ANTIGO
PALÁCIO DO GOVERNO DO RIO GRANDE DO NORTE – ATUAL PINACOTECA
Depois de apreciar as
exposições individuais dispostas no interior da Pinacoteca, com autorização da
equipe desse local, percorri minuciosamente cada centímetro desse belo palácio
que guarda um patrimônio de valor incalculável. Gosto de fotografar os detalhes
e entendo que esse tipo de material deve ser totalmente registrado, pois, em
caso de algum sinistro, furto etc, é possível reconstituí-lo com a máxima
originalidade. Certa vez vivi essa experiência, quando o estuque do altar-mor
da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó desabou, levando junto belos desenhos em
alto e baixo relevo. Eu havia fotografado meses antes e pude reproduzir o
desenho que foi transferido por um pedreiro exatamente como era...
O palácio abriga muitos móveis de época, como
birôs, cadeiras, sofás, consoles, aparadores, além de quadros, entalhes, louças,
porcelanas, busto de bronze, relógio de pêndulo, peças decorativas, a famosa
fotografia de Getúlio Vargas e Roosevelt, galeria de fotografias dos
ex-governadores, pinturas de personagens da história, o famoso quadro que
registra a punição ao Frei Caneca, imensos lustres de cristal e vidro,
portadas, portões de ferro maciço com florões, ornamentos e brasão, fonte de
água e outros detalhes interessantes. Boa parte das cadeiras é de couro
trabalhado, outras de palhinha...
Uma peça chama a
atenção. Trata-se de uma mesa gigantesca para reunião, circundada por belas
cadeiras em madeira de lei. Nela se reuniam os “Presidentes das Províncias” com
os “Intendentes Municipais” e velhos coronéis (ali se sentou o famoso “Coronel
José de Araújo”, cuja história estou quase encerrando para publicar em breve.
Nesse palácio trabalhou o ex-governador Antônio José de Melo e Sousa (Nísia Floresta, 1867 - Recife, 1955). Como sabemos, ele foi
presidente do Rio Grande do Norte e senador durante a República Velha. Também foi ficcionista e era
mais conhecido pelo seu pseudônimo Polycarpo Feitosa. Como intelectual, ele foi
escritor, jornalista, poeta, historiador, contista e romancista. A sua atuação
maior, contudo, foi como contista e romancista. Alguns de seus livros:
"Flor do Sertão" (1928), "Gizinha" (1930) e "Alma
Bravia" (1934). Nesse mesmo blog o leitor encontrará alguns textos que
escrevi sobre ele...
O palácio fica na Praça Sete de Setembro, s/n - Cidade Alta, Natal - RN,
59025-300, telefone: (84) 3211-7056.
É próximo à Assembleia Legislativa. “A atual
Pinacoteca do Rio Grande do Norte já foi o Palácio do Governo e é a maior
expressão da arquitetura neoclássica em Natal. Inaugurado em 1873, o governador
Alberto Maranhão, transformou-o em 1902 na sede do Governo Estadual. Permaneceu
como centro da vida política do RN até 1995. Atualmente é um importante centro
cultural, com exposições permanentes das obras mais relevantes do acerco da
Pinacoteca Potiguar. No aspecto museológico a Pinacoteca Potiguar tem dois
grandes destaques: uma escultura do Buda do Laos, uma raridade do final do
século 12, procedente do Laos, na Ásia. A peça é de chumbo e banhada em ouro.
Foi doada pelo colecionador suíço que morou em Natal, Fritz Alain Gegauf. É na Pinacoteca Potiguar onde fica a maior
parte do acervo de Artes Visuais pertencentes ao Governo do Estado. Com uma
reunião de obras de arte tanto de artistas locais, nacionais e internacionais.
Entre estes: Volpi, Tarsila do Amaral, Cícero Dias e Fayga Ostrower. Dos
nossos, Maria do Santíssimo, Newton Navarro, Dorian Gray e Abraham Palatnik”...
De uma das janelas dos fundos é possível ver os casarios que por de cem anos são vizinhos do palácio, inclusive a casa "Véu de Noiva", onde morou o ex-presidente da República Café Filho. |
Trata-se de uma construção muito ampla é
composta de vários salões que surpreendem pelas dimensões e altura, conservando
todo o assoalho original em madeira nobre (verdadeira relíquia). Se não estou
enganado, há muito ipê rosa, mogno e jacarandá (madeiras atualmente extintas
para construção - os colaboradores da instituição não souberam informar). As
belíssimas escadarias também são de madeira, confeccionadas com rara beleza.
As portas e janelas
também são de madeira de lei e surpreendem pelas dimensões e quantidade. Boa
parte das fechaduras são originais (algumas estão personalizadas com duas
letras “P”). Num tempo em que não existia ambientes refrigerados, fazia-se
necessária a proliferação de muitas janelas e portas para bem iluminar e
ventilar o interior dos prédios (isso também ocorria com as residências,
principalmente das pessoas abastadas).
Sozinho, no palácio,
fotografei os bastidores de diversos elementos ali contidos, conforme o leitor
pode perceber. Para algumas pessoas os detalhes passam despercebidos, mas
sempre gostei de “radiografar” as coisas. Costumo olhar os mínimos detalhes dos
detalhes, portanto gosto de reservar um dia para coisas desse tipo. Para mim,
apreciar o patrimônio histórico só tem sentido se eu puder vê-lo dessa forma, a
qual nem sempre é possível. Mas sigo conseguindo. E sei que há pessoas iguais a
mim também. Agora vamos às fotografias. Veja que não estou errado em “procurar
enxergar a alma das coisas”. Viaje comigo... vale a pena!
Se você passar apressado, não verá o belo detalhe do Brasão do RN... |
Essa fonte tem 113 anos... |
Portinhola por onde se liga o mecanismo de água... |
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