Em tempos de comemoração do Dia das Crianças, é comum ouvirmos a expressão: "as crianças são o futuro do Brasil". Contudo, essa frase parece ressoar vazia diante da realidade que muitas dessas crianças enfrentam. Nísia Floresta, em sua incansável luta pela educação integral das meninas, certamente levantaria questões profundas sobre o presente e futuro das nossas crianças. O que tem sido feito para que essa afirmação se torne verdade? E o que, de fato, representa o futuro que desejamos?
Nísia, uma defensora apaixonada da educação feminina, viu na escola o caminho para a emancipação humana. Ela, que viveu em uma época em que as mulheres eram confinadas às tarefas domésticas e limitadas em sua educação, foi uma pioneira ao exigir que meninas recebessem uma formação completa e digna. Ao olhar para a situação atual das crianças no Brasil, é impossível não refletir sobre a continuidade da luta de Nísia. Décadas se passaram, mas as desigualdades educacionais ainda marcam a vida de milhões de meninas e meninos no Brasil, especialmente os que se encontram em vulnerabilidade social.
Nísia defendia que a educação era a chave para transformar a sociedade, e não há dúvida de que, para ela, a situação atual das crianças no Brasil seria alarmante. Ainda hoje, muitas meninas e meninos, desde muito cedo, são forçados a viver nas ruas, a trabalhar em semáforos ou a acompanhar suas mães na mendicância. Essa dura realidade perpetua um ciclo de desigualdade e exclusão, que rouba da infância o brilho da esperança e do futuro.
Assim como Nísia denunciava as injustiças de seu tempo, ela também nos alertaria para os perigos que nossas crianças enfrentam com o avanço das tecnologias e redes sociais. Enquanto a internet pode ser uma ferramenta valiosa, também tem alienado crianças, deixando-as expostas a conteúdos inapropriados e limitando o tempo para brincadeiras ao ar livre, para o contato com a natureza e para o desenvolvimento de laços sociais saudáveis. A infância, que deveria ser um espaço de crescimento e aprendizado, está sendo substituída por telas e superficialidades.
Nísia, que acreditava no poder transformador da educação, exigiria que repensássemos nossas políticas públicas voltadas para a infância. Precisamos de uma intervenção urgente, com escolas modernas, professores valorizados e um compromisso real com a formação das novas gerações. Para que as crianças sejam, de fato, o futuro do Brasil, é preciso garantir-lhes um presente sólido e repleto de oportunidades.
Ao comemorarmos o Dia das Crianças, é fundamental lembrar que a educação não pode ser vista como algo secundário ou opcional. Nísia nos lembraria que, sem educação, não há transformação. E sem transformação, não há futuro. Não podemos continuar adiando soluções, pois cada dia perdido é uma geração que se distancia das possibilidades de um amanhã melhor.
Para que possamos honrar o legado de Nísia Floresta e garantir que nossas crianças tenham um futuro digno, é necessário agir agora. Que este Dia das Crianças seja um convite à reflexão e ao compromisso com uma educação que verdadeiramente emancipe meninos e meninas, como Nísia sonhou. 12.10.2022
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