Imagine
um homem de 50 anos num dos assentos de um VLT.
Imagine o cinquentenário ser abrindo um livro verde que não é o ‘Menino do Dedo Verde’. Imagine o homem de meio século de vida lendo o livro. Imagine o homem de cinco décadas completas de idade abrindo o livro com o desenho de uma menina na capa. E metida num vestido verde!
Imagine o cinquentenário ser abrindo um livro verde que não é o ‘Menino do Dedo Verde’. Imagine o homem de meio século de vida lendo o livro. Imagine o homem de cinco décadas completas de idade abrindo o livro com o desenho de uma menina na capa. E metida num vestido verde!
Agora imagine as
pessoas olhando para o homem lendo o livro...
Creio que você entendeu!
Creio que você entendeu!
Mas
pensa que o homem de cinco décadas de primaveras deu importância?
A
história era tão linda e importante que, bastou abri-lo viajou mais do que os que viajavam
no trem.
Alguns passageiros embarcariam para Ceará-Mirim. Mas o homem já estava lá. E conheceu tanta gente, tantos fatos... a viagem era no tempo... ele estava no século passado, abraçado por incontáveis engenhos de cana-de-açúcar.
Alguns passageiros embarcariam para Ceará-Mirim. Mas o homem já estava lá. E conheceu tanta gente, tantos fatos... a viagem era no tempo... ele estava no século passado, abraçado por incontáveis engenhos de cana-de-açúcar.
Que
viagem!
O
homem desapareceu do trem de tão entrado no livro.
Quando deu fé, estava em Paraná-Mirim.
Conheceu uma
descendente de escravos, senhores de engenho, viajou na “Catita”, aprendeu –
pasmem – a fazer rapadura e raiva.
A mais impressionante
nuança dessa viagem foi quando Emma, na assobradada fazenda, apareceu para o
cinquentão, revelando uma página que havia sido encoberta pela poeira do
esquecimento e da ignorância das autoridades.
Que página!
Que página!
O livro, majestoso,
leve, empolgante, delicioso de ler, fascinou o homem de cinquenta anos, assim
como fascinava inúmeros jovens naquele exato momento, os quais viajavam outras
viagens em outros planetas, em outras escolas, em outras bibliotecas.
É que a autora o
lançara recentemente.
Que livro!
Que expertise literária!
Perguntei para o vento
se ela era, de fato do Rio Grande do Norte.
Para quê?! Brigaram
comigo. É claro que ela é daqui! Você é que não é! (desculpe, mas foi dito
nesses conformes mesmo). Mas é que eu ia perguntar se ela era do planeta
literatura. Só isso. Veja o que é dizer uma coisa e entenderem outra.
Esses viajantes! Acabam
sempre viajando para o mar das desleituras!
Mas, retornando: quando
o homem percebeu, fazia a nova viagem no VLT. Agora de volta. E com o livro na
mão, ou melhor, dentro do livro.
Ele deixou ‘Parnamoscou’
e deu-se em Natal, nos escombros da Ribeira.
Chegando à estação a
história terminou, e o homem ficou triste. Ele queria que a viagem continuasse de
alguma forma, que tivessem mais páginas naquele livro. Não. A história, de fato
havia chegado ao fim.
Foi uma das mais
inesquecíveis viagens que ele fez.
A princípio ele se confundiu... não sabia se saia do VLT ou se saia do livro...
A princípio ele se confundiu... não sabia se saia do VLT ou se saia do livro...
E quando ele foi deixando
aquele mundo tão real, e saindo do livro lentamente, e entrando no mundo
realmente real... daí ele descobriu que o Rio Grande do Norte – pasmem – pariu uma
das mais peritas escritoras que ele já viu...
Esse homem sou eu.
Essa escritora é Ana Cláudia
Trigueiro de Lucena.
Esse livro é “O
Mistério do Verde Nasce.
Meu Deus, essa
escritora existe?
Que livro! ... e você,
já viajou?
Se não, pegue o VLT e
vá conhecer Emma... vá conhecer Ceará Mirim... e de lá embarque para a Inglaterra...
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PS. Eu havia acabado de produzir este texto quando lembrei-me que o nosso genial Câmara Cascudo, ao comentar sobre os topônimos do Rio Grande do Norte, diz exatamente assim sobre o Verde Nasce: "(...) E haverá recordação mais orvalhada de ternura e graça quie esse nome de Verde Nasce numa propriedade velha no município de Ceará Mirim (...)"
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PS. Eu havia acabado de produzir este texto quando lembrei-me que o nosso genial Câmara Cascudo, ao comentar sobre os topônimos do Rio Grande do Norte, diz exatamente assim sobre o Verde Nasce: "(...) E haverá recordação mais orvalhada de ternura e graça quie esse nome de Verde Nasce numa propriedade velha no município de Ceará Mirim (...)"
Olá Luiz Carlos. Fiquei muito emocionada com suas lindas palavras! Chorei "dum" jeito que a maquiagem borrou toda. É que lembrei do quanto foi difícil publicar este livro. E lembrei de vovó, que não sobreviveu a tempo de vê-lo publicado. Muito obrigada! Adorei seu blog! Cleudivam Jânio me contou que vc é um dos maiores especialistas em Nísia Floresta do Brasil. Vou acompanhá-lo daqui por diante, para conhecer melhor essa nossa heroína.
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