Hoje, dia 18 de fevereiro de 2018, o município de Nísia Floresta completou
mais um ano de vida.
Parabéns por seu povo ordeiro, justo, bom e trabalhador.
Parabéns por suas riquezas naturais, seu patrimônio histórico, seu
folclore, seu artesanato, sua fé, enfim por esse povo detentor de riquezas incalculáveis.
Há mais ou menos um mês o maestro Almeida, da Escola de Música Anastácio Leopoldino, de Parnamirim, pediu-me que cantasse o hino de Nísia Floresta. Ele queria saber exatamente o compasso/a marcação da melodia e eu o ensinei de pronto, pois estamos aqui com a missão de educar independente de cor partidária, ideológica etc. Como todos sabem, fiz um trabalho interessante de História Oral em 1992 e, percebendo a existência desse hino, e a ausência de conhecimentos por falta de muitos, fiz incontáveis cópias e as distribui. Em 2000 consegui gravá-lo em Recife, mas optei por uma cadência leve, sem desrespeitar a melodia original (como muitos fazem com o Hino Nacional). Vejo isso como uma missão. Tenho essa missão, esse compromisso com a terra dos meus ancestrais. E isso não é favor, é dever.
Há mais ou menos um mês o maestro Almeida, da Escola de Música Anastácio Leopoldino, de Parnamirim, pediu-me que cantasse o hino de Nísia Floresta. Ele queria saber exatamente o compasso/a marcação da melodia e eu o ensinei de pronto, pois estamos aqui com a missão de educar independente de cor partidária, ideológica etc. Como todos sabem, fiz um trabalho interessante de História Oral em 1992 e, percebendo a existência desse hino, e a ausência de conhecimentos por falta de muitos, fiz incontáveis cópias e as distribui. Em 2000 consegui gravá-lo em Recife, mas optei por uma cadência leve, sem desrespeitar a melodia original (como muitos fazem com o Hino Nacional). Vejo isso como uma missão. Tenho essa missão, esse compromisso com a terra dos meus ancestrais. E isso não é favor, é dever.
Lembro-me, há 27 anos, quando coloquei meus pés – pela primeira vez – nessa
terra de meus ancestrais e comecei a observá-la, senti que eu também poderia
fazer algo pelo município na condição de cidadão comum.
Devagar, através das palavras, da educação sistematizada, das pesquisas in loco nas áreas de cultura, da história,
do folclore, do teatro, dos seminários, conferências, exposições, enfim,
através de diversas ações, percebi que poderia ajudar os nisiafloresteneses a
se perceberem verdadeiramente como cidadãos. Lentamente fui construindo com
eles uma compreensão acerca desses bens.
Lembro-me o quanto achava estranho, quando percebia que, diferente da
cidade em que nasci, AQUI NÃO SE COMEMORAVAM O DIA DA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DO
MUNICÍPIO.
Certa vez, em sala de aula, perguntei aos alunos como se davam as
comemorações alusivas ao aniversário do município. Eles ficaram surpresos, pois
sequer sabiam a data para tal evento, a qual nunca fora comemorada.
A partir dessa constatação enviei à Câmara de Vereadores um documento explicando
o fato e sugerindo aos vereadores que elaborassem uma lei criando o feriado,
pois com feriado o povo comemoraria sua emancipação. A Câmara aceitou a sugestão e tudo se encaminhou como devia. Deu até reportagem à época (vide recorte de jornal, acima).
Lembro-me que os nisiaflorestenses - naquela época - usavam o gentílico
pátrio "nisiense". Achei estranho, pois meus pais sempre falaram “nissiaflorestense”.
Foi então que conversei com o presidente
da Câmara à época, Ruben Gerson de Carvalho (Ruben do Cartório”) – e o mesmo,
de pronto mandou refazer os Certificados de Título Honorífico de "CIDADÃO NISIAFLORESTENSE". Na ocasião, tive problema
com um legislador que se recusou a aceitar o novo gentílico e, durante uma
solenidade de entrega dos tais títulos, criticou a mudança. Como eu estava presente,
ele fez questão de dizer aquilo certamente achando que eu me ofenderia.
Lembro-me que o mesmo disse: “cresci ouvindo o meu avô
e o meus pais dizerem nisiense, e vou morrer dizendo nisiense. Mas eu o compreendi
muito bem, pois é difícil quebrar uma cultura... um hábito, uma tradição. A
tarefa de um educador é exatamente intervir em situações do tipo, sem se preocupar
com efeitos.
Na ocasião tive apoio da Academia Brasileira de Letras, a qual respaldou
minha sugestão, conforme documento que recebi da parte do Dr. Arnaldo Niskier.
Investi muito nesse tópico nas escolas.
E deu certo!
E sobre a memória de Nísia
Floresta ?
Nem se fala!
Peguei com firmeza.
Lembro-me das palavras de uma autoridade que até pouco tempo ocupava
pasta importante no secretariado, a qual me disse: "Luis
Carlos, prá que diabo se preocupar com essa mulé véia que até p. foi!". Achei incrível,
pois sempre ouvi o contrário por parte de minha mãe, Maria Freire. Ela doou-me
um importante livro - verdadeira raridade: “História de Nísia Floresta”. Essa
obra eu doei para o Museu Nísia Floresta e houve toda aquela confusão de desvio
que expliquei no Facebook (tenho toda a documentação pertinente acaso alguém queira
conhecê-la).
Enfim, não posso negar, que nessa odisséia de divulgação do nome de
Nísia Floresta enfrentei muito preconceito, deboche, piada... (até mesmo por
parte de autoridades). E compreendi tudo aquilo com muita serenidade, pois a
minha mãe sempre disse que era difícil mudar essa mentalidade, mas seria
possível com o tempo. Muitos não entendiam o por quê de eu enaltecer uma "p.", como diziam, com poucas exceções.
Minha mãe, como já explicitei noutros textos, descende do mesmo tronco
genealógico de Antonia Clara Freire (mãe de Nísia Floresta) - o que pode ser
confirmado no livro “Os Troncos Familiares de Goianinha” - doado ao Museu Nísia
Floresta por um dos maiores genealogistas brasileiros, Dr. Ormuz Barbalho
Simonetti, a pedido de uma prima aposentada pela UFRN. Nessa obra está
esmiuçado o nome de toda a minha família através exatamente desse tronco.
No início, sentia receio de dizer isso para as pessoas justamente pelo
preconceito. Até professores apregoavam histórias saídas do imaginário popular
extremamente fértil. Coisas escabrosas. Óbvio que não eram todos, mas
preocupava. Mas, hoje, com a coisa colocado em livro, documentada, é diferente.
Era constrangedor ver pessoas que hoje estão em outras pastas no poder
tecendo atrocidades e as mais absurdas calúnias sobre Nísia Floresta. Espero
que isso tenha mudado, mas era muito comum.
O pessoal da Fundação Banco do Brasil procurou-me em 2006 quando
lançaram o vídeo-documentário "Nísia Floresta Uma Mulher a frente do seu
tempo", através do Projeto Memória. Foi outra experiência valiosa.
Valeu a pena!
São anos levando ao Rio Grande do Norte e a outros estados da federação
uma história a qual tenho como missão pessoal transmiti-la ao maior número de
pessoas.
Hoje sinto orgulho de fazer parte dessa história.
História construída com amor, dedicação, paciência, muito estudo e respeito
ao povo nisiaflorestense.
Parabéns Nísia Floresta por tudo o que me ensinaste.
Em sua homenagem também agradeço a minha mãe Maria Freire, por ter-me
mostrado esse caminho visionário.
Tenho certeza que um dia esse município será o município que você
sonhou!
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