquele que sempre se chamara até agora o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, O Deus de Jacó, revelou seu nome a Moisés, “Eu sou quem sou” ou “Eu sou aquele que é”. Na língua Hebraica – YAHWEH (Javé, traduzido em português), o nome de Deus – “Aquele que é” significa um Deus eterno, que não tem passado e nem futuro e significa um Deus presente na história dos homens caminhando com seu povo. Ele é YAHWEH!
Deus revelou o seu nome para que o adorem e o sirvam e o invoquem sob o seu verdadeiro nome. O livro do Êxodo em 34, 14 diz: “Javé é ciumento de seu nome”. Invocar o nome de Javé é já render culto a Ele, orar a Ele. Quem invoca o nome de Javé, invoca o próprio Deus. Por isso, devido ao fato de que Deus se identifica com seu próprio nome, nunca se deve tomar o Santo nome de Deus em vão (Ex 20,7; Dt 5, 11). Ofender o nome de Deus é ofender o próprio Deus.
O povo de Israel, nos momento mais cruciais de sua história, sentiu o poder do nome de Deus. A invocação desse nome realizou prodígios e milagres em favor do seu povo. Pelo poder do nome de Deus o povo salvou-se da morte e do extermínio, por inúmeras vezes. Também o desrespeito no nome de Deus, às vezes tomado em vão, acarretou para Israel muita dor e sofrimento.
Israel aprendeu, através dos tempos que o Deus tão perto, que caminha com seu povo, é o Deus transcendente, inefável, onipotente e imutável. Seu nome precisa ser honrado, amado, cultuado e reverenciado. Por isso, no seu zelo por não ofender o nome três vezes Santo, Israel passou a não pronunciar mais o nome Santo YAHWEH (JAVÉ). Assim não corria o perigo de tomá-lo em vão e ofender a Deus. Israel passou a chamar o seu Deus de “ADONAI”. Adonai quer dizer “O SENHOR”. Israel descobriu que com justiça seu Deus poderia ser assim chamado pois ele é o Adonai, o Senhor do céu e da terra. Tudo é obra de sua mão e tudo a ele pertence.
Jesus encarnando-se no seio da Virgem Maria e vindo a esta terra revelou-se a si mesmo como sendo o Filho de Deus e deu a conhecer a seus discípulos o nome de Deus. Fez-lhes conhecer que o nome que melhor exprime o ser de Deus é o nome “PAI”. O Deus de Jesus Cristo deve de agora em diante ser chamado de Pai, pois tanto Jesus como todos os seres humanos são seus filhos.
São Paulo através de sua carta aos Filipenses, nos ensina que o Pai, ao ressuscitar Jesus os mortos, o fez sentar-se à sua direita, dando-lhe um Nome que esta acima de todo nome (Fl 2,9). Apesar de ser um nome inefável ele pode ser traduzido por Senhor. Pela elevação que o Pai deu a seu Filho ao ressuscitá-lo dos mortos, constituiu-o Senhor, Adonai, pois a Jesus ressuscitado convém o mesmo nome de Deus (Fl 2, 10s). os Discípulos experimentaram o poder deste nome, Adonai ou Senhor dado a Jesus ressuscitado. Invocando este nome eles curam os doentes ( At 3, 6; 9, 34), eles expulsam os demônios (Mc 9, 38; Lc 10, 17; At 16,18; 19,13); eles realizaram toda a sorte de milagres (Mt 7,22; At 4,30).
A fé cristã consiste em crer que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos, confessar que Jesus é o Senhor, invocar o nome do Senhor Adonai.
Os primeiros cristãos se identificam como aqueles que invocam o nome do Senhor (At 9,14.21; I Cor. 1,2; II Tm 2,22). Esse Senhor, Adonai é Jesus ressuscitado, em cujo nome o Evangelho é anunciado para a salvação. O senhorio de Jesus Cristo deve ser pregado para todos os povos até o final dos tempos.
Assim os cristãos aprenderam a invocar Jesus como o Adonai. O Senhor dos tempos e do universo, o Nome poderoso que Deus elevou acima de todo Nome com a ressurreição.
Esse Jesus exaltado acima de todo nome, acima de toda criatura dos céus, da terra e dos infernos, fez-se homem no seio da Virgem Maria. Aquele que os céus não podem conter encerrou-se no seio da Virgem. Por isso os fiéis cantam eternamente; “bem-aventurada és tu Virgem Maria pois aquele a quem os céus não podem conter, tu o encaraste em teu seio”. Todas as gerações hão de chamar-te de bendita. Nós, teus filhos, extasiados diante de tão grande mistério e da grandeza de tua humildade te saudamos confiantes na tua misericórdia. Ao teu Filho clamamos e invocamos como o Adonai. Ó Senhora Mãe do todo poderoso, a ti, absorta diante do mistério aclamamos: Nossa Senhora do Ó rogai por nós.

