Não há o que se comemorar,
obviamente, até porque não se comemora a morte. Mas há muito a se
dizer dessa figura notável, nascida nos arredores da velha Vila
Imperial de Papari.
Para lembrarmos de Nísia
Floresta, costumo usar a parábola da estrada. Quando olhamos belas
e modernas rodovias, que mais se parecem tapetes a céu aberto,
precisamos reconhecer que elas foram construídas sobre antigas
estradas de barro, e que as estradas de barro foram construídas
sobre estreitos caminhos emoldurados de matas, e que os estreitos
caminhos vieram das acanhadas veredas cortadas a facão, igual ao que
faziam os bandeirantes. Houve evolução gradual. A rodovia não
nasceu rodovia. Isso só é possível hoje.
A facilidade como os veículos
cortam os quatro cantos do Brasil, cujo tempo de percurso foi
diminuído muitas vezes para menos da metade, torna-se impensável
que uma viagem de poucos quilômetros demorava-se dias.
Precisamos olhar o passado para compreender o presente, reconhecendo que quem veio primeiro sofreu mais... penou!
O conforto que encontramos hoje, as melhorias, os avanços teve o sangue e o suor de alguém, e isso ocorre nas mais diversas áreas. É por isso que não podemos comemorar o aniversário de Nísia Floresta, mas lembrar dos seus feitos e enaltecê-los nas escolas e nos ambientes de cultura.
Precisamos olhar o passado para compreender o presente, reconhecendo que quem veio primeiro sofreu mais... penou!
O conforto que encontramos hoje, as melhorias, os avanços teve o sangue e o suor de alguém, e isso ocorre nas mais diversas áreas. É por isso que não podemos comemorar o aniversário de Nísia Floresta, mas lembrar dos seus feitos e enaltecê-los nas escolas e nos ambientes de cultura.
Construir sobre um traçado
pronto é fácil, pois já se sabe os acidentes geográficos, já se
sabe a menor distância etc. Mas abrir veredas onde só existia mata
cerrada é heroísmo.
Numa época em que não
existiam sequer veredas, Nísia Floresta veio na frente abrindo
caminhos e até mesmo estradas, pois era visionária.
Princesa Isabel nem era
nascida, e Nísia Floresta já lançava o seu grito contra a
escravidão.
O país vivia um reinado, e
Nísia Floresta já postulava que uma mulher fosse presidente da
utópica república.
Numa época em que os
portugueses organizavam batalhões para dizimarem índios, Nísia
Floresta pedia respeito aos donos da Pindorama. Pedia que se
respeitassem sua religião, sua cultura...
Numa época em que mal
existiam escolas para homens, Nísia Floresta pedia escolas para
meninas;
Numa época em que a mulher
era considerada um ser inferior, uma simples doméstica, Nísia
Floresta pedia a emancipação feminina...
Enfim, ela abria veredas,
caminhos e rodovias numa época em que só existia selva. Seu pecado
foi ser moderna demais.
Creio que o município de Nísia Floresta, tão injustamente maculado pela imagem das rebeliões de Alcaçuz, com certeza deve estar numa semana de grandes eventos educacionais e culturais pertinentes a nossa notável conterrânea.
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