Essa frase com certeza você já ouviu, não é? Eu já ouvi muito, inclusive usei-a como título pelo fato de correr pelos sete cantos de Nísia Floresta que ela seja de autoria do ex-prefeito (tio da atual prefeita) George Ferreira, para justificar o motivo de não fazer o Concurso Público. Particularmente não acredito que um homem que ocupou o posto de gestor público pense tão toscamente sobre os nisiaflorestenses. Mas uma coisa é certa: essa frase é conhecida e precisa ser refletida. Independente de autoria, o que você acha dessa frase? Não me refiro ao seu sentido grosseiro e preconceituoso, que dispensa comentário, mas a sua relação com o concurso.
Será que se houvesse o concurso público os nisiaflorestenses não seriam aprovados?
Quais os critérios para esse parecer tão sem nexo?
Qualquer pessoa que lê, estuda e se atualiza com os temas do momento, sejam nacionais ou internacionais, enfim se inscreve num concurso e estuda, tem condições de ser aprovado. Inteligência independe de qualquer fator. Ninguém pode mapear um lugar, sentenciando-o como local de pessoas burras ou inteligentes.
Essa alegação ridícula não é nada mais que aquele paternalismo barato, cujos “donos do poder” dizem: “eu quero ajudar o meu povo”, “quero dar emprego para os meus”, “os de fora que fiquem para lá” etc etc etc.
É exatamente esse raciocínio que alimenta um câncer que também vem em forma de frases como: “eu tô aqui porque o meu vereador me colocou”, “Fulano é pessoa de Siclano, não mexa com ele, não”. Nesse bojo estão aqueles “capitães do mato”, aqueles “capatazes” atuais que defendem de unha e dente essa ideia deturpada dos seus chefões e chefonas, pois o seu lema é perpetuá-la. Enfim, nesse bojo doente entram as mais diversas mazelas.
Quem me conhece sabe o profundo respeito que sempre tive, tenho e terei pelo povo de Nísia Floresta, e o quanto desejo a prosperidade desse município – contraditoriamente rico e integrante da Região Metropolitana do Natal. Mas outra coisa também é certa: seja verdade ou não a autoria dessa frase, ela acaba dando margem para uma verdade. A verdade da “ficha que não cai”.
Os nisiaflorestenses precisam cair na real e reconhecer que Nísia Floresta continuará sempre no atraso enquanto não houver um concurso público. Alimentar os “empregos de cabresto”, “os “currais eleitorais” e outras práticas absurdas, é alimentar uma burrice que não é do povo, mas de um contexto repleto de injustiça.
Reconheço que temos exceções, inclusive muitos pensam igual a mim, mas seja como for, entendo que muito mais necessário não é se importar com a autoria dessa frase, mas dizer: “isso não pertence a mim”. Mais grave que essa frase é permitir o não-concurso. Sem querer ofender ninguém, mas ser contra o concurso é prova de burrice, sim. Não me refiro a burrice no âmbito da frase (para depreciar e desmerecer pessoas), mas a burrice de não enxergar que somente um concurso público traz independência, justiça, ética, cidadania, enfim a prosperidade de um município.
A verdadeira burrice não é intelectual, até porque todos têm condições de ser aprovados (é só estudar). A verdadeira burrice é não aceitar o concurso público como solução para o atraso. O inconcebível de tudo isso é saber que pessoas inteligentes e preparadas apregoam a ideia da burrice intelectual dos nisiaflorestenses meramente pelo fator eleitoreiro, ou seja, elas sabem que o povo de Nísia Floresta não é e nunca foi burro, mas alimentam a tese, pois têm lucro com ela.
A verdadeira burrice não é intelectual. É política, ou melhor, POLITIQUEIRA. O grande burro da história não é o povo, mas os comandantes, os quais não tem nada a oferecer de novo, de inovador, de visionário, mas continuam no poder.
O mais curioso é o seguinte: não entendo como um povo tão inteligente seja apelidado de burro tendo um governo tão burro apelidado de inteligente.
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