CAPA E CONTRACAPA DO CD COM O "HINO À NÍSIA FLORESTA".
Em 1992, assim que cheguei a Nísia Floresta e iniciei um trabalho de História Oral, soube que existia um hino em homenagem à intelectual Nísia Floresta, e que algumas pessoas ainda o cantavam. Também soube da existência da canção sobre a Lenda da Lagoa Papary. Procurei inúmeros professores, mas quase ninguém conhecia a melodia. Por sorte encontrei uma velha professora que o cantava com maestria. Era a professora Conceição Trindade, mãe da escritora Socorro Trindade. Ela me forneceu a letra e o cantou. Ao longo dos anos, pesquisando outros temas, acabei descobrindo outras pessoas que também sabiam a letra do hino, como por exemplo a Srª Leonísia (avó da profª Lurdinha Lemos), Sr. Vicente Marinho, dentre outras pessoas já falecidas. Por incrível que pareça, algum tempo depois, ao me ver trabalhando o hino de Nísia Floresta, o professor Jorge Januário de Carvalho surpreendeu-me cantando-o na sala da direção. Fiquei admirado. Naquele tempo não existiam mídias capazes de transformar o hino num equipamento que pudesse ser usado em sala de aula, como um disco LP, por exemplo, portanto me vali apenas de cantá-lo para as crianças, ensinando-o em sala de aula. Fiquei impressionado por saber que o prof. Jorge também sabia. Em sala de aula eu usava diversas
cópias mimeografadas com a letra do hino e a Lenda da Lagoa Papary, e os ensinava aos alunos enquanto também ensinava a biografia de Nísia Floresta. Em 2000, com o advento dos CD's - uma grande novidade à época - veio-me a vontade de mandar gravar o Hino de Nísia Floresta, inicialmente, afinal já existia na cidade a FM Executivo, ouvida na maior parte do município. Mas naquela época ainda era um serviço caro. Em julho de 2000, Edouard Lamour, um amigo de infância de Alysgardênia, minha esposa, nos visitou com sua esposa e filhas. Morávamos no Porto. Ele é músico.  NA FOTO ACIMA, EDUARD LAMOUR (PRODUTOR EXECUTIVO DO CD) É A SEGUNDA PESSOA À ESQUERDA.
Então surgiu o assunto da intenção de gravar o CD com o Hino de Nísia Floresta para torná-lo acessível a todos, projeto acatado por Lamour. Ele disse que faria dez matrizes para mim, e que a partir dela eu reproduziria quantas quisesse. Pois bem, peguei os registros que fiz em fitas cassete, de pessoas cantando o Hino e a Lenda e mostrei para Lamour, que no mesmo instante o solfejou as notas e disse que seria fácil. Naquela mesma semana ainda refiz alguns registros de pessoas locais cantando o Hino, como por exemplo, o professor Jorge Januário, professora Conceição Trindade e outras pessoas, e enviei para Recife. Orientei os músicos a gravar uma versão suave, retirando os ares marciais, que nos reportavam ao militarismo, como se fosse um dobrado. O projeto acabou sendo executado em meados de setembro daquele mesmo ano. Àquela ocasião excluí a canção da lenda. Preferi deixar para outro momento, pois não combinavam dois temas tão distintos num mesmo CD. Vale salientar que até essa data (2007) eu nunca soube da autoria do Hino e da lenda. O resultado que me chegou do Stúdio Áudio Vídeo Ltda. superou as minhas expectativas. Desse modo, como eu fazia tradicionalmente, organizei um grande evento para o lançamento do HINO A NÍSIA FLORESTA. O fato se deu no dia 12 de outubro de 2000 nas dependências da Escola Municipal Yayá Paiva. O
evento deu-se no formato de conferência, exposição fotográfica, com a
participação de diversas autoridades convidadas pelo autor deste blog, o qual homenageou Câmara Cascudo e outros intelectuais potiguares. Repassei uma das matrizes a rádio FM Executivo, onde alguns locutores tinham
sempre o cuidado de veiculá-lo e repassá-lo às pessoas interessadas. Em 2007 lançamos em formato oficial de CD, com capa. Convidamos a cidade inteira. Infelizmente, problemas de natureza político-partidária, impediu que diversos diretores escolares fossem, mas a participação foi surpreendente. Fiz questão de mandar uma cópia para cada escola do município. Distribuimos 300 cópias, gratuitamente, aos presentes ao evento, o qual deu-se
defronte à Igreja Matriz. Sobre esse assunto há uma passagem curiosa. Alguns professores me contaram que certos diretores nunca colocaram o hino para tocar na escola. Perguntei a razão, e surpreendentemente me disseram que os diretores alegavam que não iam dar o gosto a um forasteiro. Fiquei impressionado com a informação, pois consegui um feito notável e de grande importância cultural, portanto não importava eu ser não do estado. Muitas pessoas ignoram minhas raízes daqui, pois meus antepassados são de Goianinha, Nísia Floresta e São José de Mipibu. Inclusive a minha mãe pertence ao mesmo tronco genealógico de Nísia Floresta, embora nunca fiz alarde desse parentesco, pelo contrário, sempre agi com absoluta discrição.






Ana
Maria Cascudo Barreto fala sobre a felicidade de receber um diploma de
honra ao mérito, in memorian, em
louvor ao seu pai, Câmara Cascudo. Um dos convidados, como se vê, sentado, foi o dr. Enélio Petrovich, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte - IHGRN. Como ela mesma declarou "foi a primeira vez que vim a Nísia Floresta sem papai e para uma causa tão significativa e que denota respeito ao seu legado". Ainda sobre o hino em homenagem a Nísia Floresta, algum tempo depois, sou soube que se trata do "Hino ao Centenário do Nascimento de Nísia Floresta".


Fizeram-se presentes ao evento Drª Françoise Dominique Valèry (Consul Honorária da França), Dr. Enélio Pterovich (Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte), Ana Cascudo e Daliana Cascudo (filha e neta de Câmara Cascudo, respectivamente), Zelma Bezerra Furtado de Medeiros (Presidente da Academia Feminina de Letras), dentre várias imortais da Academia, Zelia Mariz (estudiosa de Nísia Floresta), dentre inúmeras autoridades locais e em nível de estado. À ocasião tivemos o prazer de ouvirmos a Camerata Garibaldi Romano. Foi um evento marcante e de grande significado para a história do município.

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