OBS. ESCRITO NO DIA 13.2.2021
Ontem de manhã precisamos ir ao aeroporto Augusto Severo para Fídias embarcar. Então, como gosto de pensar, e como todo penso é torto, embora os meus sejam aprumados, pensei sem pender. Pensei sobre coisas que poderiam ser evitadas. Pensei sobre iniciativas estranhas e desnecessárias feitas pelos nossos governantes à revelia do povo, dignas de reflexões. Eu mesmo não me conformo com isso. Onde já se viu um aeroporto tão longe? A estrada é ruim e mal iluminada. A sinalização é péssima. Quem nunca foi ali, deve redobrar os cuidados para não entrar numa estrada errada. A maior parte do percurso é ermo. Uma casa aqui, outra a um 1 km. Uma granja à venda aqui (por medo de assalto), duas à venda ali (pelo mesmo motivo). Há perigo de assalto em quase todo o percurso, principalmente a parte nova. Os taxistas e motoristas de UBER não estão respeitando os semáforos, com medo dos constantes assaltos. O aeroporto é feio e triste. Não acolhe. As paredes exibem uma exposição de solidão perene. Ao invés de obras de Arte, morbidez. Quanta diferença do antigo aeroporto! Não há alegria em nada, se não for por algum estoque que a gente leve, pensa-se estar num cemitério. O aeroporto é novo, mas parece um monturo. Você não tem mais a visão das aeronaves chegando, das pessoas embarcando, como antigamente. Tiraram esse diferencial que dava vida ao aeroporto. Separaram as famílias. Para piorar a ideia louca da transferência desse equipamento para a ‘caixa prego’ (como dizia a minha mãe), soma-se o pedágio. No nosso caso, pagamos vinte reais e dez centavos. Dia desses soube de uma família potiguar que havia migrado para Minas Gerais, onde passaram várias décadas e resolveram retornar para o berço norte-rio-grandense para morar. Um familiar foi buscá-los. Eram cinco pessoas no veículo trafegando à noite. De repente dois carros fecham a estrada. Os criminosos portavam pistolas do tamanho de um braço. Mandaram todos fazerem transferências de dinheiro por pix. Só um deles não tinha o dispositivo. Roubaram os celulares, joias e o que tinham em dinheiro. Para os marginais é fácil, pois são vários km de solidão. Ninguém vê nada. E quando penso que justamente no ano em que o Aeroporto Augusto Severo ganhou o título de um dos melhores do Brasil, foram construir esse estrupício perigoso lá na baixa da égua. É de se revoltar sempre. Se esse aeroporto nos espanta, imagine os turistas de outros estados e países! Vergonha! A Base Aérea de Natal – onde se localizava o aeroporto anterior, possui uma propriedade que é quase a metade de todas as terras de Parnamirim. Para que a União quer isso? Eles sequer usam um terço de tanta terra. Entendo isso como falta de bom senso, pois todas as terras de Parnamirim foram doadas por Manoel Machado. Eles não compraram. Não seria sensato praticar o mesmo espírito generoso desse homem? Se o aeroporto era civil e estava em terras militares, bastaria um acordo, uma conversa, um diálogo. Que poder tão poderoso e intocável é esse que não puderam ceder um trecho do latifúndio para o novo aeroporto? É uma mistura de militares que não se misturam, com políticos sem civilidade, sem visão, tanto é que trocaram o nome. Tiraram o nome de Augusto Severo, um aeronauta e cientista da aviação potiguar, pioneiro, inclusive – cuja homenagem tinha tudo a ver – e colocaram o nome de um político que já tem seu nome em incontáveis órgãos públicos, e tem até um museu em sua homenagem sem ter sido essa coisa toda. Agora me respondam se isso não é coisa para reflexão... Fídias ainda não chegou ao seu destino. Indagorinha enviou a fotografia do aeroporto onde faz conexão. Não era um aeroporto, era uma galeria de Arte (eu disse pra ele)... Mas aqui é Brasil. Brasil dos conformados e silenciosos. Dante Aleghieri, em sua insuperável Divina Comédia, reservou a parte mais terrível do inferno para as pessoas SILENCIOSAS. Vejam como é grave o silêncio na hora cabível da fala. É por isso que detesto os silenciosos. Eles estão sempre em cima do muro...essas coisas anômalas acontecem por causa dos silenciosos... eles atrasam, destroem, regridem...
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