3ª ANTÍFONA – Oficio de Vésperas – 19/12

“Ò Raiz de Jessé, Ò Estandarte, levantado em sinal para as nações!Ante Vós se calarão os reis da terra, e as nações implorarão misericórdia: vinde salvar-nos! Libertai-nos sem demora!
Jessé vem da língua hebraica composto por duas palavras IS – YAHWEH = homem de Deus. Este é o nome do pai do Rei Davi. Ele era de Belém e Deus enviou a ele o profeta Samuel para ungir rei um de seus filhos, o mais novo que se chamava Davi.
Deus através do profeta Natan, fez uma promessa ao Rei Davi dizendo: “... E quando os teus dias estiverem completos e vires a dormir com os teus pais, farei permanecer a tua linhagem após ti, aquele que terá saído das tuas entranhas e firmarei a Tua realeza”. (I Sam 7,12).
Esta promessa de Deus feita a Davi – a saber – a permanência eterna de um descendente seu como rei de Israel, faz de Jessé, pai do Rei Davi, a raiz de uma dinastia da qual deverá nascer o Messias, o Salvador e, Rei Universal e Eterno.
O profeta Isaias é o grande cantor e arauto do Messias descendente de Davi. O profeta o anuncia como rebento do tronco de Jessé. Ouçamos o profeta. “Um ramo sairá do tronco de Jessé, um rebento brotará de suas raízes. Sobre Ele repousará o espírito de YAHWEH, espírito de sabedoria e de entendimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de conhecimento e temor de YAHWEH: no temor de YAHWEH estará a sua inspiração” (Is 11, 1-3) e “Ele julgará os fracos com justiça e com equidade pronunciará sentença em favor dos pobres da terra. Ele ferirá a terra com o bastão de sua boca, e com o sopro de seus lábios matará o ímpio. A justiça será o cinto de seus lombos e a fidelidade o cinto dos seus rins” (Is 11, 4-5).

Depois de profetizar a grandeza do Messias rebento do tronco de Jessé, repleto do Espírito do Senhor, o profeta anuncia a sua missão de salvação universal. “Naquele dia a raiz de Jessé que se ergue como um sinal para os povos será procurada pelas nações, e a sua morada se cobrirá de glória. Naquele dia, o Senhor tornará a estender a sua mão para resgatar o resto do seu povo” (Is 11, 10-11). Por isso a antífona de Natal canta que a Raiz de Jessé foi levantada como um estandarte, em sinal para as nações.
Também o mesmo profeta Isaías é o que recebe em visão profética a revelação divina de que o Rei Messias futuro nasceria de uma Virgem. “O Senhor nos dará um sinal. Eis que uma Virgem conceberá e dará a luz um filho que se chamará Emanuel” (Is 7, 14).
No livro do Apocalipse de São João, escrito para fortificar e sustentar a fé dos cristãos em tempos de perseguição e para revelar o destino de glória de todas as testemunhas fiéis de Jesus: “Eu Jesus enviei o meu Anjo para vos atestar estas coisas a respeito das Igrejas. Eu sou o rebento da estirpe de Davi, a brilhante estrela da manhã...Vem! ...Quem deseja, receba gratuitamente água da vida”. (Ap. 22, 16-17).
O desejado das nações que brotou da Raiz de Jessé que se levantou como sinal para todas as nações, nasceu prodigiosamente de uma Virgem. Ele é o salvador e libertador. Diante dele os reis pasmos e boquiabertos perderão a voz. Lívidos de espanto clamarão misericórdia. Todo este prodígio aconteceu no seio de uma virgem. Ela foi escolhida para acolher no seu ventre a Palavra Eterna e Criadora do Pai, Jesus o Emanuel, o Deus - Conosco. A Ela Deus enviou seu Anjo para comunicar-lhe que foi encontrada plena de graça e que conceberia por obra do espírito Santo o Filho de Deus, Rebento da Raiz de Jessé, ramo do tronco de Davi.

