Espetáculo “Manoel de Barros, alquimista da palavra” é uma obra de arte da dança, da música, da luz e da linguagem. O cenário foi construído na proposta de inserir a plateia no misterioso Pantanal do Mato Grosso do Sul, onde Manoel de Barros – um dos maiores poetas brasileiros –, viveu grande parte de sua vida.
O espetáculo acontece sob uma lâmina de água imaginária, graças a composição tridimensional dos elementos cênicos, efeito que surpreende e confunde a plateia. A ideia é dar a impressão de que os bailarinos dançam sobre as águas do Pantanal. Esse efeito acontece a partir do proscênio, onde um imenso jacaré e outros bichos menores acolhe a plateia num ‘corixo’, que é um fenômeno natural pantaneiro, quando o nível dos rios começa a subir por causa das chuvas, e as águas transbordam, alagando grandes áreas responsáveis pela proliferação de vidas. Quando chega o período da estiagem, as águas vazam, formando canais que ligam as águas das baías, lagoas, alagados até rios mais próximos.
Essa plenitude de matas e bichos permite que o palco se transforme no majestoso rio Paraguai, ora azul, ora verde, ora âmbar. A perfeição da tridimensionalidade remete a plateia às matas intermináveis do Pantanal, permitindo ouvir a sinfonia dos pássaros e o murmúrio de uma cachoeira, graças a uma cachoeira com água de verdade, elaborada com a intenção de se confundir com um ente fantástico.
A cenografia é pincelada de rica vegetação, onde transbordam povos indígenas, sucuris, tuiuiús e diversos quadrúpedes. Nesse bioma de vidas, mágico e encantador, os bailarinos e atores se confundem com os bichos pantaneiros. A proposta da cenografia é exatamente traduzir visualmente os poemas de Manoel de Barros, genial poeta que fugiu do lugar comum e se aninhou num universo singularíssimo de escrever.
Seus poemas são únicos e encantam pessoas invisíveis e eruditas. O espetáculo foi escrito por Luís Carlos Freire, que também assina o cenário, com irretocável direção de André Batista, iluminação de Ronaldo Costa, o artista da luz e figurinos surreais do global João Marcelino. O espetáculo teve participação especial de renomados bailarinos locais e internacionais.
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