Por Luís Carlos Freire
Mãe... quanto tempo!
Parece que foi ontem que tu corrias atrás de mim...
Tua voz ainda ecoa nos quintais da minha memória:
Menino! O almoço tá na mesa!
Quem quebrou esse copo!
Tá na hora de tomar banho!
Menino! Desça do pé de goiaba!
Quem colocou isso aqui?
Ajuda aqui a por à mesa.
Já escovou os dentes?
Vá dormir que já é tarde!
(Em plenas vinte horas).
O tempo foi passando e as orientações foram mudando.
Tornaram-se mais sérias...
Tudo passou como o vento ligeiro.
Hoje, as mãos fortes que me seguravam
Estão trêmulas e frágeis como as de um bebê.
As rugas do teu rosto, de tantas se emendaram.
Tua pele louçã deixa à mostra as veias azuladas...
A alvura de teus cabelos lembram os flocos de nuvens.
Teu caminhar miúdo, segurando na parede nada lembra a mulher forte e poderosa que foste.
Teu corpo se foi, deixando para trás a sinopse do que representaste.
Tudo em ti é lento.
Já não aprecias mais as guloseimas e iguarias que nos ensinaste a apreciar.
Já não fazes mais as deliciosas comidas.
Teu alimento é o mais delicado.
Já não escutas como antes.
(Ouvias mais o que era sussurrado ao que era dito em voz alta)
Mulher esperta!
Tinhas voz forte e audível à distância.
De tudo o que foste, só não mudou o teu olhar.
Continua comunicativo.
Fala por si...
Mãe, parece até uma antítese,
Mas a tua fragilidade não diminui em nada a tua fortaleza.
És o meu porto seguro.
Minha pérola...
Meu tesouro.
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