Diante de tamanha honra e de prodigiosa grandeza assim como os reis de toda a terra, nós calamos diante do Estandarte que de ti se levanta sobre todas as nações. Diante de ti, Mãe do Redentor, nós cheios de santo temor exclamamos: Oh! Virgem gloriosa, nossa admiração mais profunda que nos rouba toda a palavra e nos permite apenas invocar-te como a senhora do Oh! Amém.


4ª ANTÍFONA – Oficio de Vésperas – 20/12

“Ò chave de Davi, Cetro da casa de Israel, que abris e ninguém fecha, que fechais e ninguém abre: vinde logo e libertai o homem prisioneiro, que, nas trevas e na sombra da morte está sentado”.

Já no Antigo Testamento (Is 22,22) o profeta tornara público a revelação de Deus sobre o futuro rei – salvador, Filho de Davi: “Porei a chave da Casa de Davi sobre o ombro dele, ele abrirá e ninguém fechará, ele fechará e ninguém abrirá”. Com estas palavras, Deus apresenta seu Messias que um dia enviaria a terra.
Apresentado pelos Anjos aos pastores e, pela estrela, aos Magos, Jesus, no inicio de sua missão, na sinagoga de Nazaré, cidade em que fora criado, se apresenta do seguinte modo: “O Espírito do Senhor está sobre mim porque ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. Enviou-me para proclamar aos cativos a libertação e aos cegos a recuperação da vista, para despedir os oprimidos em liberdade para proclamar o ano da graça do Senhor”. (Lc 4, 18-19).
Esta proclamação pública que Jesus faz de si mesmo como libertador dos cativos e dos prisioneiros confirma o que já dissera o velho Zacharias que cheio do espírito Santo via, no anuncio do nascimento do precursor a realização das profecias antigas.
Zacharias sente a aproximação da realização das promessas que Deus fizera em tempos remotos, através de seus profetas. É o momento de abrir as portas aos que se acham relegados ao poder da morte. Assim se pronuncia Zacharias: “Bendito seja o Senhor Deus de Israel que visitou seu povo e realizou a sua libertação, e nos suscitou uma força de salvação na família de Davi seu Servo. (...)o sol nascente nos visitou do alto e iluminou os que se achavam nas trevas e na sombra da morte estavam sentados”. (Lc 1,68-69.79).
A missão de Jesus,cujo nome quer dize – Deus salva é a missão de libertador. Ele deve libertar o homem escravo do pecado, acorrentado nas garras do tentador, do diabo, da antiga serpente. O ser humano jaz acorrentado nas masmorras da morte mergulhado nas trevas do pecado.
É por este motivo que o salvador, o Filho da Virgem Maria é apresentado como “chave”. Só Ele tem o poder divino e salvador para poder abrir as portas das prisões e dos grilhões a que o pecado submeteu os filhos de Adão. A morte e as trevas são os troféus do pecado. Na sua trama o homem foi enredado pela astúcia do inimigo. Jesus é o que desce do céu para assumir no seio da Virgem a natureza humana para, através sua obediência ao Pai, libertar o homem desobediente da prisão que o mantém eternamente coberto sob as sombras da morte.
O túmulo vazio e as aparições de Jesus no domingo da Páscoa são as testemunhas de Jesus ressuscitado. Ele esteve morto e agora vive. As provas são as estigmas da paixão que Jesus apresenta aos seus discípulos em suas duas aparições, no dia da páscoa e no domingo seguinte. A sua vitória é vitória sobre o pecado e sobre a morte. Ele entrou e saiu no Reino dos Mortos.

