ESSE DESERTO JÁ FOI A LAGOA PAPARI
A
gente fica analisando os problemas de ordem diversa que acometem o nosso
planeta, seja de natureza da saúde, da economia, do turismo, do meio-ambiente,
etc, e as reflexões acabam convergindo para a mesma gênese: A EDUCAÇÃO.
O
problema da saúde vem da educação.
O
problema da economia vem da educação.
O
problema de qualquer coisa vem da educação.
Até
mesmo o problema da educação vem da educação.
Poderíamos
dizer que todo problema, na realidade, vem da deseducação, mas não, pois,
categoricamente falando, todo problema vem da ausência de política pública na educação
enquanto instituição.
Quando
a instituição educacional trabalha com competência associada à visão de futuro
e criatividade, passa a ter um DIFERENCIAL.
O
que faz a diferença são, basicamente, esses requisitos.
Trazendo
esse raciocínio para as secretarias municipais, diríamos que a instituição
educacional de um município deve trabalhar de forma interdisciplinar - digamos assim. Não que ela deva coordenar as demais, mas que seu papel é
especial.
Nesse
sentido o representante do poder executivo deve ter a trabalhosa – mas possível
– tarefa de harmonizar suas secretarias para que haja harmonia na práxis diária.
Todo
representante de secretaria deve falar a mesma língua. Todos devem estar antenados
com o que acontece no seu município e nos programas do Governo Federal. Todos
devem criar políticas públicas direcionadas aos problemas de sua área a fim de
solucioná-los. Quando não for possível, pelo menos amenizá-lo enquanto se
resolve.
De
bate-pronto poderíamos dizer que um dos maiores problemas de Nísia
Floresta na atualidade é o desemprego, as drogas, o descaso na saúde, na
educação dentre outros, mas não.
Existe
um problema que não diríamos estar despercebido, mas que ainda não foi dirigido
a ele o olhar necessário. E sequer lhe foi dado o devido valor. Com certeza é maior que todos os problemas acima.
Certamente
alguns pensarão tratar-se de exagero, se não fossem os inúmeros exemplos que o
mundo dá.
Falo
da DESERTIFICAÇÃO a que Nísia Floresta está sujeita.
O
Sr. “Bambão”, de 73 anos, que mora ao lado da Igreja Matriz de Nossa Senhora do
Ó, disse-me que desde criança pescou nos rios da região da Ilha, Golandi,
Currais e Jenipapeiro. Ele explicou que todos eram correntes e piscosos. Que
até o município de São José de Mipibu se servia da fartura desses rios,
inclusive o camarão.
Hoje,
você sequer localiza esses rios, pois os viveiros reviram toda a região.
Segundo ele, "dá um nó na cabeça" quando se anda por tais localidades, pois “está
tudo chafurdado”, inclusive o que sobrou dos rios foi desviado pelos donos dos
viveiros.
Como
se não bastasse, uma doença está acometendo os camarões numa escala
assustadora. Esses crustáceos estão sendo jogados nas imediações e apodrecendo
a área.
Produtos
químicos e rações estão matando os pequenos peixes, os plânctons, a micro-fauna
e a micro-flora local. Os próprios donos de viveiros já sentem dificuldades diante dos danos que eles próprios causaram - sem culpa - por não terem iniciado suas atividades com o acompanhamento de especialistas. Não houve um olhar douto por parte das autoridades de modo geral, seja municipal ou estadual.
Pescadores
estão doentes espiritual e fisicamente, pois quando olham para o passado e
lembram da fartura descrita por muitos, dá tristeza ver a tragédia anunciada há
muito tempo.
Em 2010
organizei, juntamente com Josivaldo e João Ferreira, um movimento com o
objetivo de despertar nos moradores a sensibilidade para esse terrível dano
ambiental, inclusive percorremos todos os distritos que se servem da Lagoa
Papari, conversamos com pessoas, constatamos situações deploráveis. Houve reuniões com a participação de mais de cem pessoas, como foi o caso de Oitizeiro.
Na
realidade a degradação da lagoa Papari, conhecida como “mãe dos pobres” é fruto
de décadas de descaso do poder público. Não é novidade. Também não podemos
dizer que a culpa é do atual prefeito, mas é dele juntamente com todos os seus
antecessores, pois a omissão foi geral. Os jornais de época comprovam.
É
soma de assoreamento provocado por enchentes, viveiros desordenados e sem
políticas pertinentes, e, mais significativamente, o esgoto de São José de
Mipibu, disfarçado de “águas pluviais” caindo diariamente na lagoa Papari. Um
caos.
É inacreditável ver o silêncio das pessoas, as quais veem e sentem o problema caladas.
É inacreditável ver o silêncio das pessoas, as quais veem e sentem o problema caladas.
O
movimento a favor da lagoa Papari foi o primeiro evento público com esse
caráter, na história do município, mas a maior parte dos atores principais não compareceram.
A
culminância deu-se num evento público ao lado do baobá, inclusive trouxemos o
deputado estadual Fernando Mineiro.
O
grande problema foi que os maiores prejudicados não vieram para o evento: os
pescadores. A participação foi ínfima – aproximadamente 10 pescadores - mas
valeu, pois muitos transeuntes assistiram ao evento. Algumas escolas trouxeram
alunos, esteve presente os vereadores Fernando e Anadelson, a vice-prefeita
Marize chegou já no final, enfim não foi em vão.
Encerramos
o evento em São José de Mipibu, exatamente na “boca de lobo” existente defronte
a rodoviária. Foi um evento marcante.
Você
entendeu, agora, por que esse problema é o maior de todos?
É
óbvio que nós não assistiremos ao final do filme anunciado, mas nossos netos e
bisnetos são fortes sujeitos a assistirem a savanização dessa região.
Muitos
não acreditam, mas é bom que pesquisem mais, pois esse conjunto de lagoas e
vertentes existentes em Nísia Floresta, verdadeiro “Pantanal do Rio Grande do
Norte”, como costumo denominar, tende a desaparecer se você continuar em
silêncio.
Não
estou pousando de profeta. Até porque qualquer pessoa que tem suas faculdades
mentais normais tem consciência do que escrevi acima. Na realidade estou
triste, pois são poucos os interessados na reversão desse quadro.
Entendeu,
agora, por que atribuo tudo isso à EDUCAÇÃO?
Mas
nesse momento estendo a educação a cada nisiaflorestense.
Não
tem por onde correr: Até mesmo o surgimento de um deserto pode encontrar
explicação na educação. PROF. LUÍS CARLOS FREIRE
OBS. Se o leitor quiser
conhecer detalhes sobre o movimento aqui olhe em Postagens antigas o título “Campanha de salvação da lagoa Papari”,
veja, inclusive, a vinheta da época.
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