No livro do Apocalipse, Jesus mesmo se apresenta como vencedor da morte e aquele que possui as chaves do Hades que ninguém lhe pode arrebatar: “Eu sou o primeiro e o último, o que vive; estive morto, eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do Hades”. (Ap 1, 8). São palavras do próprio Jesus ao se apresentar a São João em suas visões proféticas, para sustentar a fé da igreja e dos cristãos perseguidos. Ele penetrou no Reino dos Mortos e o venceu e seu troféu são as chaves da morte e a vida para sempre. Falando a Igreja de Filadélfia, o mesmo livro do Apocalipse retoma esta palavra de Jesus: “Assim fala o Santo e o Verdadeiro, o que tem a chave de David, que abre e ninguém fecha, que fecha, e ninguém pode abrir”. (Ap 3,7).
Esta revelação de Jesus como a chave de David tem como objetivo sustentar a fé dos cristãos enquanto peregrinos na busca da pátria eterna. Os cristãos vivem num mundo que exala halo de morte, pois o “príncipe deste mundo” ainda atua nele. Porém ele já foi derrotado. Induzindo os homens a matarem Jesus, ele construiu sua desgraça. O Filho de Deus pela sua morte de cruz, arrebatou do inimigo seu poder que era a morte. Ele a venceu e agora reina a vida e o vivente. O primeiro e o último, o Alfa e o ômega, a chave da casa de David.
O Rei Eterno e Universal, o vencedor da morte, realiza sua missão pelo mistério de sua encarnação. Ele, o Filho de Maria, feito homem, se entrega voluntariamente à cruz para vencer o inimigo que vencera na arvore do paraíso. A Virgem é a Mãe venturosa que, tendo suportado com fé e resignação a vontade de Deus os atrocíssimos tormentos da paixão, agora exulta triunfante com o Filho que traz consigo a vitoria sobre a morte e as chaves do Reino.
Ao rei imortal, a glória pelos séculos! À Virgem Mãe venturosa do ressuscitado, cantam todas as gerações as maravilhas que Deus realizou nela e por Ela. Oh! Virgem, nós extasiados te aclamamos, diante de tua magnitude exclamamos – oh! Senhora do Ó.

5ª ANTÍFONA – Oficio de Vésperas – 21/12

“Ó sol nascente justiceiro, resplendor da luz eterna: Oh, vinde e iluminai os que jazem entre as terras e, na sombra do pecado e da morte estão sentados”.
O evangelista São Mateus ao anunciar o início da pregação de Jesus na Galiléia, faz com uma citação do profeta Isaías que reza assim: “O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz, para os que jaziam na região da morte levantou-se uma luz”. (Mt 4,16; Is 9,1). A luz escatalógica prometida pelos profetas tornou-se realidade na pessoa de Jesus.
O Evangelista São Lucas Saúda, com seus cânticos imortais, Jesus desde seu nascimento como o sol nascente que deverá iluminar os que estão nas trevas (Lc 1, 78-79); saúda também Jesus como a luz que deverá iluminar as nações (Lc 2,32).
Porém é sobretudo por seus atos e palavras que Jesus se revela como luz do mundo. As curas de cegos que Jesus realiza têm, nesse sentido, um significado especial conforme ressalta São João no episódio do cego de nascença (Jo 9,5). É nesta ocasião que Jesus declara: “Enquanto eu estou no mundo, eu sou a luz do mundo” (Jo 9,5). Alhures Jesus diz: “Quem me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).
A Força iluminadora de Jesus é a sua própria pessoa. Ele é a palavra de Deus, vida e luz dos homens. Luz verdadeira que ilumina todo homem vindo a este mundo. Jesus é a luz que enfrenta as trevas do pecado e do mundo: a luz brilha nas trevas e o mundo mau procura apagá-la, pois os homens preferem as trevas à luz porque suas obras são más. Por isso na paixão do Senhor, quando Judas sai para entregar Jesus, São João diz-nos que era noite, a hora das trevas. Jesus mesmo declara nos momentos que precederam a paixão: “È a vossa hora e o poder das trevas”. (Lc 22,53).
A luz qualifica o domínio de Deus e do seu Cristo como sendo o domínio do bem e da justiça, as trevas qualificam o domínio de satanás como sendo o do mal e da impiedade embora satanás muitas vezes se disfarce como anjo da luz pra seduzir os homens. O ser humano se encontra colhido entre os dois domínios aquele das trevas e aquele da luz. Ele deve escolher a fim de se tornar filho das trevas ou filho da luz. Os que fazem mal pertencem ao mundo das trevas e fogem da luz para que suas obras não sejam reveladas. Os que permanecem na verdade achegam-se à luz e crêem na luz para tornar-se filhos da luz. (Jo 12,26).
Por nascimento todos os homens pertencem ao domínio das trevas (Ef 4,18). Foi Deus que nos chamou das trevas a sua luz admirável (I Pd 2,9). Arrebatando-nos do poder das trevas transferiu-nos para o Reino de seu Filho para que participemos da sorte dos Santos na luz (Cl 1, 12-13). É o batismo que nos introduz nos domínios da luz: “Outrora éramos trevas, agora,luz no Senhor” (Ef 5,8). Isso nos coloca numa nova linha de conduta: “Viver como filhos da luz” (I Tes 5,5).
Colocados neste caminho da luz que é o seguimento de Jesus o ser humano pode esperar a maravilhosa transfiguração prometida por Deus aos justos no seu reino (Mt 13,43). De fato, segundo a revelação do livro do Apocalipse, a Jerusalém celeste, na qual esperamos chegar irá refletir em si a luz divina (Ap 21, 23-25): então os eleitos contemplarão a face de Deus e serão iluminados por esta luz. De fato, esta é a esperança dos filhos da luz; essa também é a prece que a Igreja dirige a Deus pelos seus filhos que já deixaram esta terra: que as almas dos falecidos não tombem nas trevas, mas o arcanjo São Miguel as introduza na luz santa! Faz brilhar sobre eles a luz sem fim.
A luz que nos chama das trevas pelo batismo; a luz que nos ilumina com sua palavra na travessia deste vale de lágrimas; a luz que nos conduz de quando varcamos as portas da morte e nos introduz no Reino dos Eleitos, onde por toda a eternidade seremos iluminados pela luz do rosto de Deus é Jesus. A Virgem Maria, escolhida entre todas as mulheres, foi quem deu à luz esta luz sem ocaso, este sol que jamais tresmonta. Ela é a Bem Aventurada, cantada por todas as gerações. Ela é a Virgem que suportou com fé as dores e as trevas da paixão, exulta agora com o brilho da luz da ressurreição. A luz que ela deu à luz, ressuscitado ofusca o brilho do sol e deixa estarrecidos os anjos que anunciam a páscoa. Mãe de Misericórdia socorre com tua luz aqueles que sem palavras diante de tua majestade te proclamam: VIRGEM NOSSA SENHORA DO Ó!
6ª ANTÍFONA – Ofício de Vésperas – 22/12
“ò Rei das nações. Desejado dos povos; ò pedra angular, que os opostos muís: oh, vinde e salvai este homem tão frágil, que um dia criastes do barro da terra”.

No mundo antigo o poder do rei sempre esteve muito ligado ao poder de Deus porque o rei era o encarregado de assegurar ao povo a justiça e o direito e defender os mais fracos. Como Deus é justo e defensor da justiça e dos mais fracos, o rei herdou também esta tarefa.

Com o passar dos tempos, devido ao fato de o rei ter como tarefa principal cumprir os preceitos divinos e fazê-los respeitar, o rei passou a considerar-se também divino ou, ao menos, como um semi-deus. Isso fez com que os reis invertessem totalmente sua missão. Em vez de serem servidores e defensores do povo, tornaram-se tiranos, opressores e exploradores do povo. Já não é o rei que serve. Ele é servido e o povo avassalado. Por isso todos os reis fracassaram, inclusive os reis bíblicos escolhidos por Deus. Então Deus prometeu ao seu povo um rei verdadeiro, segundo o coração de Deus, um rei-servo, um rei-salvador; um rei-redentor: “Na plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho nascido de mulher e sujeito à lei, para libertar àqueles que estão sob a lei, para que nos seja dado ser filhos adotivos” (Gl 4,4-5).
Este filho é Jesus. Nascido de mulher – a Virgem Maria. No Filho de Deus e de Maria nos tornamos filhos.
Durante o ministério público de Jesus, muitas vezes quiseram fazê-lo Rei. Ao modo dos reis da terra.Jesus sempre rejeitou esta oferta equivocada. Herodes chegou a temer e a perseguir Jesus por ver nele um concorrente seu.
Porém Jesus vê e ensina com clareza que sua missão é de outra ordem: ele é o Rei Messiânico. Ele é o rei ungido por Deus para servir, para salvar os homens de sua condenação. Sua realeza é a humildade, do serviço, da entrega e do amor. Entrando em Jerusalém, humilde e montado em um jumento, Jesus prenuncia como será o reinado.
Quando Jesus é preso, antes de sofrer a paixão, Ele é julgado por Pilatos por causa de sua realeza. Jesus é acusado diante do governador romano de ser Rei. Jesus é trazido diante do governador chagado e ensangüentado depois dos açoites e também coroado com uma coroa de espinhos. O evangelista São João nos mostra com clareza a revelação paradoxal da paixão de Jesus: nestas circunstancias da paixão, quando entrega sua vida para a salvação do mundo coroado de espinhos, então Jesus aceita a condição de Rei. A pergunta de Pilatos – “És tu Rei dos Judeus? – Jesus responde que sim, Ele é Rei, porém faz uma correção. Não é apenas Rei dos Judeus. Seu Reino não é desse mundo. Porém Ele é Rei e para isso veio ao mundo para dar testemunho da verdade. Pilatos, incitado pelo povo, condena Jesus ao suplício da cruz. A cruz será o seu trono. Dela Jesus pende, coroado de espinhos. Nela Jesus entrega a sua vida para reinar para sempre.
È pela ressurreição que Jesus entra no seu reino. Antes porém de tomar posse de seu reino, Jesus quis fazer entender às suas testemunhas a natureza do seu reino messiânico, tão diferente de tudo o que os Judeus e todas as pessoas esperavam: Seu reino se estabelecera pela pregação do Evangelho. Lá onde for anunciada a sua palavra e recebida pelas pessoas que através dela chegam a dar adesão a Jesus pela fé, lá chegou o Reino de Jesus. Jesus era Rei desde o seu nascimento, assim anunciaram os céus. Porém sua realeza manifestou apenas pela sua paixão e ressurreição.
O seu Reino não é deste mundo, por isso Ele tomou posse do seu Reino que pertence ao mundo de Deus. Mas, o mundo de Deus, Ele o criou para seus filhos , os seres humanos. Para isso Jesus constituiu a comunidade, o povo que deve também tomar posse com Ele, do Seu Reino. Este povo, esta comunidade é a Igreja. Esta comunidade é missionária e aberta a todos os homens. Todos são convidados a dar adesão a Jesus pela fé. Ele fez deste povo uma raça eleita, um povo sacerdotal para Deus, uma nação santa, o povo que Deus conquistou para si para proclamar os grandes feitos daquele que das trevas nos chamou para sua luz admirável (I Pe 2,9). Deste povo sacerdotal, desta comunidade santa e eleita por Deus, Jesus é a pedra angular, a pedra fundamental de sustentação de toda a construção. Assim nos fala na primeira carta de São Pedro: “Eis que eu ponho em Sião uma pedra angular, escolhida e preciosa, e quem nela põe sua confiança não será confundido. A vós que credes, portanto, seja dada a honra; mas para os que não crêem, a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular , como também uma pedra de tropeço, um rochedo que faz cair. Contra ela esbarram porque se recusam a crer na palavra” (I Pe 2,6-8).
O Reino do qual Jesus é Rei é aquele do povo santificado pelo seu sangue mediante a aceitação do seu evangelho.
Este Rei messiânico, pedra Angular da construção do povo de Deus, Reino Sacerdotal, é o menino nascido em Belém, Filho da Virgem Maria. Este menino traz em seus ombros a grandeza deste Reino universal que ultrapassa os limites dos tempos e do universo, penetrando nos umbrais da eternidade. Este menino com tão gloriosos destino e missão encerrou-se no seio da Virgem Mãe. Com razão, em seu cântico, a Mãe do Salvador depois de proclamar a grandeza, o poder e a fidelidade de Deus, profetiza que todas as nações hão de chamá-la de bendita.
Em harmonia com todas as nações, juntamos nossas vozes para proclamar bendita a Virgem que nos trouxe o Redentor. Em uníssono queremos bendizer a Deus pelas maravilhas operadas em Maria. Como os pastores em Belém queremos com o coração extasiado proclamar: SALVE VIRGEM MÃE; OH BENDITA ENTRE AS MULHERES; NOSSA PADROEIRA, SENHORA DO Ó.

7ª ANTÍFONA – Oficio de Vésperas – 23/12
“Ò Emanuel: Deus Conosco, nosso rei – legislador, esperança das nações e dos povos salvador: vinde enfim para salvar-nos, Ó Senhor e Nosso Deus”.

Esta palavra vem do hebraico e quer dizer:
im (dentro) – manu (de nós) – El (Deus) → Deus conosco.

Desde o Antigo Testamento, quando a história da salvação mostrou que os homens são inconstantes em sua fidelidade e que os reis e poderosos não podem garantir salvação, Deus prometeu enviar-nos um salvador. Ele seria o Emmanuel, isto é, através dele Deus se faria presente no meio de nós. Ainda mais, Deus tomaria a carne humana. Ele estaria tão próximo que seria um de nós. O Emmanuel seria o começo de uma nova criação. Se o pecado encerrou o convívio coloquial de Deus com o homem, no paraíso terrestre, levando o homem a distanciar-se cada vez mais de seu criador, e, proporcionalmente, fazendo crescer seus dissabores, a promessa do Emmanuel é eliminar esta distância. Porém como esta distância não é física, o que separa o homem de Deus não é o espaço e sim o pecado, consequentemente a promessa de um Emmanuel traz, como corolário, o perdão dos pecados que é a distância, a barreira colocada entre o homem e Deus.
O pecado mergulhou o ser humano numa profunda solidão. Isolado de Deus ele perdeu a vocação e o seu destino de glória: partilhar da companhia e da amizade de Deus. Depois do pecado, subtraído à comunhão com Deus, o homem fica à deriva nas encapeladas tempestades da vida e da história.
Deus deu aos homens seu Filho único (Jo 3,16) para que os homens reencontrassem através dele, o Emmanuel, a comunhão com Deus. Para arrancar a humanidade à solidão do pecado, ele tomou sobre si esta solidão. Jesus esteve no deserto para vencer o adversário e muitas vezes se retirou para rezar sozinho. No Getsêmani, mais uma vez, Ele reza só, pois seus discípulos dormem e se negam a participar de sua oração. Assim Jesus enfrenta, só, os terrores e as angústias da morte. Mesmo parecendo que Deus o abandonou Ele não esta só! O Pai esta com Ele (Jo 8,16.29). Assim Ele congregou, através de sua morte solitária, na unidade os filhos de Deus dispersos (Jo 11,52)e atrai a si todos os homens. (jo 12,32).
Esta é a realização das promessas feitas desde o anúncio do nascimento de Jesus: “Eis que o Anjo do Senhor apareceu a José e lhe disse!Jose, filho de David, não temas em receber AM tua casa Maria, tua esposa: o que foi gerado nela provém do espírito santo, e ela dará à luz um filho a quem porás o nome de Jesus, pois é ele que salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor dissera pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará a luz um filho, do qual darão o nome de Emmanuel que quer dizer Deus Conosco” (Mt 1, 20-23).
O Evangelho nos revela com clareza que o Emmanuel prometido por Deus, desde os tempos antigos, pelos profetas é Jesus. A Virgem que haveria de concebê-lo e dá-lo à luz é Maria, Mãe de Deus, esposa de José. O Emmanuel, Deus - Conosco, Jesus, tem uma missão indicada no próprio nome: Salvar seu povo de seus pecados. Este é o significado do nome de Jesus. De fato, é pela invocação do nome de Jesus que os discípulos curam os doentes (At 3,6; 9,34); pela invocação do nome de Jesus que expulsam os demônios (Mc 9,38; 16,17; At 16,18; 19,13); pela invocação do nome de Jesus realizam toda sorte de milagres (Mt 7,22; At 4,30). Isso mostra que Jesus de fato é aquele que o seu nome indica – “Aquele que salva”. Este é o significado do seu nome e esta é a sua missão.
Jesus, o Filho de Deus, nasceu duma mulher, nascido sob a lei (Gl 4,4) surgiu no mundo numa data determinada, “enquanto Cirino era governador da Síria (Lc 1,27), radicado numa vila da Galiléia, chamada a Nazaré” (Lc 1,3-26). Mas esse é Jesus, o Emmanuel – Deus conosco, que salva o seu povo dos seus pecados.
O nome da Virgem, a quem o Anjo do Senhor se dirige, é Maria. A Ela o Anjo a saúda como a cheia de graça, que há de conceber à sombra do Espírito Santo que virá e pousará sobre Ela. Em ti, Maria, os céus se inclinam para trazer à terra o Emmanuel. Sobre ti o Espírito pousou para que o Filho co-eterno do Pai se fizesse o Emmanuel. Tu, Maria , no-lo apresentaste sob a sinfonia celeste, tocada e cantada pelos Anjos. Com os Anjos saudamos o Deus - conosco dizendo: Gloria a Deus nas alturas e paz na terra aos homens a quem Deus quer bem. Extasiados como os Anjos, temerosos e fervorosos como os pastores, prostrados adoramos o Rei dos reis, o Senhor dos senhores, o Salvador o Emmanuel, com todo o exercito celeste e os homens objetos do amor de Deus queremos reverentes proclamar-te Bem Aventurada por todas as gerações. Mãe do Emmanuel, Mãe do Salvador, Virgem do Ó, roga por nós. Amém